THE DELAGOA BAY WORLD

05/02/2023

O CLUBE NAVAL E A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

O Clube Naval de Lourenço Marques e a Ponta Vermelha, década de 1960.

22/09/2022

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, MEADOS DA DÉCADA DE 1960

Imagens retocadas.

O Clube Naval, cerca de 1965. Naquele tempo, era comum esta parte da Baía ter muitos navios fundeados, penso que à espera de vez para atracar.

O Clube Naval, visto de Sul. À esquerda vê-se parte das barreiras reforçadas onde havia um parque a que eu chamava Jardim do Paraíso e onde ia passear com o meu cão. No topo, à direita e fora de vista estava (ainda) o Pavilhão de Chá da Polana, onde estava o Restaurante Oceânia.

18/08/2022

O CLUBE DE PESCA E AS TORRES VERMELHAS EM LOURENÇO MARQUES, 1972

Imagens retocadas.

Em primeiro plano o Clube de Pesca e ao fundo as Torres Vermelhas, na Ponta Vermelha junto da residência do Governador-Geral, ainda em construção. As Torres Vermelhas estão entre os exemplos mais acabados dos “mamarrachos” que foram erguidos agressivamente na Cidade a partir do final da década de 1950, para acolher a vinda de principalmente portugueses, para fazer face às quase luxuriantes taxas de crescimento económico então a acontecer. A vista era bonita, mas o vento atroz. Por esta altura, as barreiras aqui estavam limpas e ordenadas, na sequência do trabalho feito após os efeitos do Ciclone Claude. Note-se a linha vermelha no topo da barreira, que revela o contorno de uma futura estrada de acesso à parte baixa a partir da Ponta Vermelha (uma de duas), mas que até hoje não foi construída.
A mesma localização, aproximadamente, recentemente. O Clube de Pesca foi convertido numa escola da Marinha mas a zona da piscina foi convertida num restaurante privado. As Torres Vermelhas só foram concluídas e ocupadas depois de 1975. As torres foram administradas durante décadas pelo APIE, a entidade que geria as propriedades confiscadas após a proclamação das nacionalizações, em que a torre da esquerda era alugada principalmente a estrangeiros, enquanto que a torre da direita era ocupada por, maioritariamente, nacionais moçambicanos. As condições desta torre, proverbialmente apelidada de “Red Tower”, eram frequentemente deploráveis, pois o APIE não mantinha a estrutura em condições. Hoje não sei em que estado estão. A estrutura de cimento a descer do edifício da Graça Machel é para escoamento de águas pluviais e residuais domésticas, cuja disposição é um dos maiores desafios que a Cidade actual enfrenta e que para além da questão sanitária, estão completamente a poluir e destruir a Baía. Penso que ainda hoje Maputo não tem um sistema de ETARs.

12/08/2022

DIA DE REGATAS NO CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1940

Imagem retocada.

Dia de regatas no Clube Naval em Lourenço Marques, década de 1940. Era um evento a que vinha muita gente assistir, numa cidadezinha onde tudo servia para uma festa e um passeio. Naquela altura a agremiação ainda se chamava Clube Náutico. Se o exmo. Leitor observar atrás, as Barreiras da Polana por esta altura ainda estavam quase no estado original, que só seria alterado mais tarde quando se refez a Estrada Marginal e se construiu uma muralha para dar mais espaço para a edificação de passeios.

27/07/2021

A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, 1939

Imagens retocadas.

A zona da Ponta Vermelha em Lourenço Marques, segunda metade de 1939, mais ou menos quando começou a II Guerra Mundial. Por esta altura já existia a muralha que sustentava a Estrada Marginal até ao Grémio Náutico (que pouco depois mudaria o seu nome para Clube Naval), pode-se ver o Museu Álvaro de Castro e ao lado ainda os terrenos da Eastern Telegraph (onde depois seria edificado o Liceu Salazar). As barreiras ainda estavam mais ou menos no estado original, seriam depois modificadas com a construção de muros de apoio e arborização. Mais curioso, e o que parece ser ainda o farol da Ponta Vermelha, que se vê no espaço plano em baixo à esquerda. O farol está bem documentado, mas não se sabe bem quando foi demolido. Note-se ainda o Aterro da Maxaquene, com o que parecem hortas ou canteiros.

O Farol da Ponta Vermelha, final do Século XIX. Anos mais tarde seria modificado para ter mais altura.

20/06/2021

MACHIMBOMBO ENTRE A PRAIA DA POLANA E A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Imagem retocada e colrida a partir de uma digitalização dos arquivos nacionais de Moçambique.

O machimbombo carreira da Praia da Polana na Estrada Marginal, perto do Clube Naval e do Pavilhão de Chá da Polana, anos 40. Anos mais tarde, este trecha da Estrada Marginal foi “encostado” às Barreiras da Polana.

24/09/2019

A PRAIA DA POLANA E O HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1920

Imagens retocadas, a partir de postais da Bayly Ltd.

 

O Hotel Polana e, em primeiro plano, a Estrada do Caracol, que ligava a parte Alta da Polana com a Praia da Polana.

 

A Praia da Polana, o Hotel Polana em cima à esquerda. Nesta altura a Estrada Marginal ainda não existia e este era o único passeio marítimo acessível aos residentes da Cidade.

25/08/2019

VISTA AÉREA DE LOURENÇO MARQUES, CERCA DE 1960

Imagem retocada, captada por Vasco Campos.

 

Vista aérea de Lourenço Marques, cerca de 1960, mostrando o Hotel Polana, atrás a Carreira de Tiro e à esquerda a Polana. Note-se que nesta altura, a Avenida Massano de Amorim (hoje creio que Mao-Tsé-Tung), a que “sobe” do lado direito, apesar de já estar desenhada para duas vias, ainda só tinha alcatroadada uma via.

09/07/2019

VISTA AÉREA DE LOURENÇO MARQUES, FINAL DA DÉCADA DE 1950

Imagem retocada.

O que se pode ver nesta imagem:

  1. Na Catembe ainda havia pouca construção;
  2. A FACIM ainda não existia e a zona do Aterro de Maxaquene ainda estava praticamente intocada e coberta de eucaliptal;
  3. Ainda havia poucos prédios na Maxaquene e na Polana;
  4. O Hotel Cardoso ainda tinha apenas um andar;
  5. À direita, já se vêm os campos de futebol do Sporting (1933) e do Desportivo (1949)
  6. Mais importante, as Barreiras da Ponta Vermelha e da Maxaquene ainda eram muito maiores e cobertas de mato denso. Isso seria radicalmente alterado pelos efeitos do Ciclone Claude (Janeiro de 1966) e das alterações levadas a cabo na sua sequência. O Parque Silva Pereira, em frente ao Liceu Salazar (1952), por exemplo, será significativamente reduzido e quer à sua frente, quer na Ponta Vermelha, em meados dos anos 60, serão feitos aterros para se segurar as barreiras e abrirem novas vias que ligariam a parte Alta da Cidade (Polana e Ponta Vermelha) com a Baixa. De facto em 1974 seria concluída a actual via (que incluiu a construção de um viaduto) ligava a Estrada Marginal na zona do Clube de Pesca com a Ponta Vermelha. Já a via que ligaria a Praça das Descobertas (em frente ao Museu Álvaro de Castro), responsável pela significativa redução do Parque Silva Pereira, e pela destruição do Miradouro que ali havia (ver em baixo), nunca foi construída até esta data. Mas os aterros feitos ali ainda se podem detectar.

 

Vista da Cidade, segunda metade da década de 1950.

 

O Miradouro do Parque Silva Pereira, em frente ao Liceu Salazar (actual Josina Machel) na primeira metade da década de 1960 mas antes da devastação causada pelo Ciclone Claude (início de Janeiro de 1966), em que desapareceria e o actual jardim é cerca de metado do antigo parque. Em segundo plano, o estádio coberto do Sporting de Lourenço Marques uma grande obra do clube na sequência da ida de Eusébio para…o Benfica de Lisboa.

05/07/2019

O MIRADOURO DE LISBOA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1950

Imagem retocada.

 

O Miradouro de Lisboa inaugurado durante a II Guerra Mundial, fica situado na Avenida Friedrich Engels (anteriormente, Avenida dos Duques de Connaught) na crista das Barreiras da Polana, face a Leste, em frente à Inhaca e a entrada da Baía. Em baixo fica o Clube Naval.

23/06/2019

O MIRADOURO DE LISBOA NA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagem retocada.

 

O Miradouro de Lisboa, no cimo da Barreiras da Polana, face a Nascente, na Avenida dos Duques de Connaught, actualmente Avenida do Amigo e Patrocinador do inolvidável Karl Marx. Mandado fazer durante a II Guerra Mundial, pela vereação liderada pelo lendário Eng. Francisco Pinto Teixeira.

14/09/2018

O HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1937

 

O Hotel Polana e a zona da Polana, 1937. Atrás do hotel, o Parque José Cabral.

12/09/2018

OS BALOIÇOS DO CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Os baloiços do Clube Naval, 1961. Ao fundo, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana.

26/08/2018

O PAVILHÃO DE CHÁ DA POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1950

Imagem de um postal da Foto Lu Shih Tung em Lourenço Marques.

 

A Praia da Polana, Pavilhão de Chá da Polana, Clube Naval e Barreira da Polana em Lourenço Marques, anos 50.

29/07/2018

A RAMPA PEDESTRE ENTRE A POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem colorida por mim.

 

À esquerda, a “famosa” rampa para pedestres que descia da Polana para o Clube Naval, anos 60. Apanhava-se na Avenida dos Duques de Connaught a seguir à ruazinha que descia da esquina do Restaurante Piri-Piri. Usei-a vezes sem conta mas, por milagres da Independência, “desapareceu” e décadas depois encontrei gente em Maputo que jura a pés juntos que ela nunca existiu. Aliás o maior estampanço que dei num carrinho de rolamentos foi a descer esta rampa, digamos que falharam os travões…. a Barreira da Polana aqui está periclitante o que faz prever que um dias destes vai haver festa, sendo que esta rampa servia para recolher as águas pluviais a meio da barreira. Nesta imagem, o Pavilhão de Chá ainda existia, mais à frente.

A PRAIA DA POLANA E O CLUBE NAVAL, 1910S

Imagem colorida por mim.

A Praia da Polana e o Clube Naval, segunda década do século XX. Daqui se pode ver que o edifício foi construído sobbre um aterro feito a partir das Barreiras da Polana.

16/04/2018

LOURENÇO MARQUES VISTA DO AR, OUTUBRO DE 1933

O Ilustrado, 1 de Outubro de 1933,  Nº13, páginas 252-253.

1933. Em primeiro plano, a Av. Pinheiro Chagas já parcialmente constituída em duas faixas.

 

À esquerdo, o Aterro da Maxaquene, ainda “pelado”.

 

À direita, junto ao Aterro da Maxaquene, os campos de futebol do Desportivo, ainda no local onde mais tarde foi feita a sede e a piscina, e a seguir o campo de futebol do Sporting.

 

À direita, o Aterro da Maxaquene e as instalações do Desportivo e do Sporting.

 

15/04/2018

O HOTEL POLANA E LOURENÇO MARQUES NOS ANOS 1940

Fotos de Luis Filipe, tiradas pelo seu Pai e retocadas.

 

1 de 3.

 

2 de 3.

 

3 de 3.

08/04/2018

OS BOMBEIROS E O PAVILHÃO DE CHÁ DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1931

Imagem copiada da revista Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, Nº1, edição de Maio-Junho de 1931, páginas 18 e 19.

 

Imagens da fachada dos Bombeiros de Lourenço Marques e do Pavilhão de Chá da Polana, 1931.

 

 

13/02/2018

A PRAIA DA POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, 1931

…e ao fundo o Pavilhão de Chá da Polana.

 

A Praia da Polana, Clube Naval e ao fundo o Pavilhão de Chá da Polana, 1931.

30/10/2017

A PRAIA DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

A Praia da Polana, antes da Estrada Marginal, do Clube Naval, do Salão de Chá, da Estrada do Caracol. Havia uns barracões e o Pontão do Almeida (sempre chamado em inglês, Almeida Pier). Ao fundo a Ponta Vermelha.

Penso que, nesta fotografia, se observa o início da construção da Estrada do Caracol, que durante vários anos era o único acesso a este local.

 

Praia da Polana.

13/10/2017

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES: 104 ANOS, EM FOTOGRAFIA

 

Emblema do Clube, em pano, para colocação num casaco.

 

A Praia da Polana, cerca de 1910. O Clube ainda não existia.

 

O Clube pouco depois da sua fundação em 1913. Do lado direito podem-se ver os carris do caminho de ferro da Polana, que ligava a Praia à Baixa da então pequena cidade.

 

O Clube a a primeira muralha construída a Norte e que durou pouco.

 

O Clube Naval , detalhe de uma fotografia de um dos álbuns de Santos Rufino, publicado em 1929.

 

Meados da década de 1920. O Clube e, mais acima, o Salão de Chá da Polana. O Clube faz um pontão de madeira.

 

Aproximadamente a mesma fotografia da anterior. A construção do Clube, da muralha e do Salão de Chá efectivamente destruiram a Praia da Polana, que rapidamente ficou sem areia.

 

Anos 40. A muralha a Norte é refeita e reforçada e o pontão é extendido.

 

Dia de evento desportivo no Clube, que a partir dos anos 40 tem um conjunto de eventos mais intenso.

 

Anos 50. Obras no pontão.

 

Anos 50. Dia de evento desportivo.

 

Início dos anos 60. Pontão de cimento envolvente e passeio junto à muralha.

 

O Clube no início dos anos 60. À direita, a Estrada Marginal.

 

O Clube nos anos 60. A segunda rampa em construção.

 

Anos 60.

 

Anos 60. A segunda rampa já edificada.

 

Anos 60.

 

Anos 60. O Pavilhão de Chá será demolido no final da década.

 

Anos 60. O Clube visto do Sul. Ao lado, a Estrada Marginal. À esquerda, as Barreiras da Polana e parte do então Jardim do Paraíso, amuralhado para segurar a Barreira e evitar desabamentos de terra devido à grande inclinação. À direita, o enorme parque de estacionamento para os que faziam o Passeio dos Tristes aos domingos.

 

O Clube no início do Século XXI. Antes de 1974, a primeira rampa foi demolida e na plataforma junto ao edifício foi construída uma piscina, inaugurada ainda em 1974. O parque de estacionamento a seguir ao Clube é ocupado com construções.

 

O Clube, visto por satélite.

 

O Clube na segunda década do Século XXI. O Pavilhão de Chá da Polana estava onde se vê a palmeira. Construções na encosta junto e a seguir ao Caracol.

 

Vista geral do local, com vénia a Steven Le Vourc’h.

 

A sede, imagem recente.

11/09/2017

A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES

Não terão sido os portugueses a baptizar o promontório que agora de chama Ponta Vermelha, ou, para os anglófonos, Reuben Point. Este foi um termo que se tornou comum para todos os navegadores que rumavam a então Baía de Lourenço Marques – ou Delagoa Bay, o nome deste blogue. Porquê? aqui se explica, começando com um visão geral da morfologia do terreno e depois algumas fotografias que seleccionei.

Um fotografia de satélite de Maputo, recente.

A Baía que rodeia a Sul a actual Cidade de Maputo resulta de uma peculiar geologia e morfologia e ainda a circunstância de ali desaguarem vários rios. Se a maioria dos terrenos ali em redor são quase areia da praia, na zona em redor da actual cidade existe uma considerável plataforma de terra vermelha que se eleva suavemente a partir de Noroeste – da zona de Marracuene e que segue, do outro lado da Baía, durante mais alguns quilómetros, e que se “parte” quase súbita e abruptamente, de um lado a Ponta Vermelha, e do lado da Catembe, a Ponta Mahone. Pelo meio, nota-se o impacto dos rios que vêm do lado da Matola, e que escavaram a parte Poente da Baía e, a Norte (como se pode ver na foto) o enorme impacto da foz do Rio Incomáti, que desagua à entrada da actual Baía, descarregando os rios quantidades enormes de areia e detritos, que deverão estar na origem das Xefinas e da Inhaca.

No meio deste ecosistema essencialmente determinado pelo mar, pelos ventos, pela água dos rios e da erosão, está a Ponta Vermelha.

Essencialmente, a Ponta Vermelha resistiu de forma mais pronunciada às pressões ambientais circundantes porque, numa parte das camadas que constituem os seus solos, havia pedra vermelha.

Os Rochedos da Ponta Vermelha, final do Século XIX.

Essa pedra vermelha contrariava significativamente a erosão constante exercida pelos elementos, que lentamente iam “comendo” as areias que compunham as encostas da Ponta Vermelha (e da Ponta Mahone), que caíam para as praias em frente.

Quando a Baía começou a ser habitada, e principalmente, visitada por europeus, em navios, durante o Século XIX, o que agora é a Ponta Vermelha era basicamente uma zona pouco habitada e de densa floresta. Os europeus só começaram a habitá-la no final do Século XIX, quando se criaram acessos por estrada a partir da pequena Lourenço Marques, ali a uns 2-3 quilómetros, e mesmo assim só depois de ali se ter criado um sistema de abastecimento de água, que não havia.

Para quem conheceu Lourenço Marques e agora conhece Maputo, devido às enormes alterações feitas nos terrenos da Ponta Vermelha e em redor da Ponta Vermelha, não é evidente como aquilo era no final do Século XIX.

Naquela altura, a plataforma que constitui a Ponta Vermelha e a Maxaquene era muito mais avançada em direcção ao mar do que se pode depreender hoje, e caía abruptamente em direcção à praia em baixo, nalgumas partes em contínua erosão, com as terras brancas e vermelhas à vista (especialmente nas duas direcções a partir da Ponta Vermelha) enquanto que noutros locais essas encostas estavam cobertas por vegetação.

Desenho ilustrando a Ponta Vermelha, vista de Lourenço Marques, 1891. Este sketch sugere claramente que a Ponta Vermelha naquela altura “caía” quase abruptamente para o mar. Na zona da Ponta Vermelha propriamente dita não havia praia: haviam rochedos, como se pode ver na imagem em cima. Essas rochas ajudavam a proteger o promontório contra os elementos. Uma curiosidade deste desenho é que é a única ilustração que conheço mostrando o primeiro farol da Ponta Vermelha, que era uma espécie de tripé de metal ali edificado e que existiu entre 1877 e 1892, quando foi substituído por um pequeno farol de pedra e cal.

 

Uma fotografia de J&M Lazarus, final do Século XIX, mostrando a Ponta Vermelha a partir da Baixa da então pequena Lourenço Marques. Foto tirada de Poente para Nascente. Note-se a forma íngreme como o promontório cai para o mar.

 

Foto do início do Século XX, mostrando a encosta da Maxaquene, que termina na Ponta Vermelha. Esta enseada seria aterrada vinte anos depois e seria onde mais tarde se faria, por exemplo, a FACIM. Mas importante é observar as encostas, que são muito mais avançadas do que hoje, em rápida erosão, mostrando as areias soltas  e alguma vegetação. Se deste lado e do outro lado da Ponta Vermelha haviam praias com areia, na Ponta Vermelha em si havia rochedos.

 

Uma imagem recente da Ponta Vermelha. Note-se como as encostas foram alisadas e cobertas com vegetação, para além de se ter edificado a Estrada Marginal, por cima dos Rochedos da Ponta Vermelha e da Praia da Polana, recorrendo-se a muros de suporte e esquemas de irrigação de águas pluviais.

 

Este postal, do final do Século XIX ajuda parcialmente a explicar o nome da Ponta Vermelha. Digo parcialmente porque estes postais foram pintados à mão e o ilustrador às vezes pintava as coisas de forma digamos que criativa. O que os registos da altura indicam é que, quando se navegava para a Baía de Lourenço Marques quer vindo do Norte, quer vindo do Sul, ao longo da costa, a única coisa que se podia ver dos navios era uma longa, constante linha baixa e consistente de verde escuro, da vegetação. Mas quando se entrava na Baía, onde a pequena Cidade de Lourenço Marques se “escondia” por detrás do promontório da Ponta Vermelha, a primeira coisa que se notava era a alta encosta a Nascente (que se vê nesta imagem) com as suas areias amareladas e vermelhas, a cair acentuadamente para a praia. Daí o nome “Ponta Vermelha”.

 

A Ponta Vermelha vista do lado Nascente, onde ficava a Praia da Polana, primeiros anos do Século XX.  Mais uma vez, repare-se na forma abrupta como a encosta cai para a praia.

 

Mais uma imagem da Ponta Vermelha vista da Praia da Polana, aqui cerca de 1920. A encosta ainda a cair de forma abrupta para a praia e sem vegetação.

 

Nesta imagem, de um postal de cerca de 1920, já se nota que se fizeram alguns trabalhos de movimentos de terras (um pequeno acesso à Polana, à direita, e que ainda existe) provavelmente para se encher a plataforma onde se fez o Clube Naval e mais tarde a Estrada Marginal e o Pavilhão de Chá. Mais uma vez, o ilustrador pintou tudo de verde, o que é incorrecto.

 

Nesta imagem de um dos álbuns de Santos Rufino, tirada em meados dos anos 20 na Ponta Vermelho, nota-se que se fizeram os acessos ligando a Baixa à Polana aterrando as praias originais e sobre os rochedos na Ponta Vermelha, indo buscar as terras à encosta.

 

A Ponta Vermelha vista do Hotel Polana em meados da década de 1920. Foto de um dos álbuns de Santos Rufino. 

 

Este é o aspecto da Estrada Marginal junto à Ponta Vermelha nos anos 1960. À semelhança dos Aterros da Maxaquene, fez-se aqui uma muralha de pedra que apoia a plataforma onde se fez a estrada. Arborizaram-se entretanto as encostas menos íngremes, para se segurarem as terras. Mesmo assim, quando havia temporais, era frequente haver desprendimentos de terra, que inundavam a estrada e caíam ao mar.

 

A encosta da Polana, logo a seguir à Ponta Vermelha, nos anos 70. Devido à construção do Clube Naval, do Pavilhão de Chá e da Praia da Polana, por um lado, e do outro lado a construção da Avenida dos Duques de Connaught (hoje Fridrich Engels), este permanece um dos grandes “erros” urbanos da Cidade (o outro é o centro da Baixa que quase todos os anos inunda). Pois para além de se ter mantido um ângulo de descida demasiadamente íngreme, a constante erosão e, depois da Indepedência, a insana prática de corte das árvores para lenha por parte das pessoas, fez com que esta secção da Polana esteja em perigo de derrocada. Basta um ciclone como o Claude em 1966 e corre-se o risco de desmoronamento da encosta.

 

No caso da Ponta Vermelha propriamente dita, ainda nos anos 20, para contrariar o perigo de desmoronamento da encosta e lidar com a sua enorme inclinação, foram construídas – com pedra vermelha obtida no próprio local – grandes muralhas que se podem ver parcialmente nesta imagem recente, que se encontram escondidas por detrás de conjuntos de árvores que foram plantadas em pátios, tendo essa área sido convertida num grande jardim, que nos anos 60 eu chamava Jardim do Paraíso. Hoje os locais chamam-lhe Jardim dos Namorados. Em frente à encosta, a plataforma, construída nos anos 20, onde assenta a Estrada Marginal.

 

Esta imagem recente ilustra a Estrada Marginal logo a seguir à Ponta Vermelha e até ao Clube Naval.  E mostra algumas curiosidades. A primeira é à esquerda, inserido na muralha, ainda um dos “pedregulhos” enormes de pedra vermelha que restam dos Rochedos da Ponta Vermelha, e que ali ficou. A segunda é o mau estado da muralha, apesar de sucessivas obras de manutenção. Em cem anos, o nível médio do mar subiu cerca de 30 cms e em breve toda a plataforma terá que ser aumentada em cerca de 1-2 metros, para não ser invadida pelo mar, especialmente em dias de mau tempo. A terceira é a falta de areia, que deixou de cair das encostas da Ponta Vermelha e da Polana, deixou de vir dos rios e passou a ser dragada regularmente da Baía, para permitir aos navios acederem ao porto da Cidade. O efeito dessa alteração é que cada vez menos existe ali uma barreira de areia para atenuar as ondas das marés, que crescentemente são mais agressivas.

 

 

 

09/06/2016

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES E AS BARREIRAS DA POLANA, ANOS 1960

 

 

O Clube Naval de Lourenço Marques, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana, nos anos 60.

O Clube Naval de Lourenço Marques, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana, nos anos 60. Ao fundo, a Ponta Vermelha.

03/01/2014

O PAVILHÃO DE CHÁ DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1920

Fotografia © de Vasco Freitas, digitalizada e depois restaurada por mim. O original que pertence à Colecção do seu Avô, António Joaquim de Freitas, que foi Engenheiro de Minas e Director da (então designada) Repartição de Indústria e Geologia de Moçambique, entre 1928 e 1954. António de Freitas foi ainda o Sócio Fundador Nº 1 da Sociedade de Estudos de Moçambique. A fotografia foi revelada e passada a papel na Foto Louis Léome Hily (e não Léone Hilly), na altura sita no Nº 193 da Avenida Manuel de Arriaga, em Lourenço Marques.

Muito grato ao Vasco Freitas por permitir mostrar esta excelente fotografia aqui.

 

O Pavilhão de Chá da Polana, defronte da Praia da Polana em Lourenço Marques, anos 1920.

O Pavilhão de Chá da Polana, defronte da Praia da Polana em Lourenço Marques, anos 1920. Na altura, a Estrada do Caracol era o único acesso a esta praia.

 

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