Imagem retocada.
12/05/2024
01/05/2024
27/11/2023
BILHETE DE ENTRADA NO MUSEU ÁLVARO DE CASTRO EM LOURENÇO MARQUES, 1974
Imagem retocada, de Luis Miguel Reis.
28/03/2023
TAXIDERMIA NO MUSEU ÁLVARO DE CASTRO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Imagens retocadas e coloridas.
15/08/2022
27/07/2021
24/06/2021
FERNANDO CABRAL, ANOS 60
Imagem retocada, do Museu Nacional de História Natural em Washington, DC, EUA.
Acho que o Fernando Cabral, cuja imagem segue em baixo, era irmão do Augusto Cabral do Museu Álvaro de Castro e conheci-o pois viveu durante uns anos mesmo em frente à minha casa na Rua dos Aviadores em Lourenço Marques (hoje Rua da Argélia), ao lado da casa dos donos do Lopes & Baptista. Era de poucas palavras, reservado e severo. Tinha três filhos e eu dava-me com o Zé Pedro, um deles. Brincávamos na rua invariavelmente descalços e mal vestidos. Com ele, visitei muitas vezes o Museu e o atelier do Pai, que ficava situado atrás do espaço público do Museu, do outro lado de onde esteve durante muitos anos o atelier da Reinata. Cheio de bichos empalhados e com um cheiro esquisito de químicos misturados com sal. Era no quintal da casa dele que havia a melhor mangueira de Lourenço Marques, que dava daquelas mangas pontiagudas e roxas e verdes por fora e amarelo-torrado por dentro quando maduras. Infelizmente, tinha também um jacaré no quintal, sempre a fingir que estava a dormir, o que tornava algo desafiante para mim ir lá apanhar mangas (não que fosse impeditivo. Comi as mangas que quis. O jacaré bem tentou mas nunca me apanhou). No jardim à frente, tinha uma pequena gazela a que chamávamos Bambi. Um dia no final dos anos 60 mudou de casa e nunca mais o vi. Até hoje. Creio que foram para Portugal mas não sei.
08/06/2021
02/05/2021
O MUSEU ÁLVARO DE CASTRO DE LOURENÇO MARQUES, 50 ANOS DEPOIS
Para além de ter mudado de nome, está quase na mesma desde que o visitava com o filho do meu vizinho Fernando Cabral em meados dos anos 60. A única diferença se calhar é no país: a continuar a matança de que se fala, qualquer dia os únicos animais que se podem ver em Moçambique são os que estão empalhados aqui.
06/08/2019
29/07/2019
22/06/2019
ÁLVARO DE CASTRO, GOVERNADOR-GERAL DE MOÇAMBIQUE, 1915-1918
Imagem retocada.
O texto original veio da Enciclopédia Portuguesa e Brasileira de Cultura, vol. III, pág. 229, mas foi muito significativamente editado por mim.
Esboço Biográfico
Álvaro Xavier de Castro nasceu na Cidade da Guarda em 9 de Novembro de 1878, filho do Dr. José de Castro e de Maria Benedita de Castro Pignatelli.
Acabou o curso de oficial de infantaria em 1901, o curso de Direito em 1908 e ainda um terceiro curso que pelos vistos havia naquela altura, o de Assuntos Coloniais, em 1911, aqui já com 33 anos de idade.
Republicano convicto desde cedo (ou seja, anti-monarquia constitucional, que era o regime português até 5 de Outubro de 1910), colaborou na Revista Nova e na Arte e Vida, participando activamente em conspirações republicanas contra os Bragança em Coimbra em 1908 e em 1910.
Após o golpe militar que derrubou o Rei D. Manuel II, Álvaro foi feito deputado na Assembleia Constituinte de 1911, integrando o chamado grupo dos «Jovens Turcos», sendo ministro da Justiça no governo de Afonso Costa, em Janeiro de 1913 e ministro das Finanças no governo de Azevedo Coutinho, em Dezembro de 1914.
Foi uma das figuras que liderou a chamada Revolução de 14 de Maio de 1915 que, tendo provocado um banho de sangue em Lisboa, conseguiu derrubar o governo da altura, de Pimenta de Castro.
Nomeado então, como todos os outros dirigentes revolucionários, para postos chaves que permitissem levar a uma participação activa de Portugal na I Guerra Mundial, assim consolidando a periclitante república com uma mobilização e um banho de sangue, foi nomeado Governador-Geral de Moçambique nesse mesmo ano, substituindo Alfredo Baptista Coelho e assumindo o cargo em 31 de Outubro de 1915 na colónia onde, desde o final de 1914, os alemães assediavam a meia dúzia de portugueses lá em Cabo Delgado. Mais tarde, e adicionalmente, assumiria mesmo o comando das forças expedicionárias portuguesas em Moçambique, em Abril de 1917, após a demissão do general Ferreira Gil, em 24 de Dezembro de 1916.
Ainda não estudei o que é que exactamente ele andou a fazer em Moçambique entre 1915 e 1918, para além de se meter na questão da guerra com os alemães, que, aliás, essencialmente, foi mais ou menos o mesmo que a maior parte da chamada guerra colonial: era uma coisa qualquer, perdida lá nos confins do Norte, no meio do mato, de que se ouvia dizer qualquer coisa em Lourenço Marques, e em que quase todos os mortos (uns expressivos cinco mil) viriam a morrer de picadas de mosquitos, de acidentes, de ataques de feras, de má nutrição e da falta de tudo um pouco.
E isto tudo, basicamente, no caso de Moçambique, por causa de um tal genial alemão, Paul Emil von Lettow-Vorbeck e um punhado de Askaris, que vieram da colónia alemã a Norte de Moçambique.
Em 2016, por causa do apresamento dos navios alemães atracados em vários portos portugueses, neutrais, entre os quais Lourenço Marques e penso que na Beira (foram divididos com os britânicos) o Império alemão declarou guerra a Portugal. Foi uma formalidade: os alemães andavam aos tiros com os portugueses em Angola e Moçambique há já algum tempo.
Em 17 de Dezembro de 1917 Álvaro demitiu-se do cargo de Governador-Geral de Moçambique (sendo sucedido por Pedro Massano de Amorim) devido a mais uma tomada do poder, em Lisboa, desta vez do sedutor e episódico Sidónio Pais, de quem ele não gostava, tendo sido muito activo na Revolta de Santarém, em Janeiro de 1919, desencadeada contra o regime Sidonista, o qual, no entanto, efectivamente, terminara com o súbito assassinato do próprio Sidónio em plena gare da estação ferroviária do Rossio, em Lisboa, em meados de Dezembro de 1918, ou seja um mês depois do fim da Primeira Guerra Mundial e um mês antes da sua revolta.
Politicamente a Primeira República foi uma carnificina abjecta e uma espécie de guerra civil disfarçada, uma nojeira com um nível de violência tal que justificaria a futura ditadura de Salazar e faria o sonâmbulo rotativismo da monarquia parecer quase idílico.
Na altura Álvaro aproveitou os tempos livres que tinha entre cargos e revoltas e escreveu o livro África Oriental Portuguesa [Lisboa, 1918 e que infelizmente ainda não li] e ainda fundou o seu próprio partido político, o Partido Republicano de Reconstituição Nacional – também chamado o «Reconstituinte» – via uma cisão do Partido Democrático, tendo presidido a um governo que durou uns meros dez dias, entre 20 e 30 de Novembro de 1920 e ainda a um outro governo, que durou uns prolongados 6 meses, entre 18 de Dezembro de 1923 e 6 de Julho de 1924 (na Primeira República, certamente para tirar o mau sabor do rotativismo burguês e porreiraço da monarquia, havia novos governos quase semanalmente, parecia).
Álvaro de Castro ainda viria a ser nomeado Governador-Geral de Moçambique por mais duas vezes, em 1919 e em 1926, mas em ambos os casos, expeditamente, recusou, antes de ser empossado.
Após o golpe militar e a memorável marcha de Braga para Lisboa (mas claro) levado a cabo pelo venerando Marechal Gomes da Costa em 28 de Maio de 1926, Castro foi prontamente detido e internado numa prisão em Elvas, donde se conseguiu evadir, exilando-se na capital francesa, Paris. Tendo eventualmente adoecido gravemente, pediu autorização para regressar ao seu país, tendo já chegado moribundo a sua casa, na Cidade de Coimbra, vindo a morrer poucos dias depois, a 29 de Junho de 1928, com apenas 49 anos de idade.
Penso que, para além do seu nome em tempos adornar um museu na Polana, havia uma rua em Lourenço Marques com o seu nome.
Informação adicional
Para obter mais detalhes sobre Álvaro de Castro, sugiro a leitura de Álvaro de Castro – Jovem Turco da República, da autoria de Ana Catarina Pinto [Lisboa, edit pela Assembleia da República, 2014, 240 pp].
20/06/2019
O MUSEU ÁLVARO DE CASTRO EM CONSTRUÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1930
Imagem retocada.
Inicialmente era para ser uma escola primária, uma das grandes manias dos maçónicos “democratas republicanos” na Primeira República, com longa presença em Moçambique e que tiveram uma expressão peculiar em Lourenço Marques. Mas os poderes constituídos devem ter achado que a construção seria épica demais para este fim e em vez disso, transferiram para aqui o espólio do Museu Provincial, que desde 1913 estava alojado na Vila Jóia, e deram-lhe o nome de um relativamente obscuro Governador-Geral da Primeira República, Álvaro de Castro (1915-1918). No posterior processo de obliteração de tudo o que recordasse Portugal e o que os portugueses fizeram, a designação foi alterada pelos senhores que se seguiram para Museu de História Natural.
18/09/2018
29/07/2018
A RUA DOS AVIADORES NA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Imagens retocadas e pintadas por mim(voltei às pinturas…). Relevante apenas porque vivi ali quase toda a minha infância.
Hoje a artéria dá pelo nome de Rua da Argélia. Ficava situada entre o Liceu Salazar e o Museu Álvaro de Castro, dum lado, e da Avenida António Ennes do outro lado.
22/07/2018
O LICEU SALAZAR E A PRAÇA DAS DESCOBERTAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Grato ao PPT e ao AHM.
O TRIBUNAL ADMINISTRATIVO EM LOURENÇO MARQUES, 1974
Grato ao PPT e ao AHM pelas duas primeiras imagens.
Mandado edificar como residência para Gerard Pott junto ao Jardim Botânico de Lourenço Marques no início do Século XX (o futuro Jardim Vasco da Gama e agora Tunduru), muitos lhe chamam Vila Jóia. Que eu saiba Pott nunca a usou plenamente e cerca de 1915 vendeu-a ao Governo Provincial, que a usou como um museu meio natural, meio etnográfico, até o transferir para o Museu Álvaro de Castro cerca de 1935. Depois foi usado como tribunal Administrativo. Penso que actualmente ali funciona o Tribunal Supremo de Moçambique.
07/09/2017
A MAÇONARIA EM MOÇAMBIQUE, 1900-1935: UMA NOTA
A presença, influência e impacto da maçonaria portuguesa em Moçambique colonial é ainda um assunto infelizmente pouco estudado. Mas para quem vai lendo e estudando a época entre 1890 e 1935, o tema é incontornável, no período dos últimos anos da Monarquia e especialmente durante a Primeira República (1910-1926) e até à proibição da existência das chamadas sociedades secretas por decreto de Salazar, em Maio de 1935.
Já dantes há notícia da presença de membros de lojas maçónicas no que é hoje território moçambicano. Num sítio da maçonaria portuguesa, que contém variados registos da actividade ao longo dos tempos, há variadas menções dessa actividade, desde pelo menos a segunda década do Século XIX, ainda que de forma incipiente, uma vez que a presença portuguesa naqueles territórios era praticamente inexistente, à excepção da pequena ilha de Moçambique.
Naquela altura, era relativamente comum “despachar” para Moçambique oponentes ao regime vigente. Durante a monarquia deportavam-se para Moçambique republicanos e membros da maçonaria (invariavelmente os republicanos eram membros da maçonaria) e depois do derrube da Monarquia, exilavam-se os monárquicos, alguns dos quais foram parar também a Moçambique – onde foram desportivamente marginalizados pelos republicanos maçónicos, que estavam nas posições-chave da administração colonial.
Conforme referi, António de Oliveira Salazar, na sua versão peculiar de ditadura conservadora católica, alteraria tudo isso.
A partir de 1935, tal como terá acontecido em Portugal, o movimento maçónico em Moçambique – ou o que sobrou dele – formalmente se desmembrou e suponho que uma parte passou a agir na clandestinidade.
Deve-se referir, no entanto, que, ao contrário de Portugal e da sua maior colónia – Angola – Moçambique, e em particular Lourenço Marques, a experiência maçónica foi muito diferente de qualquer ponto do então agregado colonial português, incluindo em Portugal. E isto por algumas razões interessantes.
- Moçambique ficava muito distante de Portugal, e era, portanto, difícil de controlar e de monitorizar.
- Moçambique estava rodeado por colónias e países sob tutela britânica, onde, quer por razões de formalidade, de costume e culturais, a actividade maçónica era vibrante, era legal, era aceite e era considerada socialmente positiva. Na União Sul-Africana, por exemplo, a actividade maçónica era um facto normal da vida, era conduzida totalmente em aberto e era, com raras excepções, universalmente aceite. Por toda a África do Sul, havia lojas maçónicas.
- A deportação de membros da maçonaria para Moçambique só veio reforçar a sua presença e influência
- A influência britânica em Moçambique, cuja comunidade até aos anos 20 funcionava quase como um estado dentro do estado, afectava a forma de encarar outras culturas, religiões e hábitos, que era quase completamente diferente daquilo que se observava em Portugal e Angola, que eram muito mais fechadas e expostas ao domínio e influência da Igreja Católica, adversária tradicional da diversidade religiosa e ainda mais dos movimentos maçónicos. No caso de Moçambique, para além duma fraca presença de portugueses e duma forte presença de estrangeiros (ao ponto de se considerar a colónia “perdida” para os portugueses e que como tal devia ser pura e simplesmente vendida), na sequência do Ultimato de 11 de Janeiro de 1890, a Grã-Bretanha impôs a Portugal a obrigatoriedade da observação da liberdade religiosa. E por essa via, presume-se, a liberdade de associação que está na base dos movimentos maçónicos.
- Depreende-se, daquilo que se fez antes e especialmente a partir de 1910, que os maçónicos de Lourenço Marques estavam bem organizados e eram influentes. Estavam por detrás da criação do Jardim Vasco da Gama. Estavam por detrás da criação da Escola Primária 1º de Janeiro. Paulino dos Santos Gil, então um jovem empreendedor que se tornou no português mais rico de Lourenço Marques, pertencia à maçonaria ainda antes da República. A Associação dos Velhos Colonos de Moçambique, criada em 1919, tinha uma ligação com a maçonaria.
E a verdade é que a maior, mais visível, mais opulenta loja maçónica em território português, até hoje, foi o Palácio Maçónico de Lourenço Marques, pertencente à Loja do Cruzeiro do Sul, afiliada a uma ordem maçónica portuguesa.
Após a aprovação do Decreto que ilegalizou as chamadas sociedades secretas, presumo que a actividade maçónica passou a ser feita secretamente em Moçambique, como no restante território sob administração portuguesa. Mas, formalmente, as instituições foram desmanteladas. Algum tempo depois, o Palácio Maçónico em Lourenço Marques foi adquirido pelo Estado e convertido no que se tornou (e ainda é) a Escola Industrial de Lourenço Marques.
Este é um tópico pouco fácil de estudar, pois o assunto tornou-se quase subversivo na sociedade de Moçambique após o decreto de 1935. Pouca documentação e testemunhos sobrevivem e ainda hoje, infelizmente, o assunto é quase tabu entre os descendentes dos antigos membros. A meu ver, erradamente. A História é o que é, e merece ser entendida.
04/03/2017
O LICEU SALAZAR E A EASTERN TELEGRAPH COMPANY EM LOURENÇO MARQUES
Pouca gente hoje se recorda, ou sabe, que nos terrenos onde foi construído o Liceu Salazar na Polana em Lourenço Marques, que foi inaugurado em Outubro de 1952 (e que hoje se chama Liceu Josina Machel, em memória da primeira mulher oficial do então chefe militar da Frente de Libertação de Moçambique), durante muitos anos esteve implantado um magnífico e considerável edifício que albergava os escritórios e operações da Eastern Telegraph Company, a empresa de capitais maioritariamente britânicos que operava o serviço de telégrafo (na sequência de um acordo celebrado por Andrade Corvo com a Eastern) que passou a ligar Lourenço Marques ao Mundo a partir de 1879.
A partir de 1880, apesar de ser caro para a altura, podia-se enviar um telegrama para Durban (e por essa via, Cabo, Pretória e Joanesburgo), Ilha de Moçambique e, via Zanzibar, Aden e outros pontos, para a Europa, via Londres.
Não tenho dados sobre quando o edifício foi demolido, mas presumo que nos anos 30.
28/11/2012
11/11/2012
15/09/2012
JORGE NA PRAÇA DAS DESCOBERTAS NA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, MARÇO DE 1974
Fotografia do Jorge Alves, restaurada.