THE DELAGOA BAY WORLD

04/04/2021

O CLUBE DE PESCA DESPORTIVA E A PONTA VERMELHA EM LOURENÇO MARQUES, 1971

Imagens retocadas.

Desejo aos Exmos. Leitores cristãos uma Feliz Páscoa, fechadinhos em casa por causa da Pandemia.

O Clube de Pesca de Lourenço Marques foi formado, algo tardiamente, em 1959, num local que na realidade foi concebido na década de 1910, aquando da concepção da gigantesca muralha de cimento que suportou o Aterro da Maxaquene – que se estendia até meio da colina da Ponta Vermelha propriamente dita (ver em baixo). Concluído o aterro nos primeiros anos da década de 1920, curiosamente, para além da futura doca propriamente dita, parte do local onde o Clube foi implantado ao princípio não foi…aterrado. Até à década de 1940, havia um enorme buraco inundado, por detrás da muralha. que eventualmente foi também aterrado, e a apenas a barra exterior havia sido concluída.

Em primeiro plano, O Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques, cerca de 1971. Atrás, a Ponta Vermelha, após a profunda intervenção resultante dos desmandos causados pelo Ciclone Claude em Janeiro de 1966. O declive foi aplanado e coberto com um matope escuro,e espesso, feitas as clivagens que se podem ver, para captarem as águas pluviais, estando na altura já a ser construídos os acessos da Avenida Marginal até à Ponta Vermelha e à Avenida António Ennes. No topo, em amarelo, a que eu considerava a casa mais bonita de Lourenço Marques. No início dos anos 70, a casa estava fechada há décadas e guardada por um velho guarda, um senhor negro, cujas histórias eu adorava ouvir. Após a independência, ficou em ruínas e dizem-me que a propriedade depois foi “atribuída” à viúva de Samora Machel, Graça, que lá fez um enorme e pouco interessante (mas muito rentável) edifício de apartamentos.

Logotipo do Clube de Pesca de Lourenço Marques.

O local, junto à Ponta Vermelha, onde no final dos anos 1950 se instalou o Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques, aqui fotografado em Novembro de 1937. Note-se que nesta altura a muralha se estendia até ao pontão que se vê em cima, na Ponta Vermelha. A Estrada Marginal já passava ao lado mas pouco mais havia que um barracão e a doca incipiente. Eventualmente fizeram-se muros em volta e uma rampa para os barcos a Nascente, a qual uns anos depois foi desactivada e feita outra, pois a construção do Viaduto para a Ponta Vermelha tornou impraticável o seu uso por falta de acesso. Mas servia lindamente para, de vez em quando, em dias quentes, eu ir de minha casa na Rua dos Aviadores até lá, com o meu cão pastor alemão, para tomarmos banhos de mar.
Parte do texto alusivo ao Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques no “Livro de Ouro de Moçambique, 1970. Para ler o texto na sua totalidade, ver nas notas em baixo.

Em miúdo, eu sempre tive a impressão que o Clube de Pesca, cujas festas de passagem de ano eram vagamente badaladas na Cidade, tal como as do Clube Militar e as do Grémio de Lourenço Marques, seria um tanto elitista e de acesso algo restrito (jóia cara, quotas caras, acesso via bola branca bola preta, entrada por convite, pais alegadamente betos, filhos alegadamente betos) comparado com quase todos os outros clubes da Cidade, que eram maiores e que constituíam a maioria arrasadora dos residentes – e onde se praticavam desportos mais populares. Eu era do Desportivo, e penso que serei até morrer. Mas era o que eu ouvia, não tenho factos e muito menos tinha qualquer interesse em alguma vez lá meter os pés. Penso que para quem gostava de pesca desportiva no alto-mar (algo que eu pagaria para não fazer) devia ser muito bom. Sendo que a prática da pesca desportiva era muito cara e muito especializada, obviamente que não era para todos. E fazia parte da mística de um local privilegiado em termos mundiais para a sua prática como Lourenço Marques. A piscina, onde eu meti os pés uma única vez por obrigação de serviço, dava apenas para se dar um mergulho tímido e a maior parte do tempo o sítio era fustigado por uma ventania tal que não se podia estar lá.

Num texto soberbo do Nuno Castelo Branco àcerca dum texto publicado por uma gaja e em que ele abordou tangencialmente o tema dos clubes da Cidade enquanto ambos lá crescíamos, ele entrou nalgum detalhe sobre o assunto. Cito: “o tal Grémio e as imaginativas piscinas dos country-clubs (!) – deve unicamente querer aludir ao Clube de Pesca – eram locais tão alheios à maioria dos naturais de Moçambique, como algumas das curibecas regimenteiras da Lisboa ou dos Estoris/Cascais de hoje. Quantas centenas de licenciados, chefes de serviços, directores de organismos do Estado ou pequenos empresários, jamais colocaram os pés – ou quiseram colocá-los – no dito Grémio? Por regra, os seus frequentadores eram gente olhada com um certo – ou despeitado – desdém pelos hegemónicos remediados e amplamente considerados como os patetas, parvalhões, pedantes ou páchiças-pretensiosos. Há sempre que contar com a clássica pontinha de inveja. De facto, a maioria destes privilegiados pela Situação – os Almeidas Santos e adjacentes incluídos – foi sempre gente que pouco mais de uma vintena de anos residiu no território, enriquecendo depressa e juntando os cabedais, calculadamente entesourados na Metrópole. Com eles convivia um punhado de velhos colonos, mas eram a excepção que confirmava a regra.”

A impressão existia. Tanto assim que, quando veio a Frelimo fardada e com o seu discurso do comunismo anti-elitista (excepto para eles, claro) em 1975, os desgraçados do Clube de Pesca que se esqueceram de ir embora um dia anunciaram um curso de pesca desportiva – “aberto a todos”, o que motivou logo um estúpido mas esperado comentário de um escriba medíocre, dinâmicamente afecto à nova nomenclatura, aludindo ao prévio estatuto exclusivista do Clube. Não houve, e não há, pachorra.

Numa iniciativa de dúbia eficácia, comum na altura, o novo regime pura e simplesmente apropriou-se do espaço e ali fez mais tarde uma “escola náutica”, que, parece, cinquenta anos depois ainda não se conseguiu desalojar dali para fora e restaurar ao espaço ao uso exclusivo pelos cidadãos – excepto a piscina, que, agora já na era do nascente “capitalismo moçambicano”, foi estrategicamente alugada e onde se instalou um restaurante, ajudando a dar mais cabo do lugar.

Informações adicionais:

https://ccbibliotecas.azores.gov.pt/cgi-bin/koha/opac-MARCdetail.pl?biblionumber=218473

http://memoria-africa.ua.pt/Catalog/ShowRecord.aspx?MFN=139520

https://housesofmaputo.blogspot.com/2016/06/clube-de-pesca-desportiva-de-lourenco.html

https://macua.blogs.com/files/livroouromoc2.pdf (ver pags 60-62)

https://delagoa1.rssing.com/chan-6200616/article9-live.html

CLUBE DE PESCA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

https://housesofmaputo.blogspot.com/2018/06/doca-dos-pescadores-clube-de-pesca.html

https://estadosentido.blogs.sapo.pt/1082781.html?thread=3976605

17/10/2018

OS IRMÃOS CASTELO BRANCO NA IGREJA DE STO ANTÓNIO DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: Miguel Castelo-Branco, Nuno Castelo Branco — ABM @ 02:53

Imagem de Nuno Castelo Branco, retocada.

 

Or Irmãos Castelo Branco na Igreja de Santo António da Polana em Lourenço Marques, anos 60.

21/03/2018

CASAMENTO NO ILE, ZAMBÉZIA, 1931

Fotografia de Nuno Castelo Branco, dos seus Avós maternos, 1931, retocada.

 

Os Avós maternos do Nuno Castelo Branco no dia do seu casamento no Ile, Zambézia, 1931.

25/02/2018

NASCIMENTO EM MILANGE, 1933

Filed under: Milange, Nuno Castelo Branco — ABM @ 15:15

A primeira foto é de Nuno Castelo Branco, de seus avós maternos com a sua Mãe, então recém-nascida.

A Mãe de Nuno Castelo Branco ainda é viva e reside em Lisboa. É uma consagrada (se ainda pouco conhecida) artista, com um fabuloso portfolio de obras. e uma incrível história de vida para contar.

Para mais alguns detalhes sobre o percurso dos Avós de Nuno, ler aqui.

Os Avós maternos de Nuno Castelo Branco com a sua Mãe, acabada de nascer, em Milange, na fronteira entre a Zambézia e a então Niassalândia.

 

Mapa indicando a localização de Milange, junto à fronteira com o actual Malawi. Supostamente, era um paraíso na terra.

 

Na fronteira de Milange com a Niassalândia (actual Malawi), do lado da colónia britânica, início dos anos 30.

 

A Mãe de Nuno Castelo Branco, com uma amiga, em Lisboa, recente.

 

“Morros de Muchém”, uma das obras da Mãe de Nuno.

 

09/10/2013

IRLANDA COM O MARIDO E O FILHO EM RESSANO GARCIA, 1937

Filed under: Nuno Castelo Branco — ABM @ 01:28

Fotografia do Nuno Castelo-Branco, restaurada, dos seus avós paternos e do seu Pai.

Iralnda com o filho e o marido em Ressano Garcia, 1937.

Iralnda com o filho e o marido em Ressano Garcia, 1937.

11/05/2013

OTELO SARAIVA DE CARVALHO NA MOCIDADE PORTUGUESA EM LOURENÇO MARQUES, 1953

Desavergonhada mas autorizadamente copiado do Nuno Castelo-Branco, que habita o blogue Estado Sentido. A foto foi restaurada por mim

Quem souber os nomes dos heróis não identificados, por favor envie uma nota para aqui.

Jovens com a farda da Mocidade Portuguesa posam numas escadas no Liceu Salazar em Lourenço Marques

Jovens envergando a farda da Mocidade Portuguesa posam numas escadas no Liceu Salazar em Lourenço Marques, 1953. Rui, o primo da Mãe do Nuno, é o segundo a contar da esquerda na primeira fila. Otelo Saraiva de Carvalho, um dos principais arquitectos do pronunciamento militar ocorrido em Abril de 1974 e mais tarde envolvido naquilo dos FP-25 de Abril, e que é de Moçambique, é o jovem a meio da segunda fila com cara de Charlot.

 

O que o Nuno escreveu há dois dias (a 9 de Maio de 2013):

Poucos seriam donos de casas, fábricas, fazendas e outras mirabolantes propriedades que excitaram as imaginativas e revolucionárias cabecinhas que há quatro décadas envenenaram o semi-analfabeto meio mundo da Metrópole. Ao contrário de uma mão cheia de abastados “almeidassantos”, em Moçambique predominavam os Velhos Colonos brancos nine to five, aqueles que após um dia de trabalho por conta de outrem, regressavam às suas arrendadas residências. Quando em vez de um Mandela nos saiu na rifa um Samora por entre apertos de mão, tonitruante vivório, abraços e saúdes protagonizadas por gente completamente indiferente ao destino e direitos dos seus compatriotas, estes resignaram-se a salvar as suas anónimas vidas, refugiando-se em Portugal continental e nas mais desvairadas paragens deste mundo.

Pouco ou quase nada trouxeram consigo. Enquanto alguns conseguiram empacotar os tarecos da casa, outros vieram com uma mala cheia de roupas de verão e as preciosas recordações de várias gerações de luso-africanos, cuja memória conservavam em dúzias de fotos. Aqui está mais um desses destroços do Império, dessa nau que jamais vencida em combate, foi deliberadamente afundada pelo capricho e interesse egoísta de uns tantos tripulantes.

Um grupo de rapazes …”levados, levados sim!, pela voz”, com o uniforme da Mocidade Portuguesa. Após aquele período obrigatório que ia até ao Secundário, os jovens podiam prosseguir a sua carreira na M.P. e esta foto é demonstrativa disso mesmo. Iam subindo de escalão, recebiam novos uniformes e distintivos, eram promovidos. Tratava-se de …”rasgões, clareiras, abrindo”, de uma opção, de um …”querer, querer e lá vamos”.

De todos eles, apenas reconheço dois: da esquerda para a direita, o segundo na primeira fila é o Rui, primo direito da minha mãe. No degrau acima, o segundo rapaz uniformizado para uma das actividades coordenadas pela M.P. no Liceu Salazar, chama-se Otelo Saraiva de Carvalho. O Rui, o primo dele – o Jorge, irmão da minha mãe -, o Vítor – meu pai – e o Otelo, eram colegas naquele grande liceu da capital de Moçambique. Ao sábado de manhã, a cidade via passar os adolescentes uniformizados e que compareciam às múltiplas actividades patrocinadas pela M.P.: taxidermia, pintura, escultura, teatro de fantoches, aeromodelismo, ginástica, equitação, canoagem etc. É sabido que as modalidades tinham início após a concentração nos grandes pátios dos estabelecimentos de ensino e talvez existam algumas fotos da saudação à bandeira, onde as celebridades de hoje, não hesitavam em cumprir um ritual parecido com outro que além fronteiras, marcou uma época: clop!

As velhas caixas e os albuns cheios de fotografias amarelecidas pelo tempo, são um alfobre de testemunhos da nossa história, autênticas arcas de tesourinhos nada deprimentes. Foi o que aqui trouxemos, um tesourinho ainda bem reconhecível. Com alguma sorte e talvez recorrendo a uns dias para vasculhar na poeira, talvez seja possível descobrirmos outras preciosidades há muito esquecidas.

– “Ó Otelo, pá, tás cheio de sorte, pá, não mudaste muito de feições, ò pá!”(fim)

15/04/2012

OS DOIS NAUFRÁGIOS E O TITANIC, POR NUNO CASTELO-BRANCO

Uma visão do naufrágio do Titanic, desenhada pelo jovem Nuno Castelo-Branco em Lourenço Marques no ano de 1968, ocorrido na noite de 15 de Abril de 1912, faz cem anos esta noite. Em baixo, ele conta a história.

Desavergonhada mas autorizadamente, copiado dali. Porque também pertence aqui. Texto e aguarela da mão do Nuno Castelo-Branco. Título meu.

 

Bem perto da Praça Mac-Mahon, na Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques, existia a Papelaria Spanos. Era ali onde os meus pais tinham a assinatura de revistas como Tintim, Pisca-Pisca e os Almanaques Disney, pelos quais eu e o Miguel tanto ansiávamos. Para nossa casa também seguia uma publicação francesa, a História, dirigida por Christian Melchior-Bonnet, da Librairie Jules Tallandier. Nela escreviam André Castelot, Christine Garnier, Paul Morand, Alain Decaux, Marcel Brion, Jaques Chastenet, Paul Carell, entre muitos outros nomes da Academia Francesa, da política e da literatura europeia de então.

Houve um número que de imediato me chamou a atenção. A imagem da capa era impressionante e mostrava os momentos finais do naufrágio do Titanic. Exigi que o meu pai lesse o que ali vinha escrito em francês e nos meus oito ou nove anos de então, já ouvira algo acerca da tragédia que para muitos ainda não era coisa assim tão longínqua, ocorrida pouco antes do nascimento da nossa avó Irlanda. Com atenção segui a narrativa, desde a partida do navio, até ao momento da fatal colisão com o iceberg. Para sempre retive um trecho marcante, em que o autor relatava o testemunho de sobreviventes que garantiram a ocorrência de episódios de miséria moral que o desespero impôs como norma. Remos esmagando crânios de náufragos que lutavam por um lugar no bote apinhado, ou aquela mulher que usou o anel cravejado de pedraria para desferir um knock-out em alguém que mergulhado na água gélida, tentava fugir à morte que afinal chegaria dentro de momentos.

Já não me recordo de quantos desenhos fiz acerca do Titanic. Se nalguns papéis o navio surgia novinho em folha e fantasiado de chaminés vermelhas que afinal eram amarelas, navegando a todo o vapor e soltando espessa fumarada, noutros a tragédia estava ali bem nítida, apresentada como banda desenhada ou em pequenos instantâneos de episódios que por regra, mais ou menos seguiam aquilo que previamente escutara. Pelos vistos, da antiga Rua Princesa Patrícia nº 1208 da desaparecida Lourenço Marques, sobreviveu qualquer coisa. No montão de papéis de infância – um dos tesouros-ninharia que sobreviveram ao vendaval de 1974 -, descobri dois desenhos guardados pela nossa mãe. Um deles, precisamente o que abre este post, é meu e o outro, a publicar amanhã, do meu irmão Miguel, então com uns seis anos de idade.

Longe ainda estava a voz de Céline Dion e as americanadas fantasias com diamantes azuis, rapazes maravilha sob a forma de um meloso De Caprio-cara-de-pizza e uns tantos relatos verídicos, entremeados com algum sexo sugerido ou transpirado por uma então ainda inexistente Kate Winslet. A RTP anunciava para “dentro de poucos anos” a abertura da sua sucursal em Moçambique e os videos eram ainda coisa própria de sonhos à Júlio Verne. Livros, revistas, os filmes Made in Hollywood e a nossa bonecada, faziam o pleno do sonho.

Os lápis de cor e a esferográfica do Miguel, os meus guaches e a tinta da China, chegaram perfeitamente para nos manter viva esta memória que agora cumpre cem anos.

Estávamos em 1968, noutro mundo. Aqui [lá em cima]está o meu Titanic, um sobrevivente de outro naufrágio.

27/02/2012

O GIGANTE DE MANJACAZE EM LISBOA, 1989, E OUTRAS FOTOGRAFIAS

A primeira fotografia é de Fernando Diniz.

A segunda fotografia é do Nuno Castelo-Branco.

Foto 1. Gabriel Estevão Mondlane, de Manjacaze, aqui na Praça do Duque da Terceira em Lisboa, em 1989. Faleceria no ano seguinte, com 45 anos de idade.

Foto 2. Da mão do Nuno: “1968, arredores de Lourenço Marques. Era habitual a organização de convívios “à portuguesa”, onde não podiam faltar as sardinhas, a broa, os grelhados -onde pontificava o frango à cafreal- e o vinho da Metrópole. Já Charles Boxer, na sua obra dedicada ao “Império Marítimo Português”, realçava a particularidade da colonização lusa, de recriar noutras paragens, aquilo que para trás deixara na Europa. Cidade cosmopolita, de arquitectura arrojada e avenidas grandiosas, a capital de Moçambique destacava-se na África Austral. Local aprazível para viver e trabalhar, era também, o local ideal para as crianças, onde a praia, os jardins, cinemas e campos de jogos, preenchiam as férias grandes de todos nós. Naquele fim de semana, fomos os três com os nossos pais, a um daqueles convívios-quermesses, decerto com fins beneficentes. O local era a Quinta do Marialva, cujo nome denota o apego dos seus proprietários a ecos longínquos da história portuguesa. A patuscada fez as delícias dos adultos e ainda hoje recordo o gigantesco coronel Anta, um autêntico sósia de Mussolini que conseguia devorar dúzias de sardinhas, abundantemente regadas de tinto. Quanto a nós, os miúdos, tivemos a recompensa do dia. Aquele género de feira era sempre maçadora, afastando-nos dos brinquedos, da praia e dos vizinhos que connosco conviviam no ocioso quotidiano de verão. Após o prolongado repasto, surgiu o inconfundível vulto do Gigante de Manjacaze (1944-90), o Gabriel Monjane que povoava a nossa imaginação de temores e curiosidade. Conhecendo-o através de fotografias em revistas e jornais, foi com surpresa e emoção que tivemos o privilégio de receber a sua particular atenção. O Gabriel gostava de crianças e era uma pessoa calma e tímida. Para nosso grande alívio, caiu para sempre, a imagem que dos gigantes construíramos, através de leituras infantis ou de histórias inventadas pelos adultos, para nos “obrigar a comer a sopa”. Na foto, a minha mãe com a Ângela, o meu irmão Miguel que olha desconfiado e eu próprio, encadeado com a luz ofuscante do sol austral. Mais uma foto com história . Não podíamos imaginar que uns poucos anos depois, abandonaríamos aquela terra, varridos por “ventos de uma certa história”, soprados de Portugal e de outras bem identificadas paragens deste mundo.”

Foto3. Enviada pela Olinda Cavadinha, não sei quem é.

Foto 4, enviada pela Olinda Cavadinha. Só tem uma nota dizendo que é de Dezembro de 1965.

Foto 5, enviada pela Olinda Cavadinha.

Foto 6, partilhada pelo Alfredo Correia. Gabriel e Toninho do Arcozelo (na foto, à direita de Gabriel) no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, durante o funeral de António de Oliveira Salazar, Julho de 1970. Escreveu o Alfredo: ‎”Gigante de Manjacaze”, Grabiel Estevão Mondlane e o anão português, Toninho de Arcozelo, que contracenava com o gigante nos círculos, feiras e praças públicas. O nome do anão Toninho de Arcozelo, o então homem mais curto do mundo, com 75 cm de altura, associa-se a Gabriel Mondlane pelo facto de ambos aparecerem juntos muitas vezes, no mesmo palco, como forma de evidenciar a diferença entre ambos.”

06/02/2012

NUNO CASTELO-BRANCO PINTA NO PAVILHÃO DA ROBBIALLAC NA FACIM, 1970

Foto do Nuno Castelo-Branco.

 

Durante o certame, a empresa promovia um concurso de pintura (vejam as pessoas a observarem através do vidro enquanto os concorrentes fazem o seu trabalho.

Atrás do Nuno podem-se ver as caixas contendo latinhas de tinta de várias cores, que a Robbiallac oferecia, e que eram, para além dos milhentos folhetos que nos entretinhamos a coleccionar, um dos grandes troféus que se podiam obter na Feira.

 

O Nuno pinta o seu quadro enquanto atrás as pessoas observam.

 

14/12/2011

BRINCANDO NO QUINTAL EM LOURENÇO MARQUES, 1964

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 03:56

Foto de Nuno Castelo Branco.

Em Lourenço Marques, na Rua Princesa Patricia, em casa da Tiki, 1964/65. A Tiki, o João, o Mateus, o tio da Tiki, o Nuno no triciclo e o Miguel.

10/12/2011

UM DIA DE VERÃO EM LOURENÇO MARQUES, 1964

Fotografia de Nuno Castelo Branco.

Lourenço Marques, 1964. A Maria (nanny) com o Miguel ao colo, enquanto o Bernardo (empregado doméstico e extended family dos Castelo Branco)segura o Barine. À direita o Nuno.

08/08/2011

IRLANDA E BOLIVIA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 05:18

Fotografia de Nuno Castelo Branco, restaurada por mim, da sua avó Irlanda e tia avó Bolívia.

 

 

Irlanda e Bolívia em Lourenço Marques. Segundo referiu o Nuno, " A da esquerda, é a minha avó Irlanda, acompanhada pela irmã Bolívia. Tinham nomes esquisitos e sendo uma irmã Irlanda, a outra Bolívia, ainda mais uma Argentina (além da Loti, a Leontina), eram conhecidas em LM como "a Sociedade das Nações".

LOTI TENREIRO NA PRAIA EM LOURENÇO MARQUES, MAIO DE 1945

Filed under: Leontina Tenreiro, Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 05:11

Foto de Nuno Castelo-Branco, da sua tia-avó, restaurada.

Leontina Tenreiro (Loti) tia avó do Nuno Castelo-Branco, aqui na praia em Lourenço Marques em Maio de 1945, quando terminou a II Guerra Mundial. Loti foi casada com Aurélio Tenreiro (sobrinho do almirante).

VITOR VLADIMIRO, 1955

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 05:00

Fotografia de Nuno Castelo-Branco, do seu pai, restaurada por mim.

 

Vitor Vladmiro, pai do Nuno Castelo-Branco, cerca de 1955, em Lourenço Marques.

NUNO CASTELO-BRANCO E AMIGOS, DE FÉRIAS NO XAI-XAI, 1966

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 04:53

Foto de Nuno Castelo-Branco, restaurada.

 

No Xai-Xai, dia 1 de Junho de 1966. Na imagem, da esquerda: Luis Flores, Paula Sá Pessoa, Nuno Castelo-Branco e Isabel Sarmento.

NUNO CASTELO-BRANCO E OS PEQUENOS CANTORES DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1968

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 04:40

Fotos de Nuno Castelo-Branco, restauradas por mim.

Folheto anunciando um programa musical dos Pequenos Cantores da Polana, anos 60. O Nuno está assinalado na imagem.

Nuno Castelo-Branco no dia 11 de Dezembro de 1968, vestindo o traje dos Pequenos Cantores da Polana.. Aqui com nove anos de idade.

LOTI NO TÉNIS EM LOURENÇO MARQUES COM AMIGOS, ANOS 1940

Filed under: Leontina Tenreiro, Nuno Castelo Branco — ABM @ 04:32

Fotografia de Nuno Castelo Branco, restaurada, da sua tia-avó.

 

Leontina Tenreiro (Loti) de chapéu, com amigos, no Club de Ténis do Jardim Vasco da Gama em Lourenço Marques, princípio dos anos 40.

ARGENTINA CRUZ E SILVA COM ANA MARIA TENREIRO, ANOS 50

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 04:23

Foto de Nuno Castelo Branco, restaurada, da sua bisavó, aqui com a sua prima direita do lado do pai.

Argentina Cruz e Silva, uma pioneira portuguesa em Moçambique, com a neta, Ana Maria tenreiro (Lourenço Marques, início dos anos 50).

ANA MARIA CASTELO BRANCO SOCORRISTA NO HOSPITAL MIGUEL BOMBARDA, 1966

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 04:17

Foto de Nuno Castelo Branco, restaurada, da sua mãe Ana Maria.

Ana Maria Castelo Branco recebe recebe o distintivo de socorrista voluntária da Cruz Vermelha de Moçambique no Hospital Miguel Bombarda (1966)

VITOR VLADIMIRO EM LOURENÇO MARQUES, 1958

Filed under: Nuno Castelo Branco, PESSOAS — ABM @ 04:11

Fotografia de Nuno Castelo Branco, restaurada, do seu pai.

 

Vítor Vladimiro, na Vila Gorjão, bem perto do Clube Ferroviário de Lourenço Marques (1958)

ARLINDO DIAS GRAÇA, ADMINISTRADOR EM MANJACAZE, PANDA, ANOS 20

Filed under: Arlindo Dias Graça, Nuno Castelo Branco — ABM @ 04:02

Foto de Nuno Castelo Branco, restaurada, do seu avô.

Para ver esta fotografia em tamanho (muito) maior, prima com o rato na fotografia e depois outra vez. Deverá ficar do tamanho do ecrã do seu computador.

Arlindo Dias Graça, avô de Nuno Castelo Branco, na Zambézia, anos 1920.

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