THE DELAGOA BAY WORLD

28/02/2021

O BAILE DE GALA DE INAUGURAÇÃO DA NOVA SEDE DO SPORTING CLUBE DE LOURENÇO MARQUES, 1933

Imagem retocada.

O Sporting Club de Lourenço Marques foi fundado no início de Maio de 1920.

A nova sede do Sporting Club de Lourenço Marques, situada no topo do seu campo de futebol. Em O Ilustrado Nº9  1 de Agosto de 1933, pág. 160.

PUBLICIDADE DAS TINTAS PINTEX EM MOÇAMBIQUE, ANOS 60

Imagem retocada

Imagem de João Gamelas, gentilmente cedida.

Alguns dos Exmos. Leitores porventura se recordarão do fabuloso e popular anúncio musical das Tintas Pintex, feito com sotaque do Brasil e que até se cantava nas festas de carnaval em Lourenço Marques:

                                                   ANDANDO PELAS RUAS DA CIDADE

                                                   PUDE VER TANTAS CASAS TAO BELAS

                                               E OS PINTORES QUE AS CASAS PINTAVAM

                                               NA VARANDA ALEGREMENTE CANTAVAM

                                                              EU PINTO COM PINTEX

                                                                PINTEX É COLOSSAL

                                                PINTEX É A TINTA QUE NAO TEM IGUAL

Enfim, coisas que não se esquecem.

Marca das Tintas Pintex, comercializado em Moçambique.

Para ver um outro anúncio da Pintex, ver AQUI.

Note-se que a empresa ainda existe e opera em Moçambique, usando a mesma marca.

 

Marcas e fabricante.

 

Anúncio da Pintex de Março de 1974, colocado numa edição especial da revista Notícia, dedicada a Moçambique.

ANIVERSÁRIO DO JOÃO NO RESTAURANTE ZAMBI EM LOURENÇO MARQUES, 1967

Imagens retocadas.

O João foi meu amigo, meu vizinho na Rua dos Aviadores (onde viveu durante alguns anos com os Avós maternos) e meu colega na Escola Primária Rebelo da Silva, em Lourenço Marques. Cinquenta anos depois da Debandada de Moçambique, em que quase toda a gente perdeu o contacto com quase toda a gente, por mero acaso, encontrou-me por causa deste blogue. Em baixo, imagens que ele me enviou de uma festa de aniversário, penso que em Novembro de 1967.

Foto 1 – Os Avós do João, à direita, com um amigo, o Sr. Ferreira, (dono das duas Livrarias “Moderna”, ambas na Avenida da República) em frente ao Restaurante Zambi.

 

Foto 2 – Festa de anos do João no Zambi. Ver a mesma imagem legendada em baixo.

 

Foto 2 legendada – 1- Eu; 2- ?; 3- Gita ; 4- Paula Botelho de Melo, minha irmã; 5-?, 6- ?, 7- Sandra Paula Cowling Soares (que vivia com os pais na casa ao lado do João, por baixo do Comandante Fortuna e cujos avós maternos moravam numa bela casa ao lado da minha; 8-?; 9- Mãe do João, Elizabeth Pereira, que era professora de Português e Francês na General Machado; 10-?; 11-Luis; 12-?: 13-?; 14-?; 15- João – o aniversariante; 16-?; 17-?.  Quase todos moravam na Rua dos Aviadores.

 

Foto 3 – Outra imagem da festa de anos do João no Zambi. Ver a mesma imagem legendada em baixo.

 

Foto 3 legendada – 1- Eu; 2- Sandra Paula Cowling Soares, vizinha do lado, filha de Manuel António dos Santos Soares e de Valéria Cowling Soares. O Pai era o responsável do Departamento de Mecânica da DETA (ver desenho e assinatura dele em anexo do  livro de autógrafos em baixo); a Mãe dela era de origem sul-africana e os avós, Thelma e (?) eram meus vizinhos; em 1975 foram viver para a África do Sul; 3- ?; 4- ?; 5-?, 6- ?, 7- Elizabeth Pereira, Mãe do João; 8-João; 9- ?; 10-?; 11-?; 12-?: 13-?; 14-?; 15- Paula Botelho de Melo, minha Irmã; 16-Luis

 

Foto 4.

 

Foto 4 legendada – 1- ?; 2- Luis, que era irmão da Gita e que viviam na casa em frente à do João, na outra esquina da rua. A mãe era a Dª Laura Nunes Pereira que tinha uma asma grave e tinha umas crises que ficava internada vários dias no hospital; 3- ?; 4- ?; 5-?, 6- Lena, filha do Sr. Ferreira da Livraria Moderna e da Dª Teresa, 7- Penso que o Professor Trepa Torres da General Machado; 8-?; 9- ?; 10-?; 11-Padre Américo Montes Moreira. Foi meu professor de Religião e Moral na General Machado e uma pessoa absolutamente excepcional; 12-?: 13-?; 14-?; 15- ?; 16-?; 17-Manuel Soares, pai da Sandra, que trabalhava na DETA; 18-Avô do João; 19-?; 19-Eu; 20-?; 21-?: 22-?; 23-?; 24-João; 25-Mãe do João; 26-Paula Botelho de Melo: 27-Sr. Ferreira, dono da Livraria Moderna.

Na foto 4 estão lá mas faltam identificar:

1. A mulher do João Evangelista

2. Maria Teresa Ferreira, mulher do Sr. Ferreira, dono da Livraria Moderna

3. Professora Ernestina de Sousa e Silva, directora da Escola General Machado

 

Do livro de autógrafos do João, um desenho e uma nota com dedicatória do Pai da Sandra, Manuel Soares.

A PROFESSORA ELIZABETH PEREIRA DA ESCOLA GENERAL MACHADO EM LOURENÇO MARQUES

Imagem retocada.

Esta é para quem estudou na General Machado em Lourenço Marques.

Maria Elizabeth Nunes de Carvalho Pereira.

Maria Elizabeth Nunes de Carvalho Pereira nasceu em Eixo, uma freguesia de Aveiro, em 9 de Outubro de 1935. Casou com Mário Carlos Gomes de Mourão Gamelas (militar) em 7 de Dezembro de 1959 e foi viver para Lourenço Marques em Dezembro de 1959, onde, penso, já vivam os seus Pais.

É Mãe de Mário João Baptista Nunes de Mourão Gamelas, que nasceu na capital moçambicana no dia 8 de Novembro de 1961.

Foi Professora de português e francês na Escola General Joaquim José Machado entre 1961 e 1972.

Regressou à (então chamada) Metrópole em meados de 1972 e radicou-se em Lisboa, tendo prosseguido a sua carreira como professora, na Escola Padre Bartolomeu de Gusmão, na Rua da Bela Vista à Lapa (antes Escola Paula Vicente – secção da Lapa) até se reformar.

Vive em Lisboa, mais cocuana mas sempre a bombar.

27/02/2021

CARRUAGENS DA TRANS-ZAMBÉZIA RAILWAY, 1934

Imagens retocadas.

Pensava-se que o acesso, pelos futuros colonos europeus, ao interior do território africano na parte central-norte do que são hoje Moçambique e o Malawi (na altura designado Niasalândia) se faria pelo majestoso mas caprichoso Rio Zambeze. A primeira pessoa a subir o Zambeze foi o Reverendo e explorador David Livingstone, em 1859, usando a sua barcaça Ma Robert. Patrocinado pela influente Igreja da Escócia, que decidiu cristianizar e “civilizar” a zona que agora é o Malawi (e que posteriormente “forçou” o governo britânico a encostar à parede os portugueses, que reclamavam o território para Moçambique, uma das causas imediatas do Ultimato de Janeiro de 1890) cedo os escoceses patrocinaram a criação da African Lakes Corporation (ALC) para providenciar o transporte entre o Chinde, local onde os britânicos extraíram uma concessão em 1891, e a sua colónia da Niasalândia. Por sua vez, os navios da Union Castle incluiram o Chinde nas suas rotas, transportando para ali e dali carga e passageiros.

Mas desde logo todos se aperceberam que a navegabilidade do Zambeze era atribulada, não só pela considerável variabilidade do seu caudal, mas também porque havia uma zona do rio, com 50 kms, montanhosa e com desníveis significativos.

Entretanto no final do Século XIX e início do século 20, a Cidade da Beira surgiu e desenvolveu-se como um importante porto: era muito superior ao Chinde, que entretanto foi severamente danificado por um ciclone em 1922. A inicial Trans-Zambézia Tailways (TZR), construída entre 1919 e 1922, percorria os 267 quilómetros desde a margem sul do Rio Zambeze até juntar-se à linha principal que ia desde a Beira até à Rodésia do Sul. Os seus promotores tinham interesses no porto da Beira e ignoraram o seu elevado custo e o benefício limitado para a Niassalândia ou a possibilidade de uma rota alternativa mais curta para o pequeno porto de Quelimane. O transporte fluvial no Zambeze estava praticamente extinto após 1935. O único tráfego registrado no Rio Shire dentro da Niassalândia foi um serviço sazonal executado pela Shire Highlands Railway para a recolha de algodão e outros produtos entre Chiromo e Chikwawa.

A TZR foi posteriormente adquirida pelos Caminhos de Ferro de Moçambique e é hoje, mais ou menos, a Linha de Sena.

 

Exterior das carruagens da TZR.

 

Interior da carruagem restaurante.

 

Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_rail_transport_in_Malawi

https://www.jstor.org/stable/29779024?seq=1

A ESTAÇÃO AÉREA E AEROPORTO EM LOURENÇO MARQUES E A LIGAÇÃO A LISBOA

Filed under: LM Aeroporto, Transportes Aéreos Portugueses — ABM @ 16:17

Imagens retocadas.

 

Mavalane nos primórdios, a estção aérea praticamente no mato a Norte da Cidade.

 

O terminal da Estação Aérea de Mavalane.

 

O CR-ABJ da DETA na placa de Mavalane.

 

O CR-AHB (foto de fernando Mesquita).

 

O novo terminal e torre de controlo em construção, início dos anos 60.

 

O Aeroporto Gago Coutinho.

 

A então nova torre de controlo aéreo de Mavalane.

 

Um Super-Constellation em Lourenço Marques.

 

Passageiros desembarcam em Lourenço Marques, 1961.

 

O CS-TLB da TAP.

 

Super-Consterllation da TAP.

 

Anúncio publicitário da TAP.

 

Um Boeing 707 da TAP. Passou a permitir uma ligação entre Lourenço Marques e Lisboa em menos de 15 horas.

 

Uma tripulação da TAP em Lourenço Marques.

 

Um Boeing 747 da TAP. Começou a escalar Lourenço Marques em 1972.

O PRÉDIO MONTEPIO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagens retocadas.

 

1961.

 

Meados dos anos 60, vista da entrada do Jardim Vasco da Gama.

 

Vista da fachada da Càmara Municipal de Lourenço Marques.

26/02/2021

A HISTÓRIA DA ESTÁTUA DE SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

Esta história já foi abordada aqui, aqui.

Na primeira imagem em baixo vê-se a original estátua de António Oliveira Salazar – bem, uma cópia, feita pelo escultor Francisco Franco – maior e em pedra, nas vestes do seu doutoramento em Coimbra, que foi colocada com destaque em frente à fachada principal do liceu inaugurado em 6 de Outubro de 1952 e que teve o seu nome até meados de 1974. Segundo o Luis Silva e Sousa, cerca de 1963 “alguém em Lourenço Marques que não morria de amores pelo velho ditador” decapitou a estátua de pedra detonando, uma noite,  um pequeno engenho explosivo (imagino o filme que foi com a Pide e Cia Limitada naquela altura) tendo então a mesma sido posteriormente substituída por uma idêntica mas ligeiramente mais pequena, em bronze.

Em 1963, Salazar tinha 72 anos de idade e já governava Portugal com mão de ferro há 31 anos consecutivos, através de um regime de partido único que comandava pessoalmente com particular aptidão e com o apoio de instrumentos de repressão que eram eficazes em identificar e neutralizar qualquer oposição. Ai de quem abrisse a boca contra o seu regime – fosse branco ou preto.

Muitos consideraram bem-vinda a sua postura, após o quase absoluto caos que se viveu durante e especialmente no fim da I República. Surpreendentemente, em seguida, cometeu a façanha de manter Portugal fora da II Guerra Mundial. A enorme estátua do Cristo-Rei em Almada, Portugal, uma ideia de Manuel Cerejeira, compagnon de route de Salazar e Cardeal Patriarca de Lisboa entre 1929 e 1971, testemunha em parte a gratidão dos portugueses pelo que Salazar fez.

Assim, apesar de inúmeras vicissitudes, em 1963 Salazar parecia estar para ficar, de pedra e cal.

Notoriamente, apesar de todos os sinais e pressões ocorridas antes e depois do término da II Guerra Mundial (vencida por duas super-potências alegadamente “anti-coloniais” os EUA e a União Soviética, se bem que por razões diferentes) e os países europeus aceleradamente negociarem rápida, se atabalhoadamente, a independência das suas dependências coloniais em África, Salazar mantinha a peregrina opinião que, por supostas “especificidades portuguesas”, o seu país seguiria um caminho diferente. Quando muito, as suas colónias seriam “novos Brasis”, mas isso mais ou menos no dia em que as galinhas tivessem dentes. Até porque Moçambique estava ainda quase na idade da pedra em termos económicos e educacionais, e, igualmente importante, estava confortavemente acolchoado por quatro ex-colónias britânicas que explicitamente negavam os direitos aos seus cidadãos e achavam a mesma coisa (África do Sul, Swazilândia, Rodésia do Sul e Niasalândia). A excepção ocorreria precisamente em 1963, com o longínquo Tanganica, lá no Norte, cujo líder, Julius Nyerere, alojava um bando de nacionalistas negros moçambicanos constituídos numa atribulada Frente, que se preparavam para iniciar uma guerra para acabar com a soberania portuguesa no território. Mas no meio estava Cabo Delgado, um virtual deserto, e a enorme Zambézia, que não mostrava quaisquer sinais de qualquer rebelião contra a Pax Lusitana. Portanto a sua decisão foi aguentar o embate.

Claro que, subjacente, estaria na sua mente, eventualmente, o destino dos cerca de 100 mil portugueses a viver em confortável recato em Moçambique e a suspeita que uma retirada portuguesa levaria a uma ditadura comunista, à destruição do investimento e da economia e ao surgimento de uma elite predadora que capturaria toda a riqueza de forma ilícita. Nos anos 60, era o que se observaria um pouco por todo o continente.

Salazar achava também que, sem colónias, Portugal seria uma nação irrelevante. Uma Catalunha mas sem dinheiro nem talento. E havia a História. Em 1963, já tinha lidado com o início da guerrilha em Angola, com o caso Santa Maria, com a perda de Goa e com as resoluções das Nações Unidas.

Enfim.

Localmente, o decapitamento da sua estátua em 1963 foi, portanto, e então, convenientemente, condenado e, presumo que  via a censura local, gerido com a habitual parcimónia, relegado para a importância de uma mera brincadeira de mau gosto promovida por miúdos. A Cidade, e o regime, não perderam o sono por causa do incidente.

A estátua de pedra do ditador português em 1961, em frente à chancelaria do liceu com o seu nome no Bairro da Polana, em Lourenço Marques, uma espectacular e aparatosa obra de luxo com que o regime de então presenteou a cidade, que até então só dispunha do venerando e já um tanto pindérico Liceu 5 de Outubro, nas suas traseiras (onde, ainda assim, prontamente se instalou a Escola Comercial Azevedo e Silva). Formalmente, ali funcionava também o Liceu feminimo, Dona Ana da Costa Portugal, onde muitas bonitas meninas locais estudaram e de vez em quando piscavam o olho aos rapazes do Liceu Salazar.

 

Rara fotografia de 1963  onde se pode ver, ao fundo, o pedestal da estátua do Dr. Salazar, agora decapitada, com um tapume de madeira, à espera que, de Portugal, viesse nova estátua, esta de bronze, para não haver mais confusões.

Ao contrário de parte significativa das obras de arte e estatuária portuguesa alusiva a Moçambique (no que concerne a sua história) no após-independência, que foram ostensivamente apeadas e guardadas num canto ou destruídas (em Portugal fez-se mais ou menos a mesma coisa), a obra evocativa de Salazar não teve direito a lugar cativo na curiosa piro-histórico-turística “Fortaleza” de Maputo, a nova capital do país nascente. Ditou o freudiano e aparentemente persistente trauma frelimiano com Salazar (há uma longa entrevista de Joaquim Chissano – que estudou no Liceu Salazar, um dos raros moçambicanos negros que por ali passou nos anos 50 e se tornou num destacado estadista do novo regime – a explicar toda esta dialéctica) que a estátua de cobre de Salazar – a segunda do liceu – fosse ostensivamente encostada a uma parede num canto das traseiras da actual Biblioteca Nacional de Moçambique, que era a antiga Biblioteca Municipal em frente ao Hotel Tivoli na baixa de Maputo (e antes disso a Fazenda de Moçambique).

Ou seja, ele está lá, mas não está lá.

O que é curioso, pois, literalmente, em termos da história colonial portuguesa em Moçambique, Salazar é sem qualquer margem de dúvida incontornável, o elefante na sala que todos parecem querer fingir que não está ali. Faz lembrar aqueles faraós egípcios em relação aos quais, depois de morrerem, por terem sido impopulares, os seus sucessores gastaram fortunas a destruir as suas efígies, a riscar os seus nomes e feitos do registo histórico e até a proibir os seus nomes de serem mencionados. Por maioria de razão, mais do que qualquer outro indivíduo, António de Oliveira Salazar foi o pai, a mãe e o filho do colonialismo português a partir de 1945. Não deve ser ignorado. Deve ser encarado de frente e estudado. Para que gerações futuras de moçambicanos possam entender o que foi, quando foi e porque foi. A antiga estátua do Liceu Salazar, que é um objecto de arte que até tem uma história interessante, se calhar ajudava no processo.

A nova estátua, agora feita de bronze, já colocada em frente ao Liceu, 1964.

 

A mesma estátua, actualmente, algures nas traseiras da Biblioteca Nacional, na Baixa de Maputo.

AMÁLIA RODRIGUES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagens retocadas.

Amália Rodrigues em Lourenço Marques.

Anúncio de uma actuação de Amália em Lourenço Marques, anos 60.

25/02/2021

MACHIMBOMBO NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Imagem retocada.

 

Machimbombo na Baixa de Lourenço Marques, esquina das Avenidas da República e Dom Luiz I (hoje 25 de Setembro com Marechal Samora Machel), 1961. Atrás, os edifícios do Banco Standard Totta e a Casa Coimbra.

CARRINHO DE SORVETES DA COOPERATIVA DE CRIADORES DE GADO EM LOURENÇO MARQUES, 1961

Imagem retocada.

 

Um carrinho de sorvetes da Cooperativa de Criadores de Gado na esquina da Rua Araújo que desemboca na Praça Mac-Mahon em Lourenço Marques, 1961

IRIS MARIA, MISS MOÇAMBIQUE E MISS PORTUGAL, 1972

Filed under: Iris Maria - Miss Moçambique e Miss Portugal — ABM @ 13:40

Imagem retocada.

 

Iris Maria, Miss Moçambique 1972, em seguida venceu o concurso Miss Portugal.

ANTÓNIO CHAMPALIMAUD NUMA COUTADA EM MOÇAMBIQUE, ANOS 60

Imagem retocada.

A relação do lendário empresário português António de Sommer Champalimaud com Moçambique era umbilical. Apaixonou-se pela então colónia portuguesa na primeira vez que por lá passou em 1945 e cultivou essa paixão com vários importantes investimentos que ali fez. Entre eles, algumas coutadas que geria com cuidado e que visitava ocasionalmente.

António Champalimaud, sentado em baixo com um boné na cabeça, com família e amigos numa das suas coutadas de caça em Moçambique, década de 1960.

Dele, o antigo político Paulo Portas escreveria em 2018, ano do centenário do seu nascimento, o seguinte esboço biográfico (com pequenos retoques meus):

“Obstinado e disciplinado. Altivo e brusco. Corajoso e audaz. Duro e generoso. Criador e solitário. Espartano e gladiador. Inovador e aspiracional. Percursor e frontal. Caluniado e absolvido. Nacional, internacional e global. Patriota, africanista e europeu. Tão autoritário como liberal. Tão realista como visionário. Tão invejado mas nunca vencido. Incombustível e independente de todos. E ainda aventureiro, aviador e caçador. Assim foi a vida plena de António Champalimaud, nascido faz hoje um século, um português mesmo invulgar.

Ao contrário do que diz o mito urbano, António Champalimaud não nasceu rico. Numa casa com quatro filhos havia espaço – a Quinta da Marinha era então um imenso matagal – mas não havia luxos, e as solas gastavam-se até ao fim. Um Pai militar e rigoroso, alguns tabefes que mais tarde agradeceria, uma Mãe cuja ternura recordaria sempre. Num país devastado pela instabilidade de I República e que em poucos anos abriria falência, a educação de Champalimaud foi confiada aos jesuítas, de quem o próprio salientaria o contributo para hierarquizar prioridades e estar atento aos detalhes. Mas aos 19 anos, com a perda inesperada do Pai, a vida convocou António Champalimaud a responsabilidades que nunca mais cessariam. Havia dívidas e foi chamado ao juiz para vender bens e saldá-las. Apesar de não ter a maioridade legal, António Champalimaud recusou delapidar o património e assumiu o problema. Os primeiros 10 mil contos que ganhou em Angola, entregou-os ao credor. Sempre achou que dívidas são dependências e foi sempre independente, até da sua própria família.

É impressionante a velocidade com que tudo aconteceu depois.

Aos 24 anos, o tio – Henrique Sommer, um empreendedor – chama-o para administrador dos Cimentos de Leiria. E ele logo queria avançar para um forno novo.

Aos 26 anos, morre o tio e sobe a Presidente da empresa. Não tinha ainda 27 quando embarca no vapor para Moçambique, onde compra e refaz os Cimentos da Matola. Em escala passou por Angola e aí começou o projeto que concretizaria meia dúzia de anos depois: a cimenteira do Lobito. Aos 28 anos, pede a licença para abrir outra, desta vez perto da Beira.

Era já um dos maiores industriais em Moçambique, e queria sê-lo também na metrópole: aos 32 anos, adquire a Fábrica de Cimento do Mondego. O grupo cimenteiro de António Champalimaud torna-se rapidamente o segundo mais influente, em número de trabalhadores e valor dos equipamentos, num Portugal tragicamente atrasado na industria.

Aos 34 anos começa a batalha que considerou ter sido a mais dura e persistente da sua vida: a autorização para fazer a Siderurgia Nacional.

Aos 36, abre o projeto da Siderurgia à subscrição pública. Acontece o impensável num Estado Novo oficialmente avesso ao risco: comparecem 8 mil acionistas.

Aos 39 anos, obtém a licença contra ventos e marés: será o homem do aço e não apenas o rei do cimento.

Aos 41, inaugura o maior forno do mundo.

Aos 42, consciente das responsabilidades industriais e laborais que já tinha, percebe que necessita de seguros. Mas o dono da Confiança diz que só vende a companhia se Champalimaud levar também o Banco Pinto e Sotto Mayor. O salto é grande mas Champalimaud arrisca.

Em menos de dez anos multiplica por dez o capital do Banco, abre balcões no país inteiro e em África, torna-se a maior entidade creditícia dos Planos de Fomento. Mais tarde, lançaria o primeiro cartão de crédito em Portugal.

Ao mesmo tempo, com o concurso de 6000 operários a trabalhar a todo o gás, nasce uma cidade industrial no Seixal e a Siderurgia está pronta em 28 meses.

Tinha pouco mais de 40 anos quando começa a Guerra em África. Champalimaud reafirma o investimento africano, criando outra fábrica de cimento em Nacala.

Na mesma força de vida, expande-se para a fundição, a mecânica pesada, o papel e a celulose. Os investimentos faziam um todo lógico: a metalurgia para a siderurgia, a siderurgia para a economia, o papel para os sacos, os sacos para o cimento.

Aos 47, abre por isso novas fábricas de papel em Angola e Moçambique.

Conhece o Brasil em 1953. Não mais o largou: com 49 anos, a cimenteira de Minas Gerais está em processo de decisão. Importaria materiais e técnicos de Portugal.

Aos 49, propõe-se fazer uma refinaria em Sines, apoiada num complexo petroquímico de 21 unidades industriais. O Governo de Marcelo Caetano decide fazer Sines mas veta expressamente António Champalimaud.

Quando acontece o 25 de Abril, António Champalimaud tem 56 anos. Construíra uma fortuna que era a sétima maior da Europa. Será o último Português – até hoje – de quem tal coisa se pode dizer.

Aos 57 anos, em pleno PREC [Processo Revolucionáio em Curso, ou seja a maluqueira comunistóide, que durou quase dois anos], vê os seus activos nacionalizados, os seus bens expropriados, as suas contas congeladas, os seus administradores presos.

Dirá aos seus filhos: “teremos de recomeçar do zero”. Olha para o Estado português como gatuno e exila-se no Brasil.

Aluga umas águas furtadas no Rio de Janeiro e recomeça.

O mais impressionante da obra de António Champalimaud é que foi feita quase sempre pela pista de fora. Era temido no anterior regime e foi perseguido neste. Teve de se exilar duas vezes, primeiro no México para defender o seu nome, depois no Brasil, para escapar ao desvario revolucionário. A sua mentalidade nunca casou com os regimes em que lhe calhou viver: era investidor numa época de imobilismo; gostava de investir e não só repartir dividendos; tomava riscos a sério, em pleno Estado paternalista; queria industrializar e industrializar sempre mais, mas Salazar desconfiava disso; foi para África quando quase ninguém ia; e tornou-se o primeiro a defender a abertura ao Mercado Comum quando ficámos mais isolados; ia ver in loco como se tinham feito as grandes indústrias americanas – por exemplo o complexo de Henry Ford em Detroit – numa altura em que se viajava pouco; acreditou sempre na liberdade económica, apesar do coletivismo ter decapitado o capitalismo português. Tinha visão, escala, ambição e arrojo.

Por isso, chocou imensas vezes com vários defeitos das elites nacionais: a ideologia do “ser pequenino é que é bom”, a proteção descarada dos incumbentes, a inveja de qualquer riqueza – e aquela inclinação para criticar tudo o que é novo, contém diferença ou implica dimensão. Foi moderno antes do tempo, resistente em tempo de vésperas e três vezes pelo menos não se deixou derrubar mas levantou-se do chão. O condicionamento industrial, nome técnico de política económica do Estado Novo, disse-lhe várias vezes que não, atrasando o desenvolvimento. Morreu sem jamais compreender que ganhou o país com o “marxismo à portuguesa”, cuja política foi a de estatizar o que era nacional e com alguma sabujice deixar intocado o que era estrangeiro. Chorou quando viu pela última vez a bandeira portuguesa em Nacala. Do primeiro ao último dia viveu com a máxima que o definia: “se te fizeres de minhoca não estranhes que te esmaguem”. António Champalimaud foi ele próprio: não queria outra coisa senão existir por si e ser dono do seu destino.

Quando o conheci melhor, já ele tinha voltado do Brasil – onde se tornara o empresário agro que melhor rentabilizava a terra – , e aceitava, com o freio nos dentes, pagar em concurso para reaver o que já tinha sido dele. Admirava Thatcher, Reagan, Deng Xiaoping e Sá Carneiro. Só o deixaram reconstruir o grupo financeiro, ele que era acima de tudo um industrial. Tinha uma indelével melancolia sobre África, ocorrendo-lhe que mais Antónios Champalimaud houvera, e o progresso traria desenvolvimento e com o desenvolvimento se faria o caminho sereno para Estados que, como lhe dissera um dia o Pai, “serão novos Brasis”. Não perdoava a descolonização tal como acontecera. Achava o país excessivamente deslumbrado com a Europa, ele que fora pioneiro a defendê-la; temia que os pilares do nosso sistema económico fossem engolidos por Espanha. Tendo sido dos raros Portugueses a recusar uma reunião com Salazar, e a cancelar outra com Marcelo Caetano, achava o primeiro íntegro e o segundo hesitante. “Respeito é uma coisa, pôr-me de cócoras é outra”, repetia, sem condescendência. Há quem diga que teve o pressentimento daquilo em que o sistema financeiro se viria a transformar e perto do fim, vendeu.

No segredo de um testamento, tomaria a última e espantosa decisão que deixaria em desconfortável silêncio os seus vários inimigos. Usou a quase totalidade da parte disponível da sua futura herança, cerca de 500M€, para criar uma fundação que teria o nome do Pai e da Mãe, mas não administradores familiares, e seria dedicada à saúde, porque a saúde é transversal: atinge todos, portugueses ou estrangeiros, ricos ou pobres, crentes ou ateus, novos ou velhos. É essa Fundação, a Champalimaud, que entrega todos os anos o maior Prémio do mundo para reconhecer a ciência e a pesquisa no âmbito da visão, e conta com mais de 400 cientistas e investidores, no domínio do cancro e das neuro ciências. Silenciosamente, fazem recuar a dor e progredir a esperança.”

HOMEM NA SUA LOJA EM LOURENÇO MARQUES, 1946

Imagem retocada.

Fotografia da lendária fotógrafa sul-africana Constance Stuart Larrabee.

 

Homem sentado em loja em Lourenço Marques, 1946,

20/02/2021

A IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, EM CONSTRUÇÃO, 1961

Imagens retocadas. As duas últimas imagens são cópias da primeira.

A Igreja de Santo António da Polana é segundo Elisiário Miranda, “a obra mais emblemática do arquiteto Nuno Craveiro Lopes (1921-1972), encomendada em 1959 e concluída em 1962. Objeto isolado, a igreja tem afinidades conceptuais, estruturais e formais com a arquitetura religiosa do expressionismo alemão e com as igrejas mexicanas do espanhol Félix Candela. Ao seu espaço preside uma concepção comunitária da celebração litúrgica, que se expressa no sentido unitário da matriz circular e da sua simbólica sub-divisão geométrica. A sua forma resulta da sobreposição sequencial de finas membranas poligonais de betão aparente, com os vazios encerrados por caixilhos de vidro e vitrais coloridos, num movimento ascendente que culmina na iluminação cromática do espaço central e que, no exterior, é unificado pelo símbolo da cruz.”

1

 

2

 

3

O TEATRO VARIETÁ EM LOURENÇO MARQUES, 1917

Filed under: LM Cinema Varietá, LM Rua Araújo, O Varietá em 1917 — ABM @ 16:05

Imagens retocadas.

 

Fachada exterior.

 

O interior, em branco, cheio de dourados e vermelhos..

A VOLTA À CIDADE DE LOURENÇO MARQUES EM ATLETISMO, 1933

Filed under: Volta à Cidade LM em Atletismo 1933 — ABM @ 15:49

Imagens retocadas.

” A Volta à Cidade é uma das raras provas de desportos atléticos que em Lourenço Marques se realizam. Este ano, voltou a realizar-se, por tenacidade do Grupo Desportivo Lourenço Marques, seu organizador, que é verdadeiramente o último reduto to atletismo na nossa terra. A corrida, num percurso de 10.000 metros, por estfetas de cinco homens, voltou este ano a ser ganha pelo Desportivo”.

(em O Ilustrado de Lourenço Marques, 1 de Agosto de 1933, Nº9, pág. 160.)

 

A equipa do Sporting Lourenço Marques. Uns com o leão para a esquerda, outros para a direita.

 

A equipa do Grupo Desportivo Lourenço Marques.

 

Bento, do Desportivo, na antiga estrada para a Marginal, conclui a prova, assegurando a vitória do clube.

LOURENÇO MARQUES NO FINAL DE 1937: NA ZONA DO HOTEL POLANA

Imagens Retocadas.

As três imagens raras em baixo foram copiadas a partir de uma original maior, obtida por uma norte-americana que passou de raspão por Lourenço Marques no final de Novembro de 1937, permitindo assim ao exmo. Leitor poder ver mais algum detalhe. Captam a zona da Polana, Carreira de Tiro e parte da Somershield.

A Praia em frente ao Hotel Polana, vendo-se à esquerda o Palmar e à direita alguns dos bungallows que eram alugados aos turistas sul-africanos no verão. Por esta altura, o único acesso à Polana pela Praia era a Estrada do Caracol. Ou a grande volta pela Baixa.

 

Atrás do Hotel, vê-se o Parque José Cabral (hoje, Parque dos Continuadores) e mais ao fundo à esquerda, os terrenos do Hospital Central Miguel Bombarda.

 

Atrás do hotel praticamente não havia uma casa. Ao fundo à direita da Rua de Nevala (com as árvores) vê-se o então Aeródromo de Lourenço Marques, O pontinho branco no meio do campo a seguir à Cadeia Civil, é um avião. Só dois anos depois é que se inauguraria a Estação Aérea de Mavalane. Para cá da Cadeia Civil, ficava o original Campo de Golfe da Polana.

18/02/2021

O Nº33 da Avenida António Ennes em Lourenço Marques, 1962

Imagem retocada.

Penso que em tempos a casa de João Ferreira dos Santos.

ANÚNCIO DA TOMBAZANA, ANOS 60

Filed under: Anúncio de Tombazana Morango, Fábricas Reunidas — ABM @ 19:57

Imagem retocada.

Na altura eu achava que esta era a melhor bebida do mundo, bebida no intervalo grande da manhã na Escola Rebelo da Silva, com uma arrufada.

O BARCLAYS BANK EM LOURENÇO MARQUES, 1962

Imagem retocada.

 

O Barclays Bank DCO na esquina da Rua Joaquim da Lapa (agora Joe Slovo) e a Travessa da Catembe (acho eu). 1962. Actualmente, penso que o imóvel pertence ao Millennium BIM.

Segundo a Enciclopédia Britânica, “O Barclay Bank International Ltd. – denominado Barclays Bank (Dominion, Colonial and Overseas) até 1954 e Barclays Bank DCO até 1971 – foi criado em 1925 com a fusão do Colonial Bank, do Anglo Egyptian Bank e do National Bank of South Africa e tornou-se uma subsidiária integral do Barclays Bank Ltd. em 1971. O Colonial Bank foi fundado em 1836 para realizar negócios nas Índias Ocidentais e na Guiana Britânica (agora Guiana) e foi autorizado, por acto especial de 1916-1917, para operar em qualquer lugar do mundo. O Anglo Egyptian Bank foi criado em 1864 para fazer negócios em Alexandria e, mais tarde, em outras partes do Mediterrâneo, como em Malta. O De Nationale Bank der Zuid-Afrikaansche Republiek (Beperkt) foi constituído na república Boer do Transvaal em 1890 e rebaptizado como National Bank of South Africa Limited Banco Nacional em 1902, após a ocupação britânica. em 1902.

O SPORTING CLUBE DE LOURENÇO MARQUES EM 1937 E EM 1962

Imagens retocadas.

O Sporting Clube de LM foi formalmente constituído em 3 de Maio de 1920. Leia em baixo uma descrição do seu percurso.

Em 1962, o futuro estádio de basquetebol coberto do Sporting e sede em construção, bem como o muro exterior e entrada do Sporting LM, supostamente, em boa parte, com fundos da venda do passe de Eusébio ao Benfica de Portugal, obtidos depois de uma longa negociação. O estádio ficou implantado num triângulo de terreno encaixado entre o campo de futebol do Sporting (o mais antigo da Cidade) e os terrenos do Grupo Desportivo, à direita na imagem.A cobertura seria feita de faixas de alumínio leve, encaixadas, para proteger da chuva. Mais ou menos. A construção deste estádio lançou o Sporting para os píncaros do basquetebol de Moçambique e de Portugal, quase tão bom como o vizinho Desportivo (…).
O campo de futebol do Sporting LM, estando no seu cimo à esquerda a Sede original do Clube, que depois foi usada para a prática do judo. O edifício branco em baixo à direita é a sede do Grupo Desportivo Lourenço Marques. Ao fundo, o Aterro da Maxaquene, ainda coberto por eucaliptos.
O emblema do Sporting, contendo um leão. Uma curiosidade: aquando da construção do monumento em homenagem ao Marquês de Pombal, o artista que venceu o contrato da estátua era um futuro sportinguista e fez uma estátua do marquês….com um leão ao seu lado.Ao que se sabe, o Marquês nunca teve um leão de estimação. Nesta imagem, a data de fundação é indicada como 4 e não 3 de Maio, a data supostamente correcta.
Uma curiosidade que só consegui esclarecer há poucos dias foi a razão porque é que o Sporting e o Desportivo estavam implantados da forma como se encontram hoje, em ângulo um em relação ao outro. A razão é aparente nesta imagem, tirada no final de Novembro de 1937. Após a execução do enorme Aterro da Maxaquene no final da década de 1910, durante muitos anos havia uma estrada que passava entre o edifício da Câmara Municipal (ainda hoje um tribunal) e os dois clubes e seguia para a Estrada Marginal (mais tarde fez-se a Avenida da República, hoje 25 de Setembro). A disposição da estrada determinou a forma como os terrenos dos dois clubes foram definidos. sendo que, nos anos 50, a estrada foi cortada a partir do final do campo de futebol do Desportivo (Estádio Paulino dos Santos Gil), que por sua vez foi construido em 6 semaas em 1951(por isso não se vê nesta imagem).. Pouca gente sabe que nesta altura o Desportivo já tinha um campo de futebol, que ficava situado directamente em frente à Câmara Municipal (hoje o tribunal) e ocupava o espaço hoja ocupado pelos campos de basquet e a piscina – e é o campo que se pode ver na imagem, a seguir ao campo do Sporting. Nos Anos 40, a Câmara fez um negócio com o Desportivo em que a frente do terreno recuava 50 metros até à cota onde estava a sede do clube (destruindo o campo de futebol) e em troca a Câmara deu o terreno para o futuro campo de futebol….que ficaria assim a seguir ao campo do Sporting.
A mesma imagem da de cima, de 1937, legendada. A Câmara Municipal é o Tribunal em frente ao Desportivo. Na estação de Bombeiros hoje está implantado o Edifício 33 Andares.

O sítio Wikisporting resume assim o percurso do Sporting LM:

“As origens do Sporting Clube de Lourenço-Marques encontram-se em 1915, quando um grupo de estudantes do Liceu 5 de Outubro formaram uma equipa de futebol, a que decidiram chamar Sporting, por a maioria ser adepto do Sporting Clube de Portugal. Esse grupo incluía Jorge Belo, Júlio Belo, José Agent, António Amorim, Manuel Dias, João Amorim, Abel Cardoso, Luís Cardoso, Luís Maria da Silva, João Carvalho, José Roque de Aguiar, e A. Gonçalves.

Este foi o núcleo que, cinco anos depois, sendo o Sporting Clube de Lourenço Marques já importante na região, decidiu legalizar o clube. No dia 3 de Maio de 1920, considerado nos estatutos como a data oficial de fundação, vinte sócios fundadores realizaram uma assembleia geral onde foram aprovados os estatutos, cuja aprovação foi requerida ao Governador-Geral a 15 desse mês e concedida em 21 de Julho de 1920. Esses fundadores foram Jorge Belo, Joaquim Duarte Saúde, José Roque de Aguiar, Peter Mangos, António José de Sousa Amorim, Alberto Gonçalves Túbio, Júlio Belo, José Nicolau Argent, Edmundo Dantes Couto, Manuel Sousa Martins, José Miguens Jorge, José Mendes Felizardo Martins, Alfredo Carlos Sequeira, João Carvalho, Manuel Dias, José Lopes, António Pimenta Freire, Augusto Gendre Ferreira, António Maria Veiga Peres, Abílio Carmo, João de Freitas e Fernando de Figueiredo Magalhães. Note-se que a maioria dos fundadores era menor de idade, e o requerimento de legalização foi subscrito por pessoas que não participaram na reunião de 3 de Maio. Rapidamente o Sporting de Lourenço Marques se tornou num dos mais importantes clubes desportivos de Moçambique, não se limitando ao futebol.

Em março de 1923 o Dr. Aurélio Galhardo encetou negociações com o clube moçambicano para que este se tornasse Filial leonina. Assim, o Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a Filial nº 6 do Sporting Clube de Portugal, e assim se manteve até 1975. [4] Em 1975, após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual – Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após 3 meses como Asas. O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva em futebol e andebol.
Segundo os testemunhos de antigos jogadores de futebol do Sporting de Lourenço Marques, Naldo Quana, Joaquim Aloi, Miguel Vaz e Leovelgildo Ferreira, que transitaram para o Maxaquene, antes da independência o clube “era um clube selectivo. Para os negros jogarem no Sporting ou tinham que ser jogadores com a qualidade de Eusébio da Silva Ferreira ou, então, tinham que ter alguém que os apadrinhasse”. Os seus dirigentes e atletas proviriam principalmente da Polícia e do Serviço Municipalizado de Água e Electricidade. No entanto, isto era decorrente, não de uma decisão do Sporting de Lourenço Marques, mas sim de uma “proibição da utilização de negros sem alvará de assimilação” no futebol. Efectivamente, José Craveirinha, um dos maiores poetas de Moçambique e figura maior da literatura de língua portuguesa, galardoado em 1991 com o Prémio Camões, enalteceu “o rasgo de puro e desassombrado desportivismo” que representara, na época de 1951/52, o “caso absolutamente ímpar” da “apresentação nas pistas de atletismo de alguns atletas negros puros envergando a tão susceptível, até aí, camisola do Sporting local.” Mais ainda, os sino-moçambicanos de Lourenço Marques praticavam desporto no Sporting.”

UM DIA NO CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Filed under: Clube Naval de LM em 1961, LM Clube Naval — ABM @ 11:14

Imagens retocadas.

O Clube Naval de Maputo foi fundado em 13 de Fevereiro de 1913, com o nome de Grémio Náutico de Lourenço Marques. Penso que é a agremiação desportiva mais antiga de Moçambique, sendo que na altura dois outros clubes foram fundados pelos ingleses residentes na Cidade, o e ‘Lourenço Marques Yachting Club’ e o ‘Delagoa Bay Swimming Club’ – mas de que não reza a história. Em 1938, alterou a sua designação para Clube Naval de Lourenço Marques. Não sei bem como, de alguma forma resistiu ao embate da independência, na medida em que, ao contrário da maioria dos clubes da Cidade, que literalmente foram intervencionados e “adequados” aos novos tempos, esvaziando-se dos seus sócios e patrocinadores prévios, manteve alguma coerência no seu propósito e funcionamento nas décadas em que se seguiram, apesar de a sua actividade, durante alguns anos, ter sido uma sombra do que fora em décadas anteriores. ALgures por esta altura alterou novamente a designação para a actual. Volvidos 108 anos, o Clube Naval mantém a matriz fundacional e continua a ser uma parte integrante da vida da Cidade.

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