THE DELAGOA BAY WORLD

15/10/2022

TASHA DE VASCONCELOS

Filed under: Tasha de Vasconcelos - modelo e humanitária — ABM @ 11:49

Imagens retocadas, daqui, e daqui.

Em Julho de 2013 escrevi aqui uma nota sobre esta modelo nascida na Beira em 1966. Seguem-se mais imagens que ilustram o seu percurso. Estes dias, penso que a Tasha, que nasceu e passou parte da infância na Beira, vive no Principado de Mónaco e ocupa-se principalmente com iniciativas de caridade e também algum trabalho de modelo.

1 de 15 Foto de uma revista francesa, numa altura, no final da década de 1990, quando alguma da imprensa cor de rosa europeia insistia numa relação amorosa com o Príncipe Alberto (nascido em 14 de Março de 1958), então solteiro e herdeiro do minúsculo principado e que viria a suceder quando o seu Pai, Rainier, faleceu em 6 de Abril de 2005.
2 de 15 Parte de um artigo de revista com alguns dados biográficos de Tasha.
3 de 15. Na Beira
4 de 15 Na Beira, início dos anos 70, com a Mãe, que acho que era uma beleza rodesiana e a irmâ. O Pai dela era engenheiro e trabalhava como director no Entreposto da Beira, sucedâneo da Companhia de Moçambique. Numa visita à Beira há uns anos atrás até encontrou um daqueles velhotes brancos que se esqueceram de ir embora em 74 que se lembrava do Pai dela.
5 de 15 Penso que são os últimos tempos de Moçambique, antes da Frelimo marchar lá para dentro. A família foi depois “expeditamente” para a Rodésia, onde as coisas logo a seguir rapidamente se deterioraram. O Avô materno foi assassinado presumo que pelos ZANUs. A família foi depois brevemente para Portugal e em seguida emigrou para o Canadá. Foi lá que, no liceu, um qualquer a abordou e sugeriu começar a trabalhar como modelo.
6 de 15. Penso que em 1994. Tasha teria 18 anos de idade.
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13 de 15 . Mais um recorte sobre a relação da Tasha com o Albert. Imagino que sejam amigos e que até tenham tido uns momentos cor de rosa, mas é preciso ver isto no contexto em que Albert andou com dezenas de mulheres. Até encontrei um sítio que as listou (as que se sabem, o que é obvia e comnprovadamente incompleto). No entanto a esmagadora maioria não ficou a viver no Mónaco, que só tem a particularidade de ser um microestado (com 21 km quadrados e 36 mil residentes, dos quais 20 mil são monegascos) em que quem manda é o soberano (Albert) e que é um paraíso fiscal, refúgio para milionários que não querem ver os seus milhões dissipados pelos impostos nos seus países de origem.
14 de 15. Após uns anos disto, Alberto, que decididamente fez as rondas, decidiu casar em 2011 com Charlene Wittstock, uma sul-africana que foi nadadora, creio que de origem rodesiana (para variar) dez anos mais nova que Tasha, cumprindo rapidamente o imperativo constitucional de ter um herdeiro. Do que li e que vai preechendo aquelas revistas para as donas de casa sexualmente frustradas e economicamente deprimidas, o casamento é notoriamente infeliz quase desde o momento em que começou e tem sido um circo pegado mas enfim, problema deles. Os palácios têm a vantagem particular de serem grandes e eles nem sequer tem que se vêr. Tasha supostamente reside no principado, que é uma espécie de vilória de milionários sitiados pelo seu estatuto de residentes fiscais, portanto eles devem-se cruzar dia sim, dia sim. Ela como pessoa seria vinte vezes melhor que a Charelene como Princesa de Mónaco mas ele no fim escolheu a outra. Entretanto, Tasha escreveu e publicou um longo livro com a sua versão publicável da realidade, cuja tese central é um pouco estapafúrdia (“a beleza como arma”) e devem ter deixado as poucas feias e frustradas que o leram de boca aberta. Nele, aludiu a o que só pode ser considerado um caso de assédio pelo Príncipe (actualmente rei) Carlos de Inglaterra, que o palácio então demoliu. Na realidade, apesar desta publicidade toda, tirando o episódio Albert, publicamente não se sabe praticamente nada sobre a sua vida pessoal. Penso que não é nem nunca foi casada. Namorados ou namoradas conhecidos, népia. O que, supostamente para quem tem a beleza como “arma”, é obviamente inteligente e foi supermodelo durante anos e anos, é obra. Ou um desperdício.
15 de 15 Tasha em Maputo à porta do Restaurante da Costa do Sol ainda nos tempos do Emmanuel. Ela fala um português mais ou menos correcto (tem melhorado) e tem visitado Portugal, a título pessoal e também relacionado com as suas actividades de beneficiência. Mas em Portugal é quase desconhecida.

13/07/2012

TASHA DE VASCONCELOS – A PRINCESA DO ÍNDICO

Filed under: Tasha de Vasconcelos - modelo e humanitária — ABM @ 01:26

Tasha há uns anos, aqui magnificamente fotografada por Roger Neve. Para ver a foto no seu pleno esplendor, prima a imagem com o rato do seu computador.

Há algum tempo que estava para colocar aqui uma nota sobre Tasha Vasconcelos, retratada em cima, uma mulher mais conhecida pelo seu trabalho como modelo internacional. Pois ela nasceu na cidade da Beira e ali viveu até aos 9 anos de idade. Mas demorou algum tempo a abordar o tópico, pois queria aprofundar um pouco mais a minha primeira impressão de que havia nela muitos mais “brains”, suor e dureza do que alguns porventura possam pensar haver por detrás daquela cara laroca . Ontem, durante uma parte da tarde, debrucei-me sobre o assunto e mais ou menos confirmei essa impressão.

A um jornalista do Diário de Notícias, numa entrevista publicada em Março de 2010, Tasha disse que o seu nome de baptismo é “Sandra Tasha da Silveira Pereira Bravo Osório de Vasconcelos Cochofell Mota e Cunha”. Hum. Se calhar talvez não, mas o que interessa? Em tudo o que diz e se diz sobre ela sente-se-lhe um certo fascínio em redor da aristocracia hereditária, misturada com recordações vívidas, se algo idílicas, da sua infância na cidade da Beira, entre 1966 e 1974, manchadas pelo êxodo precipitado de Moçambique, aos 9 anos de idade, para a então Rodésia, para onde os pais (Fernando Mota e Cunha, engenheiro, e a mãe, Jacqueline Hards, de origem anglo-saxónica) foram viver. Ali viveu até aos 14 anos, quando Ian Smith saiu de cena e entrou (para o resto da vida, parece) Robert Mugabe. Os pais foram então para Portugal, onde ficaram alguns meses (oito, segundo um relato) e a seguir emigraram para o Canadá.

A jovem Sandra teria tido um percurso semelhante ao de tantos de nós forçados ao por vezes inenarrável e imprevisível êxodo colectivo de Moçambique e espalhados ao acaso no mundo não fossem dois pequenos detalhes: é que, enquanto crescia, alguém reparou que ela tinha 1.80 metros de altura e era muito bonita, o que mereceu-lhe a atenção de alguém da mega-indústria da beleza. “Descoberta”, eventualmente se destacou e aparentemente fez furor. Confesso que eu devia andar distraído pois na altura nem sabia que existia.

Pelo meio, sendo inegavelmente inteligente, culta, alerta e focada, para além de bonita, concluiu uma licenciatura em Paris (numa das áreas que eu estudei na Brown, para variar), cidade onde presumo se centrava o seu trabalho enquanto modelo – ainda que a foto em cima, a minha favorita de entre as centenas que se podem encontrar na internet, tenha sido tirada em Nova Iorque (actualmente, vive no Principado de Mónaco).

Quem era, ou melhor, o que era, eventualmente abriu-lhe as portas a um mundo quiçá estranho, ao mesmo tempo deslumbrante, perigoso, rarificado e por vezes deprimente, que ela deu-se ao trabalho de retratar com um despudor e franqueza quase brutais, numa auto-biografia que foi publicada no início de 2010, escrita em francês, chamada La beauté comme une arme. Nessa altura ela já respondia há muito pelo nom de guerre Tasha de Vasconcelos, tinha 44 anos e creio que o livro fazia parte de uma mudança do que ela considerava ser o caminho seguinte a trilhar, que para ela era combinava bem com as suas vocação, valências e apetências: o trabalho na área da beneficiência e apoio aos mais desfavorecidos. Para tal, e com apoio de amizades influentes feitas em anos anteriores, e muito trabalho, criou e lidera uma organização a que chamou Aide Mondiale Orphelim Réconfort – ou AMOR. Tornou-se também aquilo que os norte-americanos chamam goodwill ambassador para a União Europeia (aparentemente, no meio disto tudo, reteve a nacionalidade portuguesa).

A capa de La beauté comme une arme.

Sobre a sua vida pessoal nada sei a não ser o que constitui uma quase inesgotável resma de baboseiras, diz-que-diz e parece-que-parece que essencialmente a imprensa cor-de-rosa publicou sobre ela, o que diz pouco ou nada de concreto. A sua auto-biografia refere as aparentemente incessantes investidas por parte dos machos, alguns latinos e outros não, levando-me vagamente a crer que essa parte da vida dela – surpresa – ainda estará por resolver.

É, apesar de tudo o que tem em comum com todos os que viveram e deixaram de viver em Moçambique, um invulgar percurso para uma menina que nasceu anónima na Beira, e cresceu para ser uma espécie de princesa do mundo.

Parte de um artigo sobre o trabalho de Tasha na área da beneficiência, publicado em Portugal.

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