THE DELAGOA BAY WORLD

30/07/2021

O BAIRRO DA COOP EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: LM Bairro da COOP, LM Prédios da COOP, Uncategorized — ABM @ 14:00

Imagens retocadas, a segunda e a terceira dos arquivos nacionais de Moçambique.

1 de 3. Aos prédios chamam “PH”, presumo que significando “propriedade horizontal”. Em baixo vê-se parte das instalações do Bairro Militar.

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O COLONATO DO LIMPOPO, ANOS 60

Imagens retocadas.

Folheto do Colonato do Limpopo, um empreendimento mercurial da iniciativa do Eng. António Trigo de Morais, apadrinhado por Salazar. Depois de várias cambalhotas, os seus escombros ainda existem.

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O CEMITÉRIO DE SÃO TIMÓTEO EM LOURENÇO MARQUES, 1897

Imagem retocada e colorida, da publicação Branco e Negro, 1897.

O cemitério de São Timóteo em Lourenço Marques, 1897. Foi o primeiro cemitério em Lourenço Marques. Situado perto da Cidade Baixa, e no contexto da expansão da Cidade, foi extinto e os restos mortais ali colocados foram transferidos creio que para o Cemitério d São Francisco de Xavier.

27/07/2021

A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, 1939

Imagens retocadas.

A zona da Ponta Vermelha em Lourenço Marques, segunda metade de 1939, mais ou menos quando começou a II Guerra Mundial. Por esta altura já existia a muralha que sustentava a Estrada Marginal até ao Grémio Náutico (que pouco depois mudaria o seu nome para Clube Naval), pode-se ver o Museu Álvaro de Castro e ao lado ainda os terrenos da Eastern Telegraph (onde depois seria edificado o Liceu Salazar). As barreiras ainda estavam mais ou menos no estado original, seriam depois modificadas com a construção de muros de apoio e arborização. Mais curioso, e o que parece ser ainda o farol da Ponta Vermelha, que se vê no espaço plano em baixo à esquerda. O farol está bem documentado, mas não se sabe bem quando foi demolido. Note-se ainda o Aterro da Maxaquene, com o que parecem hortas ou canteiros.

O Farol da Ponta Vermelha, final do Século XIX. Anos mais tarde seria modificado para ter mais altura.

O HOTEL CLUB EM LOURENÇO MARQUES

Filed under: Hotel Club - LM, LM Hotel Club — ABM @ 11:35

Imagens retocadas.

O Hotel Club foi um investimento feito no final do Século XIX. Para além de alojar hóspedes, a ideia inicial é que teria também jogo. Mas o governo local não autorizou e permaneceria um hotel/pensão até ao fim. Anos depois da independência, foi convertido num centro cultural do governo de França, mantendo mais ou menos a traça.

1 de 2. A fachada do hotel, no topo da então Avenida Aguiar.

A primeira pedra – ou “fundamental”, do Hotel Club, colocada, segundo a legenda, a 30 de Junho de 1896, sendo na altura Mousinho de Albuquerque o Comissário Régio de Moçambique e o seu cunhado (penso que irmão da mulher de Mousinho) João de Mascarenhas Gaivão o Governador do Distrito de Lourenço Marques. A inscrição indica ainda as firmas responsáveis pelo desenho e construção do edifício, cuja arquitectura tem mais a ver com o que se fazia na África do Sul que com a arquitectura feita pelos portugueses de então.

ANÚNCIOS DA LM RADIO, ANOS 60

Anúncios da LM Radio, uma estação comercial de música pop e rock do Rádio Clube de Moçambique em línguas inglesa e afrikaans, dirigidos ao mercado sul-africano, década de 1960.

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23/07/2021

A NOVA CENTRAL ELÉCTRICA DE LOURENÇO MARQUES, 1950

Imagem retocada, dos arquivos nacionais de Moçambique.

Os novos geradores para produção de electricidade em Lourenço Marques, 1950.

HOMEM E CRIANÇA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está a constituir num arquivo.

Homem com uma criança em Lourenço Marques, anos 60.

AUDIÊNCIA DURANTE UMA TOURADA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está a constituir num arquivo.

Comprando refrigerantes durante uma tourada na Praça Monumental em Lourenço Marques, anos 60. Por esta altura, eu devia ter uns seis anos, fui levado a uma tourada e a experiência fão tão boa ou tão má que eu nunca mais fui a uma. Apesar do respeito e admiração pelo Ricardo Chibanga e de achar alguma piada àquela cena dos forcados tentarem segurar um touro.

20/07/2021

O CINEMA INFANTE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

O Cinema Infante ficava na Avenida Pinheiro Chagas no Alto-Maé.

Outra imagem do Cinema Infante.

GARRAFA DE TOMBAZANA

Imagem retocada.

Tombazana era o meu refrigerante favorito quando era miúdo. Bebia de vez em quando pois lá em casa bebia-se água da torneira.

O LICEU ANTÓNIO ENNES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Filed under: LM Liceu António Enes — ABM @ 19:12

Imagens retocadas.

Eu tinha 14 anos de idade e estava neste liceu, que fica no Alto-Maé, a fazer o 3º ano do liceu, quando ocorreu o golpe militar em Lisboa no final de Abril de 1974. Como os meus pais viviam na Polana, todos os dias fazia 8 kms de bicicleta de e para casa.

Atrás do liceu ficava o quartel militar do Alto-Maé.

18/07/2021

ANÍBAL COELHO – UM ESBOÇO BIOGRÁFICO

Filed under: Anibal Coelho - Rei da Rádio RCM — ABM @ 14:04

Imagens retocadas. Imensamente grato a Ana Catarina, uma das duas filhas de Aníbal Coelho.

Aníbal Coelho

Aníbal Jorge Costa de Matos Coelho nasceu a 18 de Outubro de 1942 na Ilha do Sal, no Arquipélago de Cabo Verde, na altura ainda parte de Portugal e para onde os seus pais, portugueses continentais, tinham ido viver e trabalhar, por requisição de serviço.

Tragicamente, a sua Mãe faleceu durante o parto. Aníbal viria a ser educado pela sua família, principalmente os tios e os avós. O seu Pai foi muito afectado por esta tragédia e faleceria uns anos depois, de tuberculose.

Com dez anos de idade, foi levado para Lourenço Marques, em Moçambique, corria o ano de 1952 e onde ficaria a viver.

Sobrinho de Dorotea Matos Coelho, na altura uma conhecida cantora do Rádio Clube de Moçambique, foi em Lourenço Marques que o seu talento se revelou e se popularizou. Assim, em 1954, o jovem Aníbal, com apenas doze anos de idade, concorreu e ganhou o Óscar da Imprensa de Moçambique como o melhor vocalista da Rádio de 1954. Actua no Rádio Clube de Moçambique e no programa “Foguetão”. Actuou também em eventos em João Belo, em Inhambane e em Gondola na inauguração da piscina do Clube Ferroviário daquela localidade do distrito de Manica e Sofala bem como em Portugal continental.

Franzino e tímido, estreia-se no programa “Estrelas do meu bairro” em 1959.

Em 1961 participou no passatempo “Costa e Cordeiro” que é transmitido pelo Rádio Clube Português.

Mais tarde, o grande Maestro Artur Fonseca escreve a canção Natal Negro e dá-a em primeira mão a Aníbal Coelho, que a transforma num sucesso quase imediato.

Com 21 anos. em 1963.

Em 1964 grava o primeiro disco com Pago-te a Dobrar, Ameaça de Campos Vieira, Natal Negro de Vasco Sequeira e Obrigada Moçambique de Pimentel Costa. A música e orquestra foram dirigidas pelo Maestro Artur Fonseca.

Elogio envenenado a Aníbal. Não sei quem foi a criatura que escreveu isto. Tudella era uma referência da música de Moçambique na altura e costumava cantar as composições do Maestro. Mas não inaugurou esta.

Ainda em 1964, foi eleito novamente pela Imprensa de Moçambique como “O Melhor Cançonetista” na categoria masculina a par com Marinela na categoria feminina.

A 20 Dezembro de 1965 ganha a primeira distinção como Rei da Rádio de Lourenço Marques onde recebe uma das suas maiores ovações.

A 30 de Março de 1966 volta a ser galardoado como o melhor cançonetista da Rádio.

Em 1967 foi eleito como um dos “10 mais em Evidência em Lourenço Marques”

Os Dez Mais de Lourenço Marques, 1967. Aníbal o segundo da esquerda na fila da frente.

Tinha uma grande admiração por Simone de Oliveira e Rui de Mascarenhas.

Aníbal.

A crescente popularidade (permitindo-lhe viver das suas actuações) em nada alterou a sua simplicidade. Continuou sempre a ser o mesmo rapaz que surgiu no primeiro programa em 1959. Tudo se modificou na sua carreira de cançonetista menos a delicadeza e simpatia. Para Aníbal a camaradagem tinha sempre que existir. Não era pessoa de criar complicações ou ter conflitos com colegas, nem mesmo por ser o “Rei da Rádio” por mérito próprio.

Natércia Barreto à frente, Aníbal à direita e Rosa Feiteira à esquerda.
No palco do Auditório do Rádio Clube de Moçambique, da esquerda, o Maestro Artur Fonseca, a Natércia Barreto, Maria (uma cantora nascida em Moçambique e naturalizada sul-africana) , Berta Laurentino e Aníbal.

Casou com Ana Maria em 1970, com 28 anos, e teve duas filhas em Lourenço Marques – Ana Marina, nascida em Novembro de 1969 e Ana Catarina, nascida Agosto de 1972 – onde vive até à Revolução de 1974-5, altura em que se vê obrigado a partir para Portugal e a recomeçar do zero. Abandona a antiga colónia em 1976.

A mudança para Portugal é dramática para ele. Tal como aconteceu a tantos, nunca conseguiu firmar raízes nesta que iria ser a sua nova e futura casa. Nos primeiros tempos ficaram em casa da sogra. Para sobreviver, envereda por uma carreira que não a de cantor (seria mediador de seguros). Até que todo o percurso profissional é interrompido por questões de saúde. Diagnosticado primeiro com arterosclerose, sofre um AVC e anos mais tarde, a 12 de Abril de 1992, morre de forma repentina com um ataque cardíaco fulminante, em casa de uns amigos em Lisboa, com apenas 49 anos de idade. Será sepultado no dia 16.

Aníbal Coelho deixa um legado muito próprio, lembrado pelos moçambicanos que o conheceram na altura e uma prateleira cheia de troféus. Deixa também a simpatia e educação extrema por tudo e por todos, o seu gosto por animais, nomeadamente cães (alimentava todos os que encontrava na rua) e um jeito muito peculiar de fazer piadas acerca de tudo com grande facilidade.

Possuidor de uma excelente voz, deixou para trás muitos sonhos, muitas músicas e com certeza muitos admiradores, que participaram no último adeus que ocorreu a 16 de Abril de 1992 na Igreja de Nossa Senhora da Luz, em Carnide, Lisboa.

As suas músicas mais conhecidas são: “Natal negro”, “Canção do Vento” (as duas preferidas dele) “Pago-te a Dobrar” e “Obrigada Moçambique”. Pode escutá-las premindo nos botões apropriados em baixo.

A maior aspiração artística do Aníbal era poder cantar na RTP. Nunca aconteceu.

Algumas das suas músicas:

LOURENÇO MARQUES EM 1887

Imagens retocadas.

Em Novembro de 1937, a Livraria Miberva Central publicou em Lourenço Marques uma imagem anotada de como a Cidade era cinquenta anos antes, em 1887, o ano em que, por decreto real de 10 de Novembro, a então Vila foi elevada à categoria de Cidade. Em baixo se reproduz a imagem e as legendas exactas, contidas no folheto comemoriativo da Minerva Central, que tinha por título “A Cidade e Pôrto de Lourenço Marques há cinquenta anos”.

1. Praia do Albazini; 2. Ponte da Casa Baptista Carvalho e Irmão; 3. Armazém da Casa Baptista Carvalho e Irmão; 4. Ponte da Casa Allen, Wack & Co.; 5. Casa ainda existente onde se imprimiu o jornal “O Distrito de Lourenço Marques”, o primeiro jornal de Lourenço Marques e que hoje é ocupada pelos Poveiros.

6. Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição; 7. Casa que ainda hoje existe e que pertenceu ao Juiz Pimenta de Castro; 8. Armazém da Alfândega; 9. Capitania do Porto; 10. Alfândega Velha onde funcionou anteriormente a Repartição de Fazenda, que mais tarde foi caserna da Guarda Fiscal e onde hoje está a construir-se o edifício da Repartição de Estatística; 11. Cadeia Civil, hoje Repartição da Indústria e Minas e armazém da Imprensa Nacional; 12. Casa Régis Ainé, hoje Club Inglês; 13. Edifício das Obras Públicas, então em construção; 14. Avenida Aguiar; 15. Pântano do Maé.

17/07/2021

A PRIMEIRA COMPANHIA AÉREA DE MOÇAMBIQUE – E PORTUGUESA, 1933

Na sua edição de Outubro de 1934, copiada em baixo, a revista francesa Le Manche Balai relata a fundação, em Lourenço Marques, de uma companhia aérea, a Aero Colonial, Limitada, fundada por Armando de Vilhena da Torre do Vale e Alfredo dos Santos Gil, com os objectivos de treinar pilotos, fazer vôos fretados e, semanalmente, transportar correio entre Lourenço Marques e a Ilha de Moçambique (mai precisamente, do Lumbo, que fica ao lado). Gorado este último objectivo por falta de interesse por parte dos CTT de Moçambique, o serviço foi suspenso depois de um mês. A companhia, com um capital social de 1775 libras estrelinas, contava com um Cirrus Moth, um Waco e mais um avião. O artigo refere que a ideia de formar a empresa veio de Manuel Maria Rocha, um pioneiro da aviação de Moçambique, e relata Manuel ser dono de um Cirrus Moth acidentado e recuperado.

Querendo saber mais, procurei no grande blog Voando em Moçambique onde J. Primavera conta a interessantíssima história toda da Aero Colonial e, entre todo o magnífico resto, relata a forma como Rocha obteve o seu avião – brevemente aludido no artigo da Manche Balai e o que lhe aconteceu a seguir. Um excerpto:

(início)

No ano de 1928, numa manhã quando um conhecido piloto sul-africano, o célebre major Allister Mackintosh Miller, voando sobre as águas tranquilas da Baía do Espírito Santo que refletem vaidosas as areias avermelhadas da cidade de Lourenço Marques, num avião De Havilland DH.60X Cirrus Moth, durante umas manobras acrobáticas, é surpreendido por uma falha de motor que, dada a baixa altura a que voava, só lhe permitiu amarar de emergência junto a um barco que saía do porto, numa manobra que embora não provocando quaisquer danos físicos ao piloto, deixou o pequeno avião reduzido a um montão de tubos retorcidos envolvidos pelas telas da fuselagem completamente rasgadas.
Os restos da aeronave retirados da baía onde estiveram mergulhados na água salgada durante várias horas não foram reclamados pelo seu proprietário, porque os prejuízos não justificavam a despesa com a sua recuperação, o que veio a provocar uma estranha quanto complicada situação: do ponto de vista legal, a aeronave, de matrícula estrangeira, estava de visita e não poderia ser importada já que não exibia a necessária licença de importação para a sua permanência em território português.
Foram por isso depositados num quintal junto do armazém da alfândega de Lourenço Marques sem qualquer protecção contra as intempéries durante o prazo legal para reclamação cumprindo a legislação vigente, findo o qual foram vendidos em hasta pública pelo preço de três mil escudos.
Este valor foi arrematado pelo único interessado, Manuel Rocha, representado no leilão pelo seu amigo Torre do Valle. Os restos do Cirrus Moth foram depois transportados gratuitamente de camião, numa distância de 200 quilómetros, até ao hangar do Aeroclube de Moçambique no Chai-Chai, que viria a ser o ninho onde nasceram os pioneiros da aviação civil moçambicana.
Manuel Maria Rocha decide reconstruir o avião, para o que pede a Torre do Valle que lhe traga da fábrica da De Havilland numas das suas frequentes viagens a Johannesburgo, livros técnicos sobre engenharia aeronáutica e pilotagem, em particular os planos necessários aos trabalhos de reconstrução. Note-se que o seu domínio da língua inglesa bem como os seus conhecimentos aeronáuticos eram ainda insipientes.
Munido de toda a informação que Torre do Valle lhe trouxera, Manuel lançou-se na difícil tarefa de reconstruir a aeronave, tarefa que se prolongou por dezoito meses, tempo que poderia ter sido de apena seis se dispusesse de dinheiro suficiente para comprar os diferentes materiais necessários. Para a reconstrução da sua aeronave contou ainda com a preciosa ajuda da mulher de um sócio do aeroclube que o ajudou nos trabalhos de entelagem, que envolveu a estrutura tubular na modelação final da fuselagem.
Foi este o terceiro avião registado na colónia de Moçambique e que ostentou inicialmente a matrícula portuguesa C-PMAC, posteriormente a moçambicana CR-MAC.
Baptizou-o com o nome de Chai-Chai a terra que viria a ser o ninho onde nasceriam os pioneiros da aviação civil moçambicana.
É nesse avião recuperado pela sua desmedida mas não menos perseverante curiosidade que o acompanhava desde a infância, que completa em 1931 o treino de voo que lhe proporcionou a obtenção do seu certificado de piloto de aviões (FAI).
Quando mais tarde apresenta a sua aeronave na fábrica da De Havilland em Johannesburgo para um rigoroso exame executado pelos engenheiros da fábrica, a apreciação do seu trabalho, não poderia ter sido mais convincente ao ser-lhe passado o certificado de navegabilidade com a observação dos responsáveis da inspecção “em como não se distinguia qualquer diferença tanto na célula como no motor entre ela e outra que tivesse saído nesse momento da fábrica”!
Manuel Maria recorda que durante aquela visita solicitara ao director da De Havilland South Africa que lhe indicasse o que deveria fazer para obter o curso de engenharia aeronáutica em Inglaterra.

“Pelo que conheço pessoalmente de si; pelas provas já dadas como piloto, entendo recomendar-lhe que siga a carreira de piloto de linhas aéreas, até por que, além de um futuro mais “arejado” é de certo uma carreira mais rendosa!”


O jovem Manuel ouviu com muita atenção aquele sábio conselho e em boa ora o abraçou.

(fim)

A Aero Colonial Limitada foi a primeira companhia aérea privada a existir em território português.

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PARTIDA DE TROPAS PARA MOÇAMBIQUE, SETEMBRO DE 1914

Filed under: Partida 1ª Força Exped para Moç 1914 — ABM @ 14:18

Imagem tirada por Benoliel, original no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, retocada e colorida.

O Durham Castle, um paquete britânico fretado à Union Castle Steamship Co. pelo governo de Portugal e levando os cerca de 1600 tropas da Primeira Força Expedicionária de Moçambique, liderada pelo Tenente-Coronel Pedro Massano de Amorim, com destino final em Palma, no Norte de Moçambique, prepara-se para sair da Doca da Rochha do Conde de Óbidos, em Alcântara, Lisboa, 11 de Setembro de 1914. Tudo um enorme, inútil, caro e quase ridículo esforço, os homens carne para canhão, tudo apenas para inglês ver e para agrado da elite predadora de Lisboa.

Um texto de Ana Saraiva relata a despedida em Lisboa:

Estas expedições [de tropas para cenários de guerra] tomaram o carácter de um grande acontecimento nacional. Depois de desfilarem desde a praça Marquês de Pombal até à praça do Município, as colunas das forças expedicionárias passaram à frente da Câmara Municipal de Lisboa, em cuja varanda se encontravam, entre outros, o presidente da república, Manuel de Arriaga, Afonso Costa, António José de Almeida e Brito Camacho. O povo de Lisboa, satisfeito com a tomada de decisão do governo pela defesa das colónias, despediu-se dos expedicionários com manifestação de verdadeira apoteose e aclamou vibrantemente o Chefe de Estado e as instituições.

O sítio Momentos de História relata o percurso:

O transporte da primeira força expedicionária foi efectuada no navio “Moçambique”, que seguia em comboio com o navio “Durham Castle”, que levava tropas para Moçambique. Os navios foram escoltados pelo cruzador “NRP Almirante Reis”, comandado pelo Capitão de Mar-e-guerra Carvalhosa e Ataíde, e pelas canhoneiras “NRP Ibo”, comandada pelo 1ª Tenente Carvalho Brandão, e “NRP Beira”, comandada pelo 2º Tenente Azevedo e Vasconcelos.

O comboio naval chegou ao porto de São Vicente, em Cabo Verde, a 19 de Setembro. As canhoneiras “NRP Beira” e “NRP Ibo” ficaram adstritas à protecção da zona naval do arquipélago. O cruzador “NRP Almirante Reis” e a canhoneira “NRP Beira” continuaram a escolta até Luanda, onde chegaram a 1 de Outubro.

Depois o cruzador “NRP Almirante Reis” escoltou os navios “Moçambique” e “Durham Castle” até Lourenço Marques.

Noutra entrada, o sítio Momentos de História descreve ainda o que aconteceu a seguir:

A viagem foi muito incómoda, pelo grande número de solípedes que o navio transportava, chegando o “Durham Castle” a Lourenço Marques, em 16 de Outubro de 1914. Ali, a Força Expedicionária teve de fazer o transbordo do “Durham Castle” para o “Moçambique”, onde seguiu para Porto Amélia. O desembarque em Porto Amélia aconteceu em 1 de Novembro de 1914, poucos dias antes da Indian Expeditionary Force “B”, ter tentado tomar a cidade de Tanga, na colónia da África Alemã Oriental.

Porto Amélia era ostensivamente a sede da Companhia do Niassa, a quem estava subcontratada a administração do norte da colónia via uma concessão. Como esta Companhia era controlada maioritariamente por accionistas alemães, não foi de espantar que não tenha existido qualquer preparação para receber as tropas da 1ª Força Expedicionária de Moçambique. O embarcadouro principal encontrava-se ainda em ruínas desde o ciclone do ano anterior, assim como muitas das casas ainda se encontravam sem telhado.

Foi grande a decepção dos expedicionários quando nada viram preparado para os acolher. Novamente, era necessário improvisar. De Lisboa fora pedido que se preparasse o estacionamento de uma base militar em Porto Amélia, mas por falta de recursos locais, por incapacidade e falta de vontade da Companhia do Niassa e falta de iniciativa do Governador da Colónia, nada se encontrava preparado. Este facto foi repetido em cada uma das expedições que se seguiram, sendo constantemente necessário construir todo o tipo de infra-estruturas.

Entretanto no norte da colónia alemã ( África Oriental Alemã, actualmente a parte continental da Tanzânia), a 2 de Novembro 1914, os ingleses fizeram uma tentativa de desembarque com forças militares coloniais britânicas IEF “B”, vindas da Índia, de cerca de 8.000 homens (europeus e indianos), apoiados por dois cruzadores. Os alemães com 1.500 homens, principalmente tropas indígenas, repeliram os indianos e os ingleses, que sofreram largas perdas em pessoal e material (500 espingardas e 16 metralhadoras) e, com isto, deram ao então futuro General Von Letttow Vorbeck o prestigio que necessitava. A derrota inglesa, em Tanga, teve como consequência a inactividade de todas as forças aliadas por um período de um ano e meio.

Com a derrota das tropas inglesas, sem uma definição de objectivos militares específicos por parte do Ministério da Guerra e do Governador da Colónia, Álvaro de Castro, o Tenente-coronel Massano de Amorim manteve a 1ª Força Expedicionária de Moçambique em Porto Amélia, numa atitude de defesa e de neutralidade. A razão da missão aparentava ser mais uma necessidade política do Governo Português, do que uma necessidade de ordem militar, o que também contribuiu para a inactividade militar. Em contrapartida, não existiam condições sanitárias, não existia comida de qualidade e os homens tinham de dormir sem redes protecção contra os mosquitos. Quando a época das chuvas chegou Porto Amélia transformou-se num pântano e as doenças transformaram-se em epidemias.

Em 15 de Junho de 1915 o Governador Álvaro de Castro transmitiu ao Tenente-coronel Pedro Massano de Amorim, a ordem vinda de Lisboa para reocupar o território de Quionga,(triângulo de Quionga), a norte de Porto Amélia, que se encontrava ocupado pelos alemães desde 1894, e invadir a colónia alemã.

O Tenente-coronel Pedro Massano de Amorim considerou despropositada a ordem, uma vez que a sua força militar, durante os oito meses de espera já tinha sofrido mais de 20% de baixas por doença sem nunca sequer ter saído de Porto Amélia e como tal considerou impossível executar qualquer movimento ofensivo sobre o “triângulo de Quionga” e de invasão sobre a colónia alemã. De facto, a sua principal preocupação estava na capacidade de se defender de uma sublevação nativa contra as suas tropas. Não teve a capacidade de executar a ordem para reforçar a defesa da fronteira Norte da colónia (numa extensão de 900 Km), não desenvolveu vias de comunicação entre os pontos fronteiriços junto ao rio Rovuma, nem reforçou os postos fronteiriços que se encontravam guarnecidos por tropas indígenas. A única obra militar que mandou executar foi uma via de 300 km, acompanhada por uma linha de telégrafo, através do Planalto Makonde, ligando Porto Amélia a Mocímboa do Rovuma, antes de regressar a Lisboa em Novembro de 1915.

EMBARQUE DE MEMBROS DA GUARDA REPUBLICANA PARA LOURENÇO MARQUES, 1913

Filed under: Uncategorized — ABM @ 12:34

Imagem retocada e colorida.

Embarque, em Lisboa, dos elementos da Guarda Republicana com destino a Lourenço Marques, 1913.

No Diário do Governo Nº170 (24 de Julho de 1913) lei extingue a Guarda Cívica de Lourenço Marques.

No Diário do Governo Nº 171 (24 de Julho de 1913) lei cria a Guarda Republicana de Lourenço Marques.

Fontes:

Tese de Diogo Barreiros, ver aqui.

Cronologias do Fernando Castro Brandão, I República, ver aqui.

16/07/2021

MACHIMBOMBO LOURENÇO MARQUES-MANHIÇA, ANOS 30

Filed under: Machimbombo LM-Manhiça, 1930s — ABM @ 08:10

Imagem retocada dos arquivos nacionais de Moçambique.

Machimbombo dos CFM que fazia o percurso Lourenço Marques-Manhiça, década de 1930. Os autocarros Thornycroft eram fabricados em Chiswick, no Reino Unido. A empresa existiu entre 1896 e 1977.

TRABALHADORES EM QUELIMANE, 1890

Filed under: Trabalhadores em Quelimane 1890 — ABM @ 07:56

Imagem retocada e colorida, baseada numa fotografia de nitrato de prata assente em vidro.

Trabalhadores numa estância em Quelimane, 1890.

MULHER MESTIÇA EM LOURENÇO MARQUES, 1900

Filed under: Mulher Mestiça em LM 1900 — ABM @ 07:40

Imagem retocada.

Estando o meu vocabulário em francês um pouco perro, tive que ir ver o que significava a legenda neste postal. Descobri que, surgido no Século XIII na língua francesa, significa “mestiço” e o sítio onde vi (ver abaixo) refere que o termo originalmente era francês e que foi depois passado para português.

A mulher Mestiça”, postal Lausseat.

11/07/2021

GRUPO DE LANDINS DE GUNGUNHANA, 1895

Filed under: Landins de Gungunhana 1895 — ABM @ 22:34

Imagem retocada e colorida.

Os chamados Landins eram uma tropa especial do Régulo Gungunhana, estrondosamente e quase inexplicavelmente derrotado. Foi aparentemente o reconhecimento da sua perícia e coragem que deu origem às Tropas Landins no tempo colonial. Note-se que alguns dos 22 guerreiros posam com as suas garrafas de whisky. A história do colonialismo português moderno conta-se nesta fotografia: as tribos do Moçambique de então não podiam combater os portugueses, organizados e armados com canhões, rifles e metralhadoras,, com zagaias e arcos e flechas. Será muitos anos mais tarde, noutro contexto e armados com minas terrestres e Ak’s.

CAMPO DE GÁS DE PANDE, EM CHAMAS, 1967

Filed under: Pande - campo de gás 1967 — ABM @ 22:13

Imagem retocada.

O gigantesco campo de gás em Pande, ainda inexplorado, em chamas, 1967. Há uma história de que, na altura, teve que vir um americano do Texas para apagar as chamas com uma épica explosão. Actualmente, o gás é canalizado por um pipeline para a África do Sul, num negócio cujos contornos desconheço.

07/07/2021

AUTOMOTORAS DOS CAMINHOS DE FERRO EM LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

Automotoras dos CFLM no Cais Gorjão, anos 40, fazendo a ligação entre o cais e a estação ferroviária.

Automotora dos Caminhos de Ferro estacionada na estação ferroviária de Lourenço Marques.

NA LAGOA DE BILENE, 1963

Imagem retocada.

Mulher e adolescente posam na Lagoa de Bilene, 1963.

OPERÁRIOS A BORDO DUM NAVIO NA BEIRA, INÍCIO DO SÉC. XX

Filed under: Operários na Beira, 1900s — ABM @ 22:59

Imagem retocada.

Operários a bordo dum navio atracado na Beira, início do Século XX.

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