THE DELAGOA BAY WORLD

01/05/2024

O 5º ANIVERSÁRIO DA INAUGURAÇÃO DO SCALA EM LOURENÇO MARQUES, 1936

Imagens retocadas.

Anúncio do Scala de Lourenço Marques, cerca de 1936, na altura da celebração do 5º aniversário da sua inauguração. A sala foi inaugurada no dia 13 de Junho de 1931 e tinha uma capacidade de 1300 lugares, sendo os proprietários então a incontornável Delagoa Bay Investiment Company (que posteriormente vendeu o imóvel à sul-africana Kinekor Theatres uma subsidiária detida a 100% pelo Grupo Primedia, que creio que ainda hoje opera sob o nome Ster-Kinekor e tinha, entre 54 outros, um cinema no Eastgate Shopping Centre em Johannesburgo). Penso que o Scala depois passou para as mãos de um nacional moçambicano que deve estar a fazer o jogo de eventualmente demolir aquilo e vender o terreno a um turco e assim ganhar uma pipa de massa. Sobre o filme em cartaz, em inglês The Informer, que era excepcional, ver mais em baixo.
Bilhete do Cinema Scala, anos 70.

A Wikipédia descreve assim o filme The Informer (1935):

The Informer is a 1935 American drama thriller film directed and produced by John Ford, adapted by Dudley Nichols from the 1925 novel of the same title by Irish novelist Liam O’Flaherty. Set in 1922, the plot concerns the underside of the Irish War of Independence and centers on a disgraced Republican man, played by Victor McLaglen, who anonymously informs on his former comrades and spirals into guilt as his treachery becomes known. Heather Angel, Preston Foster, Margot Grahame, Wallace Ford, Una O’Connor and J. M. Kerrigan co-star. The novel had previously been adapted for a British film of the same name in 1929.

Along with Mutiny on the Bounty, The Informer was a big contender at the 8th Academy Awards, competing directly in all six categories they were nominated for (though Mutiny got eight nominations in total, given its three Best Actor nominations). The Informer won four Oscars: Best Director for Ford, Best Actor for McLaglen, Best Writing Screenplay for Nichols, and Best Score for Max Steiner.

In 2018, the film was selected for preservation in the United States National Film Registry by the Library of Congress as being “culturally, historically, or aesthetically significant”.

O filme tinha a particularidade de nela participar a actriz Margot Grahame, (1911-1982) que cresceu e começou a sua carreira artística em Pretória, na África do Sul.

Margot Grahame.

26/12/2023

O COMPLEXO SCALA EM LOURENÇO MARQUES, 1931

Imagem do Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, Maio de 1932, Pág. 27, retocado e colorido.

O Complexo Scala foi inaugurado em 1931.

06/10/2023

FACHADA DO SCALA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Imagem retocada.

06/08/2022

DIA DE CHUVA NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

A passadeira, na Avenida da República (hoje 25 de Setembro) que ligava as esquinas do Scala e do Continental, aqui vendo-se a esquina do Scala.

29/07/2022

A BRIGADA DO CAFÉ SCALA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida.

Sentados numa mesa do Café Scala na Baixa de Lourenço Marques, anos 60. Da esquerda: Ricardo Rangel, Malangatana Valente Ngweya, Teodomiro Leite de Vasconcelos e Rui Nogar. Eram curiosamente populares na Cidade e, ao mesmo tempo, uma espécie de “brigada de resistência” contra o regime vigente. Ver mais um pouco em baixo.

Ricardo Achilles Rangel

Fotógrafo. Mulato filho de um grego e de uma senhora mista, o que justifica a credencial, exaustivamente repetida, de ter sido o primeiro fotógrafo não branco a ser contratado pelos racistas inveterados do Notícias – perdão, do BNU. Nasceu em LM em 15 de Fevereiro de 1924 e cresceu no eixo Alto Maé-Malhangalene-Mafalala. Trabalhou nos jornais da Cidade e na Beira e no final dos anos 60 co-fundou a revista Tempo, publicação mais ou menos rebelde mas que, após a independência, se tornou. com o Notícias (agora do Banco de Moçambique), uma publicação oficiosa do regime, com verdadeiras aulas de marxismo-leninismo e cantando as miríades virtudes do comunismo. Com o Kok Nam, eram os decanos da fotografia pós-1975, se bem que eu continuo convicto de que, sem desfazer neles que eram bons rapazes, o Carlos Alberto Vieira era de longe o melhor de todos. Mas o Carlos Alberto era branco, estava conotado com a Outra Senhora e isso pelos vistos é sempre uma chatice. Fundou uma escola de fotografia e assistiu ao horror da morte da fotografia química e a mudança para a fotografia digital. Morreu em Maputo em 11 de Junho de 2009. Com a Béatrice, foi meu vizinho em Maputo durante quase seis anos. Era amigo do meu Pai, o que valia o que valia.

Malangatana

De longe o pintor mais conhecido de Moçambique, antes e depois de 1975. Um senhor. Nascido na mais do que obscura Matalana em 6 de Junho de 1936, cedo foi padrinhado por elementos da clique intelectual-artística de LM, passou uns tempos no Núcleo de Arte na Rua dos Aviadores antes do tempo do Jorge e da Zéca Mealha (onde o conhecia) e desenvolveu aquele estilo inconfundível das pinturas com os miúdinhos esfomeados miseráveis chorosos que eu pensava que com a independência iria mudar mas não mudou. Nacionalista, deu o apoio que pôde ao novo regime freliminiano e ia-se lixando. Felizmente mais tarde deixaram-no em paz e ficou rico a vender os seus quadros em todo o mundo. Morreu em Matosinhos, ao pé do Porto, em 5 de Janeiro de 2011. Os portugueses deram-lhe honras de Estado colocando o seu corpo em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, onde, excepcionalmente, eu estava e fui. Depois foi de avião para Moçambique.

Leite de Vasconcelos

O Teodomiro nasceu na muito portuguesa Arcos de Valdevez em 4 de Agosto de 1944 mas com um ano de idade foi levado para Moçambique, que não só sempre considerou a sua terra como fez o formalismo da nacionalidade após 1975. Foi um jornalista e um escritor. Cresceu na Beira, onde trabalhou na Rádio do Aeroclube da Beira e estudou ciências sociais em LM. Mais tarde, chegou a director do Rádio Clube, mas em 1972 foi para a (então) Metrópole, trabalhar na Rádio Renascença. Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, Leite de Vasconcelos era o locutor da emissão do programa Limite, quando a canção Grândola, Vila Morena do Zeca Afonso foi transmitida às 00:20 horas, sinal que marcou o início da Operação Militar Especial em Portugal, coordenada pelo “compatriota” Otelo Saraiva de Carvalho e que concluiria poucas horas depois com o derrube da ditadura. Vivia em Maputo e morreu em Joanesburgo em 29 de Janeiro de 1997. Em vida, publicou um livrinho de poemas.

Rui Nogar

Nom de Guerre de Francisco Rui Moniz Barreto, o Rui era Coca-Cola vintage, nascido em LM em 2 de Fevereiro de 1932 (metade dos textos na internet, que emprenham pelos ouvidos, asseguram que foi em 1935) de pais imigrados de Goa, e onde cresceu, tendo trabalhado em firmas de contabilidade e de publicidade locais. Era um intelectual e membro encartado da brigada da resistência que conspirava no Scala. Tornou-se militante da Frelimo em 1964 e consequentemente foi logo preso pela PIDE e arreliado, que era mais ou menos o que a SNASP portuguesa fazia naquela altura aos simpatizantes dos Libertadores e que aliás lhe deu credenciais impecáveis para mais tarde. Tanto assim que após 1975 foi deputado da Assembleia Popular, Diretor do Museu da Revolução (no antigo 1º de Maio, que agora é propriedade privada da Frelimo), Diretor Nacional da Cultura e Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos. Publicou obra variada. e sobre isso ver nas fontes o elogio rasgado que o Nelson Saúte lhe fez. Morreu em Lisboa em 11 de Março de 1993 (metade da internet diz que foi em 1994).

Fontes

https://www.whoispopulartoday.com/Teodomiro-Leite-de-Vasconcelos/tt

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teodomiro_Leite_de_Vasconcelos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Malangatana

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$rui-nogar

https://opais.co.mz/viva-rui-nogar/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Rangel

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