Imagem retocada.
12/05/2024
01/05/2024
17/04/2023
ALUNOS NO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 50
Imagem dos arquivos nacionais portugueses, retocada e colorida.
09/04/2023
O FUTURO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, EM CONSTRUÇÃO, 1949
Imagem dos arquivos nacionais portugueses, retocada e colorida.
29/06/2022
02/09/2021
BILHETE DE IDENTIDADE DO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, 1947-50
Imagens retocadas. Muito grato a MP.
Este documento indicia algo que eu não sabia. O Liceu Salazar que todos conhecem (hoje Escola Secundária Josina Machel) foi inaugurado em 1952. Antes disso, o liceu antigo da Cidade ficava situado directamente atrás deste liceu e durante muitos anos se chamava Liceu 5 de Outubro (ver em baixo). Mas pelos vistos já em 1947 ele se designava Salazar.
08/06/2021
17/04/2021
20/03/2021
01/03/2021
LOURENÇO MARQUES E UMA MEMÓRIA AFRICANA, POR MARCELO CORREIA RIBEIRO
Imagens retocadas, da minha responsabilidade.
Cruzei-me com o notável texto que se segue, da autoria de Marcelo Correia Ribeiro, que assina como d’Oliveira, que o escreveu ontem, domingo, 28 de Fevereiro de 2021 e o publicou aqui, num blogue chamado Incursões. É uma memória curiosa, de um miúdo que esteve em Lourenço Marques entre 1954 e 1957, com entre 13 e 15 anos de idade – e se cruzou com o Eugénio Lisboa e o Joaquim Chissano. Voltaria a Moçambique em férias da universidade em 1962, 1964 e 1965.
Corrigi algumas gralhas menores.
(início)
Os dias da peste 189
Uma Outra Memória Africana
MCR, 28 de Fevereiro de 2021
Ai meus amigos e meus sofridos leitores! Ele há dias em que a memória vem a galope dos confins do tempo e, no caso em apreço, dos confins do mundo.
O Expresso desta semana finda traz uma série de artigos de interesse de que apenas vou destacar os da “revista”. E desses começarei por uma longa entrevista de Eugénio Lisboa, um escritor e ensaísta que conheço sei lá desde quando. Quase certamente da minha juventude em Moçambique.
Eu explico: aos treze anos, andava eu no liceu de Coimbra no terceiro ano (o da Figueira só tinha o primeiro ciclo) quando os meus pais decidiram ir para Moçambique. Ser médico entre Buarcos e a Figueira era muito pouco rentável para quem tinha dois filhos quem no ano seguinte estariam ambos fora de casa.
Por essa altura surgiu uma oportunidade de ouro ou quase. O meu pai foi convidado a ir reorganizar os serviços de saúde militares em Lourenço Marques. De facto, desde a sua incorporação como médico miliciano no Batalhão de Metralhadoras 2, estacionado na Figueira, o pater famílias sempre esteve ligado à tropa. Foi mobilizado para os Açores e à volta continuou a prestar serviço na mesma unidade. Por isso, entendeu fazer o curso de capitão miliciano o que, algum tempo depois, lhe permitiu satisfazer as exigências do lugar que iria ocupar em Moçambique.
Devo confessar que a súbita ideia de partida para tão longe não me agradou em absoluto. Iria deixar todos os amigos da terra e do Verão que naquele tempo era longo, deliciosamente longo.
Mas obviamente fomos que as lágrimas de um adolescente não comovem ninguém e necessidade de melhorar de vida era absoluta.
Em abono da verdade, devo dizer que Lourenço Marques me agradou, me enfeitiçou desde o primeiro dia. Por tudo, desde a praia até à cidade moderníssima e cheia de coisas de influência inglesa. E a Coca-Cola, proibidíssima em Portugal (vá lá saber-se porquê) não era a menor das descobertas. O liceu era outra coisa que logo me impressionou pois era misto. De facto aulas mistas eram só nos 6º e 7º anos mas a zona das raparigas era mesmo à nossa frente, separada da dos rapazes pela álea central ajardinada e pelas instalações da Secretaria, da Reitoria e do ginásio. E, à saída, claro que nos juntávamos imediatamente que isto de ser adolescente mexe, e de que maneira, no sangue de qualquer criatura, macho ou fêmea.
Depois, havia todo um outro modo de nos tratarmos uns aos outros. Na “metrópole” (uma palavra nova!) era tudo você para cá, você para lá. Ali o tu imperava e com essa subtil diferença tudo o resto começava a ser sedutoramente diverso e mais, muito mais, agradável.
A vida no Bairro Militar onde ficavam os quartéis e as casas dos oficiais e sargentos tinha como ponto central (no caso da oficialidade) o Clube Militar, onde, aliás comíamos e onde os meus pais “batiam a cartolina”. A minha mãe era uma emérita jogadora de canasta, coisa que já vinha de antes e que durou até há cerca de dez/quinze anos. A velhice e os olhos, sobretudo os olhos, arredaram-na do pano verde, muito a contragosto. O meu pai era um jogador de bridge desde o dia em que se apresentara no quartel como jovem aspirante ou alferes médico. Na altura, o comandante entregara-lhe o “Bridge Contrato” de Ely Culbertson afirmando que aquele era o “regulamento” do BM2 e intimando o jovem oficial a aprendê-lo de cor e salteado que faltavam parceiros.
A miudagem andava por ali, nos pátios e nos terrenos do clube, entretida em variadas coisas e aprendendo a andar de bicicleta e a namorar. No Verão, uma camioneta militar levava toda aquela rapaziada para a praia sob a vigilância bem humorada de um cabo branco que, ao fim e ao cabo, fechava os olhos aos “jogos de mão jogos de vilão” que os mais velhos começavam a ensaiar . ah, os primeiros beijos! E na boca, santo Deus! E aprender a abri-la…
Tudo isto me foi subitamente recordado pela longa entrevista de Eugénio Lisboa que explica como o facto de Moçambique estar bem mais longe, permitiu de certo modo, uma vida cultural mais intensa, mais distante e mais livre do que em Angola.
EL lembra como o facto de haver em Moçambique muitos deportados pelo salazarismo que por lá davam aulas no liceu e faziam uma vida bastante livre, longe da censura e do olhar atento da polícia, propiciou um outro olhar sobre o mundo. Até a imprensa ajudava. Eu lembro-me perfeitamente de ler poemas do Craveirinha, do Rui Knopfli ou da Noémia de Sousa (para não citar muitos outros, Reinaldo Ferreira por exemplo) nos jornais. O Cine-clube projectava filmes russos e havia um par de instituições culturais que produziam obra de vulto. Destaco apenas, mas isso foi uma descoberta recente (anos 90), a Sociedade de Estudos de Moçambique cuja revista alcançou uma significativa longevidade e os diferentes “círculos culturais” que, desde o teatro à música erudita, conseguiam existir, sobreviver e até trazer muitos artistas que passavam pelas colónias inglesas fronteiriças. Também, é outra descoberta recente, publicavam-se revistas de carácter etnográfico, antropológico e científico dignas de menção. Por todas, refiro o “Documentário Trimestral” uma quase luxuosa publicação patrocinada pelo “Governo Geral”.
Quer o Documentário Trimestral, quer o boletim da Sociedade de Estudos de Moçambique, tiveram uma longa vida, cerca de cem volumes o primeiro e quase o dobro o segundo.
Resta dizer que, esta descrição é a descrição de um rapazinho branco numa cidade e numa sociedade feitas para brancos.
Por junto, tive um colega negro, o Joaquim Chissano que viria, como se sabe, a ser Presidente da República de Moçambique (acrescento, mesmo tendo sido amigo dele, que foi o melhor presidente que Moçambique teve até à data, o mais lúcido, o mais culto e o mais democrata. Tivesse sido presidente, desde o início e outro galo cantaria na baía dita “Delagoa Bay”). Ouso mesmo pensar que Lourenço Marques não seria agora Maputo (nome de um dos rios que desaguam na baía, sem qualquer significado, sequer simbólico para este recente e compósito país). Não sei se continuaria com o mesmo nome, se seria Xilunguine ou Ka Mfumo, nome de um regulado que se situava precisamente no local onde se ergueu o primitivo presídio. Contra Xilunguine militaria o facto de poder significar “cidade branca” ou “cidade do branco”- Maputo, porém, não tem sentido nem coerência histórica mesmo que tal remetesse para a soberana da “Maputoland” muito a sul, na fronteira que, todavia, preferiu a suserania portuguesa à dos ingleses.
Quanto a Lourenço Marques, seria um comerciante que todos os anos navegava de Sofala para o sul para fazer a troca de barras de cobre por dentes de elefante e outros artigos que pudessem ser encontrados na região. Não era um descobridor, sequer um militar mas um simples comerciante português ou descendente de portugueses e de africanos.
Tudo isto, esta excursão por dispersas memórias de uma cidade de onde saí para não mais voltar, aos quinze anos, só se justifica pela leitura da longa entrevista a Eugénio Lisboa que, como tantos outros democratas portugueses que ousaram sê-lo na colónia e que combateram o poder colonial, teve de se exilar e separar da terra onde crescera e sempre trabalhara. Não foi o único, obviamente. Contam-se pelos dedos os que continuaram teimosamente a viver em Moçambique, afastados, como antes!, do governo da cidade e sempre olhados com suspeição.
Claro que o êxodo dos colonos foi geral e repentino. Bastou uma dúzia, nem tanto, de discursos inflamados de Machel (há um atribuindo a culpa da falta de papel higiénico aos portugueses em fuga que é uma peça de antologia) para tudo o que era técnico, profissional liberal, comerciante ou pequeno industrial para os aviões e barcos se encherem. Para a África do Sul e para a Rodésia partiram outros tantos milhares. De um momento para o outro Moçambique viu-se numa situação desesperada que a guerra agudizou e a “solidariedade” do bloco de Leste nunca conseguiu sequer minorar. Não irei ao ponto de afirmar que é um Estado falhado mas convenhamos que, por enquanto, pouco mais é do que isso. A longa guerra civil, as guerras larvares no centro e no norte mostram à sociedade que a receita do partido único não produz qualquer efeito nem melhora a vida das populações.
Eugénio Lisboa, 90 anos lúcidos e atentos, é uma das últimas testemunhas de uma geração que se pensava portuguesa e africana e que acreditava na independência de Moçambique. Deixa uma obra notável, na qual sobressai um conjunto de seis livros de memórias (“Acta est fabula” 5 volumes e “Epílogo”) que muito boa (ou má…) gente deveria ler antes de dizer fosse o que fosse sobre África.
E hoje, domingo triste e solarengo, com as pessoas encafuadas em casa, o rapaz que fui nas terras banhadas pelo Índico, viu-se subitamente a sair à socapa do liceu com mais outros do mesmo jaez e descer as “barreiras” até à praia da Polana e entrar mar adentro fugido às aulas e rumo à aventura.
Isto dava um “msaho” lá isso dava. Falta-me é talento e marimbas das de Zavala, terra musical entre todas.
Vai esta para muitos que não sei se vivos ou mortos e que as voltas da vida me fez perdê-los de vista. E um abraço ao Joaquim Chissano. Olha pá, eu era o gajo que veio da metrópole para o 3º C e ficava logo depois de ti. Um kokuana, portanto…
Para ler: além do Lisboa, evidentemente, um livro de Alexandre Lobato, um excelente historiador de Moçambique, citado por E L : “Lourenço Marques, Xilunguine (biografia da cidade) ” um belíssimo livro editado pela Agência Geral do Ultramar em 1970. De Lobato, recomenda-se tudo que é bastante e sempre exemplar.
a vinheta : Lourenço Marques anos sessenta
PS: Da “revista” destaque ainda para dois artigos. A crítica ao 2º volume da Obra Poética de António Ramos Rosa e um texto de Guta Moura Guedes “ir ao encontro” sobre o Padrão dos Descobrimentos. Dois textos contra a desmemória e a burrice.
(fim)
26/02/2021
A HISTÓRIA DA ESTÁTUA DE SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES
Imagens retocadas.
Esta história já foi abordada aqui, aqui.
Na primeira imagem em baixo vê-se a original estátua de António Oliveira Salazar – bem, uma cópia, feita pelo escultor Francisco Franco – maior e em pedra, nas vestes do seu doutoramento em Coimbra, que foi colocada com destaque em frente à fachada principal do liceu inaugurado em 6 de Outubro de 1952 e que teve o seu nome até meados de 1974. Segundo o Luis Silva e Sousa, cerca de 1963 “alguém em Lourenço Marques que não morria de amores pelo velho ditador” decapitou a estátua de pedra detonando, uma noite, um pequeno engenho explosivo (imagino o filme que foi com a Pide e Cia Limitada naquela altura) tendo então a mesma sido posteriormente substituída por uma idêntica mas ligeiramente mais pequena, em bronze.
Em 1963, Salazar tinha 72 anos de idade e já governava Portugal com mão de ferro há 31 anos consecutivos, através de um regime de partido único que comandava pessoalmente com particular aptidão e com o apoio de instrumentos de repressão que eram eficazes em identificar e neutralizar qualquer oposição. Ai de quem abrisse a boca contra o seu regime – fosse branco ou preto.
Muitos consideraram bem-vinda a sua postura, após o quase absoluto caos que se viveu durante e especialmente no fim da I República. Surpreendentemente, em seguida, cometeu a façanha de manter Portugal fora da II Guerra Mundial. A enorme estátua do Cristo-Rei em Almada, Portugal, uma ideia de Manuel Cerejeira, compagnon de route de Salazar e Cardeal Patriarca de Lisboa entre 1929 e 1971, testemunha em parte a gratidão dos portugueses pelo que Salazar fez.
Assim, apesar de inúmeras vicissitudes, em 1963 Salazar parecia estar para ficar, de pedra e cal.
Notoriamente, apesar de todos os sinais e pressões ocorridas antes e depois do término da II Guerra Mundial (vencida por duas super-potências alegadamente “anti-coloniais” os EUA e a União Soviética, se bem que por razões diferentes) e os países europeus aceleradamente negociarem rápida, se atabalhoadamente, a independência das suas dependências coloniais em África, Salazar mantinha a peregrina opinião que, por supostas “especificidades portuguesas”, o seu país seguiria um caminho diferente. Quando muito, as suas colónias seriam “novos Brasis”, mas isso mais ou menos no dia em que as galinhas tivessem dentes. Até porque Moçambique estava ainda quase na idade da pedra em termos económicos e educacionais, e, igualmente importante, estava confortavemente acolchoado por quatro ex-colónias britânicas que explicitamente negavam os direitos aos seus cidadãos e achavam a mesma coisa (África do Sul, Swazilândia, Rodésia do Sul e Niasalândia). A excepção ocorreria precisamente em 1963, com o longínquo Tanganica, lá no Norte, cujo líder, Julius Nyerere, alojava um bando de nacionalistas negros moçambicanos constituídos numa atribulada Frente, que se preparavam para iniciar uma guerra para acabar com a soberania portuguesa no território. Mas no meio estava Cabo Delgado, um virtual deserto, e a enorme Zambézia, que não mostrava quaisquer sinais de qualquer rebelião contra a Pax Lusitana. Portanto a sua decisão foi aguentar o embate.
Claro que, subjacente, estaria na sua mente, eventualmente, o destino dos cerca de 100 mil portugueses a viver em confortável recato em Moçambique e a suspeita que uma retirada portuguesa levaria a uma ditadura comunista, à destruição do investimento e da economia e ao surgimento de uma elite predadora que capturaria toda a riqueza de forma ilícita. Nos anos 60, era o que se observaria um pouco por todo o continente.
Salazar achava também que, sem colónias, Portugal seria uma nação irrelevante. Uma Catalunha mas sem dinheiro nem talento. E havia a História. Em 1963, já tinha lidado com o início da guerrilha em Angola, com o caso Santa Maria, com a perda de Goa e com as resoluções das Nações Unidas.
Enfim.
Localmente, o decapitamento da sua estátua em 1963 foi, portanto, e então, convenientemente, condenado e, presumo que via a censura local, gerido com a habitual parcimónia, relegado para a importância de uma mera brincadeira de mau gosto promovida por miúdos. A Cidade, e o regime, não perderam o sono por causa do incidente.
Ao contrário de parte significativa das obras de arte e estatuária portuguesa alusiva a Moçambique (no que concerne a sua história) no após-independência, que foram ostensivamente apeadas e guardadas num canto ou destruídas (em Portugal fez-se mais ou menos a mesma coisa), a obra evocativa de Salazar não teve direito a lugar cativo na curiosa piro-histórico-turística “Fortaleza” de Maputo, a nova capital do país nascente. Ditou o freudiano e aparentemente persistente trauma frelimiano com Salazar (há uma longa entrevista de Joaquim Chissano – que estudou no Liceu Salazar, um dos raros moçambicanos negros que por ali passou nos anos 50 e se tornou num destacado estadista do novo regime – a explicar toda esta dialéctica) que a estátua de cobre de Salazar – a segunda do liceu – fosse ostensivamente encostada a uma parede num canto das traseiras da actual Biblioteca Nacional de Moçambique, que era a antiga Biblioteca Municipal em frente ao Hotel Tivoli na baixa de Maputo (e antes disso a Fazenda de Moçambique).
Ou seja, ele está lá, mas não está lá.
O que é curioso, pois, literalmente, em termos da história colonial portuguesa em Moçambique, Salazar é sem qualquer margem de dúvida incontornável, o elefante na sala que todos parecem querer fingir que não está ali. Faz lembrar aqueles faraós egípcios em relação aos quais, depois de morrerem, por terem sido impopulares, os seus sucessores gastaram fortunas a destruir as suas efígies, a riscar os seus nomes e feitos do registo histórico e até a proibir os seus nomes de serem mencionados. Por maioria de razão, mais do que qualquer outro indivíduo, António de Oliveira Salazar foi o pai, a mãe e o filho do colonialismo português a partir de 1945. Não deve ser ignorado. Deve ser encarado de frente e estudado. Para que gerações futuras de moçambicanos possam entender o que foi, quando foi e porque foi. A antiga estátua do Liceu Salazar, que é um objecto de arte que até tem uma história interessante, se calhar ajudava no processo.
06/08/2020
O LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, 1952
Imagem retocada.
O Liceu Salazar (depois Josina Machel) foi inaugurado no dia 6 de Outubro de 1952, uma segunda-feira, na Polana em Lourenço Marques, em terrenos onde antes funcionou durante décadas a Estação Telegráfica que ligava, desde 1880, Lourenço Marques à África do Sul e à Europa. Substituiu o Liceu 5 de Outubro, situado nas suas traseiras, que passou mais tarde a ser a Escola Comercial Azevedo e Silva. Custou 58.500 contos (um conto eram mil escudos, que em 1980 foram convertidos em meticais) e na altura era o maior e o melhor liceu em todo o território português.
O liceu foi baptizado com o nome de António de Oliveira Salazar, que seria Presidente do Conselho de Ministros de Portugal, entre 1932 e 1968 (efectivamente ditador de um regime de partido único) e cuja estátua alusiva, em pedra, decorava o seu átrio central, em frente à entrada principal do complexo. A estátua seria destruída por um engenho explosivo em 1962, sendo expeditamente substituída por uma igual, em metal. Após o golpe militar em Lisboa em Abril de 1974, foi logo removida do local e, para despachar, o liceu temporariamente chamado 5 de Outubro (nome do primeiro liceu da Cidade, evocativo do golpe de Estado em Lisboa que derrubou a monarquia em 1910), após o que seria substituído pelo nome de Josina Machel, a primeira Mrs. Samora Machel, que faleceu de doença em Dar es Salaam, em 1971.
Provavelmente por algum óbvio “revanchismo histórico” por parte dos novos poderes instalados, e ao contrário de outras obras de arte, a estátua de metal do ditador seria colocada não na Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, como Ennes e Albuquerque mas… num canto na parte de trás da Biblioteca Nacional, em plena Avenida 25 de Setembro em Maputo….virada contra uma parede (ah ah), onde ainda se pode visitar algo clandestinamente, exactamente cinquenta anos após a morte física do que foi o principal responsável pela gigantesca embrulhada em que ele envolveu o seu país e as suas colónias. Tipo gato escondido com o rabo de fora.
28/04/2020
06/08/2019
29/07/2019
31/05/2019
RECEPÇÃO AOS CALOIROS DO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, 1962
Fotografia gentilmente cedida por José Ascenção Gaspar, retocada.
04/04/2019
O AUDITÓRIO DO LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES
Imagem retocada. Actualmente chama-se Liceu Josina Machel, uma guerrilheira da Frelimo e putativa primeira mulher de Samora Machel.
14/09/2018
29/07/2018
A RUA DOS AVIADORES NA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Imagens retocadas e pintadas por mim(voltei às pinturas…). Relevante apenas porque vivi ali quase toda a minha infância.
Hoje a artéria dá pelo nome de Rua da Argélia. Ficava situada entre o Liceu Salazar e o Museu Álvaro de Castro, dum lado, e da Avenida António Ennes do outro lado.
22/07/2018
O LICEU SALAZAR E A PRAÇA DAS DESCOBERTAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Grato ao PPT e ao AHM.
20/07/2018
14/05/2018
ALUNOS DO LICEU 5 DE OUTUBRO EM LOURENÇO MARQUES, 1932
Fontes:
primeira imagem: Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, Nº3, Dez. 1932, pág.13.
segunda imagem: da Colecção de postais de Santos Rufino, 1927.
terceira imagem: arquivos reais da Holanda.
16/04/2018
14/04/2018
O LICEU SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES EM CONSTRUÇÃO, ANOS 40
Imagem de Luis Filipe, tirada pelo seu Pai.
04/03/2017
O LICEU SALAZAR E A EASTERN TELEGRAPH COMPANY EM LOURENÇO MARQUES
Pouca gente hoje se recorda, ou sabe, que nos terrenos onde foi construído o Liceu Salazar na Polana em Lourenço Marques, que foi inaugurado em Outubro de 1952 (e que hoje se chama Liceu Josina Machel, em memória da primeira mulher oficial do então chefe militar da Frente de Libertação de Moçambique), durante muitos anos esteve implantado um magnífico e considerável edifício que albergava os escritórios e operações da Eastern Telegraph Company, a empresa de capitais maioritariamente britânicos que operava o serviço de telégrafo (na sequência de um acordo celebrado por Andrade Corvo com a Eastern) que passou a ligar Lourenço Marques ao Mundo a partir de 1879.
A partir de 1880, apesar de ser caro para a altura, podia-se enviar um telegrama para Durban (e por essa via, Cabo, Pretória e Joanesburgo), Ilha de Moçambique e, via Zanzibar, Aden e outros pontos, para a Europa, via Londres.
Não tenho dados sobre quando o edifício foi demolido, mas presumo que nos anos 30.