THE DELAGOA BAY WORLD

30/04/2024

OS ARTIFACTOS NA SÉ CATEDRAL DE LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

Parte do interior da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da capital de Moçambique (e de Portugal). Por detrás do altar-mor, está sepultado D. Teodósio Clemente de Gouveia, na altura Cardeal e Arcebispo de Lourenço Marques.
Artigo detalhando as obras de arte presentes na Sé Catedral, inaugurada em 14 de Agosto de 1944 (Dia da Assunção de Nossa Senhora, penso que ainda feriado nacional em Portugal), em plena II Guerra Mundial. O percurso, por exemplo, dos vitrais da ábside e das janelas posteriores, feitos na Holanda numa Europa ocupada pelos Nazis e trazida de barco para Lourenço Marques, foi quase alucinante.
A Sé Catedral não foi a primeira igreja em Lourenço Marques. A primeira foi a também chamada Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que se pode ver num postal de AW Bayly, também chamada Igreja Paroquial, edificada em meados da década de 1880 (mais ou menos a mesma altura em que foi edificada a Mesquita da Baixa) e que existiu onde hoje está a monumental sede do Rádio Clube de Moçambique (aka Rádio Moçambique). Foi demolida enquanto a Sé Catedral estava a ser construída. Gerações de habitantes da Cidade foram baptizados, casados e homenageados na morte nesse local, sendo os seus registos transferidos para a nova estrutura.

08/12/2023

O FERIADO DA IMACULADA CONCEIÇÃO EM PORTUGAL EM 8 DE DEZEMBRO

Imagem retocada.

A cúpula da Igreja de Santo António da Polana em Lourenço Marques, iluminada pelo sol, onde, solenemente, eu fiz a Primeira (e última) Comunhão da Igreja Católica na manhã de Domingo, dia 8 de Dezembro de 1968, Feriado da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal e de Lourenço Marques. A Sé Catedral de Lourenço Marques foi e está consagrada a Nossa Senhora da Conceição. O presídio de Lourenço Marques, que deu origem à capital de Moçambique, depois “fortaleza”, tinha o nome formal de “Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição” e a primeira igreja católica construída em Lourenço Marques (no local onde hoje está a sede do antigo Rádio Clube de Moçambique, demolida na década de 1930) tinha o nome de “Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição”.

Hoje é feriado nacional em Portugal, celebrando a chamada Imaculada Conceição. O que é e de onde veio esta celebração nacional?

Segundo um texto da Câmara Municipal de Penaguião que consultei (e editei), Nossa Senhora da Conceição foi a Mãe de Jesus Cristo:

O dia invoca a vida e a virtude de Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem mácula, ou seja, sem marca do pecado original, o que recebeu o estatuto de dogma católico pelo Papa Pio IX no dia 8 de dezembro de 1854 (ou seja, passa a ser considerado assim pela Igreja e não se pode questionar). Assim, tem origem a celebração dessa comemoração, que é uma data de grande significado para a Igreja Católica.

A imaculada conceição é um dos chamados quatro dogmas marianos. Os outros três são que ela é a Mãe de Deus, a Perpétua Virgindade (pois) e a Assunção.

Antes de ter sido considerado um dogma, a celebração da data pelos Católicos já havia sido decretada em 1476 pelo Papa Sisto IV.

Em 25 de março de 1646, cinco anos e quatro meses depois da chamada Restauração da Independência (outro feriado nacional português, celebrado a 1 de Dezembro) e sabe-se lá porquê, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, na solarenta e alentejana Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora da Conceição pela Restauração da Independência de Portugal em relação à Espanha. O rei foi até a igreja de Nossa Senhora da Conceição na Vila, declarando-a padroeira e rainha de Portugal e anunciando que, desde esse dia (e até ao fim da dinastia dos Bragança em 1910), mais nenhum rei português usaria a coroa real na cabeça, privilégio que, diziam, estaria disponível apenas para a Nossa Senhora Imaculada da Conceição.

Importa referir que durante séculos, o Dia da Mãe em Portugal era comemorado no dia 8 de dezembro, tendo sido mudado para maio há relativamente poucos anos, por ser esse considerado o mês de Nossa Senhora. Quando eu era miúdo em Lourenço Marques, ainda assinalei o Dia da Mãe a 8 de Dezembro, primeiro comprando uns postais alusivos na lojinha de artigos religiosos da Igreja de Santo António da Polana, que ficava ao lado do monumento. Depois fiquei esperto e passei a guardar o dinheiro para ir ao cinema no Scala no domingo e fazia uns cartões desenhados à mão usando lápis de cor, que a Mãe Melo muito apreciava, apesar de serem digamos que toscos.

Mas isto dos feriados nacionais portugueses tem o que se lhe diga.

Originalmente, não eram “feriados” como são considerados hoje. Por exemplo, o feriado de 1 de Dezembro era usado para a celebração de solenes missas, chamadas Te Deums. Só em meados do Século XIX é que começaram a ter um carácter mais histórico e laico.

E, no caso da chamada monarquia constitucional (1834-1910) os dias em que os reis nasceram, casaram e morreram eram feriados nacionais. E eles eram mais do que muitos.

Curiosamente, nessa altura, a data de 8 de Dezembro não era um feriado público, era uma data assinalada privadamente apenas pela Família Real portuguesa.

Com o golpe de Estado que aboliu a monarquia portuguesa, em 5 de outubro de 1910, a lista de feriados foi completamente alterada pelos radicais republicanos, ferozmente anti-clericais. Apenas uma semana depois do golpe, um decreto aboliu todos os dias santificados e estabeleceu apenas cinco feriados nacionais – laicos, claro – sendo eles o 1 de janeiro, 31 de janeiro, 5 de outubro, 1 de dezembro e 25 de dezembro. O 1 de janeiro passou a ser observado como o Dia da Fraternidade Universal em vez da Circuncisão do Senhor, o 25 de dezembro passou a ser o Dia da Família em vez do Natal (como aconteceu em Moçambique depois da instauração do comunismo da Frelimo). O 31 de janeiro era em homenagem à revolta republicana falhada de 31 de janeiro de 1891 no Porto, o 5 de outubro aos Heróis da República e o 1 de dezembro à Autonomia da Pátria Portuguesa.

Dois anos depois, adicionaram um feriado a 3 de Maio, evocando a descoberta do Brasil.

Só em 1929, já na Ditadura que antecedeu o Estado Novo, é que o dia 10 de Junho, então feriado municipal em Lisboa, evocando o poeta Luis de Camões (que terá falecido nesta data em 1579 ou 1580, parece que não se sabe), foi declarado feriado, chamada simplesmente “Festa Nacional”.

Salazar, que era católico e associava a nacionalidade ao catolicismo (um truismo) manteria a lista dos feriados nacionais assim até 1948, ano em que se passou a celebrar a data de 8 de dezembro, então chamado Dia da Consagração de Portugal à Imaculada Conceição.

Em 1952 foi publicada uma reforma abrangente do sistema de feriados português: dois feriados civis -31 de janeiro e 3 de maio — e um religioso – Quinta-Feira da Ascensão – foram extintos e em vez disso foram criados 3 feriados religiosos — Corpo de Deus, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto) e Todos-os-Santos (1 de novembro). Além disso, o feriado da Festa Nacional (10 de junho) passou a ser o Dia de Portugal (para além da Festa Nacional) ao qual Salazar, no decorrer da inauguração do Estádio Nacional do Jamor, em 10 de Junho de 1944 tinha acrescentado o epíteto de “dia da “Raça” e o 5 de outubro passou a estar consagrado à Implantação da República (e não aos Heróis da República). E os dias 1 de janeiro e 25 de dezembro voltaram oficialmente a ser feriados religiosos (Circuncisão e Natal, respectivamente). O feriado de 8 de dezembro também passou a ser chamado apenas o Dia da Imaculada Conceição.

Com o derrube do regime em 1974, adicionou-se o 1 de Maio, depois o 25 de Abril, a Terça-Feira de Carnaval, a Sexta-Feira Santa e um feriado da localidade. O 10 de junho passou a ser chamado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. E em 2003 o Domingo de Páscoa passou a ser feriado obrigatório (ou seja, quem trabalhar nesse dia, recebe mais 50 por cento do salário).

Em 2013, na sequência de uma – mais uma – falência das contas nacionais pelo PS, desta vez o famoso episódio do José Sócrates, o governo de Pedro Passos Coelho, sustentado pelo PSD e o CDS, para além de aumentar os impostos expressivamente e cortar nas despesas, eliminou “temporariamente” 4 feriados – que dois anos depois a Geringonça de António Costa (sustenada por uma maioria parlamentar composta pelo PS, comunas, Bloco da Esquerda e Partido dos Animais e da Natureza) alegremente restituiu. Eles eram o Corpo de Deus, Todos os Santos, 5 de Outubro e 1 de Dezembro.

Enfim. Com o milhão e meio de imigrantes que se prevê virão viver para Portugal nos próximos anos para complementar os que daqui se piram para melhores paragens – a actual tendência é virem brasileiros, indianos, paquistaneses, angolanos, nepaleses, chineses e afins (ou seja protestantes, islâmicos sunnis, budistas, judeus, sikhs, ismaelitas, etc, – até já há em Lisboa uma “catedral” da Cientologia ) quero ver onde é que vão parar estes feriados todos. Para já, andam muitos a comentar a nova simbologia da bandeira portuguesa, recentemente aprovada pelo governo do demissionário António Costa, cujo desenho foi especificamente concebido para ser mais “laico” e “inclusivo”. Pois claro.

11/02/2023

VISTA DA BAIXA DA MAXAQUENE EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC.XX

Imagem dos Irmãos Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.

A imagem foi captada um pouco abaixo de onde hoje existe o Hotel Girassol. Ver em baixos a mesma imagem, legendada.
Ora vamos lá: 1- casas precárias, construídas no que é hoje a ponta norte do Jardim Botânico (actualmente, Tunduru), em frente à sede do Rádio Clube (actualmente, Rádio Moçambique) entretanto demolidas; 2- a mais tarde Rua do Rádio Clube; 3- Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Lourenço Marques. Existiu entre cerca de 1880 e 1940 e era onde todos os baptizados casamentos, dias santos e funerais católicos eram celebrados na Cidade. Foi demolida e no seu lugar foi edificado em seguida o Palácio da Rádio, sede do Rádio Clube de Moçambique. Mais abaixo, foi construída a nova Igreja de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida por Sé Catedral, inaugurada em Agosto de 1944; 4- a avenida que ligava a Baixa à Ponta Vermelha, em tempos a Brito Camacho (para os mais jovens e iconoclastas, a Cabrito Macho); 5- no horizonte, a Fortaleza dos Dragões no Alto do Maé, então considerada um extremo da Cidade, para a proteger contra eventuais investidas dos impíos nativos (hoje, celebrados nacionalistas resistentes) e que hoje é um quartel na 24 de Julho; 6- a residência (também já foi consulado) do cônsul-Geral da Grâ-Bretanha, hoje a embaixada do Reino Unido; 7- Torre Norte do Hospital Militar de Lourenço Marques, que foi demolido e que estava mais ou menos onde hoje está implantada a Sé Catedral; 8- Zona Central e início do Alto do Maé.

05/08/2021

A IGREJA PAROQUIAL E O HOSPITAL MILITAR DE LOURENÇO MARQUES, 1897

Imagem retocada.

A antiga Igreja Paroquial ou de Nossa Senhora da Conceição e o Hospital Militar de Lourenço Marques, 1897, copiada da revista Branco e Negro. No lugar da igreja, demolida no início dos anos 40, foi edificada a sede do Rádio Clube de Moçambique. No lugar do antigo hospital foi construida a Sé Catedral.

08/06/2021

LOURENÇO MARQUES EM 1933, VISTA DO AR

Imagens retocadas e coloridas. Grato como sempre ao Rogério Gens pelas suas correcções.

Penso que cerca dos anos 40-50 um fotógrafo que esteve em Lourenço Marques tirou uma fotografia de outra fotografia aérea, que estimo ter sido tirada cerca de 1933. Esta fotografia aérea foi captada por W. Norman Roberts da empresa aérea sul-africana African Flying Services (PTY) Limited, uma das pioneiras dos serviços e transporte aéreo na então União Sul-Africana. Esta fotografia, com alguns retoques, é a primeira que coloco aqui no topo. Todas as imagens que se seguem são cópias ampliadas, legendadas e coloridas, do que se vê nesta primeira fotografia, que mostra de forma inédita (para mim) alguns dos aspectos da topografia da Cidade que eu conhecia mas nunca tinha visto de uma forma global e objectiva.

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A cópia da fotografia topográfica de Lourenço Marques, cerca de 1933.

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A – O então Museu Provincial, mandado construir por Pott (hoje sede to Tribunal Constitucional); B- A Imprensa Nacional, anteriormente a Cadeia; C – Estação dos Bombeiros (onde hoje fica o Prédio 33 Andares); D – a então Câmara Municipal de Lourenço Marques, depois Tribunal da Relação; E – o primeiro estádio de futebol do Grupo Desportivo Lourenço Marques; F- Sede e terrenos do Sporting Club de Lourenço Marques; G- Avenida da República (hoje 25 de Setembro); e H – o Aterro da Maxaquene.

 

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O Aeródromo da Carreira de Tiro. Logo a seguir a Rua dos Combatentes de Nevala. Do lado direito, a Cadeia Civil e à direita desta, o primeiro Campo de Golfe da Polana.

 

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A – Cadeia Civil; B- o primeiro Campo de Golfe da Polana, em que a Clubhouse fica na ponta à direita em baixo; C- A Avenida Massano de Amorim (hoje Mau Tsé Tung); D – o Parque José Cabral (hoje, dos Continuadores); E- o Hotel Polana.

 

LM HOSPITAL MIGUEL BOMBARDA CA 1931

A- Complexo do Hospital Miguel Bombarda; B- Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane; C – A futura Escola Primária Rebelo da Silva (hoje 3 de Febereiro) em construção.

 

LM CLUBE DE PESCA ATERRO MAXAQUENE CA 1931

A – Aterro da Maxaquene; B- parte ainda inacabada do paredão de cimento junto ao futuro Clube de Pesca (hoje Escola Náutica); C – doca de pesca desportiva; D – Ponta Vermelha. Note o Exmo. Leitor que esta parte foi “comida” e inclinada posteriormente, pois nesta altura caía abruptamente, como aliás se via em partes da Catembe até aos anos 80.

 

LM eastern telegraph e casa rua dos aviadores ca 1931

A – o Liceu 5 de Outubro, junto à Av. 24 de Julho, que depois seria a Escola Comercial Azevedo e Silva; B- a Sinagoga de Lourenço Marques, ainda existente; C – a Estação Telegráfica da Eastern Telegraph Company, que seria demolida e aí edificado o Liceu Salazar (hoje ES Josina Machel; D- terreno onde seria edificado o Joardim Silva Pereira (hoje dos Professores. Note-se que na altura o terreno era muito maior que o existente hoje, pois as barreiras foram alteradas, especialmente depois do Ciclone Claude em Janeiro de 1965; E – o Hotel Cardoso estando logo ao lado as fundações do futuro Museu Álvaro de Castro (hoje Museu de História Natural); F – por curiosidade, a casa onde cresci em Lourenço Marques, pelos vistos uma das primeiras duas a serem construídas na Rua dos Aviadores (hoje Rua da Argélia).

 

LM AV D LUIZ I JARDIM VASCO DA GAMA HOSPITAL MILITAR E IGREJA CA 1931

A – Por baixo desta letra, o Hospital Militar, que seria demolido e no seu lugar construída a Sé Catedral de Lourenço Marques; B – a então Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no local onde depois seria construído o Palácio da Rádio do Rádio Clube de Moçambique; C- a Avenida Aguiar, depois Avenida Dom Luiz I (hoje Marechal Samora). Note o Exmo. Leitor que na década e meia seguinte seriam construídas a Praça Mouzinho no topo (hoje da Independência) e em baixo seria eliminada a Travessa da Fonte, que estenderia esta artéria até à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho), que na altura ainda era rectangular, cheia de Kiosks e atravessada a meio pela Rua Araújo; D- Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru); E – Câmara Municipal de Lourenço Marques (hoje Tribunal da Relação) e mais em cima o Grupo Desportivo Lourenço Marques.

 

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Na zona do Alto-Maé. A- Os cemitérios Maometano, Judaico e..(farsi?); o Cemitério de São Francisco Xavier; C – a Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane) com partes ainda com uma um estradinha nos dois sentidos.

 

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Na zona de Alto-Maé. A – zona de Xipamanine; B- Em discussão com o genial Rogério Gens este deverá ser um depósito de água para servir a zona do Alto-Maé; C- a Avenida Pinheiro Chagas (hoje Dr. Mondlane) que acaba logo a seguir à esquerda; D – a Avenida 24 de Julho, que nesta altura também acaba logo a seguir e mais tarde seria estendida mais quase dois quilómetros.

08/09/2019

O BAZAR DE LOURENÇO MARQUES, PRIMEIRA DÉCADA DE 1900

Filed under: LM Baixa, LM Bazar, LM Igreja N S Conceição — ABM @ 18:57

Imagem retocada. 

 

A fachada frontal do Bazar de Lourenço Marques que ocupava o centro da então chamada Praça Vasco da Gama, pouco depois da sua inauguração em 1903. Ao fundo, vê-se a velha Igreja de Nossa Senhora da Conceição (1885-1944) a Imaculada, onde hoje fica a sede do Rádio Clube. A bandeira hasteada é a da monarquia.

07/09/2019

A ENTRADA DO JARDIM VASCO DA GAMA EM LOURENÇO MARQUES, 1935

Imagem retocada.

 

Na pequena praça em frente à entrada principal do Jardim Vasco da Gama, em 1939 seria colocado um monumento a assinalar a passagem pela Cidade do Presidente Óscar Carmona, em 1939. A mesma seria retirada em 1975 e uns anos depois seria ali colocada uma pequena estátua do Presidente Samora machel.  Na esquina do terreno em cima à esquerda, seria colocada em 1972 a Casa de Ferro. Note-se,, ainda no cimo da fotografia, o topo da velha Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que seria demolida em 1944, e onde depois seria construída a sede do Rádio Clube de Moçambique.

A SEDE DO RÁDIO CLUBE E A IGREJA DA IMACULADA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

No preciso local onde fica a entrada da sede do Rádio Clube de Moçambique – actualmente a Rádio Moçambique, EP – existiu durante quase 60 anos uma igreja, a primeira igreja católica em Lourenço Marques, edificada no âmbito da conhecida missão liderada por Joaquim José Machado e que desembarcou em Lourenço Marques em 7 de Março de 1877. O templo foi dedicado à Imaculada Conceição que permanece como a Padroeira da Cidade. Num quase inexplicável rearranjo da Cidade iniciado na década de 1930, a igreja seria demolida no início da década de 1940, sendo, simultaneamente, edificada, mais abaixo na mesma rua, a Sé Catedral, também dedicada à Imaculada Conceição, que seria inaugurada pelo Cardeal Cerejeira em Agosto de 1944.

A Sede do RCM, anos 50. Ao fundo, a Sé Catedral.

 

A mesma perspectiva. À esquerda, o depósito de água do Jardim Vasco da Gama.

 

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, década de 1890. 

 

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, década de 1890, no mesmo local onde viria a ser edificada a sede do Rádio Clube.

13/08/2019

A IGREJA PAROQUIAL E O HOSPITAL CIVIL E MILITAR EM LOURENÇO MARQUES, 1897

Imagem retocada.

 

A Igreja Paroquial (início da construção, 1878) e o Hospital Civil e Militar (início da construção: 1877) em Lourenço Marques, imagem de 1897. A Igreja ficava situada onde está hoje a sede da Rádio Moçambique e o Hospital onde hoje está a escadaria da Sé Catedral. Ambos foram construídos pela “expedição” de Joaquim José Machado e ambos foram posteriormente demolidos no âmbito de um profunda reestruturação da geografia da Cidade. Esta é a única imagem que conheço em que ambos edifícios aparecem ao mesmo tempo.

09/05/2019

O PRESÍDIO DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DOS SÉCS. XX E XXI

Imagens retocadas.

 

O Presídio de Lourenço Marques, também conhecido como Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, início do Século XX.

 

A mesma imagem, anotada. Notas: 1) Parte Sul da Praça Mouzinho de Albuquerque, mais tarde Praça 7 de Março e actualmente Praça 25 de Junho; 2) Igreja Paroquial de Lourenço Marques, implantada no mesmo local onde fica a antiga sede do Rádio Clube de Moçambique; 3) a entrada principal do Presídio de Lourenço Marques (ou “Fortaleza” de N.S. da Conceição”); 4) fachada principal do Bank of Africa, que ficava mesmo atrás do Presídio; 5) Parte Sul do Presídio, posteriormente os aterros aqui feitos, que avançaram o terreno para Sul uns 100 metros, enterraram esta muralha e ali fez-se uma muralha “fictícia” na década de 1940 para dar o ar de “forte” que se vê hoje (obra do arquitecto Pancho Guedes); 6) margem Norte da Baía do Espírito Santo.

 

O Presídio fica mesmo à esquerda da casinha que se vê no lado esquerdo desta imagem do início do Séc. XX. Ao fundo, vê-se a Ponta Vermelha.

 

Imagem tirada duma varanda do Capitania Building, cerca do início do Séc.XX, mostrando, à direita, a “nova” ponta Sul da Praça 7 de Março, ajardinada, e, em frente e à esquerda, os novos aterros onde se fizeram as duas ruas em frente, o porto e, ao fundo, a primeira estação ferroviária de Lourenço Marques.

 

Vista aérea da Baixa de Lourenço Marques nos anos 50. Veja-se o antigo Presídio, agora recuado das águas da Baía e já na sua versão “Hollywood”. Para uma melhor contextualização, ver o mapa em baixo.

 

Mapa que copiei (e pintei) dum estudo dum académico sul-africano, sobrepondo o núcleo original do que era a Vila de Lourenço Marques, com o traçado posterior do que veio a ser a capital de Moçambique.  A parte em castanho era a parte “continental” de terra firme. A parte em verde era o anterior pântano (e praia) em redor da “ilha”, posteriormente aterrado. A “ilha” está pintada em amarelo. A parte pintada a azul mostra onde ficava a margem da Baía, a maior parte da qual, nesta zona, foi posteriormente aterrada também. Dentro da “ilha” e a Sul, pode-se ver o quadrado pintado a preto saliente e que indica a localização do Presídio.

08/12/2018

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO E LOURENÇO MARQUES

Não estou dentro dos mistérios associados a todos os dogmas e raciocínios da Igreja Católica e Apostólica Romana, especialmente no que concerne as suas figuras veneradas, como é o caso de Nossa Senhora da Conceição.

Mas, indubitavelmente, há uma relação especial entre esta figura da Igreja Católica e Portugal.

E com Lourenço Marques, desde o momento da sua fundação, no final do Século XVIII.

Lá iremos.

Segundo a Bíblia, Maria, também chamada Nossa Senhora da Conceição, era a Mãe de Jesus Cristo e mulher de José, um carpinteiro. O termo “conceição” deriva dela ter concebido aquele que, segundo a crença cristã, era filho de Deus.

Como tal, Maria, apesar de ser mulher, Nossa Senhora da Conceição, sempre ocupou um lugar de algum destaque na narrativa cristã, eventualmente tornada na única religião permitida no império romano pelo imperador romano Constantino (reinou entre 306 e 327), e que o sobreviveu, até hoje.

Entretanto passaram 1500 anos.

Diz a conhecida astrologista e intérpetre de Tarot Maria Helena no seu blog que “a celebração de Nossa Senhora da Conceição honra a conceção de Maria, que foi concebida sem haver pecado. A palavra “imaculada” deriva do latim “sem mácula” ou seja, sem mancha. No dia 8 de Dezembro de 1854, o Papa Pio IX [papa entre 1846 e 1878, o mais longo mandato papal e um dos mais controversos na história do catolicismo] definiu e proclamou, através da bula “Ineffabilis Deus”, a concepção imaculada de Maria como um dogma religioso e desde então esta data é celebrada pela Igreja Católica e por todos os fiéis. O dia 8 de Dezembro antecede em nove meses a data da natividade de Maria, que é o dia 8 de Setembro, e por essa razão esta data ficou definida pela Igreja Católica como a data em que Maria foi concebida.

Em bom português, o relato bíblico original sugeria vagamente que Maria concebeu Jesus Cristo sem ter tido relações sexuais (o perpétuo “pecado” católico), contribuindo para o seu estatuto como filho de Deus. Pio IX proclamou-o como facto inquestionável.

Muito antes do pronúncio de Pio IX, no entanto, já um monarca português, João IV,  tomara uma posição semelhante em relação a esta figura do catolicismo e fizera algo relativamente insólito. D. João IV era o  Bragança que se chegou à frente em 1640 para se tornar o monarca de Portugal, quando alguns portugueses se revoltaram, com sucesso, contra a Dinastia espanhola dos Felipes, detentora da coroa de Portugal desde 1580. Carminda Neves assim o relata:

Por proposta sua, durante as Cortes reunidas em Lisboa desde 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646, afirmando o soberano «que a Virgem Maria foi concebida sem pecado original» e comprometendo-se a doar em seu nome, em nome de seu filho e dos seus sucessores à Santa Casa da Conceição, em Vila Viçosa, «cinquenta cruzados de oiro em cada ano», como sinal de tributo e vassalagem, a dar continuidade à devoção de D. Afonso Henriques, que tomara a Senhora por advogada pessoal e de seus sucessores. O acto da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, efectuado com a maior solenidade pelo monarca a 25 de Março desse ano (1646), alargou-se a todo o País, com o povo, à noite, a entoar cânticos de júbilo pelas ruas, para celebrar a Conceição imaculada da Virgem, ou, mais precisamente, a Maternidade Divina de Maria. Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal, não voltando por isso, desde aí, nenhum dos nossos reis a ostentar a coroa, direito que passou a pertencer apenas à Excelsa Rainha, Mãe de Deus. Em 1648 D. João IV manda cunhar moedas de ouro e de prata, tendo numa das faces a imagem da Imaculada Conceição com a legenda Tutelaris Regni – Padroeira do Reino. Em 1654 ordena que sejam postas em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares do reino pedras lavradas com uma inscrição alusiva à Imaculada Conceição (lápides essas ainda hoje existentes em certos locais). Outros reis seus sucessores continuaram a tradição deste culto de homenagem a Nossa Senhora, caso de D. João V, em 1717, que recomenda a todas as igrejas a celebração anual com pompa e solenidade da Festa da Imaculada Conceição, enquanto D. João VI emite um decreto criando a Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e a Cabeça da Ordem (lugar principal) na Sua Real Capela.

Ainda hoje, o dia 8 de Dezembro é um feriado nacional em Portugal e, se me recordo, era também o Dia da Mãe na minha infância.

Acontece que, no início do Século XVI, estando os portugueses na posse de uma minúscula língua de terra que era a ilha de Moçambique, situada estrategicamente na costa oriental africana e na rota para o Oriente, que trouxe à Europa uma mudança civilizacional, ali edificaram gradualmente uma gigantesca fortaleza, cujo padroeiro católico é São Sebastião, evocado nas sete setas cruzadas que adornaram a bandeira provincial durante boa parte do Século XX.

No último quarto do Século XVIII (1782, se me recordo) os poderes lusos de então decidiram criar uma pequena guarnição permanente, estacionada numa imunda e insalubre língua de terra na margem Norte da então Baía do Espírito Santo, num local que não tinha nome conhecido e a que chamavam “Lourenço Marques”. Eufemisticamente, deram à pequena fortificação de lama, pedras e caniço ali erguida a designação de Presídio ou Fortaleza de …. Nossa Senhora da Conceição.

Que, por essa via, se iria tornar na Padroeira da futura cidade.

O Núcleo Museológico da Cidade de Lourenço Marques, construído nos anos 40 a partir das ruínas da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, década de 1960. O projecto do Núcleo Museológico foi da autoria de Pancho Guedes. As principais diferenças entre o que se vê e como era são que 1) a versão anterior era um pardieiro improvisado com materiais de terceira qualidade, 2) a inexistência de uma muralha a Sul (o que existia antes é a linha mais clara que se ê na base dessa muralha) e 3) o mar batia nesta parte Sul.

A cidade, sempre ténue, insegura e frágil, ainda levaria mais que cem anos a surgir e mesmo aí só após se manifestar o braço colonial britânico a Sul e os Boers a Oeste, e depois de descobertas as jazigas de diamantes e ouro naquela região e se compreendeu que, no contexto das comunicações de então (barco e caminho de ferro) um porto e uma linha de caminho de ferro a partir dali para o interior seriam investimentos estratégicos.

Lourenço Marques como era fora do núcleo original que é hoje a sua Baixa.

Em 1879, num acto de algum arrojo se se levar em conta a sua localização – no preciso local onde hoje está edificada a antiga sede do Rádio Clube de Moçambique, que na altura era ainda mato cerrado bem fora do perímetro urbano- os citadinos edificaram uma igreja, a primeira de Lourenço Marques, a que deram o nome de Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

A futura Igreja de Nossa Senhora da Conceição a ser construída em Lourenço Marques, cerca de 1880.

A igreja foi inaugurada em 1881.

Ali ao lado, num ponto estratégico de visibilidade, construíram os britânicos o seu consulado, que dobrava como residência consular.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, de costas para o futuro Jardim Vasco da Gama. Ao fundo, o Consulado Britânico, que hoje é a sua embaixada em Maputo.

A então Avenida Dom Manuel, em Lourenço Marques, década de 1890, com a igreja original ao fundo. Onde se encontram os bungallows improvisados, seriam construídos a futura Sé Catedral, a Câmara Municipal e a Praça Mouzinho (hoje Praça Samora). Litografia pintada por mim.

Pouca gente hoje sabe que ao Alto-Maé correspondeu uma Freguesia cujo nome formal era …. Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alto-Maé.

O estilo desta primeira igreja tem zero a ver com o que quer que seja que se fizesse em Portugal em termos da sua arquitectura. Olhando para as imagens, parecia ser uma igreja episcopal inglesa. Mas ali foram baptizadas, casadas e feitos elogios fúnebres, a gerações de habitantes da Cidade.

O Altar da velha Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Lourenço Marques em 1919, com a estátua representando Nossa Senhora da Conceição Imaculada. Uma rara foto a preto e branco tirada por Louis Hily e colorida por mim. O original desta foto é hoje propriedade do meu caro Paulo Azevedo.

Com o crescimento da Cidade, na segunda década do Século XX, as pessoas começaram a achar que a sua igreja era pequena demais para o número de crentes que a frequentavam. Mas salvo uns bravos mais dedicados, ninguém sonhava em fazer outra – certamente nada da escala e envergadura da que veio a ser inaugurada com enorme pompa e circunstância em Agosto de 1944.

Para uma Lourenço Marques cosmopolita, aberta ao Mundo, eminentemente urbana, relativamente sofisticada ainda que colonial, com igrejas de várias denominações, gentes oriundas de quase todo o mundo, casinos e casas de prostituição legais, uma forte dose laica e com o maior templo maçónico de todo o espaço português, a edificação de uma nova igreja de grande dimensão não era assunto leve.

A história a partir daí é magistralmente contada numa interessantíssima, magnífica e eminentemente legível tese académica (212 páginas, com dezenas de fotos no fim) de Ana Furtado, defendida em 2017 e publicada recentemente. Que choca e delicia pela erudição e abrangência dos assuntos ali abordados.

Segundo a Ana, e resumindo as coisas, a construção da actual Catedral deve-se a todo um contexto de então e, localmente, principalmente a 4 pessoas.

O contexto? António de Oliveira Salazar, um nacionalista convicto e um católico relativamente ferrenho, toma o poder em 1928 e, com uma ajudinha do seu amigo o Padre Cerejeira, na altura nomeado Cardeal em Lisboa, principia a construir o Estado Novo, com uma forte componente religiosa, que ele considerava parte da “fibra da Nação”. Essa obra incluiu a assinatura de vários acordos com a Santa Sé e um investimento considerável nos esforços de implantação e reforço das instituições católicas em todos os territórios que na altura integravam Portugal. Simultaneamente, desencadeia um conjunto de acções com vista a reforçar um sentido de objectivo à sociedade portuguesa, baseada no passado histórico, que se procurou glorificar até ao ponto da exaustão.

É neste contexto que a ideia de se fazer uma nova igreja em Lourenço Marques evolui, com uma crescente atenção e eventualmente, quase apropriação por parte do Estado, para os seus desígnios de glorificação nacional.

As quatro pessoas:

  1. o missionário franciscano e Prelado, D. Rafael da Assunção, que para além de puxar por este projecto, foi a força por detrás da construção das igrejas da Missão Franciscana da Beira, de Homoíne e de São José de Lhanguene.
  2. o Arquitecto António Couto Abreu, que desenhou um projecto de uma igreja (assinado a 20 de Setembro de 1922), considerado algo faraónico e inviável, pois não havia dinheiro e quase tudo que ele previa tinha que ser importado (nota: houve um projecto anterior por Tito Fernandes, mas esse foi logo às urtigas);
  3. o Engº Marcial Freitas e Costa, nos CFM desde 1922, que apresentou o projecto que foi executado, em linhas modernas, simples – e em cimento armado. E que depois foi a sua alma, executando-o.
  4. o lendário Engº Francisco Pinto Teixeira dos Caminhos de Ferro de Moçambique, que, depois de anos e anos de a Câmara Municipal levantar obstáculos ao projecto, ele, que então havia recentemente assumido a presidência da Câmara Municipal de Lourenço Marques, aprovou o projecto de Marcial (os dois conheciam-se muito bem dos CFM) três dias depois de ter sido submetido.

Marcial Freitas e Costa, o criador do projecto da Sé Catedral, no seu gabinete de trabalho nos Caminhos de Ferro em Lourenço Marques, década de 1930. Não recebeu um tusto do trabalho que fez para a sua edificação. Foto reproduzida da tese de Ana Furtado.

Finalmente, a primeira pedra da futura Sé Catedral é lançada e abençoada com pompa no dia 28 de Junho de 1936.

A construção foi sendo feita. Havia o desejo de a inaugurar em 1940 – ano em que o Regime comemoraria estrondosamente a Fundação, a Restauração, a Portugalidade, etc. Mas as obras atrasaram-se porque entretanto chega a II Guerra Mundial e as coisas complicam-se rapidamente. Havia ainda menos dinheiro e ainda faltava fazer muita coisa. Um exemplo que a Ana dá é o dos vitrais da futura igreja, que foram fabricados na Alemanha e que quando estavam encaixotados para serem enviados para Moçambique, foram apanhados num porto holandês justamente quando a Alemanha invadiu aquele país em 1940. Ao mais alto nível da diplomacia, andou-se às voltas com os alemães para encontrarem e entregarem os vitrais a Portugal, o que foi feito.

A futura Sé Catedral em construção, final da década de 1930. Foto do Edgar Marques.

A igreja foi inaugurada no dia 14 de Agosto de 1944, ainda decorria a guerra, mas já se prenunciava a derrota de Hitler e a hegemonia dos EUA e da União Soviética. Portugal manteve a neutralidade, um pouco colada com cuspo mas enfim. As cerimónias foram lideradas pelo Cardeal Cerejeira, que viajou de barco até Lourenço Marques, a primeira (e a única) vez que um cardeal português se deslocou a uma colónia. Por se ter divorciado uns tempos antes, Ana sugere que Marcial Freitas e Costa foi considerado persona non grata na cerimónia inaugural e por isso terá aproveitado uma viagem aos EUA pouco antes (para ver se arranjava ferro para os CFM) para de seguida tirar uma licença graciosa em Portugal, pelo que nesse dia não estava em Lourenço Marques. Outros tempos.

A Sé Catedral na actualidade. Mantém a traça original mas é preciso dinheiro para a sua manutenção.

 

A fachada frontal.

 

Os vitrais, originalmente feitos na Alemanha de Hitler e trazidos de barco para Lourenço Marques, maioritariamente pagos do bolso de Marcial Freitas e Costa. Foram “apanhados” em caixotes num porto da Holanda quando os exércitos de Hitler invadiram aquele país. Em baixo, uma estátua evocativa de Nossa Senhora da Conceição.

 

O enquadramento da Sé Catedral, anos 60, ao lado da Câmara Municipal e do monumento a Mouzinho de Albuquerque. Desde então, saiu Mouzinho e entrou Samora.

Em 1944, velha a Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi desconsagrada (passando a sua consagração para a nova Sé Catedral, cujo nome formal ainda é Igreja de Nossa Senhora da Conceição) e a seguir foi demolida. No mesmo local, sete anos depois, foi inaugurado no local o Palácio da Rádio, a então nova sede do Rádio Clube de Moçambique.

O Palácio da Rádio, sede do Rádio Clube de Moçambique, década de 1960, implantado no mesmo local onde, mesmo em frente ao velho edifício que se vê à direita, estava a original Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Marcial Freitas e Costa faleceu precisamente quatro meses depois, em Lourenço Marques. O seu corpo foi posteriormente trasladado para um cemitério em Portugal.

Merece ser recordado neste dia 8 de Dezembro de 2018, 372 anos após a proclamação de D. João IV, 236 anos após a fundação do Presídio de Lourenço Marques, 164 anos após a proclamação do Papa Pio IX, 137 anos após a inauguração da primeira Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques, e 74 anos após a inauguração da Sé Catedral e do seu desaparecimento físico.

 

14/08/2018

A ESTRADA PARA A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1890

Arquivos do Rijksmuseum em Amsterdão. Foto retocada.

Grato ao Fernando Pinto-Vieira Penha, que identificou o Quartel dos Dragões no Alto-Maé.

 

A Estrada da Ponta Vermelha. Foto tirada um pouco abaixo de onde hoje fica o Hotel Girassol. Para saber mas detalhes, ver a imagem em baixo.

 

A imagem, legandada.

27/02/2018

LOURENÇO MARQUES NA SEGUNDA METADE DA DÉCADA DE 1880

Fotografias dos arquivos do Reino da Holanda, retocadas.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira de Lourenço Marques) na segunda metade da década de 1880. Até cerca de 1944, quando foi demolida e no seu lugar foi edificada a sede do Rádio Clube de Moçambique, a maior parte dos baptizados, casamentos e funerais católicos da Cidade realizavam-se aqui.

 

Esta é a vista de Lourenço Marques. A imagem foi tirada do topo da torre do sino da Igreja de Nossa Senhora da Conceição que se vê na imagem em cima. Entre as árvores e os edifícios de alvernaria, pode-se ver o famoso pântano que foi mal aterrado e onde se fez, no meio, a Avenida D.Carlos (depois Avenida da República e que hoje dá pelo nome de Avenida 25 de Setembro). No terreno imediatamente em frente fez-se o Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru). Vê-se mal, mas logo por cima da copa de uma das palmeiras, vê-se as duas colunas da entrada principal da Cidade, que se vêem na imagem em baixo.

 

As colunas da entrada principal na primitiva Cidade de Lourenço Marques. A estrada de acesso, que ia dar à Estrada da Polana e de Lybemburgo, atravessava o pântano e a ligava o pequeno aglomerado fortificado às encostas de Maxaquene e do Maé.

06/10/2013

LOURENÇO MARQUES NO FINAL DO SÉCULO XIX

O original desta fotografia, que foi restaurada, pertence ao espólio de Paulo Azevedo, que graciosamente enviou uma cópia digitalizada.

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Vista de Lourenço Marques, final do Séc. XIX. À esquerda, vê-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que é onde fica hoje a sede do antigo Rádio Clube. À

Vista de Lourenço Marques, final do Séc. XIX. À esquerda, vê-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que é onde fica hoje a sede do antigo Rádio Clube. Onde está a casa à direita é onde hoje está implantada a Sé Catedral. Mais à frente, pode-se ver o então Hospital Militar. Ao fundo, a Baía e a Catembe. Na altura, esta zona já era “arredores” da Cidade, que ficava em redor da Rua Araújo.

CASAMENTO NA IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1930

Grato ao Mário Neto Pereira, que cedeu a fotografia que se mostra em baixo, e que foi restaurada.

O dia do casamento dos avós maternos do Mário, a comitiva

O dia do casamento dos avós maternos do Mário, 1937, a comitiva posa  depois da cerimónia na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Lourenço Marques, pouco tempo antes da sua demolição para mais abaixo se edificar a hoje chamada Sé Catedral (inuagurada em Agosto de 1944) e que também tem o mesmo nome formal. A igreja ficava situada onde hoje está implantada a antiga sede do Rádio Clube de Moçambique. Penso que esta foto foi tirada num estúdio fotográfico.

02/06/2013

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO E A AVENIDA CENTRAL EM LOURENÇO MARQUES, CERCA DE 1910

LM Av Central Igreja NS Conceição

A Avenida Central em Lourenço Marques, na descida para a Avenida Dom Luiz. À direita pode-se ver a fachada da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e à esquerda por detrás dos eucaliptos está o Jardim Botânico de Lourenço Marques. Em termos actuais, onde se vê a Igreja hoje está a sede da Rádio Moçambique, outrora o Palácio da Rádio do Rádio Clube de Moçambique. Esta foto é de cerca da primeira década do Século XX.

01/10/2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1910

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A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, então mesmo em frente à actual embaixada britânica em Maputo, logo acima do antigo Jardim Vasco da Gama.

15/09/2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO E O CONSULADO BRITÂNICO EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques, início do Século XX. Foi demolida para ali perto ser construída a Sé Catedral de Lourenço Marques, que tem formalmente o mesmo nome. A curiosidade desta rara fotografia é que mostra exatctamente onde ficava situada (mais ou menos onde fica hoje a antifa sede do Rádio Clube de Moçambique (hoje a Rádio Moçambique) pois mesmo atrás pode-se ver o antigo Consulado britânico em Lourenço Marques, que hoje é a embaixada britânica em Maputo. À direita da igreja fica o Jardim Vasco da Gama (hoje o Tunduru).

17/07/2012

OS LOPES E O HOSPITAL MILITAR DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

Fotografias de Olinda Cavadinha e da Torre do Tombo, restauradas.

O velho hospital militar de Lourenço Marques, situado mais ou menos onde hoje está implantada a Sé Catedral de Maputo. Antes de ser um hospital, durante a I Guerra Mundial, foi um edifício multi-usos. Veja a nota em baixo da avó da Olinda, que viveu lá. Para ver esta fotografia em tamanho (muito) maior, prima na imagem com o rato do seu computador.

A nota.

Mabel Elisabeth Lopes, avó da Olinda.

A original Igreja de Nossa Senhora da Conceição na então parte alta de Lourenço Marques, e mais à frente à sua direita o velho hospital militar (de salientar que a Sé Catedral formalmente tem o nome de Nossa Senhora da Conceição). A velha igreja estava implantada onde hoje fica o edifício da Rádio Moçambique, enquanto que o hospital, conforme referido, está aqui onde mais tarde foi edificada a Sé Catedral. Aqui cerca dos anos 1880.

Os dois edifícios, vistos mais de perto.

César Dias Lopes, avô da Olinda e marido de Mabel. A fotografia está um tanto fantasmaglórica pois foi assim que ficou digitalizada.

Os 13 filhos de Mabel e de César. Hoje em dia já não acontece muito isto.

A mesma foto com indicações numeradas para cada um. A Olinda ficou de me dar os nomes. Acho que a mãe dela é o nº 10 mas isso vê-se depois.

02/06/2012

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES E A MAXAQUENE, ANOS 1910

 

A Baixa de Lourenço Marques e a Maxaquene.

22/05/2012

LOURENÇO MARQUES NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: LM Baía, LM Baixa, LM Catembe, LM Igreja N S Conceição — ABM @ 11:20

Vista da parte Baixa da cidade de Lourenço Marques, primeira década do Século XX, vista da Maxaquene.

30/04/2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: LM Igreja N S Conceição — ABM @ 00:50

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques, início do Século XX. Foi demolida nos anos 1940.

28/03/2012

LOURENÇO MARQUES NO INÍCIO DO SÉC. XX: O CONSULADO INGLÊS E A IGREJA DE NS DA CONCEIÇÃO

A baixa de Lourenço Marques no início do Século XX. Pode-se ver à frente a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, implantada onde hoje está o edifício do Rádio Clube, e à direita da fotografia o Consulado Britânico em Lourenço Marques, com a sua bandeira hasteada. Este edifício ainda hoje é a Embaixada da Grâ-Bretanha em Moçambique.

24/03/2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1910

Filed under: LM Igreja N S Conceição, LUGARES — ABM @ 22:09

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques. Estava implantada onde hoje estão as instalações do Rádio Clube de Moçambique (agora a Rádio Moçambique), foi demolida antes de se construir a muito maior Sé Catedral (inaugurada em 1944).

19/03/2012

A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM LOURENÇO MARQUES, CERCA DE 1900

Filed under: LM Igreja N S Conceição — ABM @ 16:38

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Lourenço Marques, cerca de 1900. Estava implantada no local onde se encontra hoje a sede do Rádio Clube de Moçambique (ou Rádio Moçambique). Foi demolida antes de se construir a Sé Catedral.

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