THE DELAGOA BAY WORLD

29/10/2013

A VISITA DE HASTINGS BANDA A MOÇAMBIQUE, 27 DE SETEMBRO DE 1971

Fotos enviadas pelo Alfredo Correia, falta identificar quem as tirou.

Hastings Kamuzu Banda foi durante mais que três décadas o líder fundacional e mais ou menos incontestado do Malawi, um país nascido dos lobbies missionários e caprichos escoceses junto da corôa britânica no fim do Século XIX e que acabou parcialmente encravado com Moçambique, entre Tete e Niassa. Foi uma figura ímpar em quase todos os aspectos, de entre os quais uma improvável amizade próxima com o governo português, especialmente o Eng. Jorge Jardim, na década crucial que antecedeu a Independência moçambicana, na qual dificultou consideravelmente a guerrilha da Frelimo, se bem que tudo indique que jogava para os dois lados.

Um mapa do Malawi

Um mapa do Malawi, que “entra” por Moçambique dentro. Reparem nas fronteiras sobre o Lago Niassa. Os portugueses de então negociaram com os britânicos a soberania territorial moçambicana sobre o Lago, que é o que se vê, mas “esqueceram-se” de fazer o mesmo com as suas próprias colónias. Donde resulta que, cinquenta anos mais tarde, a fronteira do Malawi com a Tanzania é…..a margem do Lago do lado Tanzaniano! Ou seja, se um tanzaniano der um mergulhinho no lago, entra no Malawi. Por causa disto, os dois países andam mais ou menos em atritos, a Tanzânia quer mudar as fronteiras e o Malawi diz que não aceita.

Após 1975 e até à sua retirada da política em 1994 (morreu em 25 de Novembro de 1997 , supostamente com cerca de cem anos de idade, numa clínica em Joanesburgo) Banda manteve relações particularmente difíceis com Machel e Chissano. Machel, que odiava Banda e lhe chamava “fascista” pelas costas, morreu num acidente aéreo em Outubro de 1986, depois de regressar dum encontro cujo tema era precisamente o apoio de Banda à Renamo e ao regime sul-africano contra Moçambique. Um mês antes, em 11 de Setembro de 1986, Machel deslocou-se a Blantyre para pressionar Banda, que tudo indicava havia aberto as portas do seu país para que a Renamo atacasse o Norte a partir da fronteira malawiana. Nessa reunião de duas horas, na qual estiveram presentes Kenneth Kaunda e Robert Mugabe, segundo o livro de Ian Christie sobre Machel, o presidente moçambicano atirou com tudo à cara do venerando presidente-para-toda-a-vida, incluindo uma cópia de um passaporte do Malawi passado a Afonso Dlakhama, já então o líder da Renamo. Mas quando, poucos dias depois, se assistiu a ai início de um mortífero ataque em território moçambicano a partir do Malawi, coordenado pela Renamo e em três frentes, aparentemente liderado por tropas especiais sul-africanos, Samora, que já estava severamente pressionado em várias frentes, perdeu a cabeça e ameaçou atacar o Malawi. Numa conferência de imprensa em Maputo, disse: “nós colocaremos mísseis na fronteira com o Malawi se o apoio aos bandidos não cessar. E nós encerraremos o trânsito de mercadorias entre o Malawi e a África do Sul que passa por Moçambique [Ian refere que na altura passavam por território moçambicano cerca de 70 camiões por dia nessa rota]. Uns dias mais tarde, numa visita a Tete, Machel disse à imprensa: “as autoridades do Malawi tornaram o seu país numa base para mercenários de várias nacionalidades, mas principalmente sul-africanos. Eu creio que o Presidente Hastings não é responsável, quem é responsável são alguns ministros, soldados, membros da polícia e da segurança do Malawi que foram comprados pelos sul-africanos e outros países que não nomearei agora, apesar de termos as provas na nossa posse.”

Num artigo da BBC, o administrador da sua herança estima que o Dr. Banda, que em 1971 já ostentava o título de “presidente Vitalício”, deixou uma fortuna pessoal que estima em 319 milhões de libras estrelinas, o que não é nada mau, considerando a miséria que por ali grassava e a que por ali ainda abunda.

Em baixo, imagens de uma “histórica” visita de Estado que o Dr. Banda fez a Moçambique colonial, aqui em Nampula, no dia 27 de Setembro de 1971, onde foi recebido pela hierarquia colonial com as honras e a pompa devidas. A cúpula da Frelimo, na altura já após o rescaldo do assassinato do Dr. Mondlane e consequente ascensão da troika hardliner comunista (Machel, Marcelino e Chissano) a qual nunca teve um momento fácil com o líder malawiano, deve ter rangido os dentes duas vezes. Um dos grandes objectivos estratégicos do Presidente malawiano em relação a Moçambique era abrir uma linha férrea entre o seu país e o porto moçambicano de Nacala, que está em fase de reabilitação agora mas cuja inauguração (do troço final da linha férrea) foi a razão da sua visita a Nampula e a Nacala em 1971.

Uma nota para adicionar algum surrealismo: apesar de ter tido relacionamentos com mulheres, e em baixo se fazer acompanhar por uma “primeira dama”,  Banda nunca casou. Mas teve uma longa relação com Cecilia Kadzamira, que fazia o lugar de primeira dama, e que se vê com ele nesta visita a Nampula, e que teve por sua vez um percurso também invulgar.

 

Foto 1

Banho de multidão no Aeroporto de Nampula à chegada do Presidente do Malawi.

Foto 2

Multidão à espera da comitiva do Malawi.

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Comité de recepção, com as bandeirinhas portuguesas ao léu, como é preceito nestas ocasiões.

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As madames esposas dos dignitários portugueses, trajadas para a ocasião, na fila de cumprimentos protocolares. Atrás, um Fokker da DETA.

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O Chede de Estado do Malawi à sua chegada, passa revista às tropas, acompanhado pelo então Governador-Geral de Moçambique, o Eng. Arantes e Oliveira.

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Cecilia Kadzamira cumprimenta as senhoras da comitiva de recepção.

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Cecília Kadzamira recebida com calor em Nampula.

Num palanque montado na pista do Aeroporto de Nampula,

Num palanque montado na pista do Aeroporto de Nampula para o efeito, o Presidente do Malawi e a comitiva de recepção preparam-se para ouvir os hinos de Portugal e do Malawi.

28/10/2013

VIAGEM NO PAQUETE “MOÇAMBIQUE” DE LOURENÇO MARQUES PARA LISBOA, ANOS 1950

Filed under: Viagem no Paquete Moçambique 1950s — ABM @ 01:59

Fotografias de Isabel Sena, gentilmente cedidas.

 

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No Cais Gorjão, as famílias e amigos vão despedir-se dos viajantes.

 

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Mais uma imagem dos que se vêm despedir.

 

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Os viajantes, já a bordo.

 

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Os viajantes a bordo.

 

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No berçário de bordo.

 

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Refeição “à Americana” a bordo. Todos parecem estar trajados a rigor.

 

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Foto da praxe aquando do teste dos coletes.

 

 

 

 

 

 

 

A VISITA A MOÇAMBIQUE DO MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ, 1974

Filed under: Joaquim Chissano, MNE da RDA em Moçambique 1974 — ABM @ 01:30
Otto Winzer, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha de Leste, visita Moçambique meses antes da proclamação da Independência.

Otto Winzer, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha de Leste, visita Moçambique meses antes da proclamação da Independência.

O MNE da Alemanha de Leste com guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique.

O MNE da Alemanha de Leste com guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique.

Durante uma cerimónia em que o MNE da República Democra´tica Alemnã em Lourenço Marques.

Durante uma cerimónia em Lourenço Marques em que o MNE da República Democrática Alemã esteve presente.

O MNE da RDA entrega uma prenda ao Jovem Joaquim Chissano, então primeiro-ministro do Governo de Transição de Moçambique, que já era controlado pela Frente de Libertação de Moçambique.

O MNE da RDA entrega uma prenda ao então Jovem Joaquim Chissano, então primeiro-ministro do Governo de Transição de Moçambique, que já era controlado pela Frente de Libertação de Moçambique, e que tomou posse no dia 20 de Setembro de 1974. Pouco depois desta foto ter sido tirada Winzer deixou o cargo por razões de saúde e faleceu em Março de 1975.

O TERCEIRO CONGRESSO DA FRELIMO, 3 A 7 DE FEVEREIRO DE 1977

Filed under: Frelimo III Congresso 1977 — ABM @ 01:13
Um desfile na rua na altura da realização do 3º Congresso da Frelimo, já então o único partido político autorizado em Moçambique.

Um desfile na antiga Praça Mousinho de Albuquerque, então recentemente rebaptizada de Independência, na altura da realização do 3º Congresso da Frelimo, já então o único partido político autorizado em Moçambique.

 

Uma maneira simpática de descrever o II Congresso foi que ali se deram ao trabalho de consubstanciar o regime que já era: o primeiro depois da Independência) transformando-se num partido. É adoptada a ideologia marxista-leninista e defendida a criação de um estado proletário e socialista. Moçambique passa a estar cada vez mais dependente dos apoios que recebe dos países socialistas (ex-URSS, China, RDA, etc), mas também a contar com a hostilidade dos países ditos "ocidentais". Em termos  regionais, o regime racista da África do Sul e da Rodésia (Zimbabué) vê esta opção como uma ameaça

Uma maneira simpática de descrever o III Congresso foi que ali os intelectuais de serviço do Regime deram-se ao trabalho de dar o nome às coisas e consubstanciar o regime que já era. Sendo o primeiro congresso do movimento guerrilheiro depois da Independência, transformou-se num partido (único), adoptou formalmente a ideologia marxista-leninista e  passou a defender a criação de um “estado proletário e socialista”. Na realidade Moçambique era cada vez mais dependente dos apoios que recebia dos países comunistas – URSS, China, RDA, etc – e passou também a contar com a aberta hostilidade dos países ditos “ocidentais”. Em termos regionais, a África do Sul e a Rodésia (Zimbabué) vêem esta opção e o apoio logístico do regime aos movimentos guerrilheiros a eles hostis como uma ameaça e ripostam. 

 

SAMORA MACHEL E THOMAS SANKARA, ANOS 1980

 

 

Thomas Sankara, então líder de Burkina Fasso (anteriormente, Alto Volta) com Samora Machel.

Thomas Isisdore Noll Sankara, então líder de Burkina Fasso (anteriormente, Alto Volta) com Samora Machel. Os dois seriam quiçá os líderes africanos mais “revolucionários” e carismáticos do continente africano na sua altura., parte, com Maurice Bishop de Grenada e Fidel Castro de Cuba, líderes do chamado Movimento Não-Alinhado. Cheio de boas intenções, um asceta comunista, Sankara virou o seu país do avesso, que governou com mão de ferro, até que se fartaram dele. Foi assassinado em 1987, pouco depois de Samora ter perecido num acidente aéreo. 

SAMORA MACHEL NA CEIFA, ANOS 1970

Filed under: Samora Moisés Machel — ABM @ 00:37

 

 

Samora no mato supostamente a ajudar numa colheita.

Samora no mato supostamente a ajudar numa colheita. Depois de quase destruir por completo a economia de Moçambique existente à altura da Independência, o regime imposto pela Frelimo insistiu durante anos e anos na agricultura rudimentar no mato como a base da futura riqueza do nascente país. Claro que nunca funcionou. E se até hoje nunca funcionou, com a guerra civil e agora a população triplicada, tal é uma impossibilidade matemática. O que sobra dessa utopia quase caricata é a Lei da Terra, que é usada para os que podem e mandam captarem para si e para os seus negócios milhares e milhares de hectares para “agro-projectos”. De que destaco o mais infame deles todos, o que se tenciona fazer na bacia do Zambeze. 

SAMORA MACHEL NUM COMÍCIO, ANOS 1970

Filed under: Samora Moisés Machel — ABM @ 00:26

 

 

Samora Machel num "banho de multidão à Mao Tsé Tung".

Samora Machel num “banho de multidão à Mao Tsé Tung”. Típico das ditaduras marxistas-maoistas tão em vigor nos anos 70. Em 1977, Moçambique oficialmente abraçou o marxismo-leninismo como ideologia orientadora do seu movimento e do Estado.  Os anticorpos que criou dentro e fora do País acabaram por resultar numa guerra civil que durou quase uma geração. Reparem nos meninos com camisinha branca e lenço vermelho ao pescoço, ao estilo comunista. Para a fotografia.

DANIEL ROXO, ANOS 1970

Filed under: Daniel Roxo - combatente — ABM @ 00:16

 

 

Daniel Roxo.

Daniel Roxo. Um dos mais lendários oponentes da Frelimo antes da Independência.

JACINTO VELOSO, JORGE REBELO, MARCELINO DOS SANTOS E SAMORA MACHEL, ANOS 70

Fotografia restaurada.

Durante um discurso presumo que em Maputo, da esquerda: Jacinto Veloso, Rui Rebelo, Marcelino dos Santos e Samora Machel.

Durante um discurso proferido presumo que em Maputo, da esquerda: Jacinto Veloso, Jorge Rebelo, Marcelino dos Santos e Samora Machel. A ditadura que impuseram a Moçambique após a partida apressada dos portugueses foi como que uma segunda colonização, esta comunista-maoista e com requintes de malvadez. Em meia dúzia de anos Samora apercebeu-se que estava metido numa embrulhada de proporções épicas. Não a resolveu. Após a sua morte, como sucedeu em Portugal com António Oliveira Salazar, ficou a saudade de um homem carismático que falava incisivamente e que não roubava, o que suponho valha alguma coisa. Os outros continuam todos por aqui, a falar nos dias da “revolução”. Com o maior saudosismo.

27/10/2013

O CINEMA SCALA E O PRÉDIO POTT EM LOURENÇO MARQUES, 1936

A Avenida da República (actual Avenida 25 de Setembro), ao fundo o Teatro Scala.

A Avenida da República (actual Avenida 25 de Setembro), ao fundo o Teatro Scala e o Avendia Building, 1936.

O PARQUE DE CAMPISMO DE LOURENÇO MARQUES, 1936

Filed under: LM Parque de Campismo — ABM @ 23:51
Bifas no Parque de Campismo de Lourenço Marques, 1936.

Bifas no Parque de Campismo de Lourenço Marques, 1936.

O INTERIOR DA FORTALEZA DE SÃO SEBASTIÃO NA ILHA DE MOÇAMBIQUE, ANOS 1950

Filed under: Ilha Moç Fortaleza — ABM @ 23:48

Imagem restaurada.

 

O interior da Fortaleza de São Sebastião na Ilha de Moçambique, penso que nos anos 50.

O interior da Fortaleza de São Sebastião na Ilha de Moçambique, penso que nos anos 50.

A PRAÇA MAC-MAHON EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 1930

 

 

A Praça Mac-Mahon em Lourenço Marques no final dos anos 30.

A Praça Mac-Mahon em Lourenço Marques no final dos anos 30.

UM DOMINGO DE MANHÃ NA PISCINA DO DESPORTIVO EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Foto ABM.

Um costume familiar mais ou menos enraizado em minha casa era ir para a piscina do Desportivo aos domingos de manhã.

Um costume familiar mais ou menos enraizado em minha casa era ir para a piscina do Desportivo aos domingos de manhã. Aqui nas bancadas junto da piscina do clube estão o Pai Melo deitado e os meus irmãos Mesquita e Chico.

26/10/2013

O NETO QUE VEIO DE ÁFRICA, AGOSTO DE 1972

Filed under: ABM, António Botelho de Melo, Clotilde Botelho de Melo — ABM @ 23:55

Foto ABM.

Em Agosto de 1972 visitei com a minha irmã Cló os Açores pela primeira vez. Invariavelmente, nas duas semanas que lá estive, andava vestido assim: calções de kakhi, t-shirt e descalço, para desgosto da minha avó, que se desculpava perante terceiros dizendo "sabe, é o meu neto de África".

Em Agosto de 1972 visitei com a minha irmã Cló os Açores pela primeira vez. Invariavelmente, nas duas semanas que lá estive, andava vestido assim: calções de kakhi, t-shirt e descalço, para desgosto da minha avó, que se desculpava perante terceiros dizendo “sabe, ele é um dos meus netos de África”. Os Açores na altura pareceram-me bonitos – mas, ah, quase medievais. Tínhamos zero em comum excepto traços de DNA. Aqui estamos os dois nas escadas para o quintal dos meus avós paternos, Botelhos de Melo.

FESTA DE CARNAVAL NO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Foto ABM.

 

O meu Pai olha para a fotografia enquanto a minha irmã Paula aponta o dedo, durante uma das festas de Carnaval no Desportivo, início dos anos 70.

O Pai Melo olha para a fotografia enquanto a minha irmã Paula aponta o dedo, durante uma das festas de Carnaval no Desportivo, início dos anos 70.

AIDA BOTELHO CANTA FADO EM LOURENÇO MARQUES ACOMPANHADA POR JOSÉ BOTELHO E ANTÓNIO FONSECA, ANOS 1950

Fotografia de Carla Botelho Pinhal.

 

José Botelho (guitarra), Aida Botelho, António Fonseca (viola)

José Botelho (guitarra), Aida Botelho, António Fonseca (viola)

O CORO FEMININO DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE EM LOURENÇO MARQUES, MEADOS DOS ANOS 1950

Filed under: Coro feminino do RCM, Rádio Clube de Moçambique — ABM @ 23:21

Fotografia de Carla Botelho Pinhal.

 

O Coro Feminino do Rádio Clube de Moçambique, meados dos anos 50.

O Coro Feminino do Rádio Clube de Moçambique, meados dos anos 50.

ISABEL CATROGA, FINALISTA DA ESCOLA COMERCIAL DE LOURENÇO MARQUES, 1966-7

Filed under: Isabel Catroga — ABM @ 22:48

 

 

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A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES E A AVENIDA DA REPÚBLICA, ANOS 1960

Fotografia de António José Silva Caetano, restaurada.

 

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A Baixa de Lourenço Marques, anos 60. À esquerda vê-se o Bazar, a seguir o velho Kiok Olímpia em frente a Velha Mesquita, e a dominar a Avenida da República (actualmente, Avenida 25 de Setembro).

A ZONA FERRO-PORTUÁRIA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Filed under: LM Cais - Porto, LM Praça Mac-Mahon — ABM @ 22:36

 

 

A zona

A zona ferro-portuária de Lourenço Marques, foto aérea tirada a partir de cima da Estação Ferroviária. Mesmo em frente vê-se o pequeno edifício duplo com os geradores de electricidade do complexo portuário. À direita o Cais Gorjão.  À esquerda pode-se ver uma parte da Praça Mac-Mahon (actualmente Praça dos Trabalhadores).

A PARTE BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

 

 

Vista aérea da parte baixa de Lourenço Marques, anos 60.

Vista aérea da parte baixa de Lourenço Marques, anos 60. Em primeiro plano, do lado esquerdo vê-se a Avenida da República (actual Avenida 25 de Setembro) e o Bazar e mais à direita a Rua Consiglieri Pedroso e no meio a Velha Mesquita. Ao fundo vê-se o enorme eucaliptal ainda do tempo dos Aterrios dos anos 20.

A DELEGAÇÃO DO BANK OF AFRICA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: Bank of Africa LM — ABM @ 21:35
A delegação do Bank of Africa em Lourenço Marques, na esquina da Travessa da Maxaquene com a Rua  José da Lapa.

A delegação do Bank of Africa em Lourenço Marques, na esquina da Travessa da Maxaquene com a Rua Major Joaquim da Lapa, no início do Século XX. Mais tarde, no mesmo lugar, foi edificada uma (mais) moderna delegação do Barclays Bank, que após as nacionalizações e posteriores privatizações, é hoje uma dependência do Millennium Bim em Maputo.

A ESTÁTUA DO AVIADOR SACADURA CABRAL NO AEROPORTO DA BEIRA, ANOS 1970

Homenagem a Sacadura Cabral na Beira. Após a grande ampliação feita na aerogare da Beira durante os anos 60, o aeroporto foi designado com o nome deste aviador, parceiro de Gago Coutinho em 1922 e desaparecido em 1924.

Homenagem ao aviador português Sacadura Cabral na Beira. Após a grande ampliação feita na aerogare da Beira durante os anos 60, o aeroporto foi designado com o nome deste aviador, parceiro de Gago Coutinho em 1922 e desaparecido em 1924 e onde se encontrava esta estátua. Segundo o José Carlos Portela, a estátua é da autoria de Jorge Vasconcelos e é de 1972. Este escultor viveu entre 1962 e 1975 na cidade da Beira, actualmente vive no Norte de Portugal e faz parte do grupo Arte 6 em Braga.

Sacadura Cabral viveu e trabalhou em Moçambique. Refere a Wikipédia:

Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral GCTE • ComA (Celorico da Beira, São Pedro, 23 de Maio de 1881 — Mar do Norte, 15 de Novembro de 1924)1 foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, São Pedro, 16 de Outubro de 1855 – Lisboa, 19 de Março de 1901) e de sua mulher (casados em Seia) Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos (Viseu, Sé Ocidental, 11 de Julho de 1861 – Lisboa, 3 de Abril de 1913).2 Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de Novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de Abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de Setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de Abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.

Serviu nas colónias ultramarinas no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.

Unanimemente considerado um aviador distintíssimo pelas suas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam sentir. Quando conheceu, em África, Gago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um “corretor de rumos” para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que, em 1905, foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do seu porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para este trabalho e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha, Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios Tembe, Umbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transvaal e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transvaal.

Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.

Em 1911 concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda. Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de Angola, o que foi feito em mais de 800 quilómetros. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.

Entretanto o Aero Club de Portugal procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.

Sacadura Cabral foi para a França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de Novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e, a 16 de Janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto. Em Março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.

Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em Agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor.

Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do Niassa, na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.

Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea. Nesse ano, a 11 de Março, foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis.

Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então à Inglaterra e à França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil.

Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.

Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Nesse ano, a 1 de Maio, tornou-se o 347.º Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito5 e a 2 de Junho o 36.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense.

Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais. Morreu a 15 de Novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o seu projecto de circum-navegação.

Actividade científica

Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado “Plaqué de Abatimento” e mais tarde “Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura”.

Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de Novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do “Corrector” foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.

A preparação para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de Março de 1922, em Belém no hidroavião “Lusitânia”. A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para São Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para os Penedos de São Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do “Lusitânia”, o que provocou o afundamento do avião. Os aviadores foram recolhidos pelo navio “República”. O “Lusitânia” acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de São Pedro e São Paulo podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.

O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre os Penedos de São Pedro e São Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido um novo Fairey ao governo português, que foi enviado no “Carvalho Araújo”. Três dias depois partiram para o troço final, chegando à baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de Junho, depois várias escalas.

Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.

Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direcção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O cadáver nunca foi encontrado. Acerca da sua morte escreveu um Poeta: “Encontrou a sepultura em pleno mar / Que a terra, donde andava foragido, / Era pequena demais para o sepultar.”

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES NOS ANOS 1970, POR DANA MICHAHELLES

 

 

A Baixa de Lourenço Marques, desenho de Dana Michaelis, início dos anos 70.

A Baixa de Lourenço Marques, desenho de Dana Michahelles, início dos anos 70. À esquerda, o Scala e o Continental, o Avenida Building (ou Prédio Pott), ao fundo a Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho) e a Catembe. À direita a Casa Coimbra.

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