THE DELAGOA BAY WORLD

06/07/2022

A CAPELA MILITAR EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70

Filed under: LM - Capela Militar, Missa na Capela Militar de LM — ABM @ 17:09

Imagem retocada.

A Capela Militar ficava situada no extremo nascente do Bairro Militar em Lourenço Marques, junto à Somershield.

Na segunda metade da década de 1960 e até aos 12 anos, quis o destino que eu, que, literalmente, mas se calhar lamentavelmente, não tenha nem nunca tenha tido amigos imaginários, tivesse, por imposição parental, que frequentar muitas vezes a missa da sete horas da manhã aos domingos aqui, pois assim podíamos ir à praia do Dragão de Ouro ou à piscina do Desportivo em seguida, o que, decididamente, era um programa muitíssimo mais interessante. As mais burguesas Igrejas de Santo António da Polana ou a Sé Catedral, que eram as alternativas esporádicas, tinham missas às 8 e às 9, o que lixava completamente ir à praia ou para o Desportivo.

Portanto esse era o dúbio atractivo da pequena e esparsamente decorada capela militar.

Confesso que esta rotina domingueira familiar era para mim um verdadeiro suplício e pior ainda com o calor no verão, pois em dias quentes aquilo era um (vulgo) inferno escaldante. Uma vez a minha irmã Cló até desmaiou em plena missa, estatelando-se estrondosamente no chão numa daquelas fases da missa em que tínhamos que estar de pé. Ainda por cima havia lá um capelão militar daqueles severos que obviamente gostava muito de se ouvir e que quando chegava à parte da missa (católica, claro) em que pregava o sermão sobre um tema livre, ele subia ao púlpito e punha-se a berrar pelo que parecia uma eternidade, sobre assuntos mais ou menos exóticos, em que, invariavelmente, no final a conclusão, dramaticamente encenada, era sempre que a culpa de tudo o que estava errado com o mundo era absolutamente nossa porque nós nascemos pecadores incorrigíveis etc e tal. E portanto toca a confessar, a pedir perdão pelos pecados e a rezar à Entidade Superior De Tudo e Todos para que as portas do Céu se nos abrissem. O que, no meu caso, por maioria de razão, era um impossibilidade matemática.

Mas logo a seguir passávamos po casa, mudávamos da intragável roupa domingueira para um fato de banho e íamos para a piscina ou para a praia e logo (isso sim, milagrosamente) tudo se esquecia num ápice.

Até ao domingo seguinte.

Enfim.

Em primeiro plano, a Capela do Bairro Militar, entre a Somershield e a COOP.

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