Imagens retocadas.
É quase uma nota de rodapé no longo percurso da Baía que culminou na sua margem Norte se tornar na Capital de Moçambique. Digo nota de rodapé porque daí nada resultou, ao contrário das iniciativas (1777-1781) de Guilherme Bolts, que ao colocar feitorias na Inhaca e na Catembe, provocou uma reacção portuguesa – a de as desactivar e de erguer um forte e feitoria permanente no que é hoje o local da “fortaleza” na Baixa da Cidade, em 1782.
A ideia de criar uma feitoria holandesa em Lourenço Marques obviamente deve ter parecido boa para os agentes da Vereenigde Oost-Indische Compagnie, ou VOC, originalmente uma empresa majestática de direito privado holandês (ou seja, tinha investidores privados, alguns dos quais judeus de ascendência portuguesa, no que foi a primeira a existir no mundo) criada em Março de 1602 para explorar o comércio internacional, e que tinha uma das suas principais bases de actuação no que é hoje a Cidade do Cabo.
A feitoria duraria cerca de nove anos, após o que foi abandonada.
Seria interessante, do ponto de vista histórico e arqueológico (e turístico), identificar o que resta destas construções no que é hoje a Cidade de Maputo. Só que a zona onde a feitoria foi edificada foi significativamente alterada pelos Aterros da Maxaquene, efectuados no final da década de 1910. Pode ainda lá estar alguma coisa pois os aterros tinham uma quota de uns seis metros em relação ao nível da água do mar, o que significa que, em princípio, as fundações desta feitoria terão ficado soterradas. E segundo uma nota do grande Alfredo Pereira de Lima, elas devem estar localizadas aproximadamente em frente ao antigo campo de futebol do Grupo Desportivo.
Este poderia ser um projecto arqueológico interessante. Infelizmente, não sei quase nada sobre o que andam a fazer os arqueologistas moçambicanos estes dias. Mas, se existirem, eu pedia um subsídio à Holanda para pelo menos investigar.
Pois isto é História.