Imagens retocadas, da colecção de Alfredo Pereira de Lima.
Inaugurado na Machava a 30 de Junho de 1968, o Estádio Salazar foi uma iniciativa do Clube Ferroviário de Moçambique, o clube dos ferroviários, sendo que os Caminhos de Ferro de Moçambique eram quase um estado dentro do Estado. Na altura o ditador português já estava no poder (num sistema de partido único ajudado por uma polícia “musculada”) desde 1928, desde 1932 como primeiro-ministro, que na altura se chamava Presidente do Conselho de Ministros e apareciam muitas iniciativas de adoptar o seu nome um pouco por toda a parte. Mas enquanto instalação desportiva, foi um sucesso, e sendo de dimensões monumentais para a escala do que havia na capital de Moçambique, foi a escolha lógica para ali se assinalar a histórica formalização da entrega do poder pelos revolucionários portugueses à Frelimo na noite de 24 para 25 de Junho de 1975, então já com a designação de Estádio da Machava.
Albano de Sousa Dias nasceu em Lourenço Marques em 3 de Fevereiro de 1922. Tirou um curso de engenharia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Em 1948, ingressou nos Caminhos de Ferro de Moçambique, na Brigada de Estudos e Construção. Após estagiar em diversos serviços, assumiu a função de engenheiro-chefe de Via e Obras naquela empresa em 6 de Novembro de 1953. Dois anos depois, passou a fazer parte da direcção, na cidade da Beira, e em 1959 serviu na Direcção de Exploração dos CFM, passando a subdirector desta divisão em 1961. Também ocupou a posição de director no Clube Ferroviário de Moçambique, tendo sido o principal impulsionador para a construção dos Estádios da Machava, em Maputo, e do Ferroviário, na Beira, de vários campos de ténis, e da Colónia Praia do Bilene. Durante e após o seu mandao, o Clube Ferroviário de Moçambique expandiu a sua actividade, com, também, a construção das piscinas em Lourenço Marques e na Beira.
Faleceu com 46 anos em 27 de Julho de 1968, de um ataque cardíaco, três semanas depois da inauguração do Estádio.
Num comentário sobre Dias, Manuel Martins Terra escreveu: “Sei como o Eng. Sousa Dias, era estimado no seio da grande família dos ferroviários,que maioritariamente não concordaram numa polémica e acessa Assembleia Geral do CFM, a atribuição do nome de Salazar ao recinto que estava prestes a ser inaugurado. Ao invés, entenderam ser justo chamar-lhe Estadio Eng. Albano Sousa Dias, numa justa consagração ao grande homem que deu tudo por um estádio construido à sua imagem.Infelizmente, o regime do Estado Novo não mostrou vontade de recuar nos seus propósitos. O destino tem destas coisas e pouco depois da inauguração o grande mentor de um complexo ousado, com marcador electrónico, facho olimpico, pista de ciclismo, pista de atletismo e a porta para a recepção da maratona, tombava e deixando consternados os seus milhares de amigos, que jamais o esquecerão por ser o homem bom que era. Talvez tivesse partido, amargurado pela injustiça dos que tinham o poder de decisão.”