THE DELAGOA BAY WORLD

31/03/2023

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, FOTOGRAFADO POR LAZARUS EM 1928

Imagens retocadas.

Pouco depois do golpe de Estado militar de Gomes da Costa que terminou o doloroso experimento da I República, e da instauração da Ditadura, ocorreu o estranho episódio das nomeações e demissões de Salazar, então um relativamente jovem professor universitário em Coimbra (39 anos de idade em 1928) , como ministro das Finanças.

Foi em 1928 que Salazar posou para tirar a imagem que se segue e que seria usada posteriormente várias vezes pelo regime que criaria.

O fotógrafo foi um dos irmãos Lazarus, os dois judeus britânicos que fizeram carreira em Lourenço Marques e que se mudariam para a capital portuguesa em 1908 (e onde ambos estão sepultados no cemitério hebraico).

As voltas que o mundo dá.

Um texto da Wikipédia caracteriza assim o Portugal dessa altura:

Desde a implantação da república em 1910 até ao golpe militar de 1926, Portugal teve oito Presidentes da República, quarenta e quatro reorganizações de gabinete e vinte e uma revoluções. O primeiro Governo da República não durou dez semanas e o mais longo durou pouco mais de um ano. Várias personalidades políticas foram assassinadas. Pela Europa fora a palavra “revolução” passou a estar associada a Portugal. O custo de vida aumentou vinte e cinco vezes, a moeda caiu para 1/33 do seu valor relativamente ao ouro. O fosso entre ricos e pobres continuou sempre a aumentar. A Igreja Católica foi implacavelmente perseguida pelos maçons anticlericais. Os atentados terroristas e o assassinato político generalizaram-se. Entre 1920 e 1925, de acordo com dados oficiais da polícia nas ruas de Lisboa explodiram 325 bombas.

Com o país continuamente à beira de uma guerra civil, em 1926 dá-se um levantamento militar, sem derramamento de sangue e com a adesão de inúmeros sectores da sociedade portuguesa, desejosos de acabar com o clima de terror e violência que se tinha instalado no país.

Em Junho de 1926 os militares convidam Salazar para a pasta das finanças; mas passados treze dias Salazar renuncia ao cargo e retorna a Coimbra por não lhe haverem satisfeitas as condições que achava indispensáveis ao seu exercício.

Em 27 de abril de 1928, após a eleição do general Óscar Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, Salazar reassumiu a pasta das finanças, mas exigiu o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e um rigoroso controlo de contas, com aumentos enormes de impostos e criação de novos, adiamento de obras de fomento e congelamento de salários, conseguindo um superavit, um “milagre” nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928–29. “Sei muito bem o que quero e para onde vou.” — afirmará, denunciando o seu propósito na tomada de posse.

Na imprensa, que era controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como o “salvador da pátria”. Mas também alguma imprensa internacional, que não era controlada pela censura, apontava méritos a Salazar; em Março de 1935 a revista norte-americana Time afirmou que “é impossível negar que o desenvolvimento económico record registado em Portugal não só não tem paralelo em qualquer outra parte do mundo como também é um feito para o qual a história não tem muitos precedentes”.

O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns sectores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o presidente da república consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar um rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, que havia sido agraciado com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a 15 de abril de 1929, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.

Em junho de 1929 Salazar volta a demitir-se. Mário de Figueiredo, Ministro da Justiça e dos Cultos, amigo de Salazar, publica a célebre Portaria n.º 6259 que permite manifestações públicas do culto católico, com procissões e toques de sinos (a realização de procissões religiosas e o toque de sinos nas igrejas tinham sido proibidos pela república). O ministro da guerra Júlio Morais Sarmento comanda protestos anticlericais e a portaria é anulada em Conselho de Ministros. Figueiredo comunica a Salazar a sua intenção de se demitir e Salazar diz-lhe que embora não concorde com ele, caso Figueiredo se demita, então ele, Salazar, solidariamente, também apresentará a sua demissão. Figueiredo demite-se e no dia 3 de julho Salazar entrega o seu pedido de Exoneração. No dia seguinte Carmona visita Salazar, que se encontrava hospitalizado, e tenta demovê-lo da sua Intenção de se demitir. O episódio termina com um novo governo, presidido por Ivens Ferraz, com Salazar a continuar na pasta das finanças.

António de Oliveira Salazar, fotografado por Lazarus, 1928.
Capa da SI, de 20 de Abril de 1938, uma revista da propaganda do Estado Novo, assinalando o 10º aniversário da entrada de Salazar no governo. A imagem captada por Lazarus em 1928 é a de cima à esquerda.
Texto académico alusivo ao uso da imagem pelo regime sucedâneo da I República, mencionando o uso de, entre outras, a imagem de Salazar captada por Lazarus.

DIA DA ENTRONIZAÇÃO DO REI D. MANUEL II, 1908

Filed under: Aclamação de D. Manuel II 1908 — ABM @ 09:47

Imagem retocada e colorida

Do infame assassinato de D. Carlos e do seu herdeiro em 1 de Fevereiro de 1908 resultou a subida ao trono do irmão mais novo de D. Luis Filipe, D. Manuel. Eis um caso de sucessão em que o spare foi usado. Simpático e afável e sem sangue na guelra, singularmente mal preparado para o que viria e o que encontraria, o jovem rei foi deposto por um furtuito golpe de Estado levado a cabo em Lisboa por radicais republicanos dois anos depois. Em vez de andar a mandar prender radicais republicanos que conspiravam contra a monarquia, andou um ano inteiro atrás das saias de uma actriz. Lixou-se e lixou Portugal. A I República seria um desastre total enquanto durou e abriu o caminho para uma ditadura que duraria quase meio século.

Numa quarta-feira, dia 6 de Maio de 1908, depois de aclamado Rei de Portugal, o jovem D. Manuel II desfila numa rua de Lisboa.

28/03/2023

ANÚNCIO DE MOBILIÁRIO COM MADEIRA DE MOÇAMBIQUE, ANOS 60

Filed under: Anúncio EUA de madeira de Moçambique, 1960s — ABM @ 11:29

Imagem retocada.

Anúncio de mobiliário da empresa Founders Furniture, baseada na Carolina do Norte, EUA, utilizando madeiras nobres originárias de Moçambique. O texto refere “a Founders dispõe de um armário de Moçambique com gavetas e prateleiras suficientes para guardar tudo o que trouxer do seu último safari em Moçambique.” Nas décadas de 60 e 70, Moçambique era considerado um dos melhores e mais exclusivos locais do mundo para se fazer um safari, especialmente nos Estados Unidos da América.

TAXIDERMIA NO MUSEU ÁLVARO DE CASTRO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagens retocadas e coloridas.

Exemplares de Tragelaphus angasi angas.

Javali e leopardo.

AMÉLIA DE ORLÉANS, DUQUESA DE BRAGANÇA, 1889

Imagem colorida e retocada.

Amélia, casada há alguns anos com o Príncipe Carlos, 19º Duque de Bragança e herdeiro da coroa portuguesa, poucos meses antes da morte do seu sogro, o Rei D. Luís I, evento que a tornaria a última rainha de Portugal. A pequena localidade de Porto Amélia, sede operacional da Companhia do Niassa e hoje a cidade nortenha de Pemba (designação da enorme baía ao lado) evocava a sua pessoa.

SAR Amélia, Duquesa de Bragança, provavelmente no início de 1889. O seu segundo filho, o mais tarde Rei D. Manuel II, nasceria a 15 de Novembro desse ano num quarto do Palácio de Belém, então a residência do herdeiro do trono em Lisboa e a actual residência oficial da presidência portuguesa. Cerca de um mês depois de, em 19 de Outubro, o Rei D. Luis I ter morrido em Cascais, a duquesa, com 24 anos de idade, que já tinha sido mãe duas vezes e uma brasa com 1.84 metros de altura (contra os 1.76m do marido) tornou-se rainha consorte de Portugal. Poucos meses depois o Reino Unido entrega em Lisboa o Ultimato, em resultado dos eventos em Moçambique. Amélia nunca visitaria Moçambique. Mas a sua irmã, então a Duquesa de Aosta, andou por lá a caçar e a tirar fotografias, e o seu filho mais velho faria uma visita oficial em 1907.

24/03/2023

PERSONALIDADES DA LM RADIO, ANOS 60

Imagem colorida e retocada.

A LM Radio era uma estação de rádio comercial em línguas inglesa e afrikaans que emitia música pop e rock a partir do Rádio Clube de Moçambique em Lourenço Marques em ondas curtas e média, muito seguida na África Austral. AQUI uma das canções de bandeira da estação.

O INFANTE D. MANUEL DE BRAGANÇA NO TOPO DA PIRÂMIDE DE KUFRU, EGIPTO, 24 DE MARÇO DE 1903

Imagem retocada e colorida.

Acompanhados pela sua entourage, à esquerda num fato creme, o Infante D. Manuel de Orléans e Bragança, então com 13 anos, observa enquanto o seu irmão mais velho, Luis Filipe, Príncipe da Beira e herdeiro do trono português, captura esta imagem, no topo da maior pirâmide no planalto de Gizé, durante uma visita que fizeram com a mãe, a rainha Dona Amélia, ao então protectorado britânico. A foto foi tirada no dia 24 de Março de 1903, há exactamente 120 anos. Foi a primeira vez que ambos visitaram uma parte do continente africano.

13/03/2023

ILHA DE MOÇAMBIQUE, 1926, PINTURA DE JACOB PIERNIEFF

Este quadro impressionista, 43 x 58 cm, feito pelo pintor sul-africano Jacob Hendrik Piernieff (1886-1957) faz parte de um lote que será leiloado online em Cape Town no dia 28 de Março de 2023, pela empresa leiloeira Strauss & Co. O preço base é cerca de 600 mil rands mas a empresa estima que poderá chegar aos 900 mil rands, mais taxas e impostos.

Moçambique, pintado por Jacob Piernieff, 1926.

Nota da leiloeira:

On 12 January 1926, the Pierneefs sailed on a freighter, S.S.Toba, via Port Said down the east coast. They were the only two passengers on board and, since the ship had to spend from between two and six days at every port, Pierneef was often able to go out and paint the countryside to his heart’s content,

Like Hugo Naudé before him who, having returned to South Africa from Europe via the east coast of Africa, and been exposed to the work of the Impressionists and the Post-Impressionists, Pierneef was infused with the excitement of recording new subjects, and armed with a fresh repertoire of painterly expression.

Painted offshore from the S.S. Thoba’s deck, this view records narrow coastal town of Ilha de Mozambique, with colonial buildings in contrast to a tropical African coastline, painted through an Impressionistic lens.

Rendered in grey, red and pink tones, the buildings are backed by a narrow border of lush foliage, nestled between a warm blue sea in the foreground and an extensive sky above. The dynamism of the composition lies in the extensive volatile sky, where a bulbous cumulonimbus at the centre of a horizontal cloud formation towers majestically above the narrow horizontal band of buildings and sea in the foreground.

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