Imagens retocadas.
30/04/2024
13/02/2024
CENTRO RETRANSMISSOR DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE NA MATOLA, ANOS 60
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08/12/2023
O FERIADO DA IMACULADA CONCEIÇÃO EM PORTUGAL EM 8 DE DEZEMBRO
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Hoje é feriado nacional em Portugal, celebrando a chamada Imaculada Conceição. O que é e de onde veio esta celebração nacional?
Segundo um texto da Câmara Municipal de Penaguião que consultei (e editei), Nossa Senhora da Conceição foi a Mãe de Jesus Cristo:
O dia invoca a vida e a virtude de Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem mácula, ou seja, sem marca do pecado original, o que recebeu o estatuto de dogma católico pelo Papa Pio IX no dia 8 de dezembro de 1854 (ou seja, passa a ser considerado assim pela Igreja e não se pode questionar). Assim, tem origem a celebração dessa comemoração, que é uma data de grande significado para a Igreja Católica.
A imaculada conceição é um dos chamados quatro dogmas marianos. Os outros três são que ela é a Mãe de Deus, a Perpétua Virgindade (pois) e a Assunção.
Antes de ter sido considerado um dogma, a celebração da data pelos Católicos já havia sido decretada em 1476 pelo Papa Sisto IV.
Em 25 de março de 1646, cinco anos e quatro meses depois da chamada Restauração da Independência (outro feriado nacional português, celebrado a 1 de Dezembro) e sabe-se lá porquê, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, na solarenta e alentejana Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora da Conceição pela Restauração da Independência de Portugal em relação à Espanha. O rei foi até a igreja de Nossa Senhora da Conceição na Vila, declarando-a padroeira e rainha de Portugal e anunciando que, desde esse dia (e até ao fim da dinastia dos Bragança em 1910), mais nenhum rei português usaria a coroa real na cabeça, privilégio que, diziam, estaria disponível apenas para a Nossa Senhora Imaculada da Conceição.
Importa referir que durante séculos, o Dia da Mãe em Portugal era comemorado no dia 8 de dezembro, tendo sido mudado para maio há relativamente poucos anos, por ser esse considerado o mês de Nossa Senhora. Quando eu era miúdo em Lourenço Marques, ainda assinalei o Dia da Mãe a 8 de Dezembro, primeiro comprando uns postais alusivos na lojinha de artigos religiosos da Igreja de Santo António da Polana, que ficava ao lado do monumento. Depois fiquei esperto e passei a guardar o dinheiro para ir ao cinema no Scala no domingo e fazia uns cartões desenhados à mão usando lápis de cor, que a Mãe Melo muito apreciava, apesar de serem digamos que toscos.
Mas isto dos feriados nacionais portugueses tem o que se lhe diga.
Originalmente, não eram “feriados” como são considerados hoje. Por exemplo, o feriado de 1 de Dezembro era usado para a celebração de solenes missas, chamadas Te Deums. Só em meados do Século XIX é que começaram a ter um carácter mais histórico e laico.
E, no caso da chamada monarquia constitucional (1834-1910) os dias em que os reis nasceram, casaram e morreram eram feriados nacionais. E eles eram mais do que muitos.
Curiosamente, nessa altura, a data de 8 de Dezembro não era um feriado público, era uma data assinalada privadamente apenas pela Família Real portuguesa.
Com o golpe de Estado que aboliu a monarquia portuguesa, em 5 de outubro de 1910, a lista de feriados foi completamente alterada pelos radicais republicanos, ferozmente anti-clericais. Apenas uma semana depois do golpe, um decreto aboliu todos os dias santificados e estabeleceu apenas cinco feriados nacionais – laicos, claro – sendo eles o 1 de janeiro, 31 de janeiro, 5 de outubro, 1 de dezembro e 25 de dezembro. O 1 de janeiro passou a ser observado como o Dia da Fraternidade Universal em vez da Circuncisão do Senhor, o 25 de dezembro passou a ser o Dia da Família em vez do Natal (como aconteceu em Moçambique depois da instauração do comunismo da Frelimo). O 31 de janeiro era em homenagem à revolta republicana falhada de 31 de janeiro de 1891 no Porto, o 5 de outubro aos Heróis da República e o 1 de dezembro à Autonomia da Pátria Portuguesa.
Dois anos depois, adicionaram um feriado a 3 de Maio, evocando a descoberta do Brasil.
Só em 1929, já na Ditadura que antecedeu o Estado Novo, é que o dia 10 de Junho, então feriado municipal em Lisboa, evocando o poeta Luis de Camões (que terá falecido nesta data em 1579 ou 1580, parece que não se sabe), foi declarado feriado, chamada simplesmente “Festa Nacional”.
Salazar, que era católico e associava a nacionalidade ao catolicismo (um truismo) manteria a lista dos feriados nacionais assim até 1948, ano em que se passou a celebrar a data de 8 de dezembro, então chamado Dia da Consagração de Portugal à Imaculada Conceição.
Em 1952 foi publicada uma reforma abrangente do sistema de feriados português: dois feriados civis -31 de janeiro e 3 de maio — e um religioso – Quinta-Feira da Ascensão – foram extintos e em vez disso foram criados 3 feriados religiosos — Corpo de Deus, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto) e Todos-os-Santos (1 de novembro). Além disso, o feriado da Festa Nacional (10 de junho) passou a ser o Dia de Portugal (para além da Festa Nacional) ao qual Salazar, no decorrer da inauguração do Estádio Nacional do Jamor, em 10 de Junho de 1944 tinha acrescentado o epíteto de “dia da “Raça” e o 5 de outubro passou a estar consagrado à Implantação da República (e não aos Heróis da República). E os dias 1 de janeiro e 25 de dezembro voltaram oficialmente a ser feriados religiosos (Circuncisão e Natal, respectivamente). O feriado de 8 de dezembro também passou a ser chamado apenas o Dia da Imaculada Conceição.
Com o derrube do regime em 1974, adicionou-se o 1 de Maio, depois o 25 de Abril, a Terça-Feira de Carnaval, a Sexta-Feira Santa e um feriado da localidade. O 10 de junho passou a ser chamado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. E em 2003 o Domingo de Páscoa passou a ser feriado obrigatório (ou seja, quem trabalhar nesse dia, recebe mais 50 por cento do salário).
Em 2013, na sequência de uma – mais uma – falência das contas nacionais pelo PS, desta vez o famoso episódio do José Sócrates, o governo de Pedro Passos Coelho, sustentado pelo PSD e o CDS, para além de aumentar os impostos expressivamente e cortar nas despesas, eliminou “temporariamente” 4 feriados – que dois anos depois a Geringonça de António Costa (sustenada por uma maioria parlamentar composta pelo PS, comunas, Bloco da Esquerda e Partido dos Animais e da Natureza) alegremente restituiu. Eles eram o Corpo de Deus, Todos os Santos, 5 de Outubro e 1 de Dezembro.
Enfim. Com o milhão e meio de imigrantes que se prevê virão viver para Portugal nos próximos anos para complementar os que daqui se piram para melhores paragens – a actual tendência é virem brasileiros, indianos, paquistaneses, angolanos, nepaleses, chineses e afins (ou seja protestantes, islâmicos sunnis, budistas, judeus, sikhs, ismaelitas, etc, – até já há em Lisboa uma “catedral” da Cientologia ) quero ver onde é que vão parar estes feriados todos. Para já, andam muitos a comentar a nova simbologia da bandeira portuguesa, recentemente aprovada pelo governo do demissionário António Costa, cujo desenho foi especificamente concebido para ser mais “laico” e “inclusivo”. Pois claro.
01/10/2023
HISTÓRIAS DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE
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Se o exmo. Leitor quiser saber mais sobre o Rádio Clube de Moçambique, há duas publicações recentes que poderão ser interessantes:
- Um artigo, este mais abrangente, da autoria de Marco Roque de Freitas intitulado “Rádio Clube de Moçabique: história económica e cultural de uma empresa radiofónica num contexto colonial (1932-1974)“, publicado na Revista de História da Sociedade e da Cultura e que pode ser lido premindo AQUI. O seu resumo diz o seguinte:
O Rádio Clube de Moçambique (RCM) foi uma empresa de radiodifusão privada sedeada em Lourenço Marques (atual Maputo) que granjeou uma forte expansão após a II Guerra Mundial, tornando-se numa das mais importantes instituições de radiodifusão comercial em África. Partindo da análise de publicações periódicas, relatórios de contas, entrevistas e outra documentação-áudio consultada nos arquivos da instituição, com este artigo pretende-se construir uma história do RCM desde a data da sua fundação, em 1932, até ao golpe de Estado em abril de 1974 na metrópole. Terei como ponto de partida os conceitos «rádio-colonização» e «capitalismo sonoro», com vista a explorar a instru-mentalização dos sistemas de radiodifusão para propósitos políticos e propagandísticos. Este artigo incidirá, entre outros fatores, nas dimensões económicas, materiais e culturais desta instituição, sem descurar a análise da programação radiofónica.
- Um artigo da autoria de Nélson Ribeiro, intitulado “Broadcasting to the Portuguese Empire in Africa: Salazar’s singular broadcasting policy“, publicado no sítio Academia. edu e que pode ser visto premindo AQUI. Este artigo está em inglês e o seu resumo diz o segunte:
This article discusses Portugal’s broadcasting policy to its colonies from the 1930s to the 1960s
when the country was ruled by a dictatorship led by Oliveira Salazar. It demonstrates that,
despite the centrality assumed by the concept of ‘Empire’ in the discourse of the dictatorship,
investments in shortwave broadcasting remained very low throughout the years. Not only was
the Portuguese state broadcaster not given the resources to achieve good coverage of the
African territories, but there was also no national policy concerning the creation of stations in
the colonies. This, as the article demonstrates, led to the development of several private radio
projects, mainly in Angola and Mozambique, operated as radio clubs. It would take until the
mid-1950s, when the independence of African countries entered the international agenda, for
the Portuguese dictatorship to start investing both in the state broadcaster’s transmissions to
Africa and in the creation of oficial stations in Angola, Guinea Bissau and Cape Verde. These
late investments would ultimately not pay off because, starting in 1961, Portugal would be
involved in the colonial war that started in Angola but quickly spread to other Portuguese
territories.
17/08/2023
A IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES
A primeira imagem foi tirada pelo genial Manuel Augusto Martins Gomes e está sujeita a copyright pela sua Filha Zé.
11/06/2023
DOCUMENTÁRIO SOBRE O RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE, 1964
Filme original dos arquivos da RTP, cujo sítio, por não ser possível colocar num blogue (uma estupidez, creio) o Sr. João Alves colocou no Iutube. Que permite colocar aqui.
11/02/2023
VISTA DA BAIXA DA MAXAQUENE EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC.XX
Imagem dos Irmãos Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.
05/08/2021
A IGREJA PAROQUIAL E O HOSPITAL MILITAR DE LOURENÇO MARQUES, 1897
Imagem retocada.
07/09/2019
A SEDE DO RÁDIO CLUBE E A IGREJA DA IMACULADA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES
Imagens retocadas.
No preciso local onde fica a entrada da sede do Rádio Clube de Moçambique – actualmente a Rádio Moçambique, EP – existiu durante quase 60 anos uma igreja, a primeira igreja católica em Lourenço Marques, edificada no âmbito da conhecida missão liderada por Joaquim José Machado e que desembarcou em Lourenço Marques em 7 de Março de 1877. O templo foi dedicado à Imaculada Conceição que permanece como a Padroeira da Cidade. Num quase inexplicável rearranjo da Cidade iniciado na década de 1930, a igreja seria demolida no início da década de 1940, sendo, simultaneamente, edificada, mais abaixo na mesma rua, a Sé Catedral, também dedicada à Imaculada Conceição, que seria inaugurada pelo Cardeal Cerejeira em Agosto de 1944.