THE DELAGOA BAY WORLD

30/04/2019

A CENTRAL TÉCNICA DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

Grato ao grande Ribeiro da Silva por identificar os dois técnicos do Rádio Clube.

A central técnica do Rádio Clube de Moçambique, anos 60. De pé, Carlos Alfredo Albuquerque. Sentado, Fernando.

29/04/2019

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1960

Imagem retocada.

 

Lourenço Marques em 1960, foto em zoom tirada a partir do Prédio Funchal. À esquerda, o Prédio Montepio (onde ficavam os escritórios da TAP). À direita, a torre da Sé Catedral. O telhado de zinco ao lado da torre é o Bazar na Baixa, visto de trás. Ao fundo em cima, a Catembe. Junto à Baía do lado Norte, os guindastres do Cais Gorjão.

28/04/2019

PRIMEIRA COMUNHÃO DOS ALUNOS DO COLÉGIO BARROSO EM LOURENÇO MARQUES, 1962

Imagens retocadas, gentilmente cedidas por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.

O Colégio (António) Barroso era uma instituição de ensino entre as mais conceituadas em Lourenço Marques. Era uma instituição privada com índole católica. Foi desmantelado após a independência e posteriormente o espaço foi usado para fins educacionais penso que seculares.

Para ver quem foi o Padre António Barroso, er mais abaixo.

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SOBRE O PADRE ANTÓNIO BARROSO

 

O Padre António Barroso.

António José de Sousa Barroso (Remelhe, Barcelos, 5 de Novembro de 1854 – Porto, 31 de Agosto de 1918) foi missionário em África, bispo de São Tomé de Meliapor e bispo do Porto.

Com 17 anos de idade foi estudar no seminário de Braga, e daqui transferido em 1873 para o Real Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim, onde se ordenou padre em 1879 com 25 anos de idade.

Foi missionário cientista em Angola e em Moçambique. Em 1894 publicou um relatório intitulado “O Padroado de Portugal em África”.

Em 1899, foi nomeado bispo do Porto. Em Outubro de 1910 ocorreu o golpe de Estado em Lisboa que derrubou a monarquia, sendo instituído um regime republicano revolucionário, militantemente anti-católico. Assim, quando, em 1911, foi dada a conhecer a «Pastoral do Episcopado Português», escrita por António Barroso e na qual ele se afirma em desacordo com alguma Legislação do Governo, reaviva-se a luta anticlerical. Os governadores civis republicanos proíbem que essa pastoral fosse lida nas igrejas e, por desobediência a essa proibição, são presos dezenas de párocos. O próprio bispo do Porto foi preso e levado, sob custódia, para Lisboa. Sempre afirmando a determinação apostólica, D. António Barroso conhecerá depois o exílio, de onde só voltará em 1914, e, antes enfrentar novo exílio em 1917, refugia-se durante um longo período no Santuário de Nossa Senhora do Porto d’Ave, onde ainda hoje permanece o seu retrato a óleo numa parede da sacristia. Regressa ainda no mesmo ano à diocese do Porto, onde vem a falecer, nove meses mais tarde.

Foi sepultado no cemitério paroquial de Remelhe, Barcelos, tendo os seus restos mortais sido trasladados em 1927 para uma capela-monumento erigida no recinto.

Encontra-se em curso a causa da sua beatificação, promovida pela Diocese do Porto. Em 16 de Junho de 2017 a Igreja Católica proclamou-o Venerável, com a aprovação, pelo Papa Francisco, de um decreto contendo a Declaração das virtudes heróicas de D. António Barroso.

Em 2018 foi celebrado o centenário da sua morte.

(fonte: Wikipédia, editado por mim)

27/04/2019

MARCELO CAETANO VISITA LOURENÇO MARQUES, 1969

Imagem retocada.

Foi a maior recepção na história de Lourenço Marques, talvez só comparável à visita do herdeiro da coroa portuguesa, o Príncipe Real, SAR D. Luiz Filipe de Órléans e Bragança, em Julho de 1907 (e de que já ninguém se lembrava na altura).

 

Marcelo Caetano desfila em Lourenço Marques após a sua chegada à capital de Moçambique naquela que foi a primeira visita de um Presidente do Conselho português à colónia, 19 de Abril de 1969. Foi recebido pelo Governador-Geral, Baltazar Rebelo de Sousa, que não se vê esta imagem mas que está sentado ao seu lado.

 

Interessantes excertos da chegada de Marcelo Caetano à capital moçambicana naquele cair da noite de um sábado, 19 de Abril de 1969 – há exactamente 50 anos –  podem (e devem) ser vistos aqui, num vídeo não editado de 32 minutos da biblioteca da Rádio Televisão Portuguesa.

Note-se a “curiosidade” de, a 30.04 minutos do vídeo se ver o Ricardo Rangel, o futuro suposto alegado “pai da fotografia moçambicana” a tirar fotografias do cortejo à saída de uma visita ao Liceu Salazar onde Caetano fora discursar.

A cerimónia da chegada e toda a visita do sucessor de Salazar, nomeado escassos meses antes por Américo Tomás, fora cuidadosamente preparada pelo seu grannde amigo e o então Governador-Geral, Baltazar Rebelo de Sousa, que, para além do lado protocolar, incluindo figuras como o Arcebispo católico Dom Custódio Alvim Pereira, assegurou um vasto banho de multidão e ainda um conjunto de manifestações “espontâneas” de apoio ao regime, que aliás eram mais ou menos habituais e que aliás foram fortemente reforçadas sob o regime sucedâneo da Frelimo.

Caetano já tinha visitado Moçambique uma vez, mas foi a primeira visita enquanto chefe do governo português à província ultramarina.

Ao contrário de Charles de Gaulle em relação à Argélia, Marcelo Caetano ficou verdadeiramente impressionado com o que viu e ouviu e nunca se esqueceu da experiência apoteótica de “apoio” desta visita, tirando, em parte dali, todas as ilacções erradas, ajudado pelo facto de que, no regime, quase ninguém, a começar por Américo Tomás, o presidente da República portuguesa, que passou a agir como uma espécie de memória residual de Salazar, sequer queria ouvir falar de independências.

A lição desta visita, para Caetano, foi, nomeadamente, a de que tinha o suporte dos moçambicanos, dos portugueses e dos negros de Moçambique (ah ah ah) e que ainda tinha tempo para engendrar um sucedâneo para o regime colonial, que se vislumbra no que disse e fez nos anos seguintes, que se caminhava para autonomia quase completa até 1980.

Mas não havia nem tempo nem grande margem de manobra. Não havia qualquer diálogo com a “oposição.  A Frelimo (a que o regime chamava “subversão”), dirigida pelos seus apoiantes e patrocinadores e reforçada pelo “golpe de estado” que eliminara o paradigma do Dr. Eduardo Mondlane e Uria Simango e inaugurou a era radical comunista de Samora, Marcelino, Chissano e Guebuza, etc, não parou a guerrilha e exactamente cinco anos mais tarde, de dentro do exército português, surgiria um golpe militar, orquestrado por Otelo Carvalho, um obscuro major que nascera e crescera em Lourenço Marques, que pôs um fim abrupto (mas esperado) ao regime e, que no espaço de quatro meses e meio, entregaria a soberania do território à Frelimo.

26/04/2019

FESTA DE NATAL DOS EMPREGADOS DA CALTEX EM LOURENÇO MARQUES, 1959

Imagens retocadas, gentilmente cedidas por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.

Na altura em que estas fotografias foram tiradas, o Pai de Gisele era o Administrador Delegado da Caltex em Moçambique.

Para ler mais sobre a Caltex, ver em baixo a seguir às fotografias.

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A Caltex (abreviação do nome California Texas Oil Company) foi fundada em 1936 pela Texas Oil Company (mais tarde designada Texaco) e pela Standard Oil of California (mais tarde designada Chevron Corporation) para comercializar produtos petrolíferos a partir de novas concessões obtidas na altura no Reino da Arábia Saudita. Em 2001, as duas empresas-mãe fundiram-se, passando a Caltex a ser detida pela entidade resultante, a Chevron-Texaco, que em 2005 foi re-designada Chevron.

O antigo logotipo da Caltex.

A presença da marca Caltex em África remonta aos seus primórdios, nomeadamente em Moçambique, onde mantinha depósitos (algures em Lourenço Marques, ou talvez na Matola) e uma rede comercial a nível nacional.

Estação de serviço da Caltex em Lourenço Marques, anos 60. (fonte: aqui)

A Caltex é ainda hoje um dos principais concorrentes na produção e comercialização da produtos petrolíferos na África do Sul, com uma grande rede de postos de abastecimento e uma refinaria em Milnerton, no Cabo, com uma capacidade de processamento de 100 mil barris por dia. A sua actual detentora, a Chevron, opera directamente em Angola há muitos anos e, há escassos dias, anunciou a intenção de adquirir a empresa petrolífera  Anadarko Petroleum Company, empresa constituída no Estado norte-americano de Delaware mas que opera baseada perto de Houston,  no Texas, que por sua vez detém, entre vários outros activos nos Estados Unidos, Argélia, Gana, Colômbia, Costa do Marfim, consideráveis concessões de petróleo, “shale gas” (gás obtido a partir do fracturamento da pedra) e ainda nos recentemente descobertos depósitos de gás natural offshore (no mar) em Moçambique. O nome da Anadarko vem da cidade com o mesmo nome no Estado norte-americano de Ohkahoma, perto de onde a empresa, originalmente criada em 1959, iniciou a actividade. Logo a seguir ao anúncio da Chevron, a Occidental Petroleum anunciou a sua intenção de adquirir a Anadarko também, oferecendo o que os analistas indicam ser uma oferta “muito melhor”.

25/04/2019

RUA PRINCIPAL DA VILA DO IBO, INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: Vila do Ibo nas Quirimbas — ABM @ 21:06

Imagem retocada.

A Vila do Ibo fica situada na ilha com o mesmo nome, parte do Arquipélago das Quirimbas, um conjunto de cerca de 50 ilhas coralinas, a maior parte pequenas, que se espalha numa área que se prolonga em cerca de 200 kms ao longo da costa Norte de Moçambique, desde a foz do Rio Rovuma até uns 50 kms a Norte da Cidade nortenha de Pemba (anteriormente, Porto Amélia). É hoje um parque nacional, protegido por legislação.

Ali ao lado, estão, sob o mar, os billions and billions de gás natural.

Em todo o território que é hoje Moçambique, o Ibo teve uma ocupação portuguesa só comparável à Ilha de Moçambique, sendo a sua importância histórica (a meu ver) comparável à da ilha que deu o nome ao país mas mais comercial que administrativa e militar – se bem que uma linha num texto da Wikipédia refere que terá sido capital da colónia nalgum ponto do seu percurso . A ilha em si é muito maior que a Ilha de Moçambique: tem cerca de dez kms de comprimento e cinco kms de largura máxima.

Nunca lá fui. Dizem-me que a Ilha do Ibo é linda de morrer e que as suas gentes (hoje vivem lá cerca de 4 mil pessoas, essencialmente da pesca e do pequeno comércio) são de uma hospitalidade assinalável. Há algum turismo – boa gente, boa comida, boas praias, um calor de derreter – mas é fortemente condicionado pelo custo demasiadamente elevado de uma deslocação ao local. Uma boa parte do património edificado pelas sucessivas gerações que viveram no local, durante quase 500 anos, está (muito) degradada ou foi alvo de restauros avulsos digamos que pouco condicentes com a traça original. A sua história está quase irremediavelmente perdida, a escrita e a oral. Mas do mal o menos, algumas das lacunas podem-se corrigir, havendo vontade e algum dinheiro.

À altura em que escrevo estas linhas, deverá estar a passar por aquela zona o Ciclone Kenneth.

A rua principal na Vila do Ibo, início do Século XX. Tinha o nome da rainha portuguesa Dona Maria Pia de Sabóia, filha do primeiro rei de Itália e mulher do Rei D. Luiz I (que elevou Lourenço Marques a Vila e depois a Cidade) e que foram pais do penúltimo monarca português, D. Carlos I.

PORTO AMÉLIA, ANOS 1920

Filed under: Porto Amélia vista aérea — ABM @ 01:05

Porto Amélia, que hoje tem o nome da enorme baía ao lado, foi criada após a constituição da majestática Companhia do Niassa, uma espécie de colonialismo de aluguer que os portugueses de então acharam por bem aplicar a Moçambique. O lugarejo, bom para o turismo mas mau para quase tudo o resto, nem sequer tinha um porto – fizeram um molhezinho ali à frente, que dava para os recados.  Como forma institucional de dar graxa e

Porto Amélia.

seguir as tradições daquela altura, ao lugarejo foi dado o nome da então rainha de Portugal, Amélia e passou a ser o centro da operação da tal de Companhia do Niassa, operação essa que, ao que se sabe, não teve sucesso. Em 1929, a concessão acabou e a administração colonial – meia dúzia de portugueses – tomou conta daquilo. A sua jurisdição – Cabo Delgado – ainda hoje é a província mais pobre do que é hoje Moçambique. Sendo Moçambique o sétimo país mais pobre do mundo, está o exmo. Leitor a ver do nível de pobreza que se está a falar aqui. Durante uns anos, a região serviu para a Frelimo, que era patrocinada pela Tanzânia, fazer a guerra com o exército dos portugueses. Depois da independência, os novos senhores da Situação mudaram o nome à então já cidadezinha colonial, e pouco mais terá acontecido (construiu-se uma ponte para a Tanzânia que quase ninguém usa), até que, há uns dez anos, estudos geológicos revelaram a presença, no oceano em frente ao Triângulo de Quionga, de quantidades fabulosas de gás natural. Diz-se, por essa razão, que a região vai crescer.

Porto Amélia – Pemba – tornou-se uma Cidade do Norte, com entre 150 e 200 mil habitantes, a maioria dos quais vivendo em condições precárias.

Na noite em que escrevo esta nota, para a região avança um ciclone – Kenneth – com ventos de 200 kms por hora e estimativas de chuva na ordem dos 100 ml/m2 em 24 horas. Manifestamente, a Cidade não está equipada para um embate destes.

23/04/2019

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1928

Imagem retocada.

 

A então Baixa de Lourenço Marques, 1928. Foto tirada da varanda do 1º andar do primeiro Teatro Gil Vicente, que ficava à entrada da Rua (mais tarde) Joaquim José Lapa, no mesmo local onde depois se instalou a Papelaria Académica, no Prédio Fonte Azul.  Onde está um homem a atravessar a rua para o lado esquerdo na imagem, fica a esquina entre a (então) Avenida Aguiar, mais tarde designada Av. Dom Luiz e a actual Avenida Marechal Samora Moisés Machel. À esquerda começava a Praça 7 de Março. Do lado direito vê-se o Consulado do Reino Unido da Grã-Bretanha, com a bandeira hasteada. Ao fundo vê-se a Rua Consiglieri Pedroso, que desemboca na Praça Azeredo, mais tarde designnada Praça Mac-Mahon e a actual Praça dos Trabalhadores. No topo e lado esquerdo da imagem, em primeiro plano, vê-se a ponta do primeiro Teatro Gil Vicente, que arderia no final do ano seguinte, motivando o seu dono a construir outro com o mesmo nome, em estilo Art Deco, a meio da Avenida Dom Luiz. Mais a seguir vê-se um edifício com a frase “(re)frescos” na fachada, que era o Kiosk Chalet, o verdadeiro epicentro geográfico e social da Cidade naquela altura e que ficava na ponta a Norte e a Nascente da Praça 7 de Março. Logo a seguir, lá longe no horizonte, pode-se ver a cúpula da Estação de Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, na altura das edificações mais altas da Baixa. Com tanta gente na rua, ou era fim de semana ou dia de festa na Cidade.

21/04/2019

O BAZAR DE LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1910

Filed under: Bazar LM, LM Bazar — ABM @ 22:30

Imagem retocada e colorida.

 

Três imagens do Bazar de Lourenço Marques.

GARRAFA DE REFRIGERANTE DE CANADA DRY

Acabada de lavar.

A Sociedade de águas de Montemor, cuja base ficava junto da então Povoação da Namaacha, foi a primeira empresa em Moçambique a comercializar refrigerantes e a primeira marca que comercializou foi a Canada Dry.

 

Garrafa de refrigerante da Canada Dry.

RÉCITA ESCOLAR DA SOCIEDADE 1º DE JANEIRO EM LOURENÇO MARQUES, 1912

A Sociedade de Instrução e Beneficiência 1º de Janeiro foi uma organização republicana e maçónica com grande influência em Lourenço Marques, especialmente após a imposição do regime republicano em Portugal através dum golpe militar que sucedeu a 4-5 de Outubro de 1910.

 

1 de 4. Note-se a referência ao “cidadão Governador Geral”, reflectindo ainda o espírito “revolucionário” do golpe de 1910 que derrubou a monarquia portuguesa.

 

2 de 4.

 

3 de 4. Para o arranque do programa, uma saudação à república….

 

4 de 4.

A JOVEM ESTER MARIA PORTUGAL NA BEIRA, 1925

Filed under: Ester Maria Portugal Devezas — ABM @ 22:12

Imagem retocada, gentilmente cedida por Luis A Portugal Deveza GM, filho de Ester Maria Portugal, que viria a ser a primeira aviadora de Moçambique.

 

A então jovem Ester (futuramente, a primeira aviadora de Moçambique) num transporte pessoal sobre carris que era o que se usava na Beira de então, dado ser uma cidade construída literalmente sobre terreno plano composto de areia da praia e pântanos, cerca de 2-3 metros acima do nível médio do mar e onde não havia na altura estradas alcatroadas. Atrás dela, três homens, presumo que para empurrar o veículo ou simplesmente a posar.

19/04/2019

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1920

Imagem retocada.

 

A Baixa de Lourenço Marques, ao fundo, década de 1920. À direita, a velha Câmara Municipal da Cidade, que hoje fica em frente ao Desportivo. Do lado esquerdo, um armazém que em 2016 ainda existia e que fica do outro lado da rua em relação ao actual Maputo Shopping Centre. E logo a seguir, a Capitania do Porto. O imenso espaço verde em primeiro plano é o Aterro da Maxaquene, levado a cabo entre 1919 e 1921. No meio desse espaço vê-se vagamente o então novo prolongamento da Avenida da República (actual Avenida 25 de Setembro) que ligaria a Baixa à futura Estrada Marginal. Ao fundo, pode-se ver a cúpula da estação de caminhos de ferro.

TRÊS CASAMENTOS EM LOURENÇO MARQUES, 1933

 

A Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira da Cidade)  em Lourenço Marques, cerca de 1927. Até à conclusão da Sé Catedral em 1944, esta era a principal igreja católica na Cidade, onde se realizavam a maioria dos baptismos, casamentos e funerais. Penso que todos os registos desta igreja foram depois transferidos para a Sé Catedral.

 

 

 

MARIA CORINTA DE MELO, UMA CIENTISTA EM LOURENÇO MARQUES

 

Foto publicada no Diário de Lisboa, 17 de Abril de 1952

 

Diário de Lisboa, 24 de Março de 1951.

 

Diário de Lisboa, 17 de Abril de 1952.

 

Delegados à 30ª Reunião Anual da Associação de Museus Sul-Africanos, 1966, posam em frente à fachada do Museu Álvaro de Castro em Lourenço Marques. A Drª Maria Cortinta de Melo é a 5ª pessoa na fila da frente a contar da esquerda.

OS ALUNOS DA ENGLISH PRIMARY SCHOOL DE LOURENÇO MARQUES VISITAM O NOTICIAS, 1968

Imagem retocada, gentilmente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.

Na década de 1960, era comum as turmas das escolas primárias de Lourenço Marques fazerem visitas de “estudo” a empresas locais: a Cooperativa dos Criadores de Gado, a Fábrica de Papel, etc.

Aqui, os alunos da English Primary School de Lourenço Marques visitam o jornal Notícias, na Baixa da Cidade, penso que em 1968.

 

Não sei quem era o linotipista.

 

 

 

18/04/2019

RUI KNOPFLI

Filed under: Rui Knopfli - poeta — ABM @ 21:43

R K fotógrafo amador.

Rui Manuel Correia Knopfli (Inhambane, 10 de agosto de 1932 – Lisboa, 25 de dezembro de 1997) foi um poeta, jornalista, tradutor e crítico literário e de cinema português.

Filho de portugueses, contava na sua ascendência um bisavô suíço, de quem herdou o apelido, segundo ele mesmo, “estranho”.

Ainda criança, foi com a família viver para Lourenço Marques .

Fez os seus estudos em Lourenço Marques e em Joanesburgo.

Entre 1958 e 1974, foi delegado de propaganda médica em Lourenço Marques.

Publicou uma obra que cruza as tradições literárias portuguesa e anglo-americana. Integrou o grupo de intelectuais que, em Lourenço Marques, se opôs ao regime português de então. Brevemente, foi director d’A Tribuna (1974-1975).

Editou ainda o caderno Letras e Artes da revista Tempo, no qual publicou traduções de numerosos poetas, tais como T.S. Eliot, William Blake, Sylvia Plath, Kaváfis, Dylan Thomas, Ezra Pound, René Char e Octavio Paz.

Com o poeta João Pedro Grabato Dias (aka o pintor António Quadros), fundou em 1972 os “célebres” e esgotados cadernos de poesia Caliban.

r k b 1

r k b 2

Deixou Moçambique em Março de 1975, com 43 anos de idade, expulso pelo sintomático e então alto-comissário Vítor Crespo, que tomou esta decisão com base num editorial em que Knopfli denunciava o conúbio da Frelimo com a polícia política de Ian Smith, passou quatro meses em Lisboa antes de partir para a capital britânica.

A nacionalidade portuguesa não impediu que a sua alma fosse assumidamente africana, mas a sua desilusão pelos acontecimentos políticos está expressa na sua poesia publicada após a saída da sua terra.

Colaborou em vários jornais e revistas.

Foi adido de imprensa da delegação portuguesa na assembleia-geral das Nações Unidas (1975).

Foi Conselheiro de Imprensa na Embaixada de Portugal em Londres (1975-1997).

Morreu de doença (penso que cancro) no dia 25 de Dezembro de 1997. O seu corpo está sepultado no cemitério de Vila Viçosa, no Alentejo em Portugal, de onde a sua Família originou.

Visitou Moçambique independente apenas uma vez, em 1989.

 

NATURALIDADE

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
européias
e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem raiz de algum
pensamento europeu.
E provável… Não. E certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Indico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.

Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.

 

Princípio do dia

Rompe-me o sono um latir de cães

na madrugada. Acordo na antemanhã

de gritos desconexos e sacudo

de mim os restos da noite

e a cinza dos cigarros fumados

na véspera.

Digo adeus à noite sem saudade,

digo bom-dia ao novo dia.

Na mesa o retrato ganha contorno,

digo-lhe bom-dia

e sei que intimamente ele responde.

Saio para a rua

e vou dizendo bom-dia em surdina

às coisas e pessoas por que passo.

No escritório digo bom-dia.

Dizem-me bom-dia como quem fecha

uma janela sobre o nevoeiro,

palavras ditas com a epiderme,

som dissonante, opaco, pesado muro

entre o sentir e o falar.

E bom dia já não é mais a ponte

que eu experimentei levantar.

Calado,

sento-me à secretária, soturno, desencantado.

(Amanhã volto a experimentar).

Velho Colono

Sentado no banco cinzento
entre as alamedas sombreadas do parque.
Ali sentado só, àquela hora da tardinha,
ele e o tempo. O passado certamente,
que o futuro causa arrepios de inquietação.
Pois se tem o ar de ser já tão curto,
o futuro. Sós, ele e o passado,
os dois ali sentados no banco de cimento.

Há pássaros chilreando no arvoredo,
certamente. E, nas sombras mais densas
e frescas, namorados que se beijam
e se acariciam febrilmente. E crianças
rolando na relva e rindo tontamente.

Em redor há todo o mundo e a vida.
Ali está ele, ele e o passado,
sentados os dois no banco de frio cimento.
Ele a sombra e a névoa do olhar.
Ele, a bronquite e o latejar cansado
das artérias. Em volta os beijos húmidos,
as frescas gargalhadas, tintas de Outono
próximo na folhagem e o tempo.

O tempo que cada qual, a seu modo,
vai aproveitando.

Testamento

Se por acaso morrer durante o sono

não quero que te preocupes inutilmente.

Será apenas uma noite sucedendo-se

a outra noite interminavelmente.

Se a doença me tolher na cama

e a morte aí me for buscar,

beija Amor, com a força de quem ama,

estes olhos cansados, no último instante.

Se, pela triste monotonia do entardecer,

me encontrarem estendido e morto,

quero que me venhas ver

e tocar o frio e sangue do corpo.

Se, pelo contrário, morrer na guerra

e ficar perdido no gelo de qualquer Coreia,

quero que saibas, Amor, quero que saibas,

pelo cérebro rebentado, pela seca veia,

pela pólvora e pelas balas entranhadas

na dura carne gelada,

que morri sim, que não me repito,

mas que ecoo inteiro na força do meu grito.

ILHA DOURADA

A fortaleza mergulha no mar

os cansados flancos

e sonha com impossíveis

naves moiras

Tudo mais são ruas prisioneiras

e casas velhas a mirar o tédio

As gentes calam na

voz

uma vontade antiga de lágrimas

e um riquexó de sono

desce a Travessa da “Amizade”

Em pleno dia claro

vejo-te adormecer na distância,

Ilha de Moçambique,

e faço-te estes versos

de sal e esquecimento

De “A Ilha de Próspero”

UNIFORME DE POETA

Ajustei minha cabeleira longa,

coloquei-lhe ao de cima meu

chapéu de coco em fibra sintética,

sacudi a densa poeira das asas encardidas

e, dependurada a lira a tiracolo,

saio para a rua

em grande uniforme de poeta.

Tremei guardas-marinhas,

alferes do activo em

situação de disponibilidade:

meu ridículo hoje suplanta

o vosso e nele se enleia e perturba

o suspiro longo das meninas

romântico-calculistas.

MAXILAR TRISTE

Suave curva dolorosa

atenuando o bordo rijo

desse rosto derradeiro

de brancura infinita.

Impugnando-lhe a doçura,

a antinomia do tempo

acentuará os duros ângulos

num mapa de tristeza

irreparável. O sorriso

vago nela projecta um

brilho fosco de loiça antiga:

espreitando na carne

os dentes anunciam o resto.

 

Notas e ligações:

Comentário no sítio da extinta Livraria Trindade sobre Rui e a Ilha de Próspero.

Eduardo Pitta, que foi seu amigo, deixou uma impressionante nota memorial.

Sobre a obra do Rui, ver aqui e aqui.

Poetas de Moçambique – Rui Knopfli, antologia poética organizada pelo Eugenio Lisboa, Belo Horizonte: Editora ufmg, 2010. 198208 p. ISBN 978-85-7041-715-2, aqui.

Sobre o significado de Próspero e Caliban, ler aqui e aqui.

Ana Cristina Dias, quando estava na Universidade de Macau, escreveu isto sobre Próspero e Caliban.

NOTÁVEIS DA CIDADE DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX

O Ilustrado, Nº16 15 de Novembro de 1933, p.325.

Não sendo datada, a imagem deve remontar à primeira década de 1900.

xx

ARMA NO MUSEU DA FORTALEZA DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Tal como a metralhadora soviética AK47 (que figura na bandeira nacional moçambicana) e as minas terrestres contribuiram decisivamente para acelerar o fim da era colonial moderna, foram as tecnologias de guerra do final do Século XIX que permitiram o seu surgimento, nomeadamente, o controlo e o domínio de grandes territórios por um punhado de pessoas, capazes de alavancar uma resposta mortífera a quase qualquer ataque suportado por arcos e flechas e espingardas. Foi definitivamente este o caso em Moçambique, especialmente a partir do final de 1894, quando Lourenço Marques foi atacada e ameaçada pelas tribos circundantes, suscitando uma resposta concertada das autoridades portuguesas. Neste aspecto, os portugueses não foram particularmente originais: esta foi praticamente a regra seguida por todas as potências europeias (e ainda os Estados Unidos da América, que teima em ignorar a sua considerável épica colonial e colonizadora) durante o Século XIX e até à segunda década do Século XX.

Perante a extrema desigualdade em recursos militares e logística, os nativos dessas regiões praticamente não tiveram chance de resistir à ocupação europeia.

Arma então em exibição no Núcleo Museológico da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques, 1961.

A AVENIDA DA REPÚBLICA EM LOURENÇO MARQUES, MEADOS DA DÉCADA DE 1950

Filed under: LM Av. da República, LM Bazar, LM Rua da Mesquita — ABM @ 20:30

 

A Avenida da República em frente ao Bazar e junto da esquina com a Rua Salazar (ou da Mesquita, etc) em Lourenço Marques, meados da década de 1950.

RIQUEXÓS DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: Riquexó em LM 1900 — ABM @ 20:27

Imagens retocadas.

O riquexó era um meio de transporte comum em todo o mundo a partir de meados do Século XIX e Lourenço Marques não era uma excepção, pelo menos enquanto a Cidade se limitava à sua dimensão inicial, na actual Baixa, sendo obviamente inviável quando se expandiu para Norte e para Nascente, na chamada Parte Alta.

 

Postal 1 de 2.

 

Postal 2 de 2.

17/04/2019

TURMA DA ENGLISH PRMARY SCHOOL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada, gentilmente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.

 

Uma turma da English Primary School de Lourenço Marques, segunda metade da década de 1960. Gisele é a rapariga mais à direita na foto, no meio, com tranças.

FESTA DE ANOS DE GISELE HARDY EM LOURENÇO MARQUES, MEADOS DOS ANOS 60

Imagem retocada, gentilemente cedida por Gisele Hardy, que nasceu e cresceu em Moçambique.

 

Fotografia tirada durante uma festa de anos de Gisele Hardy na casa onde morava com os Pais em Lourenço Marques, meados dos anos 60. Penso que Gisele é a quarta jovem a contar da esquerda, num vestido branco.

CARTAZ TURÍSTICO DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Filed under: Cartaz turístico de LM 1960s — ABM @ 22:31

Imagem retocada.

 

Cartaz turístico de Lourenço Marques, dirigido ao mercado sul-africano, anos 60. Ao fundo, a prancha de saltos do Pailhão de Chá da Polana.

CHEQUES DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO EM MOÇAMBIQUE

Filed under: Cheques do BNU — ABM @ 22:26

Imagens retocadas.

 

Cheque do BNU emitido em Inhambane, 1936.

 

Cheque do BNU emitido em Vila Pery (actualmente, Chimoio).

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