THE DELAGOA BAY WORLD

08/04/2021

ANÍBAL CAVACO SILVA EM LOURENÇO MARQUES, 1963-1965

Imagem retocada.

Aníbal António Cavaco Silva, hoje com 81 anos de idade, é conhecido em Portugal por, enquanto militante do Partido Social Democrata, ter sido ministro das finanças (1980), primeiro-ministro (1985-1994) e presidente da república (2006-2016).

Mas o seu percurso incluiu viver dois anos em Lourenço Marques, entre o final de 1963, logo após o seu casamento com Maria, e 1965, enquanto um jovem alferes ao serviço das forças armadas de Portugal. Supostamente, fez trabalho de gabinete na Cidade ( Quartel-General da Ponta Vermelha e depois na Massano de Amorim) e vivia num apartamento na Avenida Pinheiro Chagas (actual Av. Dr. Eduardo Mondlane). Numa entrevista, disse que deu o nome à sua filha a partir da Rua Princesa Patrícia em Lourenço Marques (filha dos britânicos Duques de Connaught, que visitou a Cidade em 1906). Duma entrevista dada por um colega, parece ele gozou os prazeres dos cafés da Cidade e entretinha-se a fazer filmes caseiros. Num artigo de Ana Sá Lopes publicado no Diário de Notícias de Lisboa em 2008, a articulista resume a experiência dos Cavaco Silva, tal contada por este numa auto-biografia:

“Ao alferes Aníbal “os conflitos armados que já ocorriam no Norte do território [a partir do final de 1964] passavam quase despercebidos, a não ser por uma ou outra notícia que chegava só aos quartéis”. Em Lourenço Marques cruza-se com Francisco da Costa Gomes e outros oficiais que, com o 25 de Abril de 1974, para sua “surpresa”, “emergiriam como destacados revolucionários”. Não dá pormenores.

O “exótico” que regista do quotidiano em Lourenço Marques era, essencialmente, “o facto de respirar os quentes odores africanos e encontrar macacos junto à praia da Costa do Sol, a escassos quinze minutos do centro da cidade”.

Mas fascina-se com a cidade traçada a régua e esquadro e é numa das ruas que se inspira para chamar Patrícia à filha que nascerá já na “metrópole”, um nome achado nos passeios pela Rua Princesa Patrícia, “rua cheia de jacarandás que descia em direcção ao mar, numa explosão floral que nos deixava extasiados”. [hoje a Salvador Allende]

Maria Cavaco Silva dá aulas, primeiro no Liceu D. Ana da Costa Portugal e depois no Liceu Salazar. Começa por ensinar Português e Francês. Aníbal e Maria todos os dias marcam o ponto no Café Djambu, na baixa da cidade, para a bica da praxe. Têm uma tertúlia onde entram Manuel Frasquilho, economista, e Levy Vermelho, advogado – amigos feitos a bordo do navio Infante D. Henrique, quando estavam os quatro em trânsito para Lourenço Marques.

“Apaixonados pelo cinema”, tornaram-se sócios do Cineclube e foi em Lourenço Marques que nesses anos viram filmes como O Couraçado Potemkine e Ivan, o Terrível, que eram censurados em Lisboa.

Aníbal na varanda do seu apartamento em Lourenço Marques, meados da década de 1960.

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