THE DELAGOA BAY WORLD

16/12/2023

A PISCINA DO DESPORTIVO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Era um clube, mas ao mesmo tempo detinha e operava, praticamente sem custos para os atletas, quiçá a melhores instalações desportivas da capital moçambicana. A piscina, a primeira para lazer e prática de natação, salto e pólo aquático, construída no final dos anos 40 e inaugurada em 24 de Julho de 1949, usou uma engenharia especial proposta por um engenheiro alemão, “flutuava” sobre o solo, que ali tinha uma linha freática praticamente à superfície, resultando que, de outro modo, a piscina afundar-se-ia com o peso. Tinha 33.3 metros por 25 jardas, o comprimento a dimensão de uma piscina olímpica na altura, e uma parte funda com cerca de 4.5 metros, permitindo os saltos das suas pranchas com 3, 5 e 10 metros de altura. Num edifício do lado esquerdo, operava uma potente bomba, ligada a gigantescos filtros, que mantinham a água da piscina limpa (bem, de vez em quando aquilo descambava). A piscina tinha o nome formal de Paulino dos Santos Gil, então talvez o maior empresário de Moçambique, que contribuiu de forma expressiva para a sua construção.

O mesmo sucedeu com o campo de futebol, cuja construção foi uma história épica, que contei num artigo que escrevi aquando do centenário do Desportivo em 2021 e merece ser lido. Nas décadas de 1920 e 1930 o campo de futebol do Clube ficava situado directamente em frente à entrada principal, encaixado entre essa entrada (que não existia então) e a então Câmara Municipal da Cidade, que hoje é um tribunal. No final dos anos 30, a Câmara fez uma troca, em que o campo, que tinha bancadas de madeira do lado da Câmara Municipal, foi demolido e foi cedido um terreno a seguir ao campo do Sporting. Mas nada se fez até que o Benfica, com quem o Desportivo tinha uma afiliação, não só ganha o campeonato nacional como a Taça Latina, e é decidido fazer uma turnée que iria até Lourenço Marques. Para que os eventos na Cidade não se realizassem nos estádios do Sporting ou do Ferroviário, os sócios do Desportivo construiram um novo estádio em…. menos que oito semanas. O campo também tinha o nome de Paulino dos Santos Gil.

A piscina do Grupo Desportivo Lourenço Marques, anos 70.

Em frente à piscina, vê-se um edifício redondo, construído na década de 1940 antes da piscina. que, com a esplanada, coberta nos anos 60, permitia realizar eventos particulares e do clube, que permitiam angariar receitas para operar as suas instalações. Festas de fim do ano, passagens de filmes, festas de final do ano,carnaval, bingos, ocorriam ali. Do lado esquerdo, nos anos 50, foi construida uma piscina para crianças, composta por dois círculos interligados entre si. A meio, havia uma pequena carreira de tiro, que no meu tempo (anos 60 e 70 até 1975) não era assim tão utilizado, se bem que tinha uma secção activa. Esta piscina tinha o seu próprio sistema de filtragem de água. Mais à frente, junto à casa das máquinas, ficava o que foi originalmente um campo de hóquei, construída com velocidade vertiginosa quando os jogadores do Desportivo ganharam o campeonato do Mundo penso que no final dos anos 40 (quem me contou isto foi o Sr. José Craveirinha, sócio, depois conhecido pela sua poesia). Foi depois convertido para uso no basquet, depois de construído um novo estádio de hóquei na década de 1950 (na foto,do lado direito, vendo-se a bancada poente), que foi desenhado pelo Eng. Tomás Gouveia, um sócio e Pai das Irmãs Gouveia (João, Dulce, Anabela e Lídia). Ainda antes de 1975, esse espaço foi coberto e era usado também para a prática do basquet. A Norte deste estádio, havia uns campos de ténis que foram convertidos no final dos anos 60 para uso no mini-basquet.

Em 1971, ano do cinquentenário do Clube, os sócios projectaram criar um novo pavilhão desportivo, o maior que a Cidade teria, também desenhado pelo Eng. Tomás Gouveia. Até houve uma cerimónia de descerramento de uma “primeira pedra” no dia 23 de Maio desse ano. Felizmente, atrasou-se e acabou por nunca ser construído, pois digamos que a partir de 1974 as prioridades de quem veio a seguir passarm a ser outras.

Há duas semanas, foi conhecido um processo de falência, resultante da contracção de dívidas pelas sucessivas direcções, dando o seu património como garantia. O que prenuncia o fim do clube, após 102 anos de existência.

14/12/2023

A MORTE DO ANTIGO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES

Imagem retocada e colorida. Post dedicado à grande nadadora do Desportivo, Dulce Gouveia, que ontem celebrou o seu 71º aniversário em Cascais e cujo Pai, o eng. Tomás Gouveia, gratuitamente, desenhou e dirigiu a construção, na década de 1950, do campo de basquet situado à direita de quem entra no Desportivo.

No meu blog “desportivo” The Delagoa Company, ontem, referi a publicação de um aviso judicial, há cerca de duas semanas, no Notícias de Maputo, indicando a falência do Grupo Desportivo de Maputo e a previsão da execução do seu património pelo Banco Comercial e Investimentos, SA (cujos accionistas são um instrumento da CGD e do BPI e terceiros da Insitec que nunca percebi quem são) e posterior venda, para ressarcir os seus credores.

O símbolo do Grupo Desportivo Lourenço Marques, 1921-1975.

A agonia final do Clube, fundado em 1921 com o nome do putativo e de outro modo anónimo navegador que andou por aquela zona há quinhentos anos, já era previsível nos últimos anos, por absoluta incompetência, incúria e quiçá má fé dos seus subsequentes dirigentes (um deles o advogado Michel Grispos, que discretamente vendeu o estádio de futebol do clube há menos que dez anos), uma massa associativa que obviamente estava a assobiar para o lado, e a contaminação do seu espaço com terceiros que ali fizeram um salão de festas/discoteca tipo Bollywood em Cuecas e tornaram a histórica piscina, inaugurada em 1949, num tanque para lavar os pés aos fins de semana. No fim, aposto cem Meticais que por detrás disto tudo estão interesses imobiliários, empresários “de sucesso” com rios de dinheiro cuja proveniência só eles e Deus sabem, que ali farão milhões com algum empreendimento imobiliário apetitoso.

Para criar mais uns ricos. Mais uns Florindos, que tanta falta fazem a Moçambique e aos moçambcanos.

Não descansaram enquanto não deram cabo daquilo e deliberadamente chuparam, a crédito e a prestações, pelos vistos, o valor e os recursos criados com muito sacrifício nas décadas de 1940 e 1950. Que o BCI, um banco detido maioritariamente por dois bancos com sede em Lisboa – um já é hespanhol – e supostamente com algumas credenciais lá na Praça (bem, mais ou menos) se predispusesse para fazer este frete, sabendo perfeitamente que a seguir iria ter que executar o clube para recuperar o que emprestou, é de bradar aos céus. Mas depois vem, como os outros bancos, carpir para a rua e encher as páginas dos pasquins àcerca da sua elevada responsabilidade social e da sua moçambicanidade. Pois.

E lá vão cem anos de tradição que era boa e sã tradição, ao ar. A não ser que se recorra à velha e desgastada cassette de que tudo o que foi feito antes de 1975 era para destruir.

Eu costumo pensar, e agora se torna verdadeiro, por exclusão de partes, que o Desportivo, que era os seus sócios e os seus descendentes, que fizeram o Clube, reside em Portugal e os seus membros almoçam juntos uma vez por ano na Linha do Estoril. Eu apenas guardo umas boas memórias e umas fotografias, só para lembrar como era.

O que ficou em Maputo era apenas um sítio, e pelos vistos muito mal frequentado.

Bom proveito para todos.

04/12/2023

O SPORTING E O DESPORTIVO NA MAXAQUENE EM LOURENÇO MARQUES, 1959

Imagem retocada e colorida, de Luis Manuel.

Em primeiro plano, as instalações do Grupo Desportivo Lourenço Marques e mais acima o Sporting Clube de Lourenço Marques, ainda antes da construção da cobertura metálica do campo de básquet. No topo da colina da Maxaquene, o Liceu Salazar e o Jardim Silva Pereira.

06/02/2023

O GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, ANOS 50

Imagem retocada e colorida.

O Desportivo, início da década de 1950. A estrada de acesso ao clube ainda era feita pela estrada em frente à antiga Câmara Municipal; a piscina dos Pequeninos ainda não tinha sido feita; o novo campo de hóquei ainda não tinha sido feito; à esquerda onde estão as árvores, o Sportng ainda não tinha edificado o campo de báquet coberto e mais abaixo podem-se ver parte das bancadas do seu campo de futebol.

10/07/2022

NADADORES DA ESCOLA DE NATAÇÃO DO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, 1957-58

Eternamente grato ao Mário Crespo (sim, “o” grande jornalista Mário Crespo). Imagem retocada.

Esta imagem será também reproduzida no meu blog de desporto de Moçambique, The Delagoa Bay Company, que convido o Exmo. Leitor que ainda não conhece e tenha interesse, em visitar.

Os nadadores da Escola de natação do Grupo Desportivo Lourenço Marques, 1957-1958. Em baixo, a imagem indexada.

A Imagem indexada, em que: 10- Chico Munhá; 14- Mário Crespo; 17- Tito Serras Simões; 33- Victor Fragoso Carvalho. Se o Exmo. Leitor conhecer alguma pessoa aqui, peço por favor que escreva uma nota para aqui.

08/06/2021

LOURENÇO MARQUES EM 1933, VISTA DO AR

Imagens retocadas e coloridas. Grato como sempre ao Rogério Gens pelas suas correcções.

Penso que cerca dos anos 40-50 um fotógrafo que esteve em Lourenço Marques tirou uma fotografia de outra fotografia aérea, que estimo ter sido tirada cerca de 1933. Esta fotografia aérea foi captada por W. Norman Roberts da empresa aérea sul-africana African Flying Services (PTY) Limited, uma das pioneiras dos serviços e transporte aéreo na então União Sul-Africana. Esta fotografia, com alguns retoques, é a primeira que coloco aqui no topo. Todas as imagens que se seguem são cópias ampliadas, legendadas e coloridas, do que se vê nesta primeira fotografia, que mostra de forma inédita (para mim) alguns dos aspectos da topografia da Cidade que eu conhecia mas nunca tinha visto de uma forma global e objectiva.

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A cópia da fotografia topográfica de Lourenço Marques, cerca de 1933.

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A – O então Museu Provincial, mandado construir por Pott (hoje sede to Tribunal Constitucional); B- A Imprensa Nacional, anteriormente a Cadeia; C – Estação dos Bombeiros (onde hoje fica o Prédio 33 Andares); D – a então Câmara Municipal de Lourenço Marques, depois Tribunal da Relação; E – o primeiro estádio de futebol do Grupo Desportivo Lourenço Marques; F- Sede e terrenos do Sporting Club de Lourenço Marques; G- Avenida da República (hoje 25 de Setembro); e H – o Aterro da Maxaquene.

 

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O Aeródromo da Carreira de Tiro. Logo a seguir a Rua dos Combatentes de Nevala. Do lado direito, a Cadeia Civil e à direita desta, o primeiro Campo de Golfe da Polana.

 

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A – Cadeia Civil; B- o primeiro Campo de Golfe da Polana, em que a Clubhouse fica na ponta à direita em baixo; C- A Avenida Massano de Amorim (hoje Mau Tsé Tung); D – o Parque José Cabral (hoje, dos Continuadores); E- o Hotel Polana.

 

LM HOSPITAL MIGUEL BOMBARDA CA 1931

A- Complexo do Hospital Miguel Bombarda; B- Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane; C – A futura Escola Primária Rebelo da Silva (hoje 3 de Febereiro) em construção.

 

LM CLUBE DE PESCA ATERRO MAXAQUENE CA 1931

A – Aterro da Maxaquene; B- parte ainda inacabada do paredão de cimento junto ao futuro Clube de Pesca (hoje Escola Náutica); C – doca de pesca desportiva; D – Ponta Vermelha. Note o Exmo. Leitor que esta parte foi “comida” e inclinada posteriormente, pois nesta altura caía abruptamente, como aliás se via em partes da Catembe até aos anos 80.

 

LM eastern telegraph e casa rua dos aviadores ca 1931

A – o Liceu 5 de Outubro, junto à Av. 24 de Julho, que depois seria a Escola Comercial Azevedo e Silva; B- a Sinagoga de Lourenço Marques, ainda existente; C – a Estação Telegráfica da Eastern Telegraph Company, que seria demolida e aí edificado o Liceu Salazar (hoje ES Josina Machel; D- terreno onde seria edificado o Joardim Silva Pereira (hoje dos Professores. Note-se que na altura o terreno era muito maior que o existente hoje, pois as barreiras foram alteradas, especialmente depois do Ciclone Claude em Janeiro de 1965; E – o Hotel Cardoso estando logo ao lado as fundações do futuro Museu Álvaro de Castro (hoje Museu de História Natural); F – por curiosidade, a casa onde cresci em Lourenço Marques, pelos vistos uma das primeiras duas a serem construídas na Rua dos Aviadores (hoje Rua da Argélia).

 

LM AV D LUIZ I JARDIM VASCO DA GAMA HOSPITAL MILITAR E IGREJA CA 1931

A – Por baixo desta letra, o Hospital Militar, que seria demolido e no seu lugar construída a Sé Catedral de Lourenço Marques; B – a então Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no local onde depois seria construído o Palácio da Rádio do Rádio Clube de Moçambique; C- a Avenida Aguiar, depois Avenida Dom Luiz I (hoje Marechal Samora). Note o Exmo. Leitor que na década e meia seguinte seriam construídas a Praça Mouzinho no topo (hoje da Independência) e em baixo seria eliminada a Travessa da Fonte, que estenderia esta artéria até à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho), que na altura ainda era rectangular, cheia de Kiosks e atravessada a meio pela Rua Araújo; D- Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru); E – Câmara Municipal de Lourenço Marques (hoje Tribunal da Relação) e mais em cima o Grupo Desportivo Lourenço Marques.

 

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Na zona do Alto-Maé. A- Os cemitérios Maometano, Judaico e..(farsi?); o Cemitério de São Francisco Xavier; C – a Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane) com partes ainda com uma um estradinha nos dois sentidos.

 

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Na zona de Alto-Maé. A – zona de Xipamanine; B- Em discussão com o genial Rogério Gens este deverá ser um depósito de água para servir a zona do Alto-Maé; C- a Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane) que acaba logo a seguir à esquerda; D – a Avenida 24 de Julho, que nesta altura também acaba logo a seguir e mais tarde seria estendida mais quase dois quilómetros.

04/04/2021

O CLUBE DE PESCA DESPORTIVA E A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Imagens retocadas.

Desejo aos Exmos. Leitores cristãos uma Feliz Páscoa, fechadinhos em casa por causa da Pandemia.

O Clube de Pesca de Lourenço Marques foi formado, algo tardiamente, em 1959, num local que na realidade foi concebido na década de 1910, aquando da concepção da gigantesca muralha de cimento que suportou o Aterro da Maxaquene – que se estendia até meio da colina da Ponta Vermelha propriamente dita (ver em baixo). Concluído o aterro nos primeiros anos da década de 1920, curiosamente, para além da futura doca propriamente dita, parte do local onde o Clube foi implantado ao princípio não foi…aterrado. Até à década de 1940, havia um enorme buraco inundado, por detrás da muralha. que eventualmente foi também aterrado, e a apenas a barra exterior havia sido concluída.

Em primeiro plano, O Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques, cerca de 1971. Atrás, a Ponta Vermelha, após a profunda intervenção resultante dos desmandos causados pelo Ciclone Claude em Janeiro de 1966. O declive foi aplanado e coberto com um matope escuro,e espesso, feitas as clivagens que se podem ver, para captarem as águas pluviais, estando na altura já a ser construídos os acessos da Avenida Marginal até à Ponta Vermelha e à Avenida António Ennes. No topo, em amarelo, a que eu considerava a casa mais bonita de Lourenço Marques. No início dos anos 70, a casa estava fechada há décadas e guardada por um velho guarda, um senhor negro, cujas histórias eu adorava ouvir. Após a independência, ficou em ruínas e dizem-me que a propriedade depois foi “atribuída” à viúva de Samora Machel, Graça, que lá fez um enorme e pouco interessante (mas muito rentável) edifício de apartamentos.

Logotipo do Clube de Pesca de Lourenço Marques.

O local, junto à Ponta Vermelha, onde no final dos anos 1950 se instalou o Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques, aqui fotografado em Novembro de 1937. Note-se que nesta altura a muralha se estendia até ao pontão que se vê em cima, na Ponta Vermelha. A Estrada Marginal já passava ao lado mas pouco mais havia que um barracão e a doca incipiente. Eventualmente fizeram-se muros em volta e uma rampa para os barcos a Nascente, a qual uns anos depois foi desactivada e feita outra, pois a construção do Viaduto para a Ponta Vermelha tornou impraticável o seu uso por falta de acesso. Mas servia lindamente para, de vez em quando, em dias quentes, eu ir de minha casa na Rua dos Aviadores até lá, com o meu cão pastor alemão, para tomarmos banhos de mar.
Parte do texto alusivo ao Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques no “Livro de Ouro de Moçambique, 1970. Para ler o texto na sua totalidade, ver nas notas em baixo.

Em miúdo, eu sempre tive a impressão que o Clube de Pesca, cujas festas de passagem de ano eram vagamente badaladas na Cidade, tal como as do Clube Militar e as do Grémio de Lourenço Marques, seria um tanto elitista e de acesso algo restrito (jóia cara, quotas caras, acesso via bola branca bola preta, entrada por convite, pais alegadamente betos, filhos alegadamente betos) comparado com quase todos os outros clubes da Cidade, que eram maiores e que constituíam a maioria arrasadora dos residentes – e onde se praticavam desportos mais populares. Eu era do Desportivo, e penso que serei até morrer. Mas era o que eu ouvia, não tenho factos e muito menos tinha qualquer interesse em alguma vez lá meter os pés. Penso que para quem gostava de pesca desportiva no alto-mar (algo que eu pagaria para não fazer) devia ser muito bom. Sendo que a prática da pesca desportiva era muito cara e muito especializada, obviamente que não era para todos. E fazia parte da mística de um local privilegiado em termos mundiais para a sua prática como Lourenço Marques. A piscina, onde eu meti os pés uma única vez por obrigação de serviço, dava apenas para se dar um mergulho tímido e a maior parte do tempo o sítio era fustigado por uma ventania tal que não se podia estar lá.

Num texto soberbo do Nuno Castelo Branco àcerca dum texto publicado por uma gaja e em que ele abordou tangencialmente o tema dos clubes da Cidade enquanto ambos lá crescíamos, ele entrou nalgum detalhe sobre o assunto. Cito: “o tal Grémio e as imaginativas piscinas dos country-clubs (!) – deve unicamente querer aludir ao Clube de Pesca – eram locais tão alheios à maioria dos naturais de Moçambique, como algumas das curibecas regimenteiras da Lisboa ou dos Estoris/Cascais de hoje. Quantas centenas de licenciados, chefes de serviços, directores de organismos do Estado ou pequenos empresários, jamais colocaram os pés – ou quiseram colocá-los – no dito Grémio? Por regra, os seus frequentadores eram gente olhada com um certo – ou despeitado – desdém pelos hegemónicos remediados e amplamente considerados como os patetas, parvalhões, pedantes ou páchiças-pretensiosos. Há sempre que contar com a clássica pontinha de inveja. De facto, a maioria destes privilegiados pela Situação – os Almeidas Santos e adjacentes incluídos – foi sempre gente que pouco mais de uma vintena de anos residiu no território, enriquecendo depressa e juntando os cabedais, calculadamente entesourados na Metrópole. Com eles convivia um punhado de velhos colonos, mas eram a excepção que confirmava a regra.”

A impressão existia. Tanto assim que, quando veio a Frelimo fardada e com o seu discurso do comunismo anti-elitista (excepto para eles, claro) em 1975, os desgraçados do Clube de Pesca que se esqueceram de ir embora um dia anunciaram um curso de pesca desportiva – “aberto a todos”, o que motivou logo um estúpido mas esperado comentário de um escriba medíocre, dinâmicamente afecto à nova nomenclatura, aludindo ao prévio estatuto exclusivista do Clube. Não houve, e não há, pachorra.

Numa iniciativa de dúbia eficácia, comum na altura, o novo regime pura e simplesmente apropriou-se do espaço e ali fez mais tarde uma “escola náutica”, que, parece, cinquenta anos depois ainda não se conseguiu desalojar dali para fora e restaurar ao espaço ao uso exclusivo pelos cidadãos – excepto a piscina, que, agora já na era do nascente “capitalismo moçambicano”, foi estrategicamente alugada e onde se instalou um restaurante, ajudando a dar mais cabo do lugar.

Informações adicionais:

https://ccbibliotecas.azores.gov.pt/cgi-bin/koha/opac-MARCdetail.pl?biblionumber=218473

http://memoria-africa.ua.pt/Catalog/ShowRecord.aspx?MFN=139520

https://housesofmaputo.blogspot.com/2016/06/clube-de-pesca-desportiva-de-lourenco.html

https://macua.blogs.com/files/livroouromoc2.pdf (ver pags 60-62)

https://delagoa1.rssing.com/chan-6200616/article9-live.html

CLUBE DE PESCA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

https://housesofmaputo.blogspot.com/2018/06/doca-dos-pescadores-clube-de-pesca.html

https://estadosentido.blogs.sapo.pt/1082781.html?thread=3976605

18/02/2021

O SPORTING CLUBE DE LOURENÇO MARQUES EM 1937 E EM 1962

Imagens retocadas.

O Sporting Clube de LM foi formalmente constituído em 3 de Maio de 1920. Leia em baixo uma descrição do seu percurso.

Em 1962, o futuro estádio de basquetebol coberto do Sporting e sede em construção, bem como o muro exterior e entrada do Sporting LM, supostamente, em boa parte, com fundos da venda do passe de Eusébio ao Benfica de Portugal, obtidos depois de uma longa negociação. O estádio ficou implantado num triângulo de terreno encaixado entre o campo de futebol do Sporting (o mais antigo da Cidade) e os terrenos do Grupo Desportivo, à direita na imagem.A cobertura seria feita de faixas de alumínio leve, encaixadas, para proteger da chuva. Mais ou menos. A construção deste estádio lançou o Sporting para os píncaros do basquetebol de Moçambique e de Portugal, quase tão bom como o vizinho Desportivo (…).
O campo de futebol do Sporting LM, estando no seu cimo à esquerda a Sede original do Clube, que depois foi usada para a prática do judo. O edifício branco em baixo à direita é a sede do Grupo Desportivo Lourenço Marques. Ao fundo, o Aterro da Maxaquene, ainda coberto por eucaliptos.
O emblema do Sporting, contendo um leão. Uma curiosidade: aquando da construção do monumento em homenagem ao Marquês de Pombal, o artista que venceu o contrato da estátua era um futuro sportinguista e fez uma estátua do marquês….com um leão ao seu lado.Ao que se sabe, o Marquês nunca teve um leão de estimação. Nesta imagem, a data de fundação é indicada como 4 e não 3 de Maio, a data supostamente correcta.
Uma curiosidade que só consegui esclarecer há poucos dias foi a razão porque é que o Sporting e o Desportivo estavam implantados da forma como se encontram hoje, em ângulo um em relação ao outro. A razão é aparente nesta imagem, tirada no final de Novembro de 1937. Após a execução do enorme Aterro da Maxaquene no final da década de 1910, durante muitos anos havia uma estrada que passava entre o edifício da Câmara Municipal (ainda hoje um tribunal) e os dois clubes e seguia para a Estrada Marginal (mais tarde fez-se a Avenida da República, hoje 25 de Setembro). A disposição da estrada determinou a forma como os terrenos dos dois clubes foram definidos. sendo que, nos anos 50, a estrada foi cortada a partir do final do campo de futebol do Desportivo (Estádio Paulino dos Santos Gil), que por sua vez foi construido em 6 semaas em 1951(por isso não se vê nesta imagem).. Pouca gente sabe que nesta altura o Desportivo já tinha um campo de futebol, que ficava situado directamente em frente à Câmara Municipal (hoje o tribunal) e ocupava o espaço hoja ocupado pelos campos de basquet e a piscina – e é o campo que se pode ver na imagem, a seguir ao campo do Sporting. Nos Anos 40, a Câmara fez um negócio com o Desportivo em que a frente do terreno recuava 50 metros até à cota onde estava a sede do clube (destruindo o campo de futebol) e em troca a Câmara deu o terreno para o futuro campo de futebol….que ficaria assim a seguir ao campo do Sporting.
A mesma imagem da de cima, de 1937, legendada. A Câmara Municipal é o Tribunal em frente ao Desportivo. Na estação de Bombeiros hoje está implantado o Edifício 33 Andares.

O sítio Wikisporting resume assim o percurso do Sporting LM:

“As origens do Sporting Clube de Lourenço-Marques encontram-se em 1915, quando um grupo de estudantes do Liceu 5 de Outubro formaram uma equipa de futebol, a que decidiram chamar Sporting, por a maioria ser adepto do Sporting Clube de Portugal. Esse grupo incluía Jorge Belo, Júlio Belo, José Agent, António Amorim, Manuel Dias, João Amorim, Abel Cardoso, Luís Cardoso, Luís Maria da Silva, João Carvalho, José Roque de Aguiar, e A. Gonçalves.

Este foi o núcleo que, cinco anos depois, sendo o Sporting Clube de Lourenço Marques já importante na região, decidiu legalizar o clube. No dia 3 de Maio de 1920, considerado nos estatutos como a data oficial de fundação, vinte sócios fundadores realizaram uma assembleia geral onde foram aprovados os estatutos, cuja aprovação foi requerida ao Governador-Geral a 15 desse mês e concedida em 21 de Julho de 1920. Esses fundadores foram Jorge Belo, Joaquim Duarte Saúde, José Roque de Aguiar, Peter Mangos, António José de Sousa Amorim, Alberto Gonçalves Túbio, Júlio Belo, José Nicolau Argent, Edmundo Dantes Couto, Manuel Sousa Martins, José Miguens Jorge, José Mendes Felizardo Martins, Alfredo Carlos Sequeira, João Carvalho, Manuel Dias, José Lopes, António Pimenta Freire, Augusto Gendre Ferreira, António Maria Veiga Peres, Abílio Carmo, João de Freitas e Fernando de Figueiredo Magalhães. Note-se que a maioria dos fundadores era menor de idade, e o requerimento de legalização foi subscrito por pessoas que não participaram na reunião de 3 de Maio. Rapidamente o Sporting de Lourenço Marques se tornou num dos mais importantes clubes desportivos de Moçambique, não se limitando ao futebol.

Em março de 1923 o Dr. Aurélio Galhardo encetou negociações com o clube moçambicano para que este se tornasse Filial leonina. Assim, o Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a Filial nº 6 do Sporting Clube de Portugal, e assim se manteve até 1975. [4] Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual – Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.
Segundo os testemunhos de antigos jogadores de futebol do Sporting de Lourenço Marques, Naldo Quana, Joaquim Aloi, Miguel Vaz e Leovelgildo Ferreira, que transitaram para o Maxaquene, antes da independência o clube “era um clube selectivo. Para os negros jogarem no Sporting ou tinham que ser jogadores com a qualidade de Eusébio da Silva Ferreira ou, então, tinham que ter alguém que os apadrinhasse”. Os seus dirigentes e atletas proviriam principalmente da Polícia e do Serviço Municipalizado de Água e Electricidade. No entanto, isto era decorrente, não de uma decisão do Sporting de Lourenço Marques, mas sim de uma “proibição da utilização de negros sem alvará de assimilação” no futebol. Efectivamente, José Craveirinha, um dos maiores poetas de Moçambique e figura maior da literatura de língua portuguesa, galardoado em 1991 com o Prémio Camões, enalteceu “o rasgo de puro e desassombrado desportivismo” que representara, na época de 1951/52, o “caso absolutamente ímpar” da “apresentação nas pistas de atletismo de alguns atletas negros puros envergando a tão susceptível, até aí, camisola do Sporting local.” Mais ainda, os sino-moçambicanos de Lourenço Marques praticavam desporto no Sporting.”

06/08/2019

LOURENÇO MARQUES EM 1969

Imagem retocada.

 

A ponta da Polana, a Maxaquene e o seu Aterro e ainda a Baixa de Lourenço Marques, final da década de 1960.

 

09/07/2019

VISTA AÉREA DE LOURENÇO MARQUES, FINAL DA DÉCADA DE 1950

Imagem retocada.

O que se pode ver nesta imagem:

  1. Na Catembe ainda havia pouca construção;
  2. A FACIM ainda não existia e a zona do Aterro de Maxaquene ainda estava praticamente intocada e coberta de eucaliptal;
  3. Ainda havia poucos prédios na Maxaquene e na Polana;
  4. O Hotel Cardoso ainda tinha apenas um andar;
  5. À direita, já se vêm os campos de futebol do Sporting (1933) e do Desportivo (1949)
  6. Mais importante, as Barreiras da Ponta Vermelha e da Maxaquene ainda eram muito maiores e cobertas de mato denso. Isso seria radicalmente alterado pelos efeitos do Ciclone Claude (Janeiro de 1966) e das alterações levadas a cabo na sua sequência. O Parque Silva Pereira, em frente ao Liceu Salazar (1952), por exemplo, será significativamente reduzido e quer à sua frente, quer na Ponta Vermelha, em meados dos anos 60, serão feitos aterros para se segurar as barreiras e abrirem novas vias que ligariam a parte Alta da Cidade (Polana e Ponta Vermelha) com a Baixa. De facto em 1974 seria concluída a actual via (que incluiu a construção de um viaduto) ligava a Estrada Marginal na zona do Clube de Pesca com a Ponta Vermelha. Já a via que ligaria a Praça das Descobertas (em frente ao Museu Álvaro de Castro), responsável pela significativa redução do Parque Silva Pereira, e pela destruição do Miradouro que ali havia (ver em baixo), nunca foi construída até esta data. Mas os aterros feitos ali ainda se podem detectar.

 

Vista da Cidade, segunda metade da década de 1950.

 

O Miradouro do Parque Silva Pereira, em frente ao Liceu Salazar (actual Josina Machel) na primeira metade da década de 1960 mas antes da devastação causada pelo Ciclone Claude (início de Janeiro de 1966), em que desapareceria e o actual jardim é cerca de metado do antigo parque. Em segundo plano, o estádio coberto do Sporting de Lourenço Marques uma grande obra do clube na sequência da ida de Eusébio para…o Benfica de Lisboa.

14/09/2018

O DESPORTIVO E O SPORTING EM LOURENÇO MARQUES, 1961

Nestas imagens, destaca-se o estádio coberto do Sporting Clube de Lourenço Marques, então em construção, na sequência da “fuga” de Eusébio para o Benfica em Lisboa. E o Aterro da Maxaquene, na altura ainda um espesso eucaliptal.

 

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05/08/2018

A ANTIGA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURENÇO MARQUES, 1965

Grato ao PPT e ao AHM.

 

A antiga Câmara Municipal de Lourenço Marques, 1965. Por esta altura, já funcionava ali um tribunal. Fica mesmo em frente ao Desportivo na Baixa e é um dos grandes edifícios histórios da Cidade. Naquela altura, para se ir ao Desportivo só havia esta rua, que era a Avenida Álvares Cabral.

29/07/2018

OS IRMÃOS BOTELHO DE MELO NO DESPORTIVO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem colorida e retocada.

No relvado da Piscina dos Pequeninos do Grupo Desportivo Lourenço Marques, cerca de 1964. Ver os nomes em baixo. Foto tirada pelo Pai Melo.

 

1- Paula, 2- António, 3- Fernando, 4-Cló, 5- Chico, 6- Mesquita, 7- Lelé

20/07/2018

O BUSTO À ENTRADA DO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Grato ao PPT e ao AHM. 

Apesar de praticamente ter crescido no Desportivo, e me lembrar vividamente deste busto, especado por cima de um pedestal à entrada do Clube, só hoje, uns 50 anos depois, é que percebi de quem era. Na altura, bem podia ser uma estátua do Napoleão que para mim era a mesma coisa.

Mas era, afinal, Gabriel Maurício Teixeira, um insigne madeirense que foi Governador-Geral da Província entre 1946 e 1958.

O busto era metálico e oco por dentro, estando apenas colocado por cima da base, revestida a mármore. Era pesado e grande.

O busto evocativo de Gabriel Maurício Teixeira, que foi um memorável Governador-Geral de Moçambique, em frente à entrada principal do Desportivo em Lourenço Marques, anos 60. Atrás, as pranchas de salto.

A “gratidão” evocada no pequeno monumento proeminentemente colocado penso que deriva da “revolução” ocorrida no Desportivo durante o seu longo mandato: a demolição do velho campo de futebol, a construção da nova sede e piscinas (1949), campos de basquet e de hóquei e ainda a inauguração do novo campo de futebol, no início da década de 1950 e sobre o qual escreverei um dia destes. Não sei bem o que Gabriel teve a ver com estas iniciativas do clube, mas pelos vistos alguma coisa fez.

Uma história final sobre o busto. Tinha eu uns dez anos de idade e nadava no Desportivo, onde passava a maior parte do meu tempo livre. Um dia apostei com um colega que conseguia pegar no busto e metê-lo junto da piscina. O meu colega apostou que não. No fim, com algum esforço e audácia, não só ganhei a aposta, como subi a parada: o busto do Governador foi parar dentro da piscina grande, a 4.5 metros de profundidade, debaixo das pranchas. Ninguém me viu cometer o acto “terrorista” mas pouco depois o Faz-Tudo reparou no pedestal sem o busto em cima. Lançado o alarme, todos começaram a procurar pelo objecto, sem sucesso. O desaparecimento tornou-se quase assunto de Estado. Só no dia seguinte, quando foram fazer a aspiração do lodo no fundo da piscina (uma tarefa de rotina) é que o gigantesco aspirador de ferro do Desportivo “bateu” num objecto metálico, que, logo se descobriu, era, afinal, o busto de Gabriel Teixeira. Recuperado, foi de novo colocado no pedestal, onde ficou até a Frelimo o mandar apear em 1975, para, desta vez, não mais ser visto. No seu lugar, alguém colocou lá uma espécie de passareco assim aos estilo do Malangatana, que passa por uma águia, um símbolo do clube que, este sim, sobreviveu às intempéries políticas locais.

16/04/2018

LOURENÇO MARQUES VISTA DO AR, OUTUBRO DE 1933

O Ilustrado, 1 de Outubro de 1933,  Nº13, páginas 252-253.

1933. Em primeiro plano, a Av. Pinheiro Chagas já parcialmente constituída em duas faixas.

 

À esquerdo, o Aterro da Maxaquene, ainda “pelado”.

 

À direita, junto ao Aterro da Maxaquene, os campos de futebol do Desportivo, ainda no local onde mais tarde foi feita a sede e a piscina, e a seguir o campo de futebol do Sporting.

 

À direita, o Aterro da Maxaquene e as instalações do Desportivo e do Sporting.

 

08/04/2018

O PAIOL DE LOURENÇO MARQUES, CERCA DE 1900, FOTOGRAFADO PELOS LAZARUS

Esta imagem faz parte do álbum Views of Lourenço Marques, publicado por Joseph e Maurice Lazarus.

O paiol, onde eram guardados os explosivos e material militar, foi construído mais ou menos no mesmo local onde hoje estão as piscinas do Desportivo, em frente à antiga Câmara Municipal de Lourenço Marques (depois tribunal da Relação). Foi demolido cerca de 1919 e o terreno foi aplanado como parte do grande Aterro da Maxaquene.

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01/03/2018

A FEITORIA HOLANDESA EM LOURENÇO MARQUES, 1721

A Companhia das Indias Holandesa, mais conhecida por VOC (a sigla da designação original neerlandesa, Verenigde Oost-Indische Compagnie), na altura uma das entidades europeias que competiam pelo comércio dos mares com Portugal e o Reino Unido, e que desde 1652 operavam no que é hoje a Cidade do Cabo uma base de apoio às suas actividades além-mar, decidiu em 1721 instalar uma feitoria na Baía da Lagoa, no que veio a ser a Cidade de Lourenço Marques, no espaço que alguém estimou ser o terreno onde, para variar, se situa o agora defunto campo de futebol do Grupo Desportivo Lourenço Marques, que na altura ficava directamente em frente à praia (hum, o local merecia algumas escavações arqueológicas…).

A experiência foi um fracasso. A feitoria procurou transaccionar escravos e marfim, principalmente, mas rapidamente os holandeses acharam que a mortandade pela malária não compensava e abandonaram o local, aparentemente ao tiro.

E os tiros não vinham dos nativos Tsonga/Ronga. Uma nota, curiosamente relacionada com o historial da chamada Fortaleza de Lourenço Marques, refere o seguinte contexto (texto editado por mim):

19 de Fevereiro de 1721 – partida de expedição holandesa, oriunda da cidade do Cabo, composta por 113 homens, sob o comando de Klaas Nieuhof, em dois navios, o Gouda e o De Caap;

Abril de 1721 – chegada da expedição à baía de Lourenço Marques; obtida a autorização do chefe local, inicia-se a construção de um forte de madeira, de planta pentagonal, denominado Forte Lagoa; passados seis meses, cerca da metade dos homens havia morrido, sobretudo vítimas de malária; apesar da chegada de reforços da cidade do Cabo, nos navios Zeelandia e Uno, com mais 72 homens e mantimentos, a situação não se alterou;

11 de Abril de 1722 – durante a manhã, três navios piratas ingleses sob o comando do Capitão George Taylor, que operava nas águas do canal de Moçambique, entraram na baía de Lourenço Marques, perseguidos por quatro navios da Companhia Inglesa das Índias Orientais, o Lion, o Salisbury, o Exeter e o Shoreham; as embarcações piratas, o Victory, artilhado com 64 canhões, o Cassandra, com 36, e um barco francês capturado ao largo da Ilha de Santa Maria (actual Madagascar), tinham um total de 900 homens;

18 abril de 1722 – os piratas decidem capturar a feitoria holandesa, bombardeando-a, e capturar um bote e o navio De Caap; às 5 horas da tarde, o forte rende-se; tendo conhecimento de que Van de Capelle, o segundo em comando, se evadira para o interior com 18 homens, os ingleses exigiram o seu imediato regresso, sob pena de arrasarem o edifício; não tendo regressado os holandeses, o forte e feitoria foram destruídos;

dezembro de 1722 – retirada definitiva dos holandeses do local.

Apesar deste texto, outros relatos indicam que a feitoria holandesa na Baía de Lourenço Marques era um slave post, ou seja, primariamente um ponto de tráfico de escravos (uma parte significativa dos mulatos do Cabo descendem de escravos trazidos do que hoje é Moçambique) e que terá sido abandonada em 1732 em resultado de um motim.

 

A feitoria holandesa no futuro campo de futebol do Desportivo, 1721, segundo um mapa guardado nos arquivos da Holanda. No lado esquerdo, pode-se ver a saliência onde, umas décadas mais tarde, foi implantado o pequeno forte português que foi a génese da Cidade de Lourenço Marques.

 

Fase 1 da feitoria holandesa: o Forte Lagoa.

 

Fase 2 da feitoria holandesa.

 

 

 

10/10/2017

O GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, 1949

Fotografia de Luis Filipe, herdada do seu Pai, que então acabara de chegar à capital de Moçambique.

 

O complexo do Grupo Desportivo Lourenço Marques, 1949, pouco depois da inauguração da piscina. Em frente, a antiga sede da Câmara Municipal de Lourenço Marques. Na ponta inferior do lado esquerdo desta imagem, vêem-se as bancadas do campo de futebol do Sporting Clube de de Lourenço Marques.

 

O Grande Francisco Velasco comentou assim esta imagem: Este ano foi a Inauguração do rinque do Clube Desportivo de Lourenço Marques, situado no canto direito superior pela magnífica Selecção Nacional Portuguesa Campeã do Mundo que desencadeou o interesse e entusiasmo em esteróides pela prática do hóquei em patins. Tinha 14 anos bem como os meus colegas e do grupo de rapazes sentados nas bancadas, uns quinze… dez anos mais tarde quatro deles foram Campeões Mundo, 7 campeões da Europa e 4 Campeões Latinos. Foi obra …!

27/10/2013

UM DOMINGO DE MANHÃ NA PISCINA DO DESPORTIVO EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Foto ABM.

Um costume familiar mais ou menos enraizado em minha casa era ir para a piscina do Desportivo aos domingos de manhã.

Um costume familiar mais ou menos enraizado em minha casa era ir para a piscina do Desportivo aos domingos de manhã. Aqui nas bancadas junto da piscina do clube estão o Pai Melo deitado e os meus irmãos Mesquita e Chico.

26/10/2013

FESTA DE CARNAVAL NO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Foto ABM.

 

O meu Pai olha para a fotografia enquanto a minha irmã Paula aponta o dedo, durante uma das festas de Carnaval no Desportivo, início dos anos 70.

O Pai Melo olha para a fotografia enquanto a minha irmã Paula aponta o dedo, durante uma das festas de Carnaval no Desportivo, início dos anos 70.

06/10/2013

O GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, ANOS 1950

O Grupo Desportivo Lourenço Marques (não "de" Lourenço Marques, como muitos parecem crer) em 1950. Fica situado na baixa da Cidade, em terrenos aterrados cerca de 1920.

O Grupo Desportivo Lourenço Marques (não “de” Lourenço Marques, como muitos parecem crer) em 1950. Fica situado na baixa da Cidade, em terrenos aterrados cerca de 1920. À esquerda, o então novo campo de hóquei em patins. À esquerda do edifício redondo, as carreiras de tiro. A piscina foi inaugurada no dia 24 de Julho de 1949, na altura data do feriado municipal de Lourenço Marques.

 

A Piscina do Grupo Desportivo Lourenço Marques, anos 50.

A Piscina do Grupo Desportivo Lourenço Marques, anos 50. Ao fundo, pode-se ver o edifício do Tribunal da Relação, que durante 30 anos foi a Câmara Municipal.

 

18/06/2012

A PISCINA DO DESPORTIVO E O TRIBUNAL EM LOURENÇO MARQUES, 1949

Fotografia da colecção de José Godinho, tirada pelo seu pai, João Godinho, restaurada.

A piscina do Grupo Desportivo Lourenço Marques, no mês da sua inauguração, Julho de 1949. Em frente, o edificio da segunda Câmara Municipal de Lourenço Marques, na altura já um tribunal. Ao fundo a Catembe, que agora escreve-se Ka Tembe.

20/04/2012

O DESPORTIVO E O SPORTING EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Filed under: LM Grupo Desportivo Lourenço Marques, LM Sporting — ABM @ 01:48

Fotografia tirada pelo meu pai, Botelho de Melo, em 1971.

 

A piscina e o campo de hóquei do Desportivo, mais à frente o estádio coberto e o campo de futebol (alagado), a seguir o eucaliptal e ao fundo a Ponta Vermelha. Para ver esta fotografia em todo o seuu esplendor, prima duas vezes na imagem com o rato do seu computador.

 

02/07/2011

VISTA DA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Vista geral da baixa da cidade, anos 60. De destacar que o Prédio 33 andares ainda não existia (se bem que os anteriores edifícios já haviam sido demolidos), a actual sede do Banco Barclays estava a ser feita, Vê-se ainda a sede do Desportivo e a sua piscina, em frente a antiga Câmara Municipal de LM, a Av da República (hoje 25 de Setembro) etc e tal.

15/11/2010

CENA DO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES

RUTE ABREU E LEONTINA BOTELHO DE MELO FAZEM CROCHÉ NA ESPLANADA DO CLUBE, ENQUANTO OS FILHOS TREINAM NA PISCINA DO DESPORTIVO, LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960.

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