THE DELAGOA BAY WORLD

30/09/2022

O NANDO E A MOCIDADE PORTUGUESA EM LOURENÇO MARQUES, 1967

Quis o destino que na idade-limite (oito anos?), quando chegou a minha vez, em Moçambique deixou de ser obrigatório aos jovens terem que ingressar na Mocidade Portuguesa, uma iniciativa de raízes digamos que …nazis, mas que em Moçambique, pelos anos 60, era aparentemente um valiosa ferramenta desportiva e de formação e convívio para os jovens. Mas para mim tudo o que envolvia ter que andar fardado simplesmente não convencia. Já sofrera o suficiente com a farda verde obrigatória (e, admita-se, equalizadora) da Escola General Machado. E eu já tinha convívio e desporto que dava e sobrava no Desportivo.

Infelizmente, o meu irmão Fernando, na imagem em baixo, não escapou. Teve que entrar na organização e um dia a Mãe Melo lá se sentou em frente à sua máquina de costurar duma marca italiana (Bernina? Nechhia?), e fez uma farda com um pano de khakh para elei (sim, tirando as t-shirts, naquela altura ou se fazia a roupa em casa ou ia-se à costureira. As madames com mais taco iam às boutiques). Durante uns tempos, ele teve que orientar os colegas à saída da Rebelo da Silva, com uns paus pintados de branco e vermelho. Não fossem eles atropelados na Pinheiro Chagas.

Nando pronto para o combate do trânsito à saída da escola. Aqui no quintal da casa em que vivíamos na Polana.

A MALTA DA RUA FERNANDES PIEDADE EM LOURENÇO MARQUES

Filed under: Malta da Rua Fernandes Piedade — ABM @ 20:04

Imagem retocada e colorida.

Nos anos 60 todas as ruas tinham miúdos e regra geral todos se conheciam e brincavam nessa rua. Eu era da Rua dos Aviadores e conhecia os da minha idade todos. A Fernandes Piedade ficava ali por perto mas já era outro mundo. Se o Exmo. Leitor conhecer aqui os jovens, envie uma nota para aqui.

A malta da Rua Fernandes Piedade.

28/09/2022

A SÉ CATEDRAL DE LOURENÇO MARQUES, 1944

A primeira imagem foi retocada e colorida, estava nos arquivos pessoais do então Governador-Geral de Moçambique, José Tristão de Bettencourt (açoriano), copiada dos arquivos da Fundação Mário Soares.

A Sé Catedral de Lourenço Marques, acabadinha de inaugurar pelo Cardeal Cerejeira em Agosto de 1944 que ali foi de barco em plena II Guerra Mundial, arriscando o pescoço. Sem os prédios à volta, especialmente esse horror urbanístico que é o Prédio Funchal, era imponente. Foi magistralmente desenhada por um obscuro engenheiro dos Caminhos de Ferro que é…. O avô do actual ministro da Cultura português.
A entrada da Sé Catedral, vista do interior. A foto foi tirada por Roland Grebbs há cerca de dez anos.
A minha Mãe e três dos meus irmãos Cló, Mesquita e Chico) à saída de uma missa, início dos anos 60.
A Catedral em construção, foto do Edgar Marques via o Ernesto Silva, retocada.

27/09/2022

O RESTAURANTE ZAMBI EM LOURENÇO MARQUES

Filed under: LM Rest. Zambi, Rest. Zambi LM — ABM @ 12:58

Imagens retocadas e coloridas.

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3 de 3 Foto de José Neves via o grande Ernesto Silva.

LOURENÇO MARQUES SEM CAIS, 1895-1902

Imagens retocadas e coloridas, a primeira da colecção de Alfredo Pereira de Lima.

A baía excepcional, única entre Nacala e o Cabo, e a sua proximidade ao Transvaal, especialmente depois da fundação das repúblicas Boer e a descoberta do enorme filão de ouro no Witwatersrand (num canto do Transvaal), tornaram Lourenço Marques num lugar muito apetecível e previsivelmente lucrativo. Mas os investimentos eram enormes e levou tempo a construir-se uma linha de caminho de ferro para Pretória e ainda mais a construir um cais onde os navios podiam acostar e descarregar e carregar passageiros e mercadoria de forma mais eficiente. O Cais Gorjão só seria inaugurado nos primeiros anos de 1900. Até lá, é o que se vê nas duas primeiras imagens em baixo: os navios paravam na parte da Baía em frente a Lourenço Marques, e literalmente tudo o que havia para carregar e descarregar (mercadoria, pessoas, água, carvão, comida, etc) tinha que ser carregado à mão, e às costas, dos navios para barcaças ou barcos pequenos, e trazido até à praia, onde em seguida tinha tudo que ser acartado à mão para uma linha de terreno mesmo ao lado da Rua Araújo. Mais tarde foram sendo feitos pequenos cais de madeira, onde as barcaças e os barcos pequenos atracavam. Era um pesadelo.

Navios fundeados em frente a Lourenço Marques, 1895. Em primeiro plano, barcaças chatas. Esta foto foi tirada aquando dos ataques a Lourenço Marques, que motivaram os portugueses a enviar uma expedição ao Sul de Moçambique, chefiada por António Ennes e que incluia, entre outros o Major Mouzinho de Albuquerque.
Navios fundeados em frente a Lourenço Marques, 1900. Já havia comboio mas ainda não havia um cais.
Sistema de fabrico de enormes blocos de cimento, destinados à  construção do porto de Lourenço Marques,1901. No meio estava uma linha férrea de bitola pequena onde uma pequena locomotiva com um guindastre que vinha e trazia e levava material. De um lado estavam caixas metálicas desmontáveis onde se trazia o cimento e se faziam os blocos, que, após secos, eram colocados do outro lado para terminar a secagem, e posteriormente eram levados para o local onde foi feito o Cais Gorjão.

26/09/2022

ALMOÇO DE PROFESSORES DO LICEU ANTÓNIO ENNES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

Almoço de membros do corpo docente do Liceu António Ennes em Lourenço Marques.
A mesma imagem, a preto e branco e indexada. Se o Ex,o. Leitor conhecer alguém, por favor envie os nomes para aqui.

TURISTAS NO BAZAR DE LOURENÇO MARQUES, NOVEMBRO DE 1957

Imagem retocada e colorida.

Visitaram a Baixa numa passagem do navio Durham Castle pela Cidade.

24/09/2022

DESFILES MILITARES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60 E 70

Imagens retocadas.

Não sendo grande militarista (basicamente considero forças militares um mal muito caro e necessário- mas muito necessário quando é necessário) acho que só vi uma parada militar em Lourenço Marques, aquela em que apareceu o Rôxo, que era considerado uma espécie de Rambo português. Mas gosto de ver desfiles, especialmente com bandas miltares e tenho pena de estarem fora de moda. Para além do desfile na abertura dos Jogos Olímpicos em 1976, desfilei uma vez, como convidado de honra, no desfile mais antigo que celebra a independência dos Estados Unidos. Foi divertido.

Lourenço Marques tinha uma longa tradição de festas e de desfiles. Desde o início, quase tudo servia como desculpa para um desfile e uma festa rija. As visitas do Príncipe Filipe em 1907, do Marechal Carmona em 1939 e do General Craveiro Lopes, ficaram para a História. Mas muitos outros houve.

Aliás, até os tipos lá na Câmara escaqueirarem aquilo tudo a começar nos anos 40, a Praça 7 de Março e a Rua Araújo eram uma espécie de Feira Popular da Cidade.

Depois de 75 a Frelimo ainda se meteu nisso mas durou pouco. Alguém se lembra do desfile na 25 de Setembro (a previamente Av da República) quando os chefes da Frelimo se lembraram de meter no desfile aqueles tanques de guerra obsoletos e pesados(mas lindos, se bem que não serviam para nada) que os amigos comunas lhes deram, e as lagartas do tanques destruiram completamente o piso de alcatrão, e a Avenida durante séculos ficou uma lástima? pois. Os portugueses não tinham tanques em Lourenço Marques e os desfiles militares eram a pé. Era mais barato e sapato não estraga o alcatrão.

Sendo a guerra no Norte (onde voltou com requintes de malvadez estes dias), presumo que estas tropas, compostas por valentes desgraçados arrancados às suas famílias lá em Portugal. estavam de passagem. Maioritariamente pobres e mal alfabetizados, ficavam positivamente deslumbrados com a Cidade e percebiam que aquilo não era bem o Portugal que conheciam. A seguir, iam para o Norte, onde a coisa era mais primária.

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2 de 6. Quando estes tropas canatavam todos ao mesmo tempo canções lá da tropa, era impressionante.
3 de 6 – Isto devem ser os Dragões.
4 de 6 – Uma menina atira papelinhos aos soldados.
5 de 6 – Desfile na Avenida da República no sentido nascente-poente. Note-se o Luna Parque montado à esquerda e que costumava ser montado ali todos os invernos (Junho a Setembro).
6 de 6

22/09/2022

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, MEADOS DA DÉCADA DE 1960

Imagens retocadas.

O Clube Naval, cerca de 1965. Naquele tempo, era comum esta parte da Baía ter muitos navios fundeados, penso que à espera de vez para atracar.

O Clube Naval, visto de Sul. À esquerda vê-se parte das barreiras reforçadas onde havia um parque a que eu chamava Jardim do Paraíso e onde ia passear com o meu cão. No topo, à direita e fora de vista estava (ainda) o Pavilhão de Chá da Polana, onde estava o Restaurante Oceânia.

A IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1965

Imagem retocada.

21/09/2022

O BAPTISMO DA LOCOMOTIVA “PRINCE LUIZ PHILIPPE” EM LOURENÇO MARQUES, 1887

Imagem retocada.

O Coronel Edward Macmurdo, o algo polémico investidor norte-americano (ainda por cima de Kentucky) que ganhou a concessão para a construção e exploração da linha férrea entre Lourenço Marques e Ressano Garcia, é um mistério, quer pelo que se sabe dele, quer pelo que não se sabe. Não é o meu objectivo aqui falar nisso, apenas aludir.

Por exemplo, como ele ganhou a concessão, que fez de um delapidado presídio numa baía cobiçada num buraco infecto no meio de lado nenhum a capital de Moçambique. Do pouco que li, apenas é dito que ele foi a Lisboa em 1883 e…zás, concessão atribuída. Assim, sem mais nem menos, para a que era considerada a linha férrea mais cobiçada do Planeta Terra.

Depois fez uma sequência de canganhiças seguidas mais ou menos bem documentadas para sacar dinheiro dos seus investidores em Londres e tirar a concessão do controlo português (desprezível e irrelevante mas uma condição prévia). Só mesmo quando já estava com as costas contra a parede é que lá contratou um inglês que fez a linha, aparentemente à pressa e mal pois logo nas primeiras chuvadas a linha ficou intransitável.

Mais grave, “enganou-se” – ou foi enganado, o debate perpetuou-se – e quando completou o trabalho foi informado que “afenal” ali no KM 81.97 não era a fronteira com o Transvaal, a fronteira era em Ressano Garcia, a oito quilómetros de distância, no KM 89.97 . O contrato dizia que a linha tinha que acabar na fronteira, ele tinha um prazo a cumprir e estava-se em plena estação das chuvas, Mucmurdo não tinha material localmente para estender a linha nem para as pontes etc, que tinha que vir de fora. Os portugueses, que tinham adiado a conclusão do projecto “n” vezes, desta vez não extenderam o prazo e, não estando o contrato de concessão cumprido na data-limite (para aí em 30 de Junho de 1889) confiscaram tudo. Mucmurdo entretanto tem um ataque de coração e morre. Os ingleses mandam-se ao ar com o confisco e rosnam. Eu estou convicto de que o “Ultimato” de 1890 foi em parte resultante deste episódio que os britânicos devem ter achado um puro atrevimento por parte dos políticos portugueses, motivando uma breve interrupção na tal aliança com 600 anos.

Mas voltando ao Macmurdo (ainda não se conhece uma foto da criatura e não é por falta de se procurar), havia algo ainda mais curioso que ele fez, mostrando uma dose de iniciativa e lata verdadeiramente impressionantes. Deve ser porque em tempos Macmurdo esteve envolvido com jornais em Londres e até esteve metido num escândalo que foi mais ou menos abafado na altura. Mas pouco depois de ganhar a Concessão ferroviária de Lourenço Marques, ele, de que não se conhecem grandes antecedentes omo escritor, historiador e muito menos académico…. escreveu e publicou (1888) um espesso livro sobre a História de Portugal que mais tarde se tornou “na” referência no mundo anglófono sobre Portugal. Quem na altura só falasse inglês e basicamente queria conhecer a história de Portugal tinha que ler o livro dele. Na altura em que me apercebi disto tive que ir confirmar pois eu não conseguia reconciliar a pessoa que andou nos esquemas da Concessão com a iniciativa de publicar um livro de história. Mas era mesmo ele. Ainda hoje existem inúmeras cópias do livro dele nas bibliotecas em todo o mundo.

Presumo que o livro fizesse parte da campanha de charme dele relacionada com as maroscas que ele fazia com os assuntos da Concessão.

Outra acção de charme foi a que se vê em baixo.

Em 1887, Portugal era uma monarquia constitucional e o rei era Sua Majestade D. Luiz I. Casado com a italiana Maria Pia e cujo herdeiro era D: Carlos, o Príncipe Real que pouco antes casou com a lindíssima e brasonadíssima Amélie de Orléàns, uma francesa. Luiz vivia no meio inacabado palácio na Ajuda e Carlos vivia com a sua Amélie num palacetezinho perto das ruinas então recentemente reconstruídos do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém. Que hoje é o palácio presidencial onde Marcelo Rebelo de Sousa reside oficial e temporariamente.

Foi nesse mesmo pequeno palacete que, às 9 horas da noite de 21 de março de 1887 nasceu o seu primogénito, a quem imediatamente foi dado o título de Príncipe da Beira. Os seus padrinhos foram o seu avô paterno, o Rei D. Luís I e a sua avó materna, a Condessa de Paris. O seu baptizado foi a 14 de abril de 1887 na Capela do Palácio de Belém pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Sebastião Neto. E foi entregue à responsabilidade da ama Carlota de Campos e da Dama D.Isabel Saldanha de Gama da Casa da Ponte.

O seu nome completo era Luís Filipe Maria Carlos Amélio Fernando Victor Manuel António Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Bento.

A dez mil quilómentros de distância em Lourenço Marques, os homens de Macmurdo prosseguiam com a tourada de fazer a linha de caminho de ferro para o Transvaal. Mas, em mais uma dose de charme, um dia pararam tudo, pegaram numa locomotiva a que, numa cerimónia solene, deram o nome do futuro herdeiro da coroa (viria a sê-lo dois anos mais tarde, no dia 19 de Outubro de 1889, quando o seu Avô o Rei D Luiz faleceu na Cidadela de Cascais e o seu Pai tornou-se rei).

Que foi publicada, em mais uma acção de charme, num lindo album de fotografias que mandou imprimir.

A cerimónia de benção da locomotiva “Prince Luiz Philippe” em Lourenço Marques, 1887. Note-se a demografia: os dignitários são quase todos brancos, a audiência é maioritariamente negra e asiática.

Fontes:

https://doi.org/10.1080/10113439609511086

https://onlinebooks.library.upenn.edu/webbin/book/lookupname?key=McMurdo%2C%20Edward

O AVIÃO MISTÉRIO DA DETA, ANOS 50

Imagem retocada.

A aeronave em baixo é um Lockeed Lodestar da DETA (que depois mudaram o nome para LAM). O magistral sítio Voando em Moçambique contém quase tudo o que se pode querer ver e saber sobre pilotos e aviões de Moçambique mas … eis o mistério:

  1. na imagem que aqui se vê, vê-se um Lockheed com a matrícula que se pode ler – CR-AD;
  2. e o nome da aeronave à frente é “Zambeze”;
  3. mas o único CR-AD” do nosso blogue aeronáutico é o Lockheed 18-08 Lodestar CR-ADJ, que se chamava “Save”;
  4. e o único “Zambeze” que vi nesta classe é o CR-AAV, um Lockheed 14-H2 Super Electra 1508.

Enviei esta imagem à Sra Luísa Hingá, Chairwoman do Comité de Análise e Verificações do Voando em Moçambique, para verem o que se passa. O Exmo. Sr. Comandante José Vilhena, que sabe tudo, explicou:

“Exisitram dois aviões baptizados Zambeze na frota da DETA, o CS-AAX Lockheed 14-H2 Super Electra, que foi destruído em Inhambane em 14 de Novembro de 1941 (Piloto Borges Delgado) e o CR-ADJ Lockheed 18-08 Lodestar, adquirido em 1951. O “Save” era o CR-AEP, Lockheed 18-08 Lodestar que foi vendido para o Katanga em 1962.”

O Lockeheed misterioso da DETA.

20/09/2022

LEONOR MAIA, ACTRIZ DE LOURENÇO MARQUES

Filed under: Leonor Maia actriz — ABM @ 14:03

Imagem retocada.

Leonor Maia, aqui com 21 anos e acabada de sair de Lourenço Marques, onde nasceu e cresceu.

Citando a Wikipédia:

Leonor Maia, pseudónimo de Maria da Conceição de Vasconcelos (Lourenço Marques, 8 de Dezembro de 1921 — Estoril, Portugal, 3 de Abril de 2010) foi uma atriz do cinema Português na década de 1940, mais lembrada pelo seu papel em O Pai Tirano, onde interpretou Tatão. Retirou-se do cinema em 1953. Maria da Conceição de Vasconcelos, nasceu em 1921 em Lourenço Marques. Em 1940, o realizador português António Lopes Ribeiro durante as filmagens do filme Feitiço do Império, realizado em África, conheceu esta jovem, ficando impressionado com a sua beleza e simpatia (ah ah) . Pensou imediatamente em dar-lhe o papel de Fay Gordon, que acabou por ser desempenhado por Madalena Sotto. Em seguida convidou-a a ir para a Metrópole para tentar a sorte no mundo do cinema. Maria da Conceição aceita o convite e viaja até Lisboa para prestar provas para o filme O Pai Tirano, o que agrada imediatamente. Adopta então o nome artístico de Leonor Maia, mas o nome com que ficará para sempre conhecida será o nome de Tatão, papel que interpretaria em O Pai Tirano. Protagonizou inúmeros filmes da década de quarenta, obtendo rasgados elogios da crítica e do público, sendo o seu nome num cartaz sinónimo de sucesso de bilheteira. Em 1948, ganhou o prémio do SNI para a melhor actriz pelo seu papel no filme Serra Brava. Em 1953 entra num filme americano que iria ser filmado em Lisboa, Kill or Be Killed, realizado por Max Nosseck. No mesmo ano retira-se da vida artística e casa com o coronel da força aérea americana James B. Pritchard, de quem teve dois filhos, Michael e Paul. Viveu na Holanda, em Paris e Londres, voltando a Portugal em 1971, passando a residir no Estoril, onde faleceu aos 88 anos, em 2010.

O seu nome faz parte das toponímias de Almada (Freguesia da Charneca de Caparica) e Sintra (Freguesia de Rio de Mouro).

18/09/2022

O PRIMEIRO VÔO SOBRE LOURENÇO MARQUES, 1911

A primeira imagem, retocada e colorida, é da colecção de Alfredo Pereira de Lima. A segunda imagem foi copiada da Wikipédia.

Segundo Alfredo Pereira de Lima, confirmado por mim independentemente, John Weston fez um vôo de exibição em Lourenço Marques em 1911, como parte de uma série de vôos de demonstração em Johannesburgo, Bloemfontein, Cidade do Cabo, Kenilworth, East London, King Williams Town e Queenstown.

O que penso (sujeito a confirmação pela Senhora Comandanta Luisa Hingá) que significa que foi a primeira pessoa a operar um meio aéreo em solo moçambicano.

A biografia de John Weston, um sul-africano que viveu entre 1873 e 1950, é quase estonteante mas vale a pena ler. A Wikipédia tem um esboço na língua da Rainha Elizabeth II e que pode ser lida aqui.

Penso que isto é a Praia do Albasini, na altura ficava a seguir ao Presídio de Lourenço Marques. À direita vê-se a Ponta Vermelha.

John Weston sentado com a sua mulher Lily e os filhos Kathleen, Anna e Max. Cerca de 1923. Um improvável e pouco conhecido pioneiro da aviação de Moçambique.

17/09/2022

O FILME “O ZÉ DO BURRO” EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Imagem retocada.

Eu vi este filme no Cinema Dicca em Lourenço Marques, pouco depois da sua pomposa estreia no dia 27 de Julho de 1971. Tinha 11 anos portanto e só fui porque aquilo foi-me vendido como uma comédia tipo filme do Cantinflas, mas feito localmente. Claro que fui mais do que enganado. Apesar da tenra idade, eu não era exactamente mentecapto e se bem que não estava dentro das tricas todas da guerra lá no Norte de Moçambique – que nem sequer era bem descrita como tal lá em casa e à minha volta (era mais uns turras que inexplicavelmente andavam a chatear não sabia bem porquê) – até um mentecapto encartado perceberia logo a peça de pseudo propaganda barata que aquilo era, uma espécie de acção psico-social em versão cinematográfica para enganar patego, disfarçada de comédia. Não sei quem é que em Lourenço Marques não percebeu a chachada que aquilo era. E que nem sequer achei assim tão engraçada como isso, os meus padrões então já elevados estratosfericamente por filmes como Trinitá, Cantinflas. Franco Franci e Tchitchio Engracia, Charlot, a Pantera Cor de Rosa, Pamplinas, etc etc etc. Para não falar de 2001 Uma Odisseia no Espaço.

Só menciono isto porque outro dia – aí sim – ri-me discreta mas vigorosamente, a ler um longo e insípido texto académico de um idiota qualquer que é professor doutorado e pesquisador de assuntos de história africana duma universidade qualquer pouco sonante, um desses que nunca conheceu nem sequer suspeita o que foi era colonial mas que por ser daquela esquerda politicamente correcta, de ter tirado uns cursozitos e lido uns livritos e depois ter ido passar três meses a Maputo, e engolido a versão “libertadora” dos factos, acha que sabe mais do que nós todos juntos. No seu paper, ele disseca e analisa detalhadamente o filme, no contexto do colonialismo português, da guerra, da opressão, da libertação e do raio que o parta. A análise pareceu-me tão senão mais ridícula, mas certamente bem mais divertida, que as cenas do Zé do Burro e o Cacilhas, a tentar vender a “missão civilizadora” e a converter um “turra” num parolo português.

Uma cena de “O Zé do Burro”, filme de Eurico Ferreira, com José Bandeira no papel do Zé do Burro e um burro com o papel do Burro Cacilhas.

GERASSIMUS PETRAKAKIS, DONO DO RESTAURANTE DA COSTA DO SOL, 1971

Imagens retocadas e coloridas, muito gentilmente cedidas por Emmanuel Petrakakis, filho de Gerassimus (ou Gerry) Petrakakis, membro da pequena e influente comunidade de origem grega que vivia em Lourenço Marques e que me informou estar a preparar para publicar um livro ilustrado sobre o Restaurante da Costa do Sol e a Família Petrakakis e que deverá chamar-se “Memórias de um Restaurante”.

Gerry Petrakakis e a sua mulher, pais do Emmanuel, junto da escadaria de acesso ao seu restaurante (e pensão) na Costa do Sol, penso que início dos anos 70.
O pátio frontal do restaurante final dos anos 60. Comi lá infinitas vezes, mas só muitos anos da independência. Antes, acho que nunca lá entrei, apesar de, por mais que uma vez, ter lá ido na Carreira Nº1 dos machimbombos, para a praia, que não tinha rigorosamente nada a ver com aquilo que se vê hoje. A erosão naquela área tem sido simplesmente fenomenal. E vai ficar pior. Muito pior.
A fachada do Restaurante da Costa do Sol, anos 60.

15/09/2022

BOLETIM INDIVIDUAL DE SAÚDE DE MOÇAMBIQUE, 1973

Filed under: Boletim Individual de Saúde 1973 — ABM @ 23:06

Imagem retocada.

Tantas vacinas e comprimidos que eu apanhei enquanto vivi em Moçambique, faria o que apanhei na Pandemia um piquenique. De notar que em 1973 Moçambique já não era uma província, era um “estado”.

Capa de um Boletim Individual de Saúde, 1973.

TURMA DA ESCOLA COMERCIAL AZEVEDO E SILVA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DOS ANOS 70

Imagem de Maria Helena, do excelente blogue Mozíndico, retocada.

Escreveu a Maria Helena sobre a Escola Comercial:

“Eram sempre turmas grandes, entre 35 a 40 alunas cada turma. e nunca ninguém reclamava, as turmas eram designadas pelo alfabeto e durante os três anos que lá andei fiquei sempre na turma I. A meio da manhã num dos intervalos das aulas ou íamos ao bar da escola comer uma arrufada ou rissol de camarão com coca-cola, ou pedíamos autorização ao Sr. Fontes (que era o encarregado) para irmos à Pastelaria Cristal, saíamos por um portão ao lado da porta principal da Escola e era só atravessar a Avenida 24 de Julho e regressávamos pelo mesmo portão. Havia outro portão bastante mais largo mais ou menos frente ao Museu Álvaro de Castro, que não permitia a entrada ou saída de pessoas, era para outros fins, bombeiros ou emergência médica. E vivíamos todos felizes.”

Alunas de uma turma da Escola Comercial em Lourenço Marques, cerca de 1970.
A mesma imagem, indexada. Se o Exmo Leitor conhecer alguma das 34 meninas, por favor envie uma mensagem para aqui. Falhei uma menina entre a 20 e 21. 1 – Marília 3 – Beatriz 4 – Helena Lau 5 – Helena Pereira 6 – Beatriz Fernandes; 7 – Julieta; 10 – Hadija 12 – Júlia Dias 14. Dulce Gouveia 17 – Beatriz 19 – Graciete 20 – Georgette 23 – Arlete Brás 24 – Rosário Sousa 25 – Manuela Mendes 26 – Guilhermina Martins 27 – Fátima 29 – Odete 30 – Ana Maria 31 – Fernanda Salazar 32 – Maria Helena 33 – Zarina

13/09/2022

PROFESSORES DO LICEU ANTÓNIO ENNES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Imagem retocada e colorida, do sítio do Liceu no Feicebuque.

Alguns (33) dos professores do Liceu António Ennes em Lourenço Marques.

A mesma imagem, indexada. O Vasco Freitas que deve ter memória de elefante, avnçou com estes dados: 1- Sidónio, 4- Vieira de Castro, 5- Matos Gomes, 9- Adalberto de Azevedo, 10- Padre Valença, 11- Peres de Vasconcelos, 12- Ambrósio, 13- Nuri Guerra, 14- Otilinda Alves, 15- Maria José Salema, 21 E 32- Emilia Laranjeira; 22- Lita Dias de Carvalho; 24- Maria das Dores Santos Costa; 25- Inês Calisto; 26- Maria da Graça Carvalho; 27- Maria Teresa Galiano; 28- Ana Maria; 29- Arlete Casaca; 30- Margarida Costa Reis; 31- Cintia
Se o Exmo. Leitor conhecer alguém, ou o ano em que foi tirada, por favor envie uma nota para aqui.

TURMA DOS IRMÃOS MARISTAS EM LOURENÇO MARQUES, 1968

Imagem de Teresa Machado, retocada e colorida.

Turma do Colégio Pio XII (Irmãos Maristas) em 1968.

A mesma imagem, indexada. Se o Exmo. Leitor conhecer alguém e ainda de que ano lectivo a turma é, por favor envie uma nota para aqui. A Professora (nº 11) é Manuela Galvão de Almeida.

12/09/2022

BILHETE DO CINEMA SCALA EM LOURENÇO MARQUES

Imagem retocada, copiada com vénia do sítio Mozíndico. Pelo preço, depreendo que é do período entre 1975 e 1980.

Bilhete do Cinema-Teatro Scala.

ALUNOS FINALISTAS DO LICEU ANTÓNIO ENNES EM LOURENÇO MARQUES, 1972

Imagem retocada e colorida, copiada do sítio do Liceu no Feicebuque.

Os Finalistas do Liceu António Ennes fazem a sua festa, 1972. Este ano foi o cinquentenário da formatura.
A mesma imagem, indexada. Se conhecer alguém, por favor envie uma mensagem para aqui com os nomes.

11/09/2022

VERSO DE MENU DA PASTELARIA PRINCESA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

A Pastelaria Princesa era uma das pastelarias/restaurantes de referência de Lourenço Marques e existiu na esquina da Avenida 24 de Julho e a Rua Princesa Patrícia.

A “Princesa” referida no nome da pastelaria, que vem do nome da rua, é Patríca de Connaught, filha dos Duques de Connaught, um dos irmãos do então Rei Eduardo VII, que visitaram Lourenço Marques no início do Século XX. Neste blogue há um artigo sobre ela, que pode ser lido premindo a referência no topo desta inserção.

CAPA DE CADERNO ESCOLAR DOS IRMÃOS MARISTAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: Capa de caderno escolar Irmãos Maristas — ABM @ 00:16

Imagem retocada.

Capa de caderno escolar dos Irmãos Maristas.

10/09/2022

OS FINALISTAS DO LICEU ANTÓNIO ENNES EM LOURENÇO MARQUES, 1973

Imagem retocada e colorida copiada da página do Liceu no Feicebuke.

Apesar de viver apenas a um quarteirão do Liceu Salazar, a seguir à Rebelo da Silva e à General Machado, por as escolas estarem a abarrotar de estudantes, fui parar ao Liceu António Ennes no ano 1973-4, turno da tarde, e onde fiz apenas o primeiro ano do liceu (na altura, o 3º ano). Foi uma verdadeira aventura ir a correr para lá todos os dias – para mim o Alto-Maé parecia ficar literalmente no outro lado do mundo, onde só ia ao Cinema Infante na Pinheiro Chagas e mesmo assim – e depois ir a correr para a piscina do Desportivo na Baixa para os meus treinos de natação sob a tutela espartana do Sr. Eurico Perdigão.

Ter estado lá foi uma experiência assaz estranha. Pela primeira vez tive aulas numa turma mista, onde um dia vi a chefe de turma disparar subitamente para fora da sala, pingos de sangue a cair no chão, por causa do período, o que foi uma novidade que me foi explicada em detalhe clínico pelos meus colegas mais experientes. Tive o Professor João Boaventura na ginástica, onde, generoso, ele me dispensava dos exercícios físicos mas obrigava-me a ficar o tempo da aula a … jogar xadrez com ele. A Professora de inglês (foi o primeiro ano que tive aulas de inglês) estava a arrebentar de grávida e quando finalmente teve o bebé, a turma comprou rosas e fomos todos vê-la ao Dispensário de Santa Filomena num sábado de manhã. A Professora de português deu-me a única falta disciplinar que tive na vida, por, um dia, ao ela ter comentado, algo extemporaneamente, durante uma aula, que basicamente nós “em África” éramos todos uma cambada de incivilizados indisciplinados, eu ter dito à sôtôra que, se ela não gostava de estar em Moçambique, que sempre havia vôos diários da TAP para Lisboa. Fui logo para a rua com a tal de falta disciplinar. Pai Melo quando soube da história riu, perdoou e disse que fiz muito bem. A falta foi para a gaveta pois não queriam discutir com ele o que ela tinha dito e eu recusei-me a pedir desculpa à madame. Mais importante, ia chumbando a matemática (a única vez que tal me aconteceu na vida, por mero bloqueio mental, pois eu sempre fora craque a matemática e aritmética) e culpava a professora, que suspeitava que, para além de não explicar porra nenhuma durante as aulas e de ser feia com buço e de fumar nas aulas, fosse lésbica e odiava homens em geral e a mim em particular. Enfim, era a minha impressão. Mas – ao menos isso – fui salvo pelo golpe militar do 25 de Abril e toda aquela confusão que se seguiu. Assim, enquanto que Moçambique lá teve a sua independênciazita a martelo, eu alegremente passei de ano “administrativamente”, cortado a matemática. No ano seguinte, já em Coimbra, recuperei rapidamente e fui dos melhores do Liceu Infanta Dona Maria na mesma matéria.

E esta é a parte mencionável da minha experiência do Liceu António Ennes em Lourenço Marques em 1973.

Ia-me esquecendo de referir que logo a seguir ao Liceu, na parte de baixo, havia uma pastelaria numa esquina que vendia as melhores e mais frescas arrufadas do Planeta Terra. Custavam uma quinhenta cada uma.

Os 33 finalistas do Liceu António Ennes em Lourenço Marques posam para a posteridade, 1973. Os dois com a faixa são o Rei e a Rainha dos Finalistas.
A mesma imagem, indexada. Se conhecer alguèm, por favor mande para aqui uma mensagem com o nome.
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