Foto dos estúdios dos Irmãos Joseph e Maurice Lazarus.
10/05/2024
26/03/2024
A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES INUNDADA, 5 DE FEVEREIRO DE 1907
Imagem de Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.
Uns meses depois de tirada esta fotografia, a Cidade receberia em apoteose o herdeiro da Coroa Portuguesa, D. Luis Filipe de Orléàns e Bragança. E em seguida os Irmãos Lazarus mudar-se-iam para abrir uma loja de fotografia em Lisboa, a Photographia Ingleza, onde faleceriam no princípio da década de 1940.
08/10/2023
LORD ALFRED MILNER VISITA LOURENÇO MARQUES, AGOSTO DE 1902
Imagens retocadas e coloridas.
Alfred Milner (23 de Março de 1854- 15 de Maio de 1925) foi uma das personalidades mais consequentes na história da África do Sul. Recomendo a leitura do excelente e longo texto sobre ele na Wikipédia – em inglês, pois a versão em língua portuguesa é patética.
Entre outros, Milner esteve no centro de um entendimento (modus vivendi) com o governo português de então em que, em troca do fornecimento de mão de obra moçambicana para as minas do Rand, os bens transportados via o então novo porto de Lourenço Marques e da linha férrea até Pretória e Johannesburgo, pagariam tarifas preferenciais.
Bibliografia adicional:
12/05/2023
SALAZAR, FOTOGRAFADO EM LISBOA POR JOSEPH & MAURICE LAZARUS, 1928
Imensamente grato a Aires Henriques, pesquisador e coleccionador, que encontrou e adquiriu esta excelente peça e me facultou esta imagem – e que informou estar disposto a vendê-la pelo preço certo, pelo que se algum Exmo. Leitor conhecer alguém que ligue a estas raridades históricas, contacte o Sr. Henriques por AQUI.
Os Irmãos Lazarus tiveram um conhecido estúdio fotográfico em Lourenço Marques (e na Beira) desde o fim do Séc-XIX até 1908, quando se mudaram de armas e bagagens para Lisboa, onde manteriam um estúdio fotográfico até cerca de 1940. Ambos estão sepultados no Cemitério Hebraico da Cidade.
Cerca de 1928 fotografaram o Dr. António de Oliveira Salazar, então relativamente desconhecido, que fora indigitado por um dos governos da Ditadura Militar como ministro das Finanças de Portugal. Já escrevi em detalhe sobre este assunto AQUI.
31/03/2023
ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, FOTOGRAFADO POR LAZARUS EM 1928
Imagens retocadas.
Pouco depois do golpe de Estado militar de Gomes da Costa que terminou o doloroso experimento da I República, e da instauração da Ditadura, ocorreu o estranho episódio das nomeações e demissões de Salazar, então um relativamente jovem professor universitário em Coimbra (39 anos de idade em 1928) , como ministro das Finanças.
Foi em 1928 que Salazar posou para tirar a imagem que se segue e que seria usada posteriormente várias vezes pelo regime que criaria.
O fotógrafo foi um dos irmãos Lazarus, os dois judeus britânicos que fizeram carreira em Lourenço Marques e que se mudariam para a capital portuguesa em 1908 (e onde ambos estão sepultados no cemitério hebraico).
As voltas que o mundo dá.
Um texto da Wikipédia caracteriza assim o Portugal dessa altura:
Desde a implantação da república em 1910 até ao golpe militar de 1926, Portugal teve oito Presidentes da República, quarenta e quatro reorganizações de gabinete e vinte e uma revoluções. O primeiro Governo da República não durou dez semanas e o mais longo durou pouco mais de um ano. Várias personalidades políticas foram assassinadas. Pela Europa fora a palavra “revolução” passou a estar associada a Portugal. O custo de vida aumentou vinte e cinco vezes, a moeda caiu para 1/33 do seu valor relativamente ao ouro. O fosso entre ricos e pobres continuou sempre a aumentar. A Igreja Católica foi implacavelmente perseguida pelos maçons anticlericais. Os atentados terroristas e o assassinato político generalizaram-se. Entre 1920 e 1925, de acordo com dados oficiais da polícia nas ruas de Lisboa explodiram 325 bombas.
Com o país continuamente à beira de uma guerra civil, em 1926 dá-se um levantamento militar, sem derramamento de sangue e com a adesão de inúmeros sectores da sociedade portuguesa, desejosos de acabar com o clima de terror e violência que se tinha instalado no país.
Em Junho de 1926 os militares convidam Salazar para a pasta das finanças; mas passados treze dias Salazar renuncia ao cargo e retorna a Coimbra por não lhe haverem satisfeitas as condições que achava indispensáveis ao seu exercício.
Em 27 de abril de 1928, após a eleição do general Óscar Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, Salazar reassumiu a pasta das finanças, mas exigiu o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e um rigoroso controlo de contas, com aumentos enormes de impostos e criação de novos, adiamento de obras de fomento e congelamento de salários, conseguindo um superavit, um “milagre” nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928–29. “Sei muito bem o que quero e para onde vou.” — afirmará, denunciando o seu propósito na tomada de posse.
Na imprensa, que era controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como o “salvador da pátria”. Mas também alguma imprensa internacional, que não era controlada pela censura, apontava méritos a Salazar; em Março de 1935 a revista norte-americana Time afirmou que “é impossível negar que o desenvolvimento económico record registado em Portugal não só não tem paralelo em qualquer outra parte do mundo como também é um feito para o qual a história não tem muitos precedentes”.
O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns sectores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o presidente da república consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar um rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, que havia sido agraciado com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a 15 de abril de 1929, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.
Em junho de 1929 Salazar volta a demitir-se. Mário de Figueiredo, Ministro da Justiça e dos Cultos, amigo de Salazar, publica a célebre Portaria n.º 6259 que permite manifestações públicas do culto católico, com procissões e toques de sinos (a realização de procissões religiosas e o toque de sinos nas igrejas tinham sido proibidos pela república). O ministro da guerra Júlio Morais Sarmento comanda protestos anticlericais e a portaria é anulada em Conselho de Ministros. Figueiredo comunica a Salazar a sua intenção de se demitir e Salazar diz-lhe que embora não concorde com ele, caso Figueiredo se demita, então ele, Salazar, solidariamente, também apresentará a sua demissão. Figueiredo demite-se e no dia 3 de julho Salazar entrega o seu pedido de Exoneração. No dia seguinte Carmona visita Salazar, que se encontrava hospitalizado, e tenta demovê-lo da sua Intenção de se demitir. O episódio termina com um novo governo, presidido por Ivens Ferraz, com Salazar a continuar na pasta das finanças.
11/02/2023
VISTA DA BAIXA DA MAXAQUENE EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC.XX
Imagem dos Irmãos Joseph e Maurice Lazarus, retocada e colorida.
09/02/2023
VENDEDORES AMBULANTES EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX
Imagens retocadas e coloridas.
19/08/2022
RECIBO DA PHOTOGRAPHIA INGLEZA, DE JOSEPH E MAURICE LAZARUS, EM LISBOA, 1929
Imagem retocada.
Os irmãos Joseph e Maurice Lazarus tiveram uma loja de fotografia na Rua Araújo e depois no Avenida Building em Lourenço Marques entre os anos 1890 e cerca de 1908, altura em que se mudaram para o centro de Lisboa, onde a loja operou até ao início da II Guerra Mundial. Um dos irmãos está sepultado em Lisboa. O seu espólio de imagens de Moçambique e em especial de Lourenço Marques é um testemunho essencial para uma melhor compreensão dessa era.
19/08/2021
O PAQUETE “ÁFRICA” SAI DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX
Postal dos Irmãos Lazarus, retocado.
15/05/2020
PAULO AZEVEDO PUBLICA HOJE “OS PHOTOGRAPHOS PIONEIROS DE MOÇAMBIQUE”
A História de Moçambique não começou em 1975, quando foi declarada a sua independência, nem em 1891, quando foram delimitadas as suas fronteiras entre as potências coloniais europeias, nem em Março de 1498, quando Vasco da Gama primeiro aportou as suas costas. Nem em 1107, quando se estima chegaram os árabes muçulmanos a Zanzibar, de onde penetraram até ao actual centro de Moçambique. Conhecer essa história milenar exige uma aturada recolha, análise, contextualização e interpretação de um vasto conjunto de informações científicas, materiais, orais, documentais – e em imagem.
E no que toca a este último, Paulo Azevedo, um investigador baseado em Vila do Conde (arredores do Porto) mas que (ainda) nasceu em Moçambique, publicou hoje o que certamente se vai tornar num marco no estudo das primeiras imagens fotográficas que foram recolhidas no que hoje é Moçambique, ou, mais precisamente, dos primeiros homens por detrás das câmaras, começando menos que meio século após o francês Louis Daguerre ter anunciado a invenção da fotografia moderna.
Com 163 páginas que incluem importantes fotografias inéditas que o autor recolheu, a obra, intitulada Os Photographos Pioneiros de Moçambique, e que a partir de hoje pode ser comprada por entre 14 e 16 euros na internet aqui e aqui e aqui (portes incluídos para Portugal) é a segunda do Autor – a primeira foi Joseph e Maurice Lazarus – Photographos Pioneiros de Moçambique – e constitui de longe o estudo mais completo, para não dizer definitivo, no que toca ao tema.
De facto, o texto reflecte um trabalho inédito e aturado de recolha biográfica e curricular que exigiu centenas de horas, sobre as pessoas que, por uma ou outra razão, foram as primeiras que fotografaram em Moçambique, e as suas obras. E elas são
Benjaminn Kisch
Manuel Romão Pereira
Louis Hily
Thomas Lee
Joseph e Maurice Lazarus (os meus favoritos, e pensar que há menos que dez anos ninguém sequer sabia quem tinham sido)
Eduardo Battaglia
José Ferreira Flores
Francisco S. Silva
Ignácio Piedade Pó
Sidney Hocking
e
J. Wexelsen (quiçá o trabalho de “detective” mais impressionante da obra)
Para além destes, a obra inclui uma longa e detalhada bibliografia e ainda capítulos sobre os álbuns publicados e a Fotografia Bayly.
Ainda que com mérito, de valor incontornável e certamente uma futura referência obrigatória para qualquer tese sobre a fotografia em Moçambique e em África, enquanto um trabalho académico brilhante, a obra de Paulo Azevedo é, ainda assim, eminentemente legível e interpretável e a meu ver obrigatória para todos aqueles que quiserem entender melhor o passado moçambicano, na fase crucial do início da colonização europeia – e do arranque da sua modernização.
Outras referências nesta área (mas focadas em Manoel Pereira) são as obras de Filipa Lowndes Vicente e Luisa Villarinho Pereira, e o historiador Alfredo Pereira de Lima, mencionados na bibliografia.
Tendo este blogue ao longo dos seus onze anos de existência, pelo seu enfoque visual, cruzado muitas vezes o caminho destes homens e o trabalho que fizeram, este é um momento importante, e esta uma futura referência aqui também. Assinalo ainda com redobrada emoção o autor inclusivé me ter mencionado em 1009º lugar, depois de agradecer a tudo e todos, aquém e além mar, pela sua execução (enfim, trocámos uns e-mails, deve ser por isso) e de se ter enganado no nome deste blogue, que é, recordo, The Delagoa Bay World.
Paulo Azevedo está de parabéns e merece todo o apoio que se lhe possa prestar na prossecução do seu trabalho, que inclui o Exmo. Leitor comprar este livro fabuloso e uns desses institutos do governo darem-lhe uns dinheiros para o ajudar nas suas pesquisas, que, fui informado, não terminaram, pelo contrário.
29/03/2020
ESTÚDIO FOTOGRÁFICO NA BEIRA, INÍCIO DO SÉCULO XX
Presumivelmente, o estúdio dos Irmãos Lazarus na Beira – sujeito a confirmação. Mas refere-se a fotógrafos no plural.
29/06/2019
04/06/2019
O FAROL DA PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX
Imagens retocadas.
11/04/2019
A MESQUITA DE LOURENÇO MARQUES, PRIMEIRA DÉCADA DO SÉC. XX
Imagem retocada.
Este postal parece ser fotografia a côres, o que surpreende, dada a altura em que foi feito.
04/12/2018
“MOZAMBIQUE AND ME” POR ANNE JOSEPH
Cópia de um artigo, em língua inglesa, publicado em 3 de Fevereiro de 2017 na Jewish Chronicle, da autoria de Anne Joseph, relacionada com a sua descoberta do facto de que o seu Avô Paterno era Joseph Lazarus, o fotógrafo de origem britânica que trabalhou durante cerca de dez anos em Lourenço Marques (1899-1908), tendo depois transferido o negócio com o irmão Maurice para Lisboa, que durou até aos anos 40. Os irmãos Lazarus, que integraram a pequena comunidade judaica da Cidade, deixaram um registo fotográfico precioso de Lourenço Marques durante a altura em que lá trabalharam.
Eu pintei o título.
Below is a copy of an article published in the 3 February, 2017 edition of the Jewish Chronicle, written by Anne Joseph, about her discovery that her Paternal Grandfather was Joseph Lazarus, the british-born photographer who worked for about ten years (1899-1908) in Lourenço Marques, thereafter transferring the business to Lisbon, where they worked until the 1940’s. The Lazarus Brothers, who were a part of the small Jewish community residing in Lourenço Marques, left a precious photographic record of Lourenço Marques for the period when they were there.
17/08/2018
ENFERMEIRO EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC.XX
Fotografia de Joseph e Maurice Lazarus, Lourenço Marques, retocada por mim. O original está guardado no Rijksmuseum em Amsterdão.
08/04/2018
07/04/2018
A VISITA DO PRÍNCIPE REAL DOM LUIZ FILIPE A LOURENÇO MARQUES, 1907
Copiado do Blog Real e da Hemeroteca de Lisboa. Imagens de Joseph e Maurice Lazarus.
D. Luiz Filipe, herdeiro da coroa de Portugal, visitou Moçambique em Julho-Setembro de 1907. Foi assassinado em 1 de Fevereiro de 1908 com o seu Pai, o Rei. D. Carlos I.
O CAIS DE PASSAGEIROS DE LOURENÇO MARQUES, 1900, FOTO DOS IRMÃOS LAZARUS
Do álbum Views of Lourenço Marques, de Joseph e Maurice Lazarus.
22/03/2018
21/03/2018
O VICTORIA MEMORIAL HALL DA BEIRA, FOTOGRAFADO POR JOSEPH E MAURICE LAZARUS, 1903
O original desta fotografia, que retoquei, está guardado nos arquivos da Companhia de Moçambique em Portugal.
03/03/2018
JOSEPH LAZARUS, FOTÓGRAFO DE MOÇAMBIQUE, IN MEMORIAM
Durante vários anos, quando comecei a observar e coleccionar imagens de Moçambique e de Lourenço Marques, desde cedo identifiquei um conjunto de imagens referenciadas como sendo do que eu pensava ser um tal J&M Lazarus – que não fazia ideia quem era. Eventualmente, apercebi-me que eram duas pessoas. E que eram irmãos. E que eram judeus. E que eram de ascendência britânica. E que tiveram um estúdio em Lourenço Marques (primeiro na Rua Araújo 39, em frente e a seguir ao Varietá e depois no Avenida Buildings) e, brevemente, na Beira. Que antes de chegarem a Lourenço Marques, fizeram qualquer coisa em Barberton.
E ainda que, a seguir, cerca de 1908, se mudaram de armas e bagagens para Lisboa e abriram um estúdio em Lisboa, numa das melhores ruas do Chiado (Rua Ivens, 59), onde ainda trabalharam durante uns anos, penso que até meados dos anos 40.
António Sena, que escreveu sobre os Lazarus, detalha as circunstâncias da vinda dos irmãos para a capital portuguesa:
O Governador Geral Conselheiro Freire de Andrade, encarrega os Lazarus das reportagens oficiais da visita do Príncipe Real D Luiz Filipe a Moçambique em Julho-Agosto de 1907, de que virão a publicar imagens em periódicos como o Brasil-Portugal. Bem sucedidos os Lazarus aproveitam contactos para abrir em Lisboa a Photographia Ingleza, em 1909.
E depois…..nada.
Foi como se tivessem desaparecido da face da terra,
Um dia, há uns anos, recebi uma inesperada e surpreendente mensagem de correio electrónico. Vinha de uma senhora chamada Anne Joseph. Tinha lido um breve texto sobre as minhas deambulações quanto aos irmãos Lazarus e afirmava que Joseph era seu avô, mas que quase nada sabia sobre ele pois nunca o tinha conhecido.
A imagem em cima, que retrata Joseph Lazarus com uma condecoração presidencial portuguesa, é de Anne, que contou o fascinante final do percurso de Joseph e Maurice Lazarus.
Subsequentemente, troquei duas ou três (ou quatro) mensagens com Anne. Nas suas pesquisas, sei que foi a Portugal e depois a Moçambique, traçando os passos do seu enigmático avô. Anne, que é judia e que escreve sobre o que se chama Judaica em publicações electrónicas sobre o assunto, já escreveu pelo menos dois artigos relacionados com esta pesquisa, uma sobre o seu avô e outro sobre a ténue presença judaica em Lourenço Marques, reportando o pouco que se sabe sobre o assunto e imaginando Joseph e Maurice integrados nessa pequeníssima comunidade.
Joseph e Maurice operaram de facto a Photographia Ingleza de J&M Lazarus – em Lisboa, até aos anos 40. Maurice morreu antes da II Guerra Mundial e estará sepultado no pequeno cemitério judaico na capital portuguesa. Joseph penso que conseguiu dar o salto para o Reino Unido, onde tinha familiares, já depois do início da II Guerra Mundial e terá morrido depois.
Devido a circunstâncias que desconheço, Joseph teve um filho em Lisboa, que enviou para casa de (creio) uma irmã no Reino Unido, e que ali cresceu, convivendo muito pouco com Joseph, que visitava infrequentemente.
Esse filho de Joseph é o Pai de Anne. Que, excepto a fotografia e a condecoração no peito, sabia pouco ou nada sobre Joseph.
Joseph Lazarus fotografou Lourenço Marques e Moçambique numa fase seminal de mudança de uma sociedade agrária e rural africana para os primórdios da modernidade, no contexto de um ténue e crescente surgimento da presença da autoridade e soberania colonial e de um punhado de cidadãos vindos um pouco de toda a parte, principalmente portugueses, criando as primeiras cidades moçambicanas (com a excepção da Ilha de Moçambique, a primeira cidade moçambicana). Fê-lo a partir da nascente capital de Moçambique, sob uma óptica citadina. Daqui a 500 anos, quando se quiser fazer o historial de Lourenço Marques, as imagens captadas pelos irmãos Lazarus permanecerão registos incontornáveis dessa narrativa.
Numa recente obra, o pesquisador Paulo Azevedo, um Coca-Cola que se especializa no estudo da fotografia feita em Moçambique, fez uma abordagem fascinante de, entre outros, os irmãos Lazarus. É uma obra que recomendo vivamente aos interessados nesta matéria. Mais: Azevedo está a trabalhar num novo livro com mais informações e revelações muito interessantes, relacionadas com a fotografia feita em Moçambique nos seus primórdios, que representará decerto um significativo avanço no sentido de um melhor entendimento dos contextos da fotografia naquela antiga colónia portuguesa.
02/03/2018
A AVENIDA DOM CARLOS EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC. XX
Fotografia dos estúdios de Joseph e Maurice Lazarus.
26/10/2017
CRIANÇAS DO SUL DE MOÇAMBIQUE, DE JOSEPH & MAURICE LAZARUS, 1902
Joseph e Maurice Lazarus, irmão britânicos de ascendência judaica, viveram e trabalharem em Lourenço Marques entre 1899 e 1908, onde tinham um negócio de fotografia. Foto retocada. Penso que fazia parte de um álbum que editaram na altura, Views of Lourenço Marques.
16/10/2017
A ÚLTIMA FOTOGRAFIA DE PAUL KRUGER TIRADA NO TRANSVAAL PELOS IRMÃOS LAZARUS, SETEMBRO DE 1900
No final da primeira fase da II Guerra Anglo-Boer, em Setembro de 1900, os fotógrafos e irmãos Joseph e Maurice Lazarus, cidadãos britânicos judeus então recentemente radicados em Lourenço Marques, onde abriram um estúdio na Rua Araújo ali perto da Praça 7 de Março, , deslocaram-se até ao Transvaal, nomeadamente à zona mais perto da fronteira portuguesa de Moçambique, para fazerem alguma cobertura dos eventos da guerra.
Nessa altura, a pequena Lourenço Marques vivia em polvorosa, cheia de britânicos e vários estrangeiros, inundada por refugiados boer e as suas famílias, o porto bloqueado pela Armada britânica, carregamentos de toda a espécie a chegar e a serem vistoriados. A pequena Cidade era um dos epicentros do grande conflito envolvendo a então maior potência mundial, a primeira guerra seguida pelo mundo inteiro via relatórios enviados por telégrafo, e por fotografia.
Um dos episódios mais memoráveis de toda a guerra, que reflecte a nova mediatização, foi a captura pelos Boers, e subsequente fuga, de um jovem aristocrata britânico que era um mistura de aventureiro imperial e jornalista, chamado Winston Churchill. Capturado e aprisionado em Pretória, Churchill foge a pé e por comboio para Lourenço Marques, onde se hospeda em casa do cônsul britânico local, e imediatamente redige um longo relato, que envia para os jornais de Londres pelo telégrafo local, causando uma enorme sensação entre o público inglês e tornando-o famoso mundialmente.
Por sua parte, entre vários outros problemas bilaterais, Portugal procurava suster o embate e a pressão britânica no sentido de derrotar os Boers.
No Transvaal, as tropas britânicas acabavam de tomar Johannesburgo e Pretória e dirigiam-se para Leste, na direcção da fronteira moçambicana ao longo da linha de caminho de ferro que ligava Pretória a Lourenço Marques e que ainda permanecia sob controlo Boer.
Saído de Pretória num dos últimos comboios antes da chegada à capital do exército imperial britânico, Paul Kruger, o Presidente da então República Sul-Africana (o nome formal do Transvaal) dirige-se primeiro para Machadodorp, a cerca de 200 quilómetros de Pretória, onde fica umas semanas, e em seguida segue para território português, atravessando a fronteira no dia 11 de Setembro de 1900. Em Lourenço Marques, território formalmente neutral, ele permanece durante umas semanas, hospedado em casa de Gerard Pott, o ainda seu cônsul-geral na Cidade, até partir para a Europa em 19 de Outubro de 1900. Kruger não regressará a África, falecendo na Suíça em 1904. Uns meses depois, os seus restos mortais serão depositados solenemente num cemitério em Pretória, junto dos de sua mulher, que falecera em 1901, já após a conquista e ocupação britânica daquela cidade.
Os Irmãos Lazarus ainda permaneceram em Komatipoort alguns dias, a tempo de verem chegar o exército britânico à pequena vila fronteiriça, e de fotografarem algumas cerimónias protocolares ali ocorridas.
Joseph e Maurice Lazarus trabalhariam durante cerca de oito anos em Lourenço Marques, após o que se mudaram de armas e bagagens para…..Lisboa. Mas essa é outra história, cuja elaboração muito deve ao Grande Paulo Azevedo.