Imagens retocadas. Imensamente grato a Ana Catarina, uma das duas filhas de Aníbal Coelho.
Aníbal Jorge Costa de Matos Coelho nasceu a 18 de Outubro de 1942 na Ilha do Sal, no Arquipélago de Cabo Verde, na altura ainda parte de Portugal e para onde os seus pais, portugueses continentais, tinham ido viver e trabalhar, por requisição de serviço.
Tragicamente, a sua Mãe faleceu durante o parto. Aníbal viria a ser educado pela sua família, principalmente os tios e os avós. O seu Pai foi muito afectado por esta tragédia e faleceria uns anos depois, de tuberculose.
Com dez anos de idade, foi levado para Lourenço Marques, em Moçambique, corria o ano de 1952 e onde ficaria a viver.
Sobrinho de Dorotea Matos Coelho, na altura uma conhecida cantora do Rádio Clube de Moçambique, foi em Lourenço Marques que o seu talento se revelou e se popularizou. Assim, em 1954, o jovem Aníbal, com apenas doze anos de idade, concorreu e ganhou o Óscar da Imprensa de Moçambique como o melhor vocalista da Rádio de 1954. Actua no Rádio Clube de Moçambique e no programa “Foguetão”. Actuou também em eventos em João Belo, em Inhambane e em Gondola na inauguração da piscina do Clube Ferroviário daquela localidade do distrito de Manica e Sofala bem como em Portugal continental.
Franzino e tímido, estreia-se no programa “Estrelas do meu bairro” em 1959.
Em 1961 participou no passatempo “Costa e Cordeiro” que é transmitido pelo Rádio Clube Português.
Mais tarde, o grande Maestro Artur Fonseca escreve a canção Natal Negro e dá-a em primeira mão a Aníbal Coelho, que a transforma num sucesso quase imediato.
Em 1964 grava o primeiro disco com Pago-te a Dobrar, Ameaça de Campos Vieira, Natal Negro de Vasco Sequeira e Obrigada Moçambique de Pimentel Costa. A música e orquestra foram dirigidas pelo Maestro Artur Fonseca.
Ainda em 1964, foi eleito novamente pela Imprensa de Moçambique como “O Melhor Cançonetista” na categoria masculina a par com Marinela na categoria feminina.
A 20 Dezembro de 1965 ganha a primeira distinção como Rei da Rádio de Lourenço Marques onde recebe uma das suas maiores ovações.
A 30 de Março de 1966 volta a ser galardoado como o melhor cançonetista da Rádio.
Em 1967 foi eleito como um dos “10 mais em Evidência em Lourenço Marques”
Tinha uma grande admiração por Simone de Oliveira e Rui de Mascarenhas.
A crescente popularidade (permitindo-lhe viver das suas actuações) em nada alterou a sua simplicidade. Continuou sempre a ser o mesmo rapaz que surgiu no primeiro programa em 1959. Tudo se modificou na sua carreira de cançonetista menos a delicadeza e simpatia. Para Aníbal a camaradagem tinha sempre que existir. Não era pessoa de criar complicações ou ter conflitos com colegas, nem mesmo por ser o “Rei da Rádio” por mérito próprio.
Casou com Ana Maria em 1970, com 28 anos, e teve duas filhas em Lourenço Marques – Ana Marina, nascida em Novembro de 1969 e Ana Catarina, nascida Agosto de 1972 – onde vive até à Revolução de 1974-5, altura em que se vê obrigado a partir para Portugal e a recomeçar do zero. Abandona a antiga colónia em 1976.
A mudança para Portugal é dramática para ele. Tal como aconteceu a tantos, nunca conseguiu firmar raízes nesta que iria ser a sua nova e futura casa. Nos primeiros tempos ficaram em casa da sogra. Para sobreviver, envereda por uma carreira que não a de cantor (seria mediador de seguros). Até que todo o percurso profissional é interrompido por questões de saúde. Diagnosticado primeiro com arterosclerose, sofre um AVC e anos mais tarde, a 12 de Abril de 1992, morre de forma repentina com um ataque cardíaco fulminante, em casa de uns amigos em Lisboa, com apenas 49 anos de idade. Será sepultado no dia 16.
Aníbal Coelho deixa um legado muito próprio, lembrado pelos moçambicanos que o conheceram na altura e uma prateleira cheia de troféus. Deixa também a simpatia e educação extrema por tudo e por todos, o seu gosto por animais, nomeadamente cães (alimentava todos os que encontrava na rua) e um jeito muito peculiar de fazer piadas acerca de tudo com grande facilidade.
Possuidor de uma excelente voz, deixou para trás muitos sonhos, muitas músicas e com certeza muitos admiradores, que participaram no último adeus que ocorreu a 16 de Abril de 1992 na Igreja de Nossa Senhora da Luz, em Carnide, Lisboa.
As suas músicas mais conhecidas são: “Natal negro”, “Canção do Vento” (as duas preferidas dele) “Pago-te a Dobrar” e “Obrigada Moçambique”. Pode escutá-las premindo nos botões apropriados em baixo.
A maior aspiração artística do Aníbal era poder cantar na RTP. Nunca aconteceu.
Algumas das suas músicas: