THE DELAGOA BAY WORLD

26/03/2024

VASCO ABREU NO CLUBE NAVAL, ANOS 30 e 40

Filed under: LM Clube Naval, Vasco Abreu — ABM @ 17:28

Imagens retocadas, gentilmente cedidas por Suzana Abreu Barros.

Vasco Abreu fez parte de uma família que foi viver para Moçambique no início do Século XX. Nasceu em Lourenço Marques em 25 de Julho de 1924. Foi mais conhecido por ter sido piloto comandante da DETA (entre 1945 e 1980) e Pai da nadadora Suzana Abreu e seus irmãos Vasco, Rui e José Manuel. Dois dos seus irmãos, Jorge e João, eram conhecidos empresários de Moçambique.

Capa
Interior do BI de filho de Sócio Nº10, dando-lhe o estatuto de marinheiro.
Grupo de convivas no Clube Naval da Polana, primeira metade da década de 1930. O jovem Vasco de Abreu está sentado na fila da frente, terceiro a contar da direta, descalço e com camisa branca.

05/02/2023

O CLUBE NAVAL E A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

O Clube Naval de Lourenço Marques e a Ponta Vermelha, década de 1960.

22/09/2022

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, MEADOS DA DÉCADA DE 1960

Imagens retocadas.

O Clube Naval, cerca de 1965. Naquele tempo, era comum esta parte da Baía ter muitos navios fundeados, penso que à espera de vez para atracar.

O Clube Naval, visto de Sul. À esquerda vê-se parte das barreiras reforçadas onde havia um parque a que eu chamava Jardim do Paraíso e onde ia passear com o meu cão. No topo, à direita e fora de vista estava (ainda) o Pavilhão de Chá da Polana, onde estava o Restaurante Oceânia.

12/08/2022

DIA DE REGATAS NO CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1940

Imagem retocada.

Dia de regatas no Clube Naval em Lourenço Marques, década de 1940. Era um evento a que vinha muita gente assistir, numa cidadezinha onde tudo servia para uma festa e um passeio. Naquela altura a agremiação ainda se chamava Clube Náutico. Se o exmo. Leitor observar atrás, as Barreiras da Polana por esta altura ainda estavam quase no estado original, que só seria alterado mais tarde quando se refez a Estrada Marginal e se construiu uma muralha para dar mais espaço para a edificação de passeios.

24/07/2022

VENCEDORES DAS REGATAS DE LOURENÇO MARQUES, 24 DE JULHO DE 1941

Segundo o Eduardo Pitta, o dia 24 de Julho de 1875, que hoje completa 177 anos, começou a ser celebrado em Lourenço Marques como um feriado exactamente há 175 anos, em 1877.

A equipa do Clube Naval de Lourenço Marques que venceu as regatas do Dia da Cidade, posa para a fotografia, numa 5ª feira, 24 de Julho de 1941. Foi mais um dia de feriado na pequena e pacata capital moçambicana com cerca de 30 mil habitantes europeus e mais uns tantos negros e mulatos , que mantinha as suas dormentes rotinas, apesar de, à sua volta e lá longe na Europa, mais uma vez o mundo ardia numa guerra violenta e fraticida, Adolf Hitler e Josef Stalin tendo acabado de dizimar a Polónia e Hitler acbado de conquistar a França, Bélgica, Holanda e a Noruega, parecendo invencível. Enquanto Hitler se preparava para invadir as Ilhas britâncias, Portugal entretanto já declarara a neutralidade, ao contrário do Reino Unido e o seu vasto império, que incluía as suas colónias e estados associados na região: a relutante União Sul-Africana, a Suazilândia, Bechuanalândia, Niassalândia, as Rodésias do Norte e do Sul e o Tanganhica. Ou seja, o Moçambique colonial dessa altura era uma ilha formalmente neutral num mar britânico em guerra com a Alemanha. Todos em Lourenço Marques seguiam atentamente a guerra através da rádio em onda curta, a BBC a emitir de Londres e a Rádio Berlim a partir da capital alemã nazi.

1877 era apenas dois anos depois da histórica decisão de Mac-Mahon, ainda era Lourenço Marques uma vila miserável, infecta e barricada numa pequena ilha, numa ponta o velho presídio que aportava o nome do quase desconhecido comerciante que lhe dera o nome, povoada principalmente por estrangeiros, monhés (umas comunidade de comerciantes e suas famílias, originários do Médio Oriente e do sub-continente indiano, há séculos em Moçambique, que se estavam a mudar para a sua rua principal, que na verdade era a Rua da Gávea, não a Rua Araújo) e negros, vagamente sustentada pelo comércio local e com o Transvaal. Não tinha água potável, saneamento, comunicações, caminhos de ferro, porto. Só doze anos mais tarde, em 10 de Novembro de 1887, seria, por decreto real assinado por Dom Luis I, elevada ao estatuto de Cidade, o que lhe deveria dar o direito a uma estrutura municipal de auto-governo, mas nem sequer isso conseguia concretizar, pois não havia gente para eleger ou para ser eleita. Durante anos e anos, a sua câmara municipal seria efectivamente gerida por uma mistura de nomeados, por tecnocratas competentes enviados de Lisboa e pela a sua influente (e quase toda estrangeira) associação comercial. A língua que mais se falava era a inglesa.

Na base da decisão proferida em 24 de Julho de 1875, estavam disputas territoriais que vinham desde 1822, quando um capitão inglês, Owen, aportou o mísero presídio e, segundo os portugueses, à sucapa dos portugueses no Presídio, assinou tratados com os régulos Tembe e Maputo e assim reclamou para a Grã-Bretanha todo o território a Sul da Baía do Espírito Santo (hoje Baía de Maputo). Nessa altura, andava tudo à caça desses “tratados”, não se percebendo bem qual era o entendimento dessas autoridades indígenas quanto ao que realmente pensavam que estavam a assinar (mas que invariavelmente vinha acompanhado de umas caixas de whisky, uns charutos e uns saguates, o que, admita-se, sempre era alguma coisa).

A disputa manteve-se e escalou após a constituição das repúblicas Boer do Transvaal, Estado Livre de Orange e, do lado britânico, a constituição da Colónia do Natal. Em 1861, um navio britânico chegou ao Presídio e declarou que a Ilha da Inhaca passava a ser parte da Colónia do Natal. Levou oito anos aos portugueses reagir. Nesse ano, os ingleses enviaram um navio para a Inhaca – e içaram a bandeira britânica. Seis meses depois, um punhado de portugueses intrépidos foram numa barcaça à Inhaca, arrearam a bandeira inglesa, correram com a guarnição britânica e, perante o certamente atónito punhado de locais, içaram a bandeira da monarquia portuguesa. Nos corredores diplomáticos, acendeu-se a disputa entre Londres e Lisboa, unidas pelo dúbio pacto de Windsor desde há meio milénio, Portugal completamente nas lonas, enquanto que o Reino Unido se posicionava já como a nação mais poderosa no planeta. Os dois governos acordaram em submeter a questão a arbitragem internacional, para decisão final e vinculativa pelo presidente da República da França.

Que pela sua decisão de 24 de Julho de 1875, atribuíu a Portugal a posse da região mais ou menos entre a parte Sul da Baía e até à Ponta do Ouro e ao pequeno Protectorado da Suazilândia.

Após a independência nacional, as autoridades descartaram esta data e passaram a assinalar o dia 10 de Novembro de 1887 como Dia da Cidade. Mas não sem antes o inefável Samora Moisés ter feito mais uma das suas. Pitta relata como foi o dia 24 de Julho de 1975, primeiro centenário da Decisão:

A data celebra a sentença do marechal francês Mac-Mahon, que em 24 de Julho de 1875 arbitrou a favor de Portugal, contra a Grã-Bretanha, a posse da baía de Lourenço Marques, denominada «Delagoa Bay». Em 1975 cumpriu-se o centenário. Machel aproveitou a data para virar tudo do avesso. Discursando durante várias horas, decretou o fim da propriedade privada. Terra, habitação, actividades económicas, transportes, saúde, educação, média, agricultura, indústria, etc., passou tudo para a Frelimo. Assim que acabou de falar, consultórios médicos, escritórios de advogados, colégios e pequenas oficinas foram alvo de buscas. Um médico amigo teve dificuldade em justificar a posse de luvas de latex e um estetoscópio. No dia seguinte estava em Joanesburgo. Nesse dia decidimos deixar Moçambique. Com os aviões lotados até ao fim de Outubro, combinou-se que o Jorge [o seu companheiro na altura] viria a 3 de Novembro e eu mais minha mãe a 26 de Janeiro de 1976.

A Avenida 24 de Julho, a mais comprida da Cidade, essa, manteve a mesma designação até hoje, mas passando a assinalar um dos maiores actos de destruição económica do Moçambique independente, que levaria décadas a começar a desembrulhar.

20/06/2021

MACHIMBOMBO ENTRE A PRAIA DA POLANA E A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Imagem retocada e colrida a partir de uma digitalização dos arquivos nacionais de Moçambique.

O machimbombo carreira da Praia da Polana na Estrada Marginal, perto do Clube Naval e do Pavilhão de Chá da Polana, anos 40. Anos mais tarde, este trecha da Estrada Marginal foi “encostado” às Barreiras da Polana.

08/03/2021

REGATAS EM LOURENÇO MARQUES, JULHO DE 1941

Filed under: LM Clube Naval, Regatas em LM 1941 — ABM @ 23:06

Imagem retocada de Isabel Sena.

 

Enquanto que mundo combatia ferozmente numa guerra mundial, em Lourenço Marques … os habitantes entretiam-se com regatas na Baía. Aqui, uma equipa do Clube Naval de Lourenço Marques.

Equipa de remo do Clube Naval por volta das festas da Cidade, que na altura eram celebradas em 24 de Julho. Aqui em 1941. Se o Exmo. Leitor conhecer algum dos presentes na imagem, por favor escreva para aqui.

18/02/2021

UM DIA NO CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Filed under: Clube Naval de LM em 1961, LM Clube Naval — ABM @ 11:14

Imagens retocadas.

O Clube Naval de Maputo foi fundado em 13 de Fevereiro de 1913, com o nome de Grémio Náutico de Lourenço Marques. Penso que é a agremiação desportiva mais antiga de Moçambique, sendo que na altura dois outros clubes foram fundados pelos ingleses residentes na Cidade, o e ‘Lourenço Marques Yachting Club’ e o ‘Delagoa Bay Swimming Club’ – mas de que não reza a história. Em 1938, alterou a sua designação para Clube Naval de Lourenço Marques. Não sei bem como, de alguma forma resistiu ao embate da independência, na medida em que, ao contrário da maioria dos clubes da Cidade, que literalmente foram intervencionados e “adequados” aos novos tempos, esvaziando-se dos seus sócios e patrocinadores prévios, manteve alguma coerência no seu propósito e funcionamento nas décadas em que se seguiram, apesar de a sua actividade, durante alguns anos, ter sido uma sombra do que fora em décadas anteriores. ALgures por esta altura alterou novamente a designação para a actual. Volvidos 108 anos, o Clube Naval mantém a matriz fundacional e continua a ser uma parte integrante da vida da Cidade.

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13/07/2019

MARY E PIETER EM LUA DE MEL EM LOURENÇO MARQUES, 1951

Imagem retocada e pintada por mim, gentilmente cedida pelo muito simpático dono do blog Vrystaat Confessions,. A imagem é dos seus Pais, em 1951. Depois de se casarem no Estado Livre do Orange, na então União Sul-Africana, compraram um velho e duvidoso carro e seguiram em lua de mel para….Lourenço Marques.

Photo retouched and handpainted by me, generously allowed to be placed here by the very nice owner of the blog Vrystaat Confessions,. The image is of his parents, Mary and Pieter, from 1951. After they got married in the Orange Free State, in the then Union of South Africa, they bought and old car and went for their honeymoon to…. Lourenço Marques.

 

Mary, descalça, com Pieter, posam junto às escadas que davam para a Praia da Polana em Lourenço Marques, durante a sua lua de mel, 1951. Mesmo à sua direita, ficava o Pavilhão de Chá da Polana e, a seguir, o Clube Naval de Lourenço Marques. Atrás, a Baía.

05/07/2019

O MIRADOURO DE LISBOA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1950

Imagem retocada.

 

O Miradouro de Lisboa inaugurado durante a II Guerra Mundial, fica situado na Avenida Friedrich Engels (anteriormente, Avenida dos Duques de Connaught) na crista das Barreiras da Polana, face a Leste, em frente à Inhaca e a entrada da Baía. Em baixo fica o Clube Naval.

20/09/2018

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Filed under: LM Clube Naval — ABM @ 23:17

 

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14/09/2018

UM DIA NO CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

Filed under: LM Clube Naval — ABM @ 18:26

 

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12/09/2018

OS BALOIÇOS DO CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Os baloiços do Clube Naval, 1961. Ao fundo, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana.

26/08/2018

O PAVILHÃO DE CHÁ DA POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1950

Imagem de um postal da Foto Lu Shih Tung em Lourenço Marques.

 

A Praia da Polana, Pavilhão de Chá da Polana, Clube Naval e Barreira da Polana em Lourenço Marques, anos 50.

29/07/2018

A RAMPA PEDESTRE ENTRE A POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem colorida por mim.

 

À esquerda, a “famosa” rampa para pedestres que descia da Polana para o Clube Naval, anos 60. Apanhava-se na Avenida dos Duques de Connaught a seguir à ruazinha que descia da esquina do Restaurante Piri-Piri. Usei-a vezes sem conta mas, por milagres da Independência, “desapareceu” e décadas depois encontrei gente em Maputo que jura a pés juntos que ela nunca existiu. Aliás o maior estampanço que dei num carrinho de rolamentos foi a descer esta rampa, digamos que falharam os travões…. a Barreira da Polana aqui está periclitante o que faz prever que um dias destes vai haver festa, sendo que esta rampa servia para recolher as águas pluviais a meio da barreira. Nesta imagem, o Pavilhão de Chá ainda existia, mais à frente.

A PRAIA DA POLANA E O CLUBE NAVAL, 1910S

Imagem colorida por mim.

A Praia da Polana e o Clube Naval, segunda década do século XX. Daqui se pode ver que o edifício foi construído sobbre um aterro feito a partir das Barreiras da Polana.

13/02/2018

A PRAIA DA POLANA E O CLUBE NAVAL EM LOURENÇO MARQUES, 1931

…e ao fundo o Pavilhão de Chá da Polana.

 

A Praia da Polana, Clube Naval e ao fundo o Pavilhão de Chá da Polana, 1931.

13/10/2017

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES: 104 ANOS, EM FOTOGRAFIA

 

Emblema do Clube, em pano, para colocação num casaco.

 

A Praia da Polana, cerca de 1910. O Clube ainda não existia.

 

O Clube pouco depois da sua fundação em 1913. Do lado direito podem-se ver os carris do caminho de ferro da Polana, que ligava a Praia à Baixa da então pequena cidade.

 

O Clube a a primeira muralha construída a Norte e que durou pouco.

 

O Clube Naval , detalhe de uma fotografia de um dos álbuns de Santos Rufino, publicado em 1929.

 

Meados da década de 1920. O Clube e, mais acima, o Salão de Chá da Polana. O Clube faz um pontão de madeira.

 

Aproximadamente a mesma fotografia da anterior. A construção do Clube, da muralha e do Salão de Chá efectivamente destruiram a Praia da Polana, que rapidamente ficou sem areia.

 

Anos 40. A muralha a Norte é refeita e reforçada e o pontão é extendido.

 

Dia de evento desportivo no Clube, que a partir dos anos 40 tem um conjunto de eventos mais intenso.

 

Anos 50. Obras no pontão.

 

Anos 50. Dia de evento desportivo.

 

Início dos anos 60. Pontão de cimento envolvente e passeio junto à muralha.

 

O Clube no início dos anos 60. À direita, a Estrada Marginal.

 

O Clube nos anos 60. A segunda rampa em construção.

 

Anos 60.

 

Anos 60. A segunda rampa já edificada.

 

Anos 60.

 

Anos 60. O Pavilhão de Chá será demolido no final da década.

 

Anos 60. O Clube visto do Sul. Ao lado, a Estrada Marginal. À esquerda, as Barreiras da Polana e parte do então Jardim do Paraíso, amuralhado para segurar a Barreira e evitar desabamentos de terra devido à grande inclinação. À direita, o enorme parque de estacionamento para os que faziam o Passeio dos Tristes aos domingos.

 

O Clube no início do Século XXI. Antes de 1974, a primeira rampa foi demolida e na plataforma junto ao edifício foi construída uma piscina, inaugurada ainda em 1974. O parque de estacionamento a seguir ao Clube é ocupado com construções.

 

O Clube, visto por satélite.

 

O Clube na segunda década do Século XXI. O Pavilhão de Chá da Polana estava onde se vê a palmeira. Construções na encosta junto e a seguir ao Caracol.

 

Vista geral do local, com vénia a Steven Le Vourc’h.

 

A sede, imagem recente.

18/09/2017

DOMINGO NA PRAIA DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1927

Detalhe de imagem de um dos álbuns de Santos Rufino, retocada.

 

Pessoas na Praia da Polana em Lourenço Marques, cerca de 1927. Atrás, o Pavilhão de Chá da Polana. Ao fundo, o Almeida Pier, o Clube Naval de Lourenço Marques e a Ponta Vermelha.

 

 

11/09/2017

A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES

Não terão sido os portugueses a baptizar o promontório que agora de chama Ponta Vermelha, ou, para os anglófonos, Reuben Point. Este foi um termo que se tornou comum para todos os navegadores que rumavam a então Baía de Lourenço Marques – ou Delagoa Bay, o nome deste blogue. Porquê? aqui se explica, começando com um visão geral da morfologia do terreno e depois algumas fotografias que seleccionei.

Um fotografia de satélite de Maputo, recente.

A Baía que rodeia a Sul a actual Cidade de Maputo resulta de uma peculiar geologia e morfologia e ainda a circunstância de ali desaguarem vários rios. Se a maioria dos terrenos ali em redor são quase areia da praia, na zona em redor da actual cidade existe uma considerável plataforma de terra vermelha que se eleva suavemente a partir de Noroeste – da zona de Marracuene e que segue, do outro lado da Baía, durante mais alguns quilómetros, e que se “parte” quase súbita e abruptamente, de um lado a Ponta Vermelha, e do lado da Catembe, a Ponta Mahone. Pelo meio, nota-se o impacto dos rios que vêm do lado da Matola, e que escavaram a parte Poente da Baía e, a Norte (como se pode ver na foto) o enorme impacto da foz do Rio Incomáti, que desagua à entrada da actual Baía, descarregando os rios quantidades enormes de areia e detritos, que deverão estar na origem das Xefinas e da Inhaca.

No meio deste ecosistema essencialmente determinado pelo mar, pelos ventos, pela água dos rios e da erosão, está a Ponta Vermelha.

Essencialmente, a Ponta Vermelha resistiu de forma mais pronunciada às pressões ambientais circundantes porque, numa parte das camadas que constituem os seus solos, havia pedra vermelha.

Os Rochedos da Ponta Vermelha, final do Século XIX.

Essa pedra vermelha contrariava significativamente a erosão constante exercida pelos elementos, que lentamente iam “comendo” as areias que compunham as encostas da Ponta Vermelha (e da Ponta Mahone), que caíam para as praias em frente.

Quando a Baía começou a ser habitada, e principalmente, visitada por europeus, em navios, durante o Século XIX, o que agora é a Ponta Vermelha era basicamente uma zona pouco habitada e de densa floresta. Os europeus só começaram a habitá-la no final do Século XIX, quando se criaram acessos por estrada a partir da pequena Lourenço Marques, ali a uns 2-3 quilómetros, e mesmo assim só depois de ali se ter criado um sistema de abastecimento de água, que não havia.

Para quem conheceu Lourenço Marques e agora conhece Maputo, devido às enormes alterações feitas nos terrenos da Ponta Vermelha e em redor da Ponta Vermelha, não é evidente como aquilo era no final do Século XIX.

Naquela altura, a plataforma que constitui a Ponta Vermelha e a Maxaquene era muito mais avançada em direcção ao mar do que se pode depreender hoje, e caía abruptamente em direcção à praia em baixo, nalgumas partes em contínua erosão, com as terras brancas e vermelhas à vista (especialmente nas duas direcções a partir da Ponta Vermelha) enquanto que noutros locais essas encostas estavam cobertas por vegetação.

Desenho ilustrando a Ponta Vermelha, vista de Lourenço Marques, 1891. Este sketch sugere claramente que a Ponta Vermelha naquela altura “caía” quase abruptamente para o mar. Na zona da Ponta Vermelha propriamente dita não havia praia: haviam rochedos, como se pode ver na imagem em cima. Essas rochas ajudavam a proteger o promontório contra os elementos. Uma curiosidade deste desenho é que é a única ilustração que conheço mostrando o primeiro farol da Ponta Vermelha, que era uma espécie de tripé de metal ali edificado e que existiu entre 1877 e 1892, quando foi substituído por um pequeno farol de pedra e cal.

 

Uma fotografia de J&M Lazarus, final do Século XIX, mostrando a Ponta Vermelha a partir da Baixa da então pequena Lourenço Marques. Foto tirada de Poente para Nascente. Note-se a forma íngreme como o promontório cai para o mar.

 

Foto do início do Século XX, mostrando a encosta da Maxaquene, que termina na Ponta Vermelha. Esta enseada seria aterrada vinte anos depois e seria onde mais tarde se faria, por exemplo, a FACIM. Mas importante é observar as encostas, que são muito mais avançadas do que hoje, em rápida erosão, mostrando as areias soltas  e alguma vegetação. Se deste lado e do outro lado da Ponta Vermelha haviam praias com areia, na Ponta Vermelha em si havia rochedos.

 

Uma imagem recente da Ponta Vermelha. Note-se como as encostas foram alisadas e cobertas com vegetação, para além de se ter edificado a Estrada Marginal, por cima dos Rochedos da Ponta Vermelha e da Praia da Polana, recorrendo-se a muros de suporte e esquemas de irrigação de águas pluviais.

 

Este postal, do final do Século XIX ajuda parcialmente a explicar o nome da Ponta Vermelha. Digo parcialmente porque estes postais foram pintados à mão e o ilustrador às vezes pintava as coisas de forma digamos que criativa. O que os registos da altura indicam é que, quando se navegava para a Baía de Lourenço Marques quer vindo do Norte, quer vindo do Sul, ao longo da costa, a única coisa que se podia ver dos navios era uma longa, constante linha baixa e consistente de verde escuro, da vegetação. Mas quando se entrava na Baía, onde a pequena Cidade de Lourenço Marques se “escondia” por detrás do promontório da Ponta Vermelha, a primeira coisa que se notava era a alta encosta a Nascente (que se vê nesta imagem) com as suas areias amareladas e vermelhas, a cair acentuadamente para a praia. Daí o nome “Ponta Vermelha”.

 

A Ponta Vermelha vista do lado Nascente, onde ficava a Praia da Polana, primeiros anos do Século XX.  Mais uma vez, repare-se na forma abrupta como a encosta cai para a praia.

 

Mais uma imagem da Ponta Vermelha vista da Praia da Polana, aqui cerca de 1920. A encosta ainda a cair de forma abrupta para a praia e sem vegetação.

 

Nesta imagem, de um postal de cerca de 1920, já se nota que se fizeram alguns trabalhos de movimentos de terras (um pequeno acesso à Polana, à direita, e que ainda existe) provavelmente para se encher a plataforma onde se fez o Clube Naval e mais tarde a Estrada Marginal e o Pavilhão de Chá. Mais uma vez, o ilustrador pintou tudo de verde, o que é incorrecto.

 

Nesta imagem de um dos álbuns de Santos Rufino, tirada em meados dos anos 20 na Ponta Vermelho, nota-se que se fizeram os acessos ligando a Baixa à Polana aterrando as praias originais e sobre os rochedos na Ponta Vermelha, indo buscar as terras à encosta.

 

A Ponta Vermelha vista do Hotel Polana em meados da década de 1920. Foto de um dos álbuns de Santos Rufino. 

 

Este é o aspecto da Estrada Marginal junto à Ponta Vermelha nos anos 1960. À semelhança dos Aterros da Maxaquene, fez-se aqui uma muralha de pedra que apoia a plataforma onde se fez a estrada. Arborizaram-se entretanto as encostas menos íngremes, para se segurarem as terras. Mesmo assim, quando havia temporais, era frequente haver desprendimentos de terra, que inundavam a estrada e caíam ao mar.

 

A encosta da Polana, logo a seguir à Ponta Vermelha, nos anos 70. Devido à construção do Clube Naval, do Pavilhão de Chá e da Praia da Polana, por um lado, e do outro lado a construção da Avenida dos Duques de Connaught (hoje Fridrich Engels), este permanece um dos grandes “erros” urbanos da Cidade (o outro é o centro da Baixa que quase todos os anos inunda). Pois para além de se ter mantido um ângulo de descida demasiadamente íngreme, a constante erosão e, depois da Indepedência, a insana prática de corte das árvores para lenha por parte das pessoas, fez com que esta secção da Polana esteja em perigo de derrocada. Basta um ciclone como o Claude em 1966 e corre-se o risco de desmoronamento da encosta.

 

No caso da Ponta Vermelha propriamente dita, ainda nos anos 20, para contrariar o perigo de desmoronamento da encosta e lidar com a sua enorme inclinação, foram construídas – com pedra vermelha obtida no próprio local – grandes muralhas que se podem ver parcialmente nesta imagem recente, que se encontram escondidas por detrás de conjuntos de árvores que foram plantadas em pátios, tendo essa área sido convertida num grande jardim, que nos anos 60 eu chamava Jardim do Paraíso. Hoje os locais chamam-lhe Jardim dos Namorados. Em frente à encosta, a plataforma, construída nos anos 20, onde assenta a Estrada Marginal.

 

Esta imagem recente ilustra a Estrada Marginal logo a seguir à Ponta Vermelha e até ao Clube Naval.  E mostra algumas curiosidades. A primeira é à esquerda, inserido na muralha, ainda um dos “pedregulhos” enormes de pedra vermelha que restam dos Rochedos da Ponta Vermelha, e que ali ficou. A segunda é o mau estado da muralha, apesar de sucessivas obras de manutenção. Em cem anos, o nível médio do mar subiu cerca de 30 cms e em breve toda a plataforma terá que ser aumentada em cerca de 1-2 metros, para não ser invadida pelo mar, especialmente em dias de mau tempo. A terceira é a falta de areia, que deixou de cair das encostas da Ponta Vermelha e da Polana, deixou de vir dos rios e passou a ser dragada regularmente da Baía, para permitir aos navios acederem ao porto da Cidade. O efeito dessa alteração é que cada vez menos existe ali uma barreira de areia para atenuar as ondas das marés, que crescentemente são mais agressivas.

 

 

 

01/02/2017

A PRAIA DA POLANA E O CAIS ALMEIDA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX

Postal dos fotógrafos Joseph e Maurice Lazarus, acerca dos quais o Paulo Azevedo recentemente publicou um livro com os resultados de uma aturada pesquisa e a que farei referência brevemente.

 

A Praia da Polana e o Cais Almeida em Lourenço Marques, início do Séc. XX.

A Praia da Polana e o Cais Almeida em Lourenço Marques, início do Séc. XX. Nesta praia mais tarde foram edificados o Clube Naval e o Pavilhão de Chá da Polana. O cais permitia às pessoas embarcarem em pequenos barcos sem as complicações de terem que o fazer na praia.

09/06/2016

EDUARDO HORTA, LEONG E CARLOS FERNANDES EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Foto cortesia de Eduardo Horta.

Eduardo Horta foi um grande nadador e desportista de Moçambique. Leong um grande praticante da peca desportiva. Carlos Fernandes não sei. Penso que estão no Clube Naval de Lourenço Marques.

 

Da esquerda: Carlos Fernandes, Leong e Eduardo Horta.

Da esquerda: Carlos Fernandes, Leong e Eduardo Horta.

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES E AS BARREIRAS DA POLANA, ANOS 1960

 

 

O Clube Naval de Lourenço Marques, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana, nos anos 60.

O Clube Naval de Lourenço Marques, a Estrada Marginal e as Barreiras da Polana, nos anos 60. Ao fundo, a Ponta Vermelha.

03/01/2014

O CLUBE NAVAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1920

Fotografia © de Vasco Freitas, digitalizada e depois restaurada por mim. O original que pertence à Colecção do seu Avô, António Joaquim de Freitas, que foi Engenheiro de Minas e Director da (então designada) Repartição de Indústria e Geologia de Moçambique, entre 1928 e 1954. António de Freitas foi ainda o Sócio Fundador Nº 1 da Sociedade de Estudos de Moçambique. A fotografia foi revelada e passada a papel na Foto Louis Léome Hily (e não Léone Hilly), na altura sita no Nº 193 da Avenida Manuel de Arriaga, em Lourenço Marques.

Muito grato ao Vasco Freitas por permitir mostrar esta excelente fotografia nesta Casa.

Fundado em Fevereiro de 1913, o Clube Naval de Lourenço Marques, aqui nos anos 20.

Fundado em 12 de Fevereiro de 1913, o Clube Naval de Lourenço Marques, aqui nos anos 20.

16/10/2013

A MURALHA NA ESTRADA MARGINAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Fotografia de Jorge Quartin Borges.

 

A muralha da Estrada Marginal em Lourenço Marques, anos 1960. Ao fundo, vê-se o Clube Naval.

A muralha da Estrada Marginal em Lourenço Marques, anos 1960. Ao fundo, vê-se o Clube Naval. E por cima da muralha, três gaivotas.

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