THE DELAGOA BAY WORLD

22/08/2023

TRINITÁ, COM TERENCE HILL E BUD SPENCER, EM LOURENÇO MARQUES,1970

Imagem editada.

Foi dos filmes mais divertidos da minha juventude (tinha 10 anos de idade em 1970) e provavelmente o mais bem conseguido dos spaghetti westerns feitos naquela era, filmados com italianos em Espanha (!). Em baixo, a canção e o filme completo.

A capa do disco, editado em Lourenço Marques, 1970.
Vi-o mais que uma vez no Cinema Dicca em Lourenço Marques.
A canção.
O filme, completo.

PARTIES E FESTAS DE GARAGEM, ANOS 70

Filed under: Parties e Festas de Garagem em LM anos 70 — ABM @ 14:33

Imagens retocadas e coloridas.

1 de 4. Festa em LM
2 de 4. Festa de anos, foto de Isabel Sena, faltam os nomes.
3 de 4. Festa no Clube da Namaacha, foto de Ernesto Silva.
Dançando um slow, nos meus tempos ao som de Samba Pa Ti de Santana, que se pode ouvir em baixo.
Samba Pa Ti, de Santana, no lendário álbum Abraxas.

PORTA-NEGATIVOS DA FOTOCOLOR/POLANACOLOR EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagem retocada, com vénia a Mozíndico.

Porta-negativos da Fotocolor (na Baixa perto da Casa Spanos, Rua Salazar Nº19) e Polanacolor (na Avenida 24 de Julho Nº726), casas de fotografia em Lourenço Marques, anos 70.

21/08/2023

CHEQUE DO BCCI – E PERCURSO DO BANCO DE CRÉDITO COMERCIAL E INDUSTRIAL, ANOS 70

Imagem retocada.

Encontrei no sítio do Banco de Portugal o seguinte texto sobre esta instituição, que operou em Moçambique:

“O Banco de Crédito Comercial e Industrial foi constituído em Angola em agosto de 1965, tendo aberto as suas portas a 30 de outubro, na cidade de Luanda, onde detinha a sua sede. O requerimento para a sua constituição tinha dado entrada na Inspeção-Geral de Crédito e Seguros em fevereiro de 1961, por iniciativa do Banco Borges & Irmão que procurava expandir-se nas províncias ultramarinas.
Criado sob uma conjuntura favorável, embora em clima de plena Guerra Colonial, em 6 de novembro de 1965 a instituição abria uma dependência em Lourenço Marques. Segundo os seus estatutos, publicados em Diário do Governo de 22 de junho desse ano, constituiu-se juridicamente como sociedade anónima de responsabilidade limitada. Virado para o mercado colonial, o banco possuía também uma delegação administrativa em Lisboa, na Praça do Município (onde ficava a sede do Banco Borges e Irmão), onde se realizavam as assembleias gerais. Com o capital social autorizado de 200.000 contos, iniciou a atividade com 150.000 contos de capital, sendo 50% detido pelo seu fundador, o Banco Borges & Irmão.
O banco procurou contribuir para uma política de desenvolvimento, incentivando a poupança externa, para as colónias. Realizava todas as operações inerentes à atividade bancária, bem como a elaboração de estudos económicos, regionais e sectoriais, que proporcionavam apoio técnico à sua ação.
Procurou estender o seu raio de influência a todo o território angolano e moçambicano, através da abertura de novas agências. No fim de 1966, o banco contava com seis novos balcões em Angola (Carmona, Benguela, Sá da Bandeira, Lobito, Negage e Porto Alexandre) e quatro em Moçambique (Beira, Nampula, Quelimane e Vila Trigo de Morais). Em 1971, com o aumento dos lucros, possuía 57 dependências em Angola e 42 em Moçambique.
Face ao rápido desenvolvimento da instituição, ao qual o apoio do sócio e fundador Banco Borges & Irmão não era alheio, em 1969 o capital social foi aumentado para 200.000 contos, conforme se encontrava previsto no primitivo pacto social.
O ano de 1970 foi um marco importante para a instituição: o progresso do Banco de Crédito Comercial e Industrial exigia a sua internacionalização e presença noutras paragens, fora das colónias ultramarinas. Assim, recorrendo à colaboração do Banco Borges & Irmão, a instituição instala escritórios e representações em Johannesburgo, Paris e Caracas.
A expansão e o aumento do volume de negócios exigiram uma nova alteração ao pacto social, de modo a permitir aumentar o capital e fortalecer a estrutura e a confiança na instituição. Em 1973 o capital social foi aumentado de 200.000 contos para 300.000 contos.
Com a revolução de abril de 1974, alterou-se a situação política do País. Nesse mesmo ano, registou ainda uma tentativa de aumento de capital, para 420.000 contos, que não se concretizou. Em 1975, com a independência das colónias o banco cessa a atividade.

Outra esboço do percurso do BCCI

O Café Nicola, na Praça 7 de Março, viria a ser encerrado para ali se instalar um balcão do BCCI.

Bibliografia

  1. http://memoria-africa.ua.pt/Catalog.aspx?q=TI%20inaugurado%20no%20sabado%20o%20banco%20de%20credito%20comercial%20e%20industrial
  2. vídeo da RTP datado de 9 de Novembro de 1965, onde, em Lourenço Marques, José Augusto da Costa Almeida, governador-geral de Moçambique, preside à inauguração do novo Banco de Crédito Comercial e Industrial em representação do Ministro do Ultramar.
  3. Dicionário da História Empresarial Portuguesa, Séculos XIX e XX, Vol I – bancos, 2013

AÇUCAREIRO DO TEATRO VARIETÁ EM LOURENÇO MARQUES

Imagem de Sandra Masto, que acho que vive na Austrália, do que parece um açucareiro do Café do Teatro Varietá que recebeu do pai em 1958.

A relíquia do Varietá da Sandra.

19/08/2023

O BRASÃO DA MATOLA, ANOS 50

Imagem retocada.

Brasão da Matola, num sêlo da colecção dos brasões das Cidades e Vilas de Moçambique, anos 50.

Se há uma expressão do futuro que aí vem em Moçambique, é a Matola. Uma urbanização pacata e relativamente deserta na década de 1950, na década seguinte começou a crescer rapidamente e em várias direcções ao mesmo tempo, quer em termos da migração de pessoas de Lourenço Marques, quer do mato, mas também em termos da implantação de estruturas comerciais e industriais. As razões eram simples: proximidade da Capital, localização estratégica e muito, muito espaço, a preços razoáveis. Estes atributos mantiveram-se apesar das dificuldades que o país enfrentou nas décadas que se seguiram ao fim da soberania portuguesa e foram fortemente potenciados a partir do final da década de 1990. Supostamente, em 2023, a Matola já é a maior cidade em Moçambique em termos do número dos que a habitam, sem sinais de esse crescimento diminuir, o que coloca um conjunto variado de desafios, desde a cobertura sanitária, água, electrificação, saneamento, a pavimentação das estradas, escolas, hospitais, etc.

Moçambique, que por altura da independência tinha uma população de 7 milhões de habitantes, hoje já tem mais que 30 milhões e estima-se que dentro de 50 anos terá 100 milhões de habitantes, a maioria dos quais a habitar em ambiente urbano.

Na sua página, a Wikipédia refere o seguinte sobre a Matola (editado por mim), que, recordo-me, a certa altura nos anos 60 foi designada Vila e depois Cidade Salazar (ah ah – ninguém lhe chamava isso lá em casa mas enfim):

A Matola é uma cidade e município moçambicano, capital da província de Maputo; e é também um distrito, uma unidade administrativa local do Estado central moçambicano criada em 2013 e que coincide geograficamente com o município. Tem limite a noroeste e a norte com o distrito de Moamba, a oeste e sudoeste com o distrito de Boane, a sul e a leste com a cidade de Maputo e a nordeste com o distrito de Marracuene. O município tem uma área de 373 km². A sua população é, de acordo com os resultados do censo de 2017, de 1.032.197, tornando-se na segunda maior cidade moçambicana depois de Maputo.

O nome Matola provém de Matsolo, um povo banto que se fixou na região a partir do século II. É também o nome de um pequeno rio que desagua na Baía de Maputo através de um estuário comum a outros dois (o Umbelúzi e o Tembe).

Evolução

Em 1895 a área da Matola foi incluída na 1ª Circunscrição Civil de Marracuene, no então Distrito de Lourenço Marques. A povoação foi criada pela portaria nº 928 de 12 de Outubro de 1918.

Ainda integrado na Circunscrição de Marracuene, o “Posto Administrativo da Matola” foi criado a 17 de Novembro de 1945, abarcando três centros populacionais: Boane, Machava e Matola Rio. Os progressos registados levaram à emancipação municipal, criando-se o “Concelho da Matola” em 5 de Fevereiro de 1955.

Uma portaria de 20 de Abril de 1968 determinou que a então Vila da Matola se passasse a denominar “Vila Salazar”. Eugénio Castro Spranger foi o primeiro presidente da câmara, sucedido por Abel Baptista que impulsionou um processo de urbanização do concelho iniciando, já em 1963, a construção do Cemitério da Matola, a residência oficial do presidente da Câmara Municipal e os Paços do Concelho. Paralelamente, constroem-se a Igreja Paroquial de São Gabriel, o Cinema de São Gabriel, a Escola Primária Paula Isabel, a Escola de Santa Maria, a Escola do Dr. Rui Patrício e a Missão de Liqueleva. Mais tarde, são estabelecidas as Escolas Secundárias da Matola e da Machava, a Escola Industrial da Matola e o Cinema 700. Na zona industrial, estabelecem-se fábricas de cimento, a CIM, o complexo mineiro dos CFM, a Shell Company, a Sonarep, a Fábrica dos Criadores de Gado, fábrica de baterias e a Caltex. O crescimento do fluxo diário de pessoas entre as então Vila Salazar e Lourenço Marques levou à criação da Companhia de Transportes de Moçambique. No início da década dos 70, a indústria expande-se para a Machava e implantam-se novos bairros, como o do Fomento, do Trevo e o da Liberdade.

Em 1967, Abel Baptista retira-se e sucede-lhe Fausto Leite de Matos. Pela Portaria de 5 de Fevereiro de 1972, a vila ascende a cidade, passando a chamar-se “Cidade Salazar”. No ano seguinte, implantam-se novos bairros na Machava e regista-se um significativo aumento da densidade populacional em áreas que até aí tinham características rurais: Khongolote, Bunhiça e Sikwama.

(fim)

Lembro-me que, no final dos anos 60, um qualquer vidente mandou construir uma “auto-estrada” que ligava Lourenço Marques à Matola, cujos acessos prévios eram duas estradas miseráveis. A inauguração foi feita ruidosamente, e aquilo era lindo, com duas vias para cada lado (e sem portagens) ….até que vieram as primeiras chuvas de verão, altura em que todo o troço entre a Sonefe e o Bairro do Trevo simplesmente desfez-se. Foi uma barracada das antigas e teve que se fazer tudo de novo. O terreno ali, diga-se de passagem, era lamentável, quase um pântano que facilmente inundava.

17/08/2023

A IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES

A primeira imagem foi tirada pelo genial Manuel Augusto Martins Gomes e está sujeita a copyright pela sua Filha Zé.

A fachada da igreja de Santo António da Polana, foto de Manuel Augusto Martins Gomes, anos 60. O desenho original do interior do monumento, tal como concebido pelo Craveiro Lopes, era verdadeiramente espectacular (seria vintage Concílio Vaticano II) mas os padres, que eram daquela velha guarda retro reaccionária, deram cabo daquilo tudo. Ali sofri anos de catequese e missas do galo sonolentas, que desembocaram numa primeira comunhão (e uma primeira e última, tímida, confissão). Uma vez trepei o monumento até lá acima (a vista junto ao crucifixo com o seu néon verde-cueca era realmente digna de todos os hipotéticos riscos) e ia levando um piedoso enxerto de porrada do padre. Mas o padre, que me conhecia e sabia que o Pai Melo, sob pena de um grave e súbito equívoco espiritual-temporal, tinha a particularidade de querer ser ele e só ele a aplicar os caritativos correctivos pelas minhas (muitas) transgressões, deixou o assunto ficar-se pela imposição de uns fartos Pais Nossos e Avés Marias. Eu rezei, mas de alívio. E logo a seguir voltei a subir.
Depois dos restauros desde a sua inauguração no início dos anos 60, com aquele vitral mistificante do Santo a discursar aos peixinhos, a igreja mantém-se (mudaram o regime e o nome à Cidade, cuja padroeira era Nossa Senhora da Conceição, acho que a mesma de Portugal desde que o D. João IV falou com Ela em 1640 antes de correr com os espanholes), mas hoje está escondida, completamente rodeada de prédios e árvores, pelo que, do chão e da rua, mal se vê. Que Deus lhes perdoe a todos por tudo e os inspire a cortar as árvores e a demolir aquelas casas e prédios. Felizmente, hoje há drones.
Santo António a falar com os peixes. Pois claro.

JOÃO TUDELLA E “LOURENÇO MARQUES”

Imagem retocada e colorida.

Capa de um disco de João Tudella.
“Lourenço Marques”, uma das canções do disco.
“Lourenço Marques”, pelos irmãos Catita, versão tardia kitsch-porno-chachada falsamente saudosista a gozar com tudo o que alguns FDP daqui achavam que era Lourenço Marques. Mas é bem divertida.

16/08/2023

ENCONTRO DE ANTIGOS GOVERNANTES DE MOÇAMBIQUE, 1980

Imagem retocada e colorida, gentilmente enviada por Jorge Costa Esteves, a quem muito agradeço, e cujo Pai, o Eng. Costa Esteves, figura na mesma.

Encontro de governantes de Moçambique do tempo antes da independência, na Praia das Maçãs, Portugal, 1980. Da esquerda: 1- Eng. Costa Esteves -foi Director Provincial dos Serviços de Industria de Moçambique até 1974; 2- Dr. Hugo de Jesus – foi Secretário Provincial de Comércio e Indústria de Moçambique até 1972; 3- Dr. Antunes da Silva – foi Secretário Provincial de Comércio e Indústria de Moçambique entre 1972 e 1974; e 4-? – foi Governador de Distrito de Lourenço Marques até 1974 (não sei o nome). As histórias que eles não deviam saber.

O GOVERNADOR-GERAL DE MOÇAMBIQUE VISITA A FACIM EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Imagem retocada e colorida, gentilmente enviada por Jorge Costa Esteves, a quem muito agradeço, e cujo Pai, o Eng. Costa Esteves, figura na mesma.

A FACIM – Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Moçambique, era um dos rituais da Cidade enquanto eu crescia. Durava umas semanas e eu visitava-a mais do que uma vez. E, nesse ritual, havia outro, que era a visita do Governador-Geral, que penso que “inaugurava” a Feira. Curiosamente, toda esta tradição se manteve depois de 1975, até que houve aquele negócio dos terrenos da Feira (nunca percebi quem abarbatou aquilo e depois vendeu por milhões) e a Feira foi despachada para os confins do planeta.

O Eng. Arantes e Oliveira, então Governador- Geral de Moçambique, visita um stand na FACIM, 1971, rodeado pelos “executivos” da economia e indústria de Moçambique colonial.
14-?; 13 – Eng. Costa Esteves – Director Provincial dos Serviços de Indústria até 1974 (Pai do Jorge Costa Esteves); 12 – Felix Naharro Pires – Director da FACIM; 11 – Dr. Catalão – Director Provincial da Economia (antes assim designada), que antecedeu nesse cargo o Eng. Costa Esteves; 10- Eng. Arantes de Oliveira – GG de Moçambique; 9- ?; 8 – Dr. Hugo de Jesus- Secretário Provincial do Comércio e Indústria; 7-?: 6-Dr. Matos (ligado à Indústria); 5-?, 4-?; 3 – Dr. Viana Simões (também estava ligado à Industria; 2-?; e 1-?

Se o Exmo. Leitor conhecer alguém não identificado ou quiser fazer alguma correcção, por favor envie uma nota para aqui.

15/08/2023

OS GOUVEIA E O VELHO LEÃO EM VILA MACHADO, ANOS 50

Imagem original a preto e branco, retocada e colorida, de Dulce Gouveia.

Recentemente radicados em Moçambique, onde Celeste, seria professora primária em Vila Machado e Tomás Gouveia engenheiro civil em Vila Pery, a jovem família residindo na relativamente erma e perdida Vila Machado (não sei se mantém a toponímia ou se mudou), que estava mais ou menos no meio do mato, exposta à fauna local e que não era pouca. A certa altura, as casas na Vila começaram a ser assoladas à noite pela visita de um velho leão à procura de comida, cujos rugidos e presença assustavam e colocavam em perigo os moradores. Eventualmente, um vizinho dos Gouveia lá pegou na carabina e matou o velho leão, que deu esta fotografia.

Anos mais tarde, os Gouveia mudaram-se primeiro para Vila Luísa (actualmente Marracuene, que aliás sempre foi conhecida por este nome) e depois para Lourenço Marques, onde viriam a frequentar o Grupo Desportivo, cujo actual campo de basquet o Eng. Gouveia desenhou e a cuja construção acompanhou. As filhas seriam campeãs de natação. A D. Celeste ensinou durante anos na escola primária do Xipamanine e seria a directora da escola.

Celeste Miranda, à esquerda, segurando a mão da jovem Anabela, do lado direito a Dulce, em frente o Eng. Tomás Gouveia com a Lídia, junto do velho leão que havia sido morto junto de Vila Machado, perto de Vila Pery (hoje a Cidade de Chimoio).

TURISTA NA PRAÇA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem tirada por Geoff Hannell, retocada.

Uma visitante junto ao monumento memorial de Mouzinho, anos 60. Atrás, a Sé Catedral e o Prédio Funchal.

ENTRANDO EM CHANGARA, TETE, 1968

Imagem (toscamente) retocada e colorida..

O Tenente Botelho de Melo, nomeado penso que em Abril de 1968 Comandante da então nova Divisão de Trânsito (graduado em Adjunto do Comando Geral da PSP de Moçambique) fez uma longa volta por Moçambique que durou semanas. Nesta foto, que estava num estado miserável e que encontrei num dos álbuns de família, ele posa numa estrada de areia junto à placa que assinala a entrada no Distrito de Changara, que (fui ver no mapa) fica situado na Província de Tete, a Sul da Cidade de Tete. Eu tinha 8 anos de idade, portanto Pai em Changara, festa lá em casa em Lourenço Marques…

12/08/2023

FAMÍLIA B DE MELO NA RUA DOS AVIADORES EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 60

Filed under: Os B de Melo em LM 1968 — ABM @ 13:06

Imagem retocada e colorida.

Foto tirada à porta da casa onde viviam na altura, na Rua dos Aviadores, 264 (hoje Rua da Argélia, 267). Da esquerda: Paula (de costas em baixo), Mesquita, Chico, Mãe Melo, Cló e Nando. Atrás, a carrinha Peugeot da Família. Na realidade o Mesquita e o Chico estudavam em White River, na África do Sul, e estavam em Lourenço Marques de férias de final do ano, que na África do Sul era em Dezembro.

ANÚNCIO DA CATEMBE, ANOS 60

Filed under: Anúncio da Catembe 1960s — ABM @ 12:35

Imagem retocada e colorida. A bebida é uma mistura de Coca-Cola e vinho verde ou tinto.

O GIL, A ADITA E O FEIO EM LOURENÇO MARQUES, 1972

Filed under: Gil, Adita e o Feio em LM 1972 — ABM @ 12:30

Imagem retocada e colorida.

O Gil, a Adita e o Feio em Lourenço Marques, 1972. Actualmente, o Gil vive na região de Lisboa, a Adita em Johannesburgo e o Feio no Porto, onde tem o Bar Galeria, na Ribeira do Porto.

07/08/2023

MAPA DA ILHA DE MOÇAMBIQUE DE JAN HUYGEN VAN LINSCHOTEN, 1619

Imagem colorida e retocada por mim a partir de uma digitalização, dedicada ao pesquisador Dr. David Draper, que nas suas pesquisas sobre as rotas e o uso do café acabou um dia por visitar este blog.

Moçambique existe hoje como nação tal como é por causa da pequena Ilha com o mesmo nome e porque Vasco da Gama, um navegador ao serviço do então rei de Portugal, cerca de 1500, concebeu, correctamente, que este pequeno pedaço de terra seria absolutamente crítico para manter uma rota comercial entre a base em Portugal, e a Índia e o Extremo Oriente. Uma decisão que viria a ser estruturante para Portugal, a Europa e o Mundo – e Moçambique. Os portugueses daquela altura viriam a criar pontos de comércio semelhantes quase pelo mundo inteiro, nas costas de África, Arábia, Índia e Ásia, quebrando o secular monopólio e a Barreira Otomana e muçulmana que cingia o comércio entre a Europa e o resto do mundo. Mas se Goa era a Roma do Oriente, a Jóia e o centro de decisão, a Ilha de Moçambique, que seria gerida a partir da Índia portuguesa durante dois séculos e meio, era a Base Fundamental. Sem ela, e sem os outros arquipélagos pelo caminho (Açores, Madeira, Cabo Verde, São Tomé, etc) a Rota não podia ser mantida e protegida. E como tal, tinha que ser e foi sempre defendida. A sua fortaleza, criada nesse primeiro século de ocupação, viria a ser sempre inexpugnável, durante quase cinco séculos, até ao dia em 1975 em que foi entregue por uma guarnição portuguesa à Frelimo em 1975.

Agora é um museu a cair aos bocados.

Cedo, o arrojado plano comercial português (que seria muitíssimo mais que isso, para melhor e para pior), talvez inspirado pela arrojada conquista de Ceuta em 1415 e as descobertas da Madeira e dos Açores uns anos depois – e que hoje é bafejado pelos mais alucinantes revisionismos histórico-culturais (até hoje não há um museu português para se focar nisto tudo – mas Lisboa tem museus milionários para….coches e jóias da coroa), viria a ser copiado por outras nações da Europa – nomeadamente os espanhóis, os franceses, os ingleses e os holandeses. De certa forma selando uma era de comercialização e de influência cultural, científica, social, política e militar que teve um enorme impacto e que só diminuiria no Século XX após duas guerras mundiais e o surgimento de uma curiosa vertente neo-colonial e ao mesmo tempo descolonizadora por parte das duas nações vitoriosas no segundo conflito, os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Talvez teimosa mas apropriadamente, Portugal foi a última nação a desfazer o nó desses tempos, principalmente porque podia ignorar uma e apertar as bolinhas à outra.

Ainda hoje, os portugueses e os seus putativos ex-colonizados não sabem bem o que fazer com todo esse legado.

A Ilha de Moçambique, mapa desenhado por Jan Huyguen van Linschoten (1563-1611) e publicado em 1619. Tosco e basicamente mais evocativo que real, o impacto da publicação dos seus mapas e relatos na Europa foi enorme na altura. Ler mais abaixo sobre o Jan. Na imagem, quatro naus estão fundeadas junto à Ilha, enquanto, em baixo, uma está a chegar. Em dois botes, homens pescam.

Sobre Jan van Linschoten, pouco conhecido dos portugueses e ainda menos dos moçambicanos, copio (com algumas edições) o texto da Wikipédia:

(início)

Jan Huygen van Linschoten (Haarlem, 1563 – Enkhuizen, 8 de Fevereiro de 1611), cujo nome é por vezes também designado Jan Huijgen van Linschoten, foi um explorador e espião holandês que viajou extensamente pelas zonas de influência portuguesa na Ásia. Convivendo intimamente com mercadores e navegadores portugueses, Linschoten terá copiado mapas e obtido outras informações sobre a navegação e práticas mercantis dos portugueses na Ásia, que permitiram a entrada dos seus compatriotas nas então denominadas Índias Orientais e, na senda destes, dos ingleses. O interesse despertado nos Países Baixos e na Inglaterra pelas informações de viajantes como Linschoten e Cornelis de Houtman (o senhor que mais tarde comandou a primeira expedição holandesa à actual Indonésia), esteve na origem do movimento de expansão comercial europeia para a Índia e sueste asiático que levou à fundação da Companhia Holandesa das Índias Orientais e da Companhia Britânica das Índias Orientais.

Jan Huygen era filho de um notário da cidade de Haarlem, mas na sua infância a família fixou-se na aldeia de Enkhuizen. A adopção do apelido van Linschoten parece indicar que a sua família era originária da aldeia do mesmo nome, Linschoten, nos arredores de Utrecht.

Partiu para Espanha em Dezembro de 1576, com apenas 13 anos de idade, para se juntar aos seus meio-irmãos Floris e Willelm Tin, que eram mercadores em Sevilha. Ali fez a sua aprendizagem nas artes do comércio internacional, acabando por se associar a mercadores portugueses e trabalhando entre Lisboa e Sevilha, actividade que manteve durante pelo menos seis anos. Para além de gosto por viagens, Jan Huygen era dotado para a aprendizagem das línguas.

Dificuldades no comércio, o desejo de aventura ou eventualmente uma missão de espionagem comercial a soldo de mercadores neerlandeses e flamengos, fizeram com que, apesar de originariamente protestante, religião então tão contestada pelos católicos portugueses como o islamismo (o carinho era mútuo) aceitasse acompanhar, na qualidade de guarda-livros, o dominicano frei Vicente da Fonseca, então nomeado arcebispo de Goa. Desse modo, integrado na comitiva do prelado, partiu para o Estado da Índia a 8 de Abril de 1583, chegando a Goa cinco meses depois, tendo feito as escalas usuais na ilha da Madeira, na Guiné, Cabo da Boa Esperança, Madagáscar e Ilha de Moçambique.

Durante a sua estadia em Goa e nas suas viagens, Jan Huyghens teve acesso aos mapas e a outras informações privilegiadas sobre o comércio e a navegação dos portugueses em África e no sueste asiático, utilizando a sua capacidade cartográfica e de desenho para copiar e desenhar novos mapas, produzindo um muito considerável acervo de informação náutica e mercantil. Algumas das cartas náuticas que copiou tinham sido mantidas cuidadosamente secretas pelos portugueses por mais de um século.

A morte do arcebispo em 1587, durante uma viagem a Lisboa, fez com que Jan Huygen deixasse a Índia e regressasse à Europa. Partiu de Goa em Janeiro de 1589, escalando a ilha de Santa Helena em Maio daquele ano.

A viagem de regresso foi interrompida na pequena ilha do Corvo, nos Açores, quando o comboio de seis embarcações em que viajava (cinco da Índia e uma de Malaca), começou a ser perseguido por galeões corsários ingleses, forçando a que as embarcações portuguesas se dirigissem para Angra, na Ilha Terceira, em busca de refúgio. A 4 de agosto de 1589, entretanto, uma violenta tempestade abateu-se sobre a cidade e os navios ancorados na baía, vindo o galeão de Malaca a naufragar. Sobre esta ocorrência, o próprio Linschoten referiu, posteriormente, no seu registo:

“Neste naufrágio da nau de Malaca perderam-se muitas valiosas mercadorias, pois era a mais rica de todas as naus, e trazia da China, das Molucas e de outras ilhas muitas preciosidades, tais como sedas, damascos, objetos de ouro e de prata, porcelanas e outras coisas de valor, cujos fardos andavam à tona de água e vinham dar à costa, recolhendo-se ainda alguns, bem como alguma quantidade de pimenta, cravo e noz moscada (…). Estes despojos foram levados para a Alfândega, que é o lugar dos impostos, a fim de que não deixassem de pagar a sua taxa, não havendo consideração pela condição miserável daqueles que, depois de fadigas incríveis e da miséria extrema da viagem de três anos, tinham sofrido uma tão grande perda com o naufrágio desta nau.”

Por força deste acidente, Linschoten permaneceu em Angra por dois anos para contabilizar as riquezas recuperadas no galeão naufragado. Nesse período percorreu a ilha, tanto por terra quanto por mar, tendo registado as suas impressões num livro anos mais tarde, acompanhadas por dois mapas detalhados: um de Goa e outro de Angra. Este último é considerado uma das mais antigas representações da cidade.

De regresso aos Países Baixos em 1592, e com a ajuda de Cornelis Claesz, um editor de Amsterdão especializado em literatura náutica e de viagens, Linschoten publicou um primeiro relato da sua viagem, a que deu o título de “Reys-gheschrift vande navigatien der Portugaloysers in Orienten” (“Relato de uma viagem pelas navegações dos portugueses no Oriente”), que foi publicado em 1595. A obra contém cartas e indicações sobre como navegar entre Portugal e as Índias Orientais, e ainda entre a Índia, a China e o Japão.

Em 1594 tomou parte na expedição de Willem Barents aos mares do norte à procura de uma passagem para o Oriente através do Árctico (Passagem do Noroeste), navegando a bordo do navio de Cornelis Nay pelos mares da Noruega e da Carélia (actual Mar de Barents, assim designado em homenagem ao comandante da expedição).

No ano seguinte (1595), voltou a participar na segunda expedição de Barents ao Oceano Árctico.

Jan Huyghen publicaria três outras obras:

– “Beschryvinghe van de gantsche custe van Guinea, Manicongo, Angola ende tegen over de Cabo de S. Augustijn in Brasilien, de eyghenschappen des gheheelen Oceanische Zees” (“Descrição de toda a costa da Guiné, Manicongo e Angola e da travessia para o Cabo de Santo Agostinho no Brasil, com as características de todo o Oceano Atlântico”) em 1597;
– “Itinerario: Voyage ofte schipvaert van Jan Huyghen van Linschoten naer Oost ofte Portugaels Indien, 1579-1592” (“Descrição da viagem do navegante Jan Huyghen van Linschoten às Índias Orientais portuguesas”) em 1596; e
– “Voyagie, ofte schip-vaert, van Ian Huyghen van Linschoten, van by Noorden om langes Noorvvegen de Noortcape, Laplant, Vinlant, Ruslandt, de VVite Zee, de custen van candenoes, Svvetenoes, Pitzora…” (“Viagem do navegante Ian Huyghen van Linschoten pelo Norte ao longo da Noruega até ao Cabo do Norte, Lapónia, Carélia, Rússia, Mar Branco, …”) em 1601.
Para além de mapas dos diversos locais por onde viajou, Linschoten também deixou conselhos cruciais, entre eles sobre a forma de se ultrapassar o controlo que os portugueses exerciam no Estreito de Malaca, sugerindo como alternativa a passagem pelo sul de Samatra através do estreito de Sunda, percurso que de facto veio a ser a principal via de penetração holandesa no sueste asiático e que esteve na origem da sua colonização dos territórios que hoje constituem a Indonésia.

Faleceu, já considerado como uma celebridade pela sua obra e num momento em que, face à perda de influência portuguesa resultante da incorporação da coroa de Portugal na monarquia castelhana durante a Dinastia Filipina (1580-1640), oportunidades para uma presença holandesa nas Índias Orientais começavam a surgir.

(fim)

04/08/2023

TURMA DA ESCOLA PRIMÁRIA REBELO DA SILVA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

Aqui só reconheço o meu irmão Nando (de amarelo com um olho fechado por causa do sol) e o Romanão, de óculos atrás dele com a mão a tapar os olhos e que era nosso vizinho na Polana. Se o exmo. Leitor conhecer alguém, incluindo as três senhoras em cima, por favor envie uma nota para aqui.

A ELECTROMUNDO NA FACIM EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagens retocadas.

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02/08/2023

O DRIVE-IN DE LOURENÇO MARQUES NO QUILÓMETRO 14

Filed under: LM Drive-in — ABM @ 14:26

Imagem retocada e colorida.

No final dos anos 60 uma mente empresarial criou o único cinema drive-in, perto do quilómetro 14 da Estrada Nacional 1, a Norte de Lourenço Marques, a caminho de Marracuene (vila na altura chamada Vila Luísa). Frequentei o local apenas uma vez e só me lembro dos mosquitos e do calor, mas enfim. Hoje creio que à zona chamam Zimpeto e é efectivamente um subúrbio de Maputo. Mas na altura aquilo ficava literalmente no meio do mato e pouca gente vivia lá. O quilómetro 14 era mais conhecido por ali haver um posto policial de inspecção de veículos pesados, mandado colocar ali pelo meu Pai, que na altura liderava a Companhia de Polícia de Trânsito, para fiscalizar o peso dos veículos pois o excesso de peso era causa de acidentes e estragava a própria estrada (havia outro a caminho de Boane, que na altura era o único acesso a Ressano Garcia e à Suazilândia). Penso que com as conhecidas circunstâncias na seguida da entrega do governo à Frelimo em 1974, que o drive-in deixou de funcionar.

O sinal que apontava para a entrada do Drive-in de Lourenço Marques, que incluia publicidade à Cerveja Mac-Mahon.

TURISTAS VISITANDO LOURENÇO MARQUES EM 1951

Imagens retocadas e coloridas.

Os van Niekerk junto do seu acampamento no Parque de Campismo de Lourenço Marques, 1951.

Herman van Niekerk tinha sete anos de idade quando, em 1951, os pais o levaram, num Plymouth Special de Luxe 1948 até ao Sul de Moçambique, com um compartimento no tecto para a barraca desmontada e bagagem, bem como um conjunto de bagagem especialmente desenhada para caber perfeitamente na bagageira do carro. Em Lourenço Marques, a família acampou no Parque de Campismo local, onde lhes foram disponibilizadas duas barracas, uma com camas com estrutura de aço, uma mesa de ferro e cadeiras de madeira e outra para cozinhar.

Atravessando um rio num batelão.

Para as necessidades, havia uma latrina por perto e um chuveiro muito básico, feito com um balde onde se colocava a água, accionado com uma corrente. Herman recorda-se de haver à entrada do parque um quiosque gerido por um português que vendia rebuçados e gelados A1, produzidos em Lourenço Marques. Mas para Herman, hoje com 79 anos de idade, o produto favorito eram os wafers, um gelado do tamanho de um pacote de manteiga de 250 gramas com uma bolhacha de cada lado. O dono do quiosque tinha ainda um gira discos de 78 rotações que permanentemente tocava apenas três discos: on top of old smokey, April in Portugal e Beautiful Brown Eyes. Que ecoavam pelo acampamento desde o nascer ao pôr do sol através de alti-falantes.

Um dos três discos que o português do quiosque do Parque de Campismo tocava o dia inteiro.

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