24/03/2013
A FOZ DO RIO ROVUMA NA COSTA ORIENTAL DE ÁFRICA, 1873
Em baixo, a foz do Rio Rovuma num desenho publicado na Grã-Bretanha, 1873. Na altura a foz deste rio não fazia fronteira com coisíssima nenhuma (os alemães, pela mão de Carl Peters, com um empurrãozinho do Príncipe von Bismarck, só apareceriam por ali na segunda metade da década de 1880). Como ficava para além da área de influência do Sultão de Zanzibar (protegido da Grã-Bretanha) em Lisboa os portugueses diziam que era “deles”. Pois claro que era. Mas em 1892, numa interpretação peculiar do tratado entre Portugal e o Império Germânico, os alemães decidiram que aquilo era deles e ocuparam-no (tradução: mandaram para lá uns desgraçados com a bandeira do Reich). A diplomacia portuguesa chorou baba e ranho mas ninguém meteu lá uma unha, não fossem os germânicos irritarem-se. Essa faixa com 25 kms da costa de Moçambique, a que os portugueses chamavam o Triângulo de Kionga (Kionga é um vilarejo lá no meio), foi a única parcela dos domínios coloniais portugueses (e agora a República de Moçambique) que foi território alemão durante 27 anos. Em 1919, na Conferência de Versailles, perto de Paris, para castigar os alemães pelo descaramento de terem feito a I Guerra Mundial, a África Oriental Alemã passou a ser um território administrado pela Grâ-Bretanha. Ali, Portugal, em troca da pouca vergonha que foi La Lys, exigiu, e recebeu “de volta”, o Triângulo de Kionga (que também se escreve Quionga). O Triângulo hoje é absolutamente estratégico para Moçambique: mesmo em frente às suas praias, sob o mar, situam-se entre as maiores reservas de gás natural do mundo, que até este momento permanecem intocadas. A actual fronteira entre Moçambique e a Tanzânia na costa é constituída pela foz do rio. vida tem destas coisas.
CARACÓIS DA BAÍA DE MAPUTO: NERITAS E NASSARIUS
Quando eu era miúdo nos anos 60, apanhava estes caracóis nas margens da Baía de Lourenço Marques, cozinhava-os com água e sal e comia-os com um alfinete.
18/03/2013
12/03/2013
O MELHOR ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DE MOÇAMBIQUE ANTES DA INDEPENDÊNCIA: AS TINTAS PINTEX
O ANÚNCIO CANTADO (sff usar sutáqchi brásilêro)
Passeando pelas ruas da cidade
Encontrei umas casas tão belas
E os pintores que as casas pintavam
Na varanda alegremente cantavam:
Eu pinto com Pintex
Pintex é colossal
Pintex é a tinta que não tem rival
(grato ao José Coelho que tinha este anúncio, que toda a gente conhecia em Moçambique antes da Independência)
Uma das medidas comerciais de maior sucesso da Pintex era a competição que patrocinava anualmente no seu stand na FACIM, durante a feira. Toda a gente queria participar e quem participava recebia um pequeno conjunto de tintas Pintex que, no meu caso, levava para casa e prontamente borrava tudo e mais alguma coisa….
Para quem quiser entreter-se a ler o verdadeiro filme que foi em Moçambique o negócio das tintas depois da Independência, poderá ler o trabalho de Maria Antónia Rocha Fonseca Lopes, feito em 1989 na Universidade Eduardo Mondlane, intitulado “A Evolução da Indústria de Tintas em Moçambique: Os Seus Reflexos nas Tintas Berger e Pintex“, premindo AQUI.
05/03/2013
SARA CABRAL COM OS AMIGOS NO COURT DE TÉNIS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1930
Imensamente grato a José Luis Salema, neto materno de José Cabral (filho da sua filha Sara, retratada em baixo), que facultou a imagem em baixo, que cuidadosamente restaurei esta noite.
O GOVERNADOR JOSÉ CABRAL NO PALÁCIO DA PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1930
Imensamente grato a José Luis Salema, neto materno de José Cabral (filho da sua filha Sara), que facultou a imagem em baixo, que cuidadosamente restaurei esta noite.
José Ricardo Pereira Cabral foi um dos principais Governadores-Gerais de Moçambique no Século XX, tendo liderado os destinos da então colónia durante mais que dez anos consecutivos, coincidindo com a Grande Depressão e a subida e consolidação de Salazar no poder. Para conhecer mais alguns detalhes sobre a vida e obra de José Cabral, procure-se neste blogue e veja-se em baixo.
Da Wikipédia copiei o seguinte texto, que resume o percurso de José Cabral:
José Ricardo Pereira Cabral OTE • GCC • ComA • GCIC • MOCE (Lamego, 10 de julho de 1879 — 1 de julho de 1956) foi um político e militar português. Foi o 100º Governador de Moçambique (1926 – 1938) e o 124.º Governador da Índia (1938 – 1945). Durante seu governo na Índia, transcorreu a Segunda Guerra Mundial, no contexto da qual, apesar da neutralidade portuguesa no conflito, os portos do território foram utilizados pelas forças dos Aliados. Durante esse período, a região viveu relativa paz, uma vez que as forças britânicas tinham ordens expressas para não ofender abertamente a soberania portuguesa sobre o Estado da Índia.
Biografia
José Cabral nasceu em Lamego a 10 de Julho de 1879. Entre 1889 e 1895 frequentou o Real Colégio Militar, sendo graduado naquele último ano no posto de primeiro-sargento cadete. Ingressou seguidamente na Escola do Exército, onde concluiu o curso de oficial da arma de Cavalaria. [Com 27 anos de idade], em 1906 foi enviado para Moçambique, iniciando nos anos imediatos uma ligação à administração colonial que se manteria durante toda a sua carreira. Foi governador do Distrito de Inhambane (1910-1913), e ainda governador do Distrito de Moçambique (1916-1918 e 1919-1920), tendo nessas funções participado nas operações militares contra as forças alemãs da África Oriental Alemã no contexto da Primeira Guerra Mundial. Em 1926 foi nomeado Governador-Geral de Moçambique, cargo que exerceu até 1938. Neste último ano foi nomeado Governador-Geral do Estado da Índia, cargo que exerceu até 1945.
Recebeu as seguintes condecorações: Comendador da Ordem Militar de Avis (24 de Novembro de 1920); Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (6 de Fevereiro de 1922), com Palma; Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (21 de Maio de 1929); Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar; Medalha de Ouro Comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a Legenda 1914-1918; e Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial (7 de Setembro de 1935). Foi ainda distinguido com as seguintes condecorações estrangeiras: Comendador da Ordem de São Miguel e São Jorge, concedida pelo rei Jorge V do Reino Unido (1919); Grande-Oficial da Ordem da Estrela de Anjouan de França, concedida pelo presidente da República Francesa (5 de Setembro de 1930; e Cavaleiro da Ordem do Império Britânico, concedida pelo rei Jorge VI do Reino Unido (1940), com direito ao uso do título de Sir.
03/03/2013
O CINE-CLUBE DE LOURENÇO MARQUES E LUIS BULHA, 1976
E há claro, a entrevista a Faria de Almeida, que pode ser obtida premindo AQUI. Faria de Almeida, um dos fundadores do CCLM, realizou Catembe, alguns restos do qual sobreviveram até agora, desconjuntados pela censura do regime.
A DOCA SECA DO PORTO DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1910
Para além do mais, foi aqui que se realizaram as primeiras competições de natação em Lourenço Marques – e em Moçambique.