Dom Luis Filipe de Bragança, o filho mais velho dos reis D. Carlos e D. Amélia. A Beira, então um ponto irrelevante mas estratégico na pantanosa e insalubre margem Norte do Rio Pungué, ficou destinada a ser o futuro ponto de acesso pelo mar para o centro da nascente colónia e para o então território da British South Africa Company de Cecil Rhodes, a Rhodésia. Em breve, teria um porto e uma linha férrea para o interior.
A Beira em 1891. Um buraco arenoso e pantanoso cheio de mosquitos e de malária.
Na fase inicial da Beira como povoado. Uma espelunca, tal, aliás, como Lourenço Marques, Inhambane, Tete, Porto Amélia e restantes Vilas e povoados, com a única excepção da pequena Ilha de Moçambique, mais a Norte. O que veio a ser Moçambique era então um imenso mato, ocupado por tribos que falavam línguas diferentes e a maioria das quais nem sabiam umas das outras e se guerreavam alegremente, com meia dúzia de intrépidos portugueses no meio. A consciência de “nação moçambicana”, uma importação europeia, levaria umas décadas a aparecer e mesmo assim apenas na classe mulata em e nos arredores de Lourenço Marques. Na inenarrável iniciativa de sub-aluguer de partes da então colónia a um punhado de “investidores estrangeiros” – ingleses, franceses, belgas e americanos- à Beira saiu-lhe na rifa passar a ser a sede da Companhia de Moçambique. Uma companhia majestática, com poderes do Estado delegados e licença para explorar tudo e todos. No fim, fez pouco porque não tinha dinheiro.
A implantação da linha de caminho de ferro para a Rhodésia do Sul. Para a Beira e o seu porto, era o “outro” negócio para além da Companhia de Moçambique. Na Cidade, os principais negócios eram ingleses e sul-africanos e mais depressa se falava inglês que português.
Como uma curiosidade, Luis Filipe de Bragança, a pessoa em honra de quem se deu o nome da Beira, visitou o local em 1907 (aqui vê-se a carruagem na qual deu uma voltinha pela então Vila), trazendo na sua bagagem a proclamação do Rei a elevar a Beira a Cidade. Um gesto simpático, se um pouco ousado.
Nas primeiras décadas do Seculo XX, a Beira era um agremiado de casas de madeira e zinco.
O brasão da Beira, na tradição das urbes portuguesas. Não sei qual o seu simbolismo.