Imagem retocada e colorida.
26/01/2023
18/08/2022
08/06/2021
04/04/2021
O CLUBE DE PESCA DESPORTIVA E A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, 1971
Imagens retocadas.
Desejo aos Exmos. Leitores cristãos uma Feliz Páscoa, fechadinhos em casa por causa da Pandemia.
O Clube de Pesca de Lourenço Marques foi formado, algo tardiamente, em 1959, num local que na realidade foi concebido na década de 1910, aquando da concepção da gigantesca muralha de cimento que suportou o Aterro da Maxaquene – que se estendia até meio da colina da Ponta Vermelha propriamente dita (ver em baixo). Concluído o aterro nos primeiros anos da década de 1920, curiosamente, para além da futura doca propriamente dita, parte do local onde o Clube foi implantado ao princípio não foi…aterrado. Até à década de 1940, havia um enorme buraco inundado, por detrás da muralha. que eventualmente foi também aterrado, e a apenas a barra exterior havia sido concluída.
Em miúdo, eu sempre tive a impressão que o Clube de Pesca, cujas festas de passagem de ano eram vagamente badaladas na Cidade, tal como as do Clube Militar e as do Grémio de Lourenço Marques, seria um tanto elitista e de acesso algo restrito (jóia cara, quotas caras, acesso via bola branca bola preta, entrada por convite, pais alegadamente betos, filhos alegadamente betos) comparado com quase todos os outros clubes da Cidade, que eram maiores e que constituíam a maioria arrasadora dos residentes – e onde se praticavam desportos mais populares. Eu era do Desportivo, e penso que serei até morrer. Mas era o que eu ouvia, não tenho factos e muito menos tinha qualquer interesse em alguma vez lá meter os pés. Penso que para quem gostava de pesca desportiva no alto-mar (algo que eu pagaria para não fazer) devia ser muito bom. Sendo que a prática da pesca desportiva era muito cara e muito especializada, obviamente que não era para todos. E fazia parte da mística de um local privilegiado em termos mundiais para a sua prática como Lourenço Marques. A piscina, onde eu meti os pés uma única vez por obrigação de serviço, dava apenas para se dar um mergulho tímido e a maior parte do tempo o sítio era fustigado por uma ventania tal que não se podia estar lá.
Num texto soberbo do Nuno Castelo Branco àcerca dum texto publicado por uma gaja e em que ele abordou tangencialmente o tema dos clubes da Cidade enquanto ambos lá crescíamos, ele entrou nalgum detalhe sobre o assunto. Cito: “o tal Grémio e as imaginativas piscinas dos country-clubs (!) – deve unicamente querer aludir ao Clube de Pesca – eram locais tão alheios à maioria dos naturais de Moçambique, como algumas das curibecas regimenteiras da Lisboa ou dos Estoris/Cascais de hoje. Quantas centenas de licenciados, chefes de serviços, directores de organismos do Estado ou pequenos empresários, jamais colocaram os pés – ou quiseram colocá-los – no dito Grémio? Por regra, os seus frequentadores eram gente olhada com um certo – ou despeitado – desdém pelos hegemónicos remediados e amplamente considerados como os patetas, parvalhões, pedantes ou páchiças-pretensiosos. Há sempre que contar com a clássica pontinha de inveja. De facto, a maioria destes privilegiados pela Situação – os Almeidas Santos e adjacentes incluídos – foi sempre gente que pouco mais de uma vintena de anos residiu no território, enriquecendo depressa e juntando os cabedais, calculadamente entesourados na Metrópole. Com eles convivia um punhado de velhos colonos, mas eram a excepção que confirmava a regra.”
A impressão existia. Tanto assim que, quando veio a Frelimo fardada e com o seu discurso do comunismo anti-elitista (excepto para eles, claro) em 1975, os desgraçados do Clube de Pesca que se esqueceram de ir embora um dia anunciaram um curso de pesca desportiva – “aberto a todos”, o que motivou logo um estúpido mas esperado comentário de um escriba medíocre, dinâmicamente afecto à nova nomenclatura, aludindo ao prévio estatuto exclusivista do Clube. Não houve, e não há, pachorra.
Numa iniciativa de dúbia eficácia, comum na altura, o novo regime pura e simplesmente apropriou-se do espaço e ali fez mais tarde uma “escola náutica”, que, parece, cinquenta anos depois ainda não se conseguiu desalojar dali para fora e restaurar ao espaço ao uso exclusivo pelos cidadãos – excepto a piscina, que, agora já na era do nascente “capitalismo moçambicano”, foi estrategicamente alugada e onde se instalou um restaurante, ajudando a dar mais cabo do lugar.
Informações adicionais:
https://ccbibliotecas.azores.gov.pt/cgi-bin/koha/opac-MARCdetail.pl?biblionumber=218473
http://memoria-africa.ua.pt/Catalog/ShowRecord.aspx?MFN=139520
https://housesofmaputo.blogspot.com/2016/06/clube-de-pesca-desportiva-de-lourenco.html
https://macua.blogs.com/files/livroouromoc2.pdf (ver pags 60-62)
https://delagoa1.rssing.com/chan-6200616/article9-live.html
CLUBE DE PESCA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 70
https://housesofmaputo.blogspot.com/2018/06/doca-dos-pescadores-clube-de-pesca.html
https://estadosentido.blogs.sapo.pt/1082781.html?thread=3976605
09/07/2019
25/12/2013
A ESTRADA MARGINAL DE LOURENÇO MARQUES, SEGUNDA METADE DOS ANOS 1960
Fotografia de Artur Monteiro de Magalhães, gentilmente cedida pelo seu filho Artur Magalhães e restaurada por mim. Para ver a foto devidamente, abra com a máxima resolução.
20/07/2013
A PEQUENA ROTUNDA EM FRENTE AO CLUBE DE PESCA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960
Fotografia da colecção do Adriano Soares, restaurada.
02/07/2011
A ESTRADA DAS ESTÂNCIAS E OS ATERROS DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1900
Infelizmente, pouca gente hoje que habita Maputo tem a noção de como era a zona até ao início do Século XX. Estes dois postais mostram o que foi a zona antes dos enormes aterros que foram feitos no início do século passado. As duas fotos mostram o que era a zona onde até recentemente ficava a FACIM, onde ainda está o “novo” edifício da Fazenda (que actualmente é o Gabinete do 1º Ministro de Moçambique), desde a zona do porto da cidade até ao antigo Clube de Pesca. Toda essa zona foi aterrada com terras retiradas das barreiras da Polana e da Maxaquene, que por isso “recuaram” quase duzentos metros para onde se podem ver hoje. Nessa enorme área aterrada, plantou-se um eucaliptal que serviu de parque para a cidade durante décadas, e se fez o “prolongamento” da antiga Av da República até à Estrada Marginal (que só por isso foi de seguida construída sobre a praia então existente). Anteriormente, só se podia aceder à Praia da Polana indo pela parte alta da cidade (que ali basicamente era mato). Aproveitou-se o ângulo de entrada da Baía e a morfologia do terreno para se construir a doca do Clube de Pesca.
A estrada das Estâncias, e todos os edifícios que podem ser vistos aqui, foram demolidos.