THE DELAGOA BAY WORLD

02/03/2021

JOÃO E AS AMIGAS NA RUA DOS AVIADORES EM LOURENÇO MARQUES, 1965

Imagens retocadas, gentilmente cedidas por MJBNMG.

A primeira imagem tem a particularidade de ser a única fotografia que conheço que mostra a fachada da velha casa onde vivia com a minha Família e onde cresci na Polana. A casa seria demolida no final de 1972, tendo no mesmo local o dono edificado um edifício de 4 andares que foi prontamente nacionalizado quando a Frelimo tomou conta da situação. Mostra ainda as velhas árvores que pouco depois foram cortadas e no seu lugar plantadas novas árvores (que ainda se encontram na rua, agora chamada Rua da Argélia). Naquela altura, o meu mundo era vasto mas não se prolongava muito para além de uns quarteirões em volta desta rua.

João com as amigas Sandra Paula (sua vizinha do lado) e Paulinha (Botelho de Melo, minha Irmã mais nova) no que penso ser o carro da sua Mãe, na Rua dos Aviadores em Lourenço Marques, cerca de 1965. Ver as legendas em baixo. Hoje, o João vive perto de Lisboa, a Paula no Estado da Florida, EUA e a Sandra Paula presuminos que vive algures na África do Sul.

1. Parte da fachada da casa onde viviam os Avós maternos da Sandra Paula, os sul-africanos Cowling. Era talvez a casa mais bonita de toda a Rua dos Aviadores; 2- A fachada do Nº264 (hoje Nº267), onde eu vivia com os meus Pais e Irmãos. Na casa a seguir viveram os irmãos Parcídio, Jó e Janeca, os irmãos Sónia e Eduardo (Dado) Piccolo e, depois dos Piccolo se mudarem para o Bairro do Triunfo, os Rita-Ferreira (António Rita Ferreira, um grande académico de Moçambique e a mulher e os filhos Filipe, Reinaldo e (?) . O meu quarto na casa ficava onde se vêem as duas janelas com arcos.; 3- a carrinha Peugeot 404 dos meus Pais; 4- O Núcleo de Arte de Lourenço Marques; 5- Sandra Paula Cowling Soares; 6- Paula Botelho de Melo; 7- João.

O João e a minha Irmã Paula.

O João e a minha Irmã Paula, o homem atrás é o João Evangelista, um amigo dos Avós do João.

O João posa em frente à casa dos Avós maternos na esquina da Rua dos Aviadores com a Rua Fernandes Tomás (na outra esquina ficava um Instituto de Investigação qualquer a que chamávamos Instituto dos Macacos, pois tinha lá enormes jaulas com macacos). Ao lado, a casa onde vivia no rés-do-chão a Sandra Paula com os Pais e no 1º Andar o Comandante Fortuna da DETA.

14/01/2019

O NÚCLEO DE ARTE EM LOURENÇO MARQUES: UMA HISTÓRIA

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Imagem retocada e pintada por mim.

O Núcleo de Arte no nº194 da antiga Rua dos Aviadores em Lourenço Marques.

O sítio Núcleo de Arte contém o seguinte texto:

Julga-se que o Núcleo de Arte terá sido fundado em 1921.
Associação que procurava agrupar diversos tipos de arte e praticar o seu ensino, durante muitos anos ela foi um clube para os poucos que tinham um vago interesse artístico. O Pintor impressionista Português Frederico Ayres, tem nesta fase um papel preponderante no NA.
Após a Segunda Guerra Mundial e as eleições em que a Oposição Portuguesa apoiava o general Norton de Matos, tentando derrubar o fascismo de Salazar, o Núcleo de Arte tem uma Direcção de antifascistas, procurando combater o regime pela cultura e desenvolvendo um largo apoio à campanha eleitoral de Norton de Matos.
Terminadas as eleições, em que Norton de Matos desistiu por não haver as mínimas condições de transparência, o regime local retirou a Direcção do Núcleo de Arte, tendo deportado de Moçambique os seus membros, como foram os casos da médica Dra Julieta Gândara e do Eng° Beirão, entre outros.
Nos anos 50, um movimento ligado às novas tendências artísticas nas suas várias abordagens – do abstracto ao neo-realismo – começa a registar-se no Núcleo de Arte, principalmente nas Artes Plásticas, onde António Bronze, Bertina Lopes, Eugénio Lemos, Ângelo de Sousa, e João Ayres se afirmam.
Com a saída para o estrangeiro da maioria, o Núcleo atravessa um período morno sob uma Direcção chefiada por Willy Waddington de visão artística conservadora e, por isto, não constítuindo problema para o sistema.
No final dos anos 50, um grupo de jovens Artistas Plásticos na sua maioria, é eleito para a Direcção. Destacam-se Sérgio Guerra, Carlos Neffe, João Vieira e o pianista Jorge Martins Nunes.
Algumas iniciativas então existentes no NA, como o ensino de ballet são abandonadas, mantendo-se o atellier de Pintura, sob orientação de João Aires em que trabalham Zé Júlio e Malangatana e as aulas de piano sob orientação de Martins Nunes, dando-se início às actividades de Cerâmica com Maria Luísa.
Pela incapacidade de continuar a pagar as rendas ao proprietário Almeida Santos (actual Presidente da Assembleia da República de Portugal) devido a dificuldades financeiras, a Associação viu-se obrigada a abandonar as instalações onde se encontrava indo instalar-se numa flat dupla do chamado prédio do Montépio.
Alí novos corpos gerentes são eleitos – Daniel de Sousa, Zé Júlio, Sérgio Guerra, António Heleno, Maria Alice, Martins Nunes, Bibila, Júlio Navarro, entre outros – e procurava-se acentuar a característica já existente do NA: essencialmente virado para as Artes Plásticas e fazê-las funcionar mais criteriosamente .
As permanentes dificuldades financeiras provocaram o interrompimento das aulas de Pintura dirigidas por João Aires.
Nesse período, Lobo Fernandes cria um atellier de Escultura que foram frequentados por Maria da Luz e Shikani tornando-se hábito a participação de vários artistas plásticos trabalhando nas instalações.
A Política aceite em 1959 – com a entrada de Malangatana para o curso de Pintura pela primeira vez como negro e atendendo à sua condição, sem lhe fazer pagar nada – prosseguiu com as posteriores Direcções. A primeira individual deste artista e o seu aparecimento na Informação impulsionou a aderência de muitos jovens negros ao NA na tentativa de serem artistas plásticos.
Também no sentido da dignificação das Artes Plasticas, o NA deixa de aceitar organizar qualquer exposição como vinha fazendo, criando 3 abordagens : 1- ser uma exposição do NA; 2- ser uma exposição não do NA mas patrocinada por ele; 3- não aceitar qualquer ligação.
Este critério facilitou também a possibilidade de continuar a receber um pequeno subsídio do Governo como Instituição de utilidade pública, em que as iniciativas do NA não deveriam perigar o subsídio, mas justificada por alegada falta de qualidade de trabalhos na altura.
Pela mesma altura cria-se no jornal “Notícias” a crítica do NA, em que Pancho Miranda Guedes, Augusto Cabral e João Vasconcelos comentavam as exposições que surgiam em Maputo, e começam-se a organizar palestras sobre Artes Plásticas em várias Associações locais.
Estas iniciativas são mantidas nas posteriores Direcções que até 1962 foram praticamente sempre constítuidas pelas mesmas pessoas sob Presidência primeiro de Filipe Ferreira e, depois, de Augusto Cabral.
Por esse ano, o NA consegue ir ocupar as suas actuais instalações que, evidentemente, lhe permitem outras actividades.
Este novo local, aliado à entrada para a Direcção de António Ferreira, Jorge Mealha, Zeca Mealha, entre outros, fazem com que o Núcleo, já totalmente virado para as Artes Plásticas, tenha atravessado um período extremamente rico com ateliers de Pintura e Desenho, Gravura, Cerâmica, Esmaltagem, Escultura, tendo-se criado meios necessários, desde a roda de oleiro aos fornos e ao prelo.
É nesta fase de actividades que surge a primeira exposição de Alberto Chissano, então servente no NA.
Mais tarde, sob a mesma Direcção, ou com a actividade permanente dos membros atrás citados, foi eleito para Presidente da Direcção o actor e encenador teatral Barradas e para Vice, o jornalista Augusto de Carvalho, e a partir daí as suas actividades foram crescendo dando origem ao surgimento de vários novos artistas plásticos.

Após 1975

Após a Independência e com o desaparecimento das Associações anteriormente existentes, houve a tentativa impulsionada por Eugénio Lemos e Malangatana de transformar o Núcleo de Arte na Organização dos Artistas Plásticos mas que, apesar do esforço desenvolvido, não teve sucesso.
Durante alguns anos, o NA arrastou-se praticamente só com Victor Sousa e Noel Langa, e depois só com o último.
Durante vários anos foram realizadas várias reuniões no sentido de alterar a situação com pessoas ligadas à área, como José Forjaz, José Freire, Malangatana, Ubisse, Victor Sousa, Samate, Noel Langa, Júlio Navarro, Naguib, Ídasse, Fernando Rosa, entre outros, sem resultados visíveis.
Até aos anos 90, as Direcções foram se sucedendo mas sem a abertura do Núcleo de Arte e nesse período encontrava-se em frente do NA o escultor José Dias Mahlate que sempre lutou no sentido de restituir a vida ao NA. Nesta luta juntou-se também o jovem escultor Muando.
Em 26 de Novembro 1993, surgiu uma nova geração de Artistas da década 80, alguns dos quais saídos da Escola Nacional de Artes Visuais. Valdemiro Mantonse (Miro) e Afonso Joaquim Macuacua (Kheto) seguidos de Hilàrio J. Nhatugueja, Henrique Calisto e Virgílio decidem reabrir as portas do NA, motivados pela necessidade de um espaço onde pudessem realizar as suas actividades artísticas.
Os trabalhos de restauração foram realizados pelos citados. Mais tarde aderiram ao movimento os artistas Tomo, Gumatsy, Muando e Dias Mahlate (estes dois últimos readerem após uma desistência).
Foi nomeada uma nova direcção onde estiveram presentes os artistas Dias Mahlate, Muando, Miro, Kheto, Nhatugueja, Henrique, Tomo, Virgílio, entre outros. Assim seguiram-se os trabalhos de pintura e montagem de uma exposição.
No dia 31 de Dezembro de 1996 procedeu-se a escrituração dos novos estatutos passando o NA a ter uma existência oficialmente reconhecida ficando a Direcção a cargo de Muando (Domingos Ernesto), Afonso J. Macuacua (Kheto), Micas Pedro Nungo (Micas Nungo), António J. Macuacua (Phiri), Henrique V. Calisto (Calisto), António M. Tembe (Ídasse), Bento Carlos Mukhesswane (Bento), Samuel Alfredo Zandamela (Zamdamela), Hilário J. Nhatugueja (Nhatugueja) e Fernando Rosa Mudanisse (Rosa).
Após este período foram organizadas mais exposições, workshops, actividades ligadas à área e agrupamento de artistas plásticos diversos.
Desde 1997 até ao momento o NA prossegue com estas e outras iniciativas, agora sob a Direcção de Fernando Rosa, Henrique Calisto, Bernardo Tomo, Hilário Nhatugueja e Augusto Magaia.

(fim)

 

20/07/2018

A INAUGURAÇÃO DA SEDE DO NÚCLEO DE ARTE EM LOURENÇO MARQUES, 1936

Cortesia de Manuel e Luisa Oliveira.

 

O Núcleo de Arte ficou instalado na Rua dos Aviadores, hoje com a designação Rua da Argélia.

03/06/2018

A FUNDAÇÃO DO NÚCLEO DE ARTE EM LOURENÇO MARQUES, 1936

Recorte do Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, Nº16-17, Jan-Junho de 1936, página 106.

 

O texto publicado no Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro. alusivo à criação do Núcleo de Arte na Rua dos Aviadores (actualmente, Rua da Argélia) em Lourenço Marques.

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