Fotografia cortesia de Paulo Azevedo.
Até à sua demolição cerca de 1968, o Teatro Varietá manteve este aspecto.
A segunda casa de ópera situada a Sul do Equador, a seguir à Ópera de Port Elizabeth, na África do Sul, o Teatro Varietá foi inaugurado no dia 5 de Outubro de 1912, no segundo aniversário do golpe que derrubou a Monarquia. Ficava situado em Lourenço Marques, no início da Rua Araújo, perto da Praça 7 de Março (actual Praça 25 de Junho). Previamente, aqui houve um Ringue de Patinagem e Cinematógrafo com o mesmo nome, inaugurado a 16 de Julho de 1910 e antes um campo de hockey em patins – o primeiro em todo o espaço português, em que se disputaram jogos de hóquei em patins. O Teatro foi uma iniciativa dos empresários italianos Pietro Buffa Buccellato e Angelo Brussoni. No local onde estava implantado, foram inaugurados cerca de 1970 o Cinema Dicca e o Estúdio 222.
Eu ainda frequentei o Varietá quando era muito miúdo – 5 a 8 anos de idade. Na altura esta sala parecia-me verdadeiramente gigantesca. Como os B. de Melo eram mais que muitos, o Pai Melo comprava um camarote, habitualmente o primeiro no alinhamento de camarotes situados à esquerda na fotografia. Lembro-me nitidamente de aqui ter visto o filme épico Barrabás, sobre o ladrão bíblico que terá sido (no fim) crucificado com Jesus Cristo. Só que a violência era mais que muita, sangue por todos os lados e o raio do filme nunca mais acabava.
Outro problema logístico era que os quartos de banho do Varietá ficavam do lado direito da sala, a seguir às portas que se podem ver aqui à direita (o bar ficava do lado esquerdo). Ora, se eu quisesse fazer ir chichi a meio do filme, tinha que me levantar do primeiro camarote à direita, sair da sala para um corredor escuro como breu pela porta do camarote,que se pode ver na imagem, dar a volta ao teatro todo por fora até aos lavabos, fazer o serviço, e voltar todo o caminho de volta. Qual era a então solução? saía do camarote, descia mais dois camarotes, fazia lá o chichi e voltava, aliviado, para ver se o Barrabás já tinha morrido.
Memórias de um passado vivido enquanto jovens com um inevitável cunho nostálgico
Comentar por eva maria silva santos — 12/01/2017 @ 10:34
Olá Eva, o objectivo deste blogue é documentar aspectos variados de Moçambique. Se, no processo, lhe elicitar sentimentos de nostalgia, porque os conheceu, ainda melhor. Atenciosamente, ABM
Comentar por ABM — 12/01/2017 @ 15:39
Nunca tinha visto o interior do teatro. Acho lindo.
Quanto ao chichi…para grandes males, grandes remédios…
Abraco
Comentar por José Viegas — 12/01/2017 @ 15:40
Caro ABM;
Bem haja pelo seu trabalho, que, sobretudo aos “Cocuanas” da diáspora, nos tras tantas e tao boas recordaçoes.
Kanimambo; Hambanine
Comentar por FPenha — 17/02/2017 @ 17:24