A Tombazana era um refrigerante vagamente parecido com a Vimto, comercializado pela Fábrica de Cervejas da Reunidas. O termo “tombazana” penso que se refere a uma mulher negra. Não faço ideia de onde veio a ideia de dar este nome a este refrigerante, que tenho a vaga ideia de em certa fase ter sido produzido numa fábrica no Xai-Xai. Era um dos meus favoritos.
A primeira imagem, retocada e colorida, de um esboço publicitário a lápis, para publicar em revistas e jornais, alusivo aos oito séculos da fundação de Portugal (1140-1940), encomendado pela empresa, «Fábricas de Cerveja Reunidas de Lourenço Marques». Idealizado e criado por António Cruz Caldas.A gravura, a preto e branco, pode ser vista AQUI. O documento original está depositado nos arquivos da Câmara Municipal do Porto.
Como no restante império, Lourenço Marques celebrou de forma efusiva os chamados Duplos Centenários, o da independência de Portugal em 1140 e a restauração da independência em 1640, no caso da capital de Moçambique um pouco mais cedo, para coincidir com a histórica viagem do Marechal Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951) a Moçambique, que aconteceu em Agosto de 1939, a escassos dias antes do ataque de Hitler à Polónia, que iniciou a II Guerra Mundial. Para a ocasião, a pequena capital moçambicana engalanou-se e levou a cabo várias celebrações, a que se associaram, naturalmente, as empresas locais. No entanto, não tenho registo desta imagem ter sido usada.
Independentemente do grau do patriotismo dos cidadãos, e da forma como o manifestam, esta dialéctica gráfica entretanto fez uma volta de 180 graus, numa altura em que, sob a égide do demissionário partido Socialista de António Costa, o número de imigrantes residentes duplicou em 10 anos e vindos das proveniências anteriormente mais improváveis (vi na televisão que na pequena cidade alentejana de Odemira vivem neste momento sete mil -sete mil – imigrantes maioritariamente Sikhs, oriundos da Índia, que são mais que os anteriores residentes “originários”). Como corolário desta evolução, talvez para acomodar o Novo Portugal, o governo português esta semana anunciou ter alterado o seu logotipo, que custou a ninharia de 74 mil euros, encomendado a – surpresa – a Eduardo Aires, professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, ou seja, como António Cruz Caldas, também um criativo do Porto:
Segundo a peça que li, “o Governo português reformulou a sua imagem institucional, revelando uma bandeira de Portugal simples, geométrica e privada da esfera armilar e do escudo. O novo ícone é composto por dois retângulos, um verde e um vermelho, separados por um círculo amarelo, com o objetivo de trazer sofisticação à bandeira nacional e torná-la mais “inclusiva, plural e laica”.
Gonçalo de Sousa, um oponente da medida, comentou: “o governo retirou do seu símbolo oficial a esfera armilar, as quinas e os castelos conquistados aos mouros. Agora temos esta palhaçada feita no Paint para “combater a discriminação”. Portugal não tem de ter vergonha dos Descobrimentos e da sua história. Tem de ter orgulho.”
Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico.
Tropa desfilando junto da esquina da Avenida da República com a Avenida Dom Luis I (actualmente Avenida 25 de Setembro com Marechal Samora Machel), anos 50. Aqui pode-se ver a Simal, a loja de Marta da Cruz e Tavares e, ao fundo a fachada da Fábrica Victória.
Fotografia dos estúdios de Joseph e Maurice Lazarus.
A Avenida Dom Carlos I, então o Soberano de Portugal, início do Século XX, sucessivamente re-baptizada Avenida da República e, mais recentemente, Avenida 25 de Setembro. À esquerda dos jovens com a bicicleta será edificado, no início da década de 1930, o complexo do Scala. Na altura em que a imagem foi recolhida, a Avenida, para nascente, terminava mais ou menos onde se vêem as árvores ao fundo(mais ou menos onde está o Prédio 33 Andares). Só após a I Guerra Mundial é que se fizeram os aterros, a partir das areias na Barreira da Maxaquene, que permitiram prolongá-la até ao sopé da Ponta Vermelha (e mais tarde fazer-se a Estrada Marginal). Na parte Poente e até ao lado da antiga Fábrica de Cervejas Reunidas, esta Avenida foi construída directamente sobre o enorme pântano que separava a actual Baixa da Cidade da encosta em frente. Ainda hoje, nesta avenida, se vende o metro quadrado mais caro de Moçambique.
A mesma fotografia, com alguma toponímia indicada. Devo salientar que, nos edifícios situados por detrás do Hotel Club, foi onde pela primeira vez se fizeram bebidas gaseificidas para venda (chamadas “sodas”) em Lourenço Marques, era uma fabriqueta tosca mas era aqui que se faziam.