THE DELAGOA BAY WORLD

01/10/2023

O AVENIDA BUILDING EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 50

Imagem retocada e colorida, a partir de um postal da Casa Lu Shih Tung.

Em primeiro plano ao centro, o histórico Avenida Building, mandado construir por Wilhelm Pott na esquina da então Avenida D. Carlos I (hoje Avenida 25 de Setembro) e Avenida Aguiar (hoje Marechal Samora Machel), quiçá o maior e dos primeiros a serem construídos na “nova” Baixa da Cidade no início do Séc. XX e com uma traça arquitectónica peculiar. À esquerda a Simal e acima o então novo prédio da African Life, mais tarde Lusitana. O Avenida Building ardeu parcialmente em 1990 e, em vez de promover o seu restauro, Eneas Comiche, o presidente da edilidade, recentemente, mandou demolir quase toda a ruína, excepto uma fachada graças ao protesto de um corajoso empresário. Não sei a quem pertence o terreno hoje, mas suspeito que as pressões para ali se construir um mamarracho devem ser mais do que muitas. O que não deixa de ser curioso, pois dado um erro na original terraplanagem do pântano ali existente, é o sítio que mais inunda na Cidade sempre que chove – e com tendência a piorar. Eneas, que está de saída após um segundo mandato intercalado, já tentou resolver esse problema mas não conseguiu.

15/05/2021

OS AVENIDA BUILDINGS EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 50

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico.

Os Avenida Buidings, imóvel fulcral da iconografia da anterior e actual capital moçambicana, também é conhecido como Prédio Pott, designação que formalmente nunca teve, sendo que o edifício foi mandado construir e pertenceu a Gerard Pott, uma figura incontornável na vida da Cidade, na última década do Século XIX e nas duas décadas seguintes, não só por si mas também por alguma da sua descendência, nomeadamente, Karel Pott.

Esta é, na minha opinião, a melhor foto que já vi de como era o icónico edifício antes do incêndio que o arruinou no início da década de 1990 e que aguarda projecto para a sua merecida reabilitação, o que teria um impacto brutal na Cidade Baixa.

Os Avenida Buildings na esquina das Avenidas da República e Dom Luiz I, hoje 25 de Setembro com Marechal Samora. Atrás, o Prédio Lusitânia, na altura African Life, em construção.

24/04/2018

KAREL POTT E GENTIL DOS SANTOS, ATLETAS OLÍMPICOS DE MOÇAMBIQUE, 1924

Artigo copiado da Gazeta das Colónias de 17 de Julho de 1924.

Karel Pott e Gentil dos Santos viajaram de Lourenço Marques até Paris, onde representaram Portugal nos Jogos Olímpicos, realizados em Paris no Verão de 1924. Foram os primeiros atletas olímpicos oriundos de Moçambique.

 

Página 19.

 

Página 20.

17/03/2018

O DR. KAREL MONJARDIM POTT, 1904-1953

Filed under: Karel Pott — ABM @ 15:28

O Dr. Karel Monjardim Pott, (20 de Agosto de 1904 – 16 de Dezembro de 1953). Pela sua personalidade fulgurante, acções, obra e postura, é uma figura incontornável do nascente nacionalismo moçambicano, que, inicialmente veio quase exclusivamente pela mão de mulatos letrados como ele, cujo contributo insiste em ser descontado no registo do caminho para a formação do que é hoje a nação moçambicana. Provavelmente por razões epidérmicas e porque fica mal na fotografia.

13/10/2017

GERARD POTT, HOMEM DE NEGÓCIOS E CÔNSUL DO TRANSVAAL EM LOURENÇO MARQUES, FIM DO SÉC. XIX

Filed under: Gerard Pott, Karel Pott — ABM @ 15:41

Imagem gentilmente cedida por Paulo Azevedo.

Muito haveria a dizer sobre Gerard Pott, um cidadão holandês, nascido em Amsterdão em 21 de Dezembro de 1858, que se radicou em Lourenço Marques na década 80 do Século XIX e que enriqueceu “súbita e vastamente”, nos seus papéis de comerciante (principalmente de e para a república boer do Transvaal) e de, simultaneamente, cônsul-geral do Transvaal (desde 1890) e cônsul honorário do Reino da Holanda em Lourenço Marques(desde 1889, com a idade de 29 anos).

 

 

Gerard Pott, cerca de 1900.

 

Foi dele a iniciativa da construção do Avenida Building (erradamente referido como Prédio Pott) na Baixa e ainda da Vila Jóia, então a maior mansão em Lourenço Marques, situada junto do Jardim Vasco da Gama (hoje Tunduru). Frequentemente referido como o rei do tráfico de armas e munições e contrabando para o Transvaal antes e durante a II Guerra Anglo-Boer (1899-1902), logo no início desse sangrento conflito, as autoridades britânicas pressionaram fortemente as autoridades portuguesas para declararem Pott personna non grata, ou seja, que fosse expulso de Moçambique, o que veio a acontecer penso que em 15 de Novembro de 1900, mas apenas temporariamente. Três meses, depois, um acordo dava a Pott a possibilidade de regressar a Lourenço Marques mas apenas como cidadão privado.

De facto, Pott regressaria apenas no início de 1903, nessa altura com problemas de dinheiro que, entre outros, o forçariam a vender a sua mansão, que o Governo provincial adquiriu. A sua expulsão e ausência forçada de Moçambique impactou negativamente no seu património e negócios e nunca mais voltou a ser o mesmo.

No ano anterior à sua saída, foi ele que recebeu e acolheu o deposto Presidente Kruger quando este abandonou Pretória via Lourenço Marques, para o exílio na Europa, tendo-o recebido não na sua mansão, que estava quase pronta, mas na casa em que então vivia mesmo ao lado do Avenida Building.

Mais curiosamente, Gerard Pott teve seis mulheres, brancas e negras (com 17 filhos e descendência em vários pontos do mundo). Fruto de uma relação com uma senhora negra de Lourenço Marques (Angelina da Conceição Moyasse Pott), teve um filho, Karel Monjardin Pott(20 de Agosto de 1904- 16 de Dezembro de 1953). que foi uma figura singular da Cidade no seu tempo, tendo representado Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris (1924) com o seu colega de Moçambique, Gentil dos Santos, a partir de um obscuro clube do Porto, tendo sido advogado e defensor dos direitos dos negros e mulatos numa altura em que quase ninguém o fazia em Moçambique.

Gerard Pott faleceu, ainda com muito dinheiro, mas frustrado e supostamente odiando os portugueses, em Lourenço Marques, no dia 20 de Dezembro de 1927. Tinha 68 anos de idade.

15/09/2017

KAREL POTT EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Filed under: Karel Pott — ABM @ 19:47

Foto de Luis Pott Fraga, neto do Dr. Karel Pott.

Karel Pott foi uma figura de realce de Lourenço Marques. Mulato, filho do holandês Gerard Pott e de uma senhora africana, foi uma figura de destaque na política local, atacando alguns dos tiques raciais da sociedade e dos governos de então, sendo admirado pelos primeiros proto-nacionalistas não brancos de Moçambique, entre eles o Sr. José Craveirinha e o Pai de Luis Bernardo Honwana, que dele escreveram com carinho, respeito e admiração. Foi advogado e também representou Portugal nos Jogos Olímpicos em Paris, 1924. Após a Independência de Moçambique, foi alvo de renovado interesse e estudo.

 

O Dr. Karel Pott.

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