Imagem retocada.
Grato ao grande Ribeiro da Silva por identificar os dois técnicos do Rádio Clube.
Imagem retocada.
Grato ao grande Ribeiro da Silva por identificar os dois técnicos do Rádio Clube.
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Foi a maior recepção na história de Lourenço Marques, talvez só comparável à visita do herdeiro da coroa portuguesa, o Príncipe Real, SAR D. Luiz Filipe de Órléans e Bragança, em Julho de 1907 (e de que já ninguém se lembrava na altura).
Interessantes excertos da chegada de Marcelo Caetano à capital moçambicana naquele cair da noite de um sábado, 19 de Abril de 1969 – há exactamente 50 anos – podem (e devem) ser vistos aqui, num vídeo não editado de 32 minutos da biblioteca da Rádio Televisão Portuguesa.
Note-se a “curiosidade” de, a 30.04 minutos do vídeo se ver o Ricardo Rangel, o futuro suposto alegado “pai da fotografia moçambicana” a tirar fotografias do cortejo à saída de uma visita ao Liceu Salazar onde Caetano fora discursar.
A cerimónia da chegada e toda a visita do sucessor de Salazar, nomeado escassos meses antes por Américo Tomás, fora cuidadosamente preparada pelo seu grannde amigo e o então Governador-Geral, Baltazar Rebelo de Sousa, que, para além do lado protocolar, incluindo figuras como o Arcebispo católico Dom Custódio Alvim Pereira, assegurou um vasto banho de multidão e ainda um conjunto de manifestações “espontâneas” de apoio ao regime, que aliás eram mais ou menos habituais e que aliás foram fortemente reforçadas sob o regime sucedâneo da Frelimo.
Caetano já tinha visitado Moçambique uma vez, mas foi a primeira visita enquanto chefe do governo português à província ultramarina.
Ao contrário de Charles de Gaulle em relação à Argélia, Marcelo Caetano ficou verdadeiramente impressionado com o que viu e ouviu e nunca se esqueceu da experiência apoteótica de “apoio” desta visita, tirando, em parte dali, todas as ilacções erradas, ajudado pelo facto de que, no regime, quase ninguém, a começar por Américo Tomás, o presidente da República portuguesa, que passou a agir como uma espécie de memória residual de Salazar, sequer queria ouvir falar de independências.
A lição desta visita, para Caetano, foi, nomeadamente, a de que tinha o suporte dos moçambicanos, dos portugueses e dos negros de Moçambique (ah ah ah) e que ainda tinha tempo para engendrar um sucedâneo para o regime colonial, que se vislumbra no que disse e fez nos anos seguintes, que se caminhava para autonomia quase completa até 1980.
Mas não havia nem tempo nem grande margem de manobra. Não havia qualquer diálogo com a “oposição. A Frelimo (a que o regime chamava “subversão”), dirigida pelos seus apoiantes e patrocinadores e reforçada pelo “golpe de estado” que eliminara o paradigma do Dr. Eduardo Mondlane e Uria Simango e inaugurou a era radical comunista de Samora, Marcelino, Chissano e Guebuza, etc, não parou a guerrilha e exactamente cinco anos mais tarde, de dentro do exército português, surgiria um golpe militar, orquestrado por Otelo Carvalho, um obscuro major que nascera e crescera em Lourenço Marques, que pôs um fim abrupto (mas esperado) ao regime e, que no espaço de quatro meses e meio, entregaria a soberania do território à Frelimo.
Imagens retocadas, gentilmente cedidas por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.
Na altura em que estas fotografias foram tiradas, o Pai de Gisele era o Administrador Delegado da Caltex em Moçambique.
Para ler mais sobre a Caltex, ver em baixo a seguir às fotografias.
A Caltex (abreviação do nome California Texas Oil Company) foi fundada em 1936 pela Texas Oil Company (mais tarde designada Texaco) e pela Standard Oil of California (mais tarde designada Chevron Corporation) para comercializar produtos petrolíferos a partir de novas concessões obtidas na altura no Reino da Arábia Saudita. Em 2001, as duas empresas-mãe fundiram-se, passando a Caltex a ser detida pela entidade resultante, a Chevron-Texaco, que em 2005 foi re-designada Chevron.
A presença da marca Caltex em África remonta aos seus primórdios, nomeadamente em Moçambique, onde mantinha depósitos (algures em Lourenço Marques, ou talvez na Matola) e uma rede comercial a nível nacional.
A Caltex é ainda hoje um dos principais concorrentes na produção e comercialização da produtos petrolíferos na África do Sul, com uma grande rede de postos de abastecimento e uma refinaria em Milnerton, no Cabo, com uma capacidade de processamento de 100 mil barris por dia. A sua actual detentora, a Chevron, opera directamente em Angola há muitos anos e, há escassos dias, anunciou a intenção de adquirir a empresa petrolífera Anadarko Petroleum Company, empresa constituída no Estado norte-americano de Delaware mas que opera baseada perto de Houston, no Texas, que por sua vez detém, entre vários outros activos nos Estados Unidos, Argélia, Gana, Colômbia, Costa do Marfim, consideráveis concessões de petróleo, “shale gas” (gás obtido a partir do fracturamento da pedra) e ainda nos recentemente descobertos depósitos de gás natural offshore (no mar) em Moçambique. O nome da Anadarko vem da cidade com o mesmo nome no Estado norte-americano de Ohkahoma, perto de onde a empresa, originalmente criada em 1959, iniciou a actividade. Logo a seguir ao anúncio da Chevron, a Occidental Petroleum anunciou a sua intenção de adquirir a Anadarko também, oferecendo o que os analistas indicam ser uma oferta “muito melhor”.
Imagem retocada.
A Vila do Ibo fica situada na ilha com o mesmo nome, parte do Arquipélago das Quirimbas, um conjunto de cerca de 50 ilhas coralinas, a maior parte pequenas, que se espalha numa área que se prolonga em cerca de 200 kms ao longo da costa Norte de Moçambique, desde a foz do Rio Rovuma até uns 50 kms a Norte da Cidade nortenha de Pemba (anteriormente, Porto Amélia). É hoje um parque nacional, protegido por legislação.
Ali ao lado, estão, sob o mar, os billions and billions de gás natural.
Em todo o território que é hoje Moçambique, o Ibo teve uma ocupação portuguesa só comparável à Ilha de Moçambique, sendo a sua importância histórica (a meu ver) comparável à da ilha que deu o nome ao país mas mais comercial que administrativa e militar – se bem que uma linha num texto da Wikipédia refere que terá sido capital da colónia nalgum ponto do seu percurso . A ilha em si é muito maior que a Ilha de Moçambique: tem cerca de dez kms de comprimento e cinco kms de largura máxima.
Nunca lá fui. Dizem-me que a Ilha do Ibo é linda de morrer e que as suas gentes (hoje vivem lá cerca de 4 mil pessoas, essencialmente da pesca e do pequeno comércio) são de uma hospitalidade assinalável. Há algum turismo – boa gente, boa comida, boas praias, um calor de derreter – mas é fortemente condicionado pelo custo demasiadamente elevado de uma deslocação ao local. Uma boa parte do património edificado pelas sucessivas gerações que viveram no local, durante quase 500 anos, está (muito) degradada ou foi alvo de restauros avulsos digamos que pouco condicentes com a traça original. A sua história está quase irremediavelmente perdida, a escrita e a oral. Mas do mal o menos, algumas das lacunas podem-se corrigir, havendo vontade e algum dinheiro.
À altura em que escrevo estas linhas, deverá estar a passar por aquela zona o Ciclone Kenneth.
Porto Amélia, que hoje tem o nome da enorme baía ao lado, foi criada após a constituição da majestática Companhia do Niassa, uma espécie de colonialismo de aluguer que os portugueses de então acharam por bem aplicar a Moçambique. O lugarejo, bom para o turismo mas mau para quase tudo o resto, nem sequer tinha um porto – fizeram um molhezinho ali à frente, que dava para os recados. Como forma institucional de dar graxa e
seguir as tradições daquela altura, ao lugarejo foi dado o nome da então rainha de Portugal, Amélia e passou a ser o centro da operação da tal de Companhia do Niassa, operação essa que, ao que se sabe, não teve sucesso. Em 1929, a concessão acabou e a administração colonial – meia dúzia de portugueses – tomou conta daquilo. A sua jurisdição – Cabo Delgado – ainda hoje é a província mais pobre do que é hoje Moçambique. Sendo Moçambique o sétimo país mais pobre do mundo, está o exmo. Leitor a ver do nível de pobreza que se está a falar aqui. Durante uns anos, a região serviu para a Frelimo, que era patrocinada pela Tanzânia, fazer a guerra com o exército dos portugueses. Depois da independência, os novos senhores da Situação mudaram o nome à então já cidadezinha colonial, e pouco mais terá acontecido (construiu-se uma ponte para a Tanzânia que quase ninguém usa), até que, há uns dez anos, estudos geológicos revelaram a presença, no oceano em frente ao Triângulo de Quionga, de quantidades fabulosas de gás natural. Diz-se, por essa razão, que a região vai crescer.
Porto Amélia – Pemba – tornou-se uma Cidade do Norte, com entre 150 e 200 mil habitantes, a maioria dos quais vivendo em condições precárias.
Na noite em que escrevo esta nota, para a região avança um ciclone – Kenneth – com ventos de 200 kms por hora e estimativas de chuva na ordem dos 100 ml/m2 em 24 horas. Manifestamente, a Cidade não está equipada para um embate destes.
Acabada de lavar.
A Sociedade de águas de Montemor, cuja base ficava junto da então Povoação da Namaacha, foi a primeira empresa em Moçambique a comercializar refrigerantes e a primeira marca que comercializou foi a Canada Dry.
A Sociedade de Instrução e Beneficiência 1º de Janeiro foi uma organização republicana e maçónica com grande influência em Lourenço Marques, especialmente após a imposição do regime republicano em Portugal através dum golpe militar que sucedeu a 4-5 de Outubro de 1910.
Imagem retocada, gentilmente cedida por Luis A Portugal Deveza GM, filho de Ester Maria Portugal, que viria a ser a primeira aviadora de Moçambique.
Imagem retocada, gentilmente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.
Na década de 1960, era comum as turmas das escolas primárias de Lourenço Marques fazerem visitas de “estudo” a empresas locais: a Cooperativa dos Criadores de Gado, a Fábrica de Papel, etc.
Aqui, os alunos da English Primary School de Lourenço Marques visitam o jornal Notícias, na Baixa da Cidade, penso que em 1968.
Rui Manuel Correia Knopfli (Inhambane, 10 de agosto de 1932 – Lisboa, 25 de dezembro de 1997) foi um poeta, jornalista, tradutor e crítico literário e de cinema português.
Filho de portugueses, contava na sua ascendência um bisavô suíço, de quem herdou o apelido, segundo ele mesmo, “estranho”.
Ainda criança, foi com a família viver para Lourenço Marques .
Fez os seus estudos em Lourenço Marques e em Joanesburgo.
Entre 1958 e 1974, foi delegado de propaganda médica em Lourenço Marques.
Publicou uma obra que cruza as tradições literárias portuguesa e anglo-americana. Integrou o grupo de intelectuais que, em Lourenço Marques, se opôs ao regime português de então. Brevemente, foi director d’A Tribuna (1974-1975).
Editou ainda o caderno Letras e Artes da revista Tempo, no qual publicou traduções de numerosos poetas, tais como T.S. Eliot, William Blake, Sylvia Plath, Kaváfis, Dylan Thomas, Ezra Pound, René Char e Octavio Paz.
Com o poeta João Pedro Grabato Dias (aka o pintor António Quadros), fundou em 1972 os “célebres” e esgotados cadernos de poesia Caliban.
Deixou Moçambique em Março de 1975, com 43 anos de idade, expulso pelo sintomático e então alto-comissário Vítor Crespo, que tomou esta decisão com base num editorial em que Knopfli denunciava o conúbio da Frelimo com a polícia política de Ian Smith, passou quatro meses em Lisboa antes de partir para a capital britânica.
A nacionalidade portuguesa não impediu que a sua alma fosse assumidamente africana, mas a sua desilusão pelos acontecimentos políticos está expressa na sua poesia publicada após a saída da sua terra.
Colaborou em vários jornais e revistas.
Foi adido de imprensa da delegação portuguesa na assembleia-geral das Nações Unidas (1975).
Foi Conselheiro de Imprensa na Embaixada de Portugal em Londres (1975-1997).
Morreu de doença (penso que cancro) no dia 25 de Dezembro de 1997. O seu corpo está sepultado no cemitério de Vila Viçosa, no Alentejo em Portugal, de onde a sua Família originou.
Visitou Moçambique independente apenas uma vez, em 1989.
NATURALIDADE
Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
européias
e europeu me chamam.
Não sei se o que escrevo tem raiz de algum
pensamento europeu.
E provável… Não. E certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Indico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.
Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.
Princípio do dia
Rompe-me o sono um latir de cães
na madrugada. Acordo na antemanhã
de gritos desconexos e sacudo
de mim os restos da noite
e a cinza dos cigarros fumados
na véspera.
Digo adeus à noite sem saudade,
digo bom-dia ao novo dia.
Na mesa o retrato ganha contorno,
digo-lhe bom-dia
e sei que intimamente ele responde.
Saio para a rua
e vou dizendo bom-dia em surdina
às coisas e pessoas por que passo.
No escritório digo bom-dia.
Dizem-me bom-dia como quem fecha
uma janela sobre o nevoeiro,
palavras ditas com a epiderme,
som dissonante, opaco, pesado muro
entre o sentir e o falar.
E bom dia já não é mais a ponte
que eu experimentei levantar.
Calado,
sento-me à secretária, soturno, desencantado.
(Amanhã volto a experimentar).
Velho Colono
Sentado no banco cinzento
entre as alamedas sombreadas do parque.
Ali sentado só, àquela hora da tardinha,
ele e o tempo. O passado certamente,
que o futuro causa arrepios de inquietação.
Pois se tem o ar de ser já tão curto,
o futuro. Sós, ele e o passado,
os dois ali sentados no banco de cimento.
Há pássaros chilreando no arvoredo,
certamente. E, nas sombras mais densas
e frescas, namorados que se beijam
e se acariciam febrilmente. E crianças
rolando na relva e rindo tontamente.
Em redor há todo o mundo e a vida.
Ali está ele, ele e o passado,
sentados os dois no banco de frio cimento.
Ele a sombra e a névoa do olhar.
Ele, a bronquite e o latejar cansado
das artérias. Em volta os beijos húmidos,
as frescas gargalhadas, tintas de Outono
próximo na folhagem e o tempo.
O tempo que cada qual, a seu modo,
vai aproveitando.
Testamento
Se por acaso morrer durante o sono
não quero que te preocupes inutilmente.
Será apenas uma noite sucedendo-se
a outra noite interminavelmente.
Se a doença me tolher na cama
e a morte aí me for buscar,
beija Amor, com a força de quem ama,
estes olhos cansados, no último instante.
Se, pela triste monotonia do entardecer,
me encontrarem estendido e morto,
quero que me venhas ver
e tocar o frio e sangue do corpo.
Se, pelo contrário, morrer na guerra
e ficar perdido no gelo de qualquer Coreia,
quero que saibas, Amor, quero que saibas,
pelo cérebro rebentado, pela seca veia,
pela pólvora e pelas balas entranhadas
na dura carne gelada,
que morri sim, que não me repito,
mas que ecoo inteiro na força do meu grito.
ILHA DOURADA
A fortaleza mergulha no mar
os cansados flancos
e sonha com impossíveis
naves moiras
Tudo mais são ruas prisioneiras
e casas velhas a mirar o tédio
As gentes calam na
voz
uma vontade antiga de lágrimas
e um riquexó de sono
desce a Travessa da “Amizade”
Em pleno dia claro
vejo-te adormecer na distância,
Ilha de Moçambique,
e faço-te estes versos
de sal e esquecimento
UNIFORME DE POETA
Ajustei minha cabeleira longa,
coloquei-lhe ao de cima meu
chapéu de coco em fibra sintética,
sacudi a densa poeira das asas encardidas
e, dependurada a lira a tiracolo,
saio para a rua
em grande uniforme de poeta.
Tremei guardas-marinhas,
alferes do activo em
situação de disponibilidade:
meu ridículo hoje suplanta
o vosso e nele se enleia e perturba
o suspiro longo das meninas
romântico-calculistas.
MAXILAR TRISTE
Suave curva dolorosa
atenuando o bordo rijo
desse rosto derradeiro
de brancura infinita.
Impugnando-lhe a doçura,
a antinomia do tempo
acentuará os duros ângulos
num mapa de tristeza
irreparável. O sorriso
vago nela projecta um
brilho fosco de loiça antiga:
espreitando na carne
os dentes anunciam o resto.
Notas e ligações:
Comentário no sítio da extinta Livraria Trindade sobre Rui e a Ilha de Próspero.
Eduardo Pitta, que foi seu amigo, deixou uma impressionante nota memorial.
Sobre a obra do Rui, ver aqui e aqui.
Poetas de Moçambique – Rui Knopfli, antologia poética organizada pelo Eugenio Lisboa, Belo Horizonte: Editora ufmg, 2010. 198208 p. ISBN 978-85-7041-715-2, aqui.
Sobre o significado de Próspero e Caliban, ler aqui e aqui.
Ana Cristina Dias, quando estava na Universidade de Macau, escreveu isto sobre Próspero e Caliban.
O Ilustrado, Nº16 15 de Novembro de 1933, p.325.
Não sendo datada, a imagem deve remontar à primeira década de 1900.
Tal como a metralhadora soviética AK47 (que figura na bandeira nacional moçambicana) e as minas terrestres contribuiram decisivamente para acelerar o fim da era colonial moderna, foram as tecnologias de guerra do final do Século XIX que permitiram o seu surgimento, nomeadamente, o controlo e o domínio de grandes territórios por um punhado de pessoas, capazes de alavancar uma resposta mortífera a quase qualquer ataque suportado por arcos e flechas e espingardas. Foi definitivamente este o caso em Moçambique, especialmente a partir do final de 1894, quando Lourenço Marques foi atacada e ameaçada pelas tribos circundantes, suscitando uma resposta concertada das autoridades portuguesas. Neste aspecto, os portugueses não foram particularmente originais: esta foi praticamente a regra seguida por todas as potências europeias (e ainda os Estados Unidos da América, que teima em ignorar a sua considerável épica colonial e colonizadora) durante o Século XIX e até à segunda década do Século XX.
Perante a extrema desigualdade em recursos militares e logística, os nativos dessas regiões praticamente não tiveram chance de resistir à ocupação europeia.
Imagens retocadas.
O riquexó era um meio de transporte comum em todo o mundo a partir de meados do Século XIX e Lourenço Marques não era uma excepção, pelo menos enquanto a Cidade se limitava à sua dimensão inicial, na actual Baixa, sendo obviamente inviável quando se expandiu para Norte e para Nascente, na chamada Parte Alta.
Imagem retocada, gentilmente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.
Imagem retocada, gentilemente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.