
Rodrigues Júnior, entre outras coisas foi um estudioso de Moçambique e da sua história. Merece ser lido, estudado e lembrado. Gostava de colocar aqui um esboço biográfico da sua vida, mas não encontro. Se alguém souber, por favor envie uma nota para aqui.
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Está tudo no “Livro de Ouro do Mundo Português” , neste livro estão reportadas as grandes figuras Moçambicanas de outros tempos. Muito interessante de se ler.
Comentar por ERS — 29/02/2012 @ 23:16
RODRIGUES JÚNIOR
JORNALISTA, ESCRITOR, ENSAÍSTA
O ESCRITOR MAIS REPRESENTATIVO
DE MOÇAMBIQUE
O «Patriarca do jornalismo e das letras moçambicanas» — assim o designa um crítico
metropolitano—, nasceu em Lisboa, na Freguesia do Socorro — um bairro popular do centro
da capital do Império.
Rodrigues Júnior, que descende de uma família madeirense, veio para Moçambique com
seus pais, tinha então 18 anos, em 1919.
Pouco depois da chegada a Moçambique, coíocou-se nos Caminhos de Ferro, e simultaneamente,
iniciou-se nas lides jornalísticas, escrevendo para o «BRADO AFRICANO». Colaborou
na revista «SEARA NOVA», de Lisboa; «CIVILIZAÇÃO», do Porto; e outras. Foi chefe
de Redacção de: «O EMANCIPADOR», «O JORNAL», o «NOTÍCIAS», e redactor principal,
bem como proprietário, da revista de arte e crítica «MIRAGEM». Foi, durante muitos anos,
o representante, em Moçambique, do «DIÁRIO de LUANDA».
Como jornalista convidado, esteve na Holanda; em Goa, Damão e Diu; na Alemanha
Ocidental, e por últmo, em 1963, em Angola. Foi, também, o presidente do Centro Cultural
dos novos. É membro efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa; sócio da Sociedade Portuguesa
de Escritores, e vice-presidente do Grupo de Artes, Letras e Actividades Culturais e
Jornalismo, da Secção de Estudos Brasileiros da Sociedade de Estudos de Moçambique.
Quase toda a sua actividade de escritor e jornalista tem sido dedicada ao estudo dos
problemas de Moçambique, para o que realizou, durante mais de 20 anos, viagens de inquérito
económico-sociais, através de toda a Província. Na opinião da crítica metropolitana «os seus
estudos sobre Moçambique são, a par de notáveis obras literárias, trabalhos de sociólogo, de
colonialista, de moralista e, até, de economista, e muitas das melhores páginas da nossa novelística
e da nossa reportagem, destes últimos trinta anos, por exemplo, saíram das suas infatigáveis
mãos».
Falando da sua obra, diremos que durante a sua longa vida profissional, de mais de
40 anos de labor intenso, Rodrigues Júnior editou até ao presente, 42 obras, entre Ensaios,
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Estudos, Romances e Reportagens. Alguns desses valiosos trabalhos foram galardoados com
diplomas e prémios nacionais, que passamos a mencionar:
DIPLOMA DE HONRA do Núcleo de Arte, em 1945; DIPLOMA DE HONRA do Concurso
de Literatura Ultramarina, em 1945; PRÉMIO DE LITERATURA ULTRAMARINA, em
1949; 1.° PRÉMIO DE JORNALISMO, em 1950; DIPLOMA DE HONRA do Concurso de Literatura
Ultramarina, em 1951; PRÉMIO «FERNÃO MENDES PINTO», nacional, de Literatura
Ultramarina, em 1960; PRÉMIO «AFONSO DE BRAGANÇA», nacional, de Jornalismo, em
1961. E por último, em 1969, recebe da Academia de Ciências, de Lisboa, da Classe Letras,
o PRÉMIO «RICARDO MALHEIROS» que premeia a sua última obra, o romance «ERA O
TERCEIRO DIA DE VENTO SUL».
O que é e o que vale a obra literária de Rodrigues Júnior, já todos o sabemos, no entanto
parece-nos interessante arquivar nestas páginas, que ficam no presente e para o futuro, como
subsídio histórico, daqueles que, por qualquer forma, contribuíram para o engrandecimento da
Província, o que a crítica tem dito a seu respeito.
Referindo-se ao seu trabalho «ENCONTROS», Nuno Silveira, escreve:
«A mesma fina sensibilidade, o mesmo espírito agudo de romancista, repórter, ensaísta,
sociólogo, areja estas páginas com um largo sopro de lírica emoção, de espírito crítico, de
imensa capacidade de vivência dos problemas com que o homem contemporâneo se confronta.
Mais um belo, indispensável livro saído do incansável labor intelectual do mais representativo
escritor ultramarino.
Nós saudamo-lo da forma que nos parece mais indicada: falando em breves linhas de
Rodrigues Júnior, da sua obra, da imensa gratidão de uma geração inteira que ele soube
comandar, tanto através do exemplo da sua probidade intelectual, como através do dia a dia
em que chefiou redacções, estimulando, aconselhando, corrigindo, valorizando aqueles para os
quais foi sempre e acima de tudo mestre e camarada.
Rodrigues Júnior conseguiu conquistar um raro equilíbrio: o da harmonização do seu
lirismo e do seu espírito polémico. O escritor está sempre bem, sempre seguro, sempre forte
em qualquer dos géneros que solicitem a sua necessidade de criação,e de revisão de erros
sociais e políticos.»
Quando em 1967, Rodrigues Júnior publicou o estudo «MÃE NEGRA», Amândio César
referiu-se elogiosamente a esta obra, dizendo:
«Rodrigues Júnior — um dos raros escritores de Moçambique que conhece a gama toda
da sua Província, nas diferenciações e ramificações dos problemas, verificou que o problema
da «mãe negra», era um daqueles que necessitavam de meditação e investigação maior do que
lhe poderia dar numa novela, num romance ou numa crónica. Daí a importância deste estudo
a que desejou, intencionalmente, tirar a ganga da erudição demonstrada, para nos apresentar
um texto com erudição, assinalada e vazada numa experiência que era a dele próprio.»
E mais adiante afirma:
«Escrito com aquela clareza meridiano que Descartes aconselhava para as ideias claras,
o estudo de Rodrigues Júnior lê-se e relê-se com o mesmo interese de uma primeira leitura
e com a emoção de se estar diante de um texto, sabiamente preparado para a leitura proveitosa.
Isso, bem o sei, é oficinagem. Mas a oficinagem também é uma característica do virtuosismo
de um escritor. E só me consta que os grandes escritores sejam capazes desse milagre:
darem como aparentemente simples de elaborar aquilo que foi difícil, muito difícil de cerzir.
Que o diga o nosso Eça . . .»
Reis Ventura, do jorna! luandense, «Província de Angola», escreve a propósito e referindo-se
a «MÃE NEGRA»:
«0 maior escritor vivo de Moçambique, no seu estilo directo e comunicativo, tão adequado
à alta dignidade do assunto, fala da mãe africana com a justiça de um homem bom,
com a competência de um intelectual muito culto e com a emoção bem característica do seu
enternecido coração de português.
Graças a este conjunto de virtudes, produziu um trabalho que fica a enriquecer a literatura
portuguesa com um depoimento muito lúcido, grandemente oportuno e todo refulgente
daquela beleza a que Platão chamou o esplendor da verdade.»
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Terminamos com algumas palavras insertas na revista «ANHEMBI», de São Paulo, Brasil,
que diz:
«Entendemos, para lá das catalogações momentâneas, que Castro Soromenho é o escritor
de Angola. Com a mesma exactidão que vemos em Rodrigues Júnior o escritor de Moçambique,
afirmado pela «moçambicanidade» da sua vasta obra.»
Ela projectou-se para além das fronteiras de Portugal. Assim o comprovam o Ensaio
«MOZAMBIQUE, PUEBLO NUEVO» da autoria de Francisco Elias Tejada, catedrático da
Universidade de Sevilha; o Estudo «PORTUGUESE AFRICA», de James Duffy, catedrático
da Harvard University, de Cambridge, Massachussets, o Estudo crítico e histórico «AFRICAN
LITERATURE IN THE PORTUGUESE LANGUAGE», do Prof. Geraid M. Moser, da
Pennsylvania University, que citam largamente, com relevo, Rodrigues Júnior.
O laureado escritor é oficial da Ordem do Infante Dom Henrique e Cavaleiro da Soberana
Ordem dos Cavaleiros de Colombo.
Eis a traços largos, a biografia do maior e mais representativo escritor de Moçambique:
RODRIGUES JÚNIOR.
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Comentar por ERS — 01/03/2012 @ 11:32
ola boa tarde,por curiosidade gostaria de saber quem é ? Eu sou neto ( casado com a neta de José Rodrigues Junior)
Comentar por Bernardo — 16/08/2012 @ 14:29
Olá Bernardo, a pergunta é quem sou eu? ABM
Comentar por ABM — 16/08/2012 @ 20:38
José ou Manuel ??…
O que consta do ” “Livro de Ouro do Mundo Português”, de Maria Helena Bramão, e que o ERS trancreve aqui em cima, é certamente interessante. Mas contém poucos elementos sobre a vida e a obra de Rodrigues Junior. Por exemplo, lista os prémios que recebeu mas não lista a obra imensa que produziu. E continuamos a não saber o que fez depois de 1970, altura em que o livro acima foi publicado. Por exemplo, não sei sequer quando faleceu.
Onde é que se podem obter estes elementos ?
Talvez os netos pudessem dar mais elementos sobre a vida deste ilustre antepassado que viveu e foi importante no Moçambique colonial !
Comentar por Fernando S — 28/09/2013 @ 21:26
Fernando, 100% de acordo, em parte é por essa razão que coloco aqui a informação – na esperança de podermos saber mais. Um abraço, ABM
Comentar por ABM — 08/10/2013 @ 11:56
Tenho algumas obras de José Rodrigues Jr. que li com interesse obtendo muita informação acerca de Moçambique. Dois títulos da sua autoria, publicados nos anos 50 do sec. XX, que procuro são “Para uma cultura Moçambicana” e “Afirmação de Presença” referidos por Alexandre Lobato com quem manteve uma polémica acerca da existência ou não de uma cultura moçambicana. Penso que são muito difíceis de encontrar.
Comentar por António Martins — 09/01/2015 @ 15:03
António, nem por isso. Penso que se encontram nos vendedores de livros usados. Um abraço ABM
Comentar por ABM — 25/01/2015 @ 23:34