THE DELAGOA BAY WORLD

10/05/2024

MENINA EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉC XX

Foto dos estúdios dos Irmãos Joseph e Maurice Lazarus.

31/03/2023

ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, FOTOGRAFADO POR LAZARUS EM 1928

Imagens retocadas.

Pouco depois do golpe de Estado militar de Gomes da Costa que terminou o doloroso experimento da I República, e da instauração da Ditadura, ocorreu o estranho episódio das nomeações e demissões de Salazar, então um relativamente jovem professor universitário em Coimbra (39 anos de idade em 1928) , como ministro das Finanças.

Foi em 1928 que Salazar posou para tirar a imagem que se segue e que seria usada posteriormente várias vezes pelo regime que criaria.

O fotógrafo foi um dos irmãos Lazarus, os dois judeus britânicos que fizeram carreira em Lourenço Marques e que se mudariam para a capital portuguesa em 1908 (e onde ambos estão sepultados no cemitério hebraico).

As voltas que o mundo dá.

Um texto da Wikipédia caracteriza assim o Portugal dessa altura:

Desde a implantação da república em 1910 até ao golpe militar de 1926, Portugal teve oito Presidentes da República, quarenta e quatro reorganizações de gabinete e vinte e uma revoluções. O primeiro Governo da República não durou dez semanas e o mais longo durou pouco mais de um ano. Várias personalidades políticas foram assassinadas. Pela Europa fora a palavra “revolução” passou a estar associada a Portugal. O custo de vida aumentou vinte e cinco vezes, a moeda caiu para 1/33 do seu valor relativamente ao ouro. O fosso entre ricos e pobres continuou sempre a aumentar. A Igreja Católica foi implacavelmente perseguida pelos maçons anticlericais. Os atentados terroristas e o assassinato político generalizaram-se. Entre 1920 e 1925, de acordo com dados oficiais da polícia nas ruas de Lisboa explodiram 325 bombas.

Com o país continuamente à beira de uma guerra civil, em 1926 dá-se um levantamento militar, sem derramamento de sangue e com a adesão de inúmeros sectores da sociedade portuguesa, desejosos de acabar com o clima de terror e violência que se tinha instalado no país.

Em Junho de 1926 os militares convidam Salazar para a pasta das finanças; mas passados treze dias Salazar renuncia ao cargo e retorna a Coimbra por não lhe haverem satisfeitas as condições que achava indispensáveis ao seu exercício.

Em 27 de abril de 1928, após a eleição do general Óscar Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, Salazar reassumiu a pasta das finanças, mas exigiu o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e um rigoroso controlo de contas, com aumentos enormes de impostos e criação de novos, adiamento de obras de fomento e congelamento de salários, conseguindo um superavit, um “milagre” nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928–29. “Sei muito bem o que quero e para onde vou.” — afirmará, denunciando o seu propósito na tomada de posse.

Na imprensa, que era controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como o “salvador da pátria”. Mas também alguma imprensa internacional, que não era controlada pela censura, apontava méritos a Salazar; em Março de 1935 a revista norte-americana Time afirmou que “é impossível negar que o desenvolvimento económico record registado em Portugal não só não tem paralelo em qualquer outra parte do mundo como também é um feito para o qual a história não tem muitos precedentes”.

O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns sectores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o presidente da república consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar um rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, que havia sido agraciado com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada a 15 de abril de 1929, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.

Em junho de 1929 Salazar volta a demitir-se. Mário de Figueiredo, Ministro da Justiça e dos Cultos, amigo de Salazar, publica a célebre Portaria n.º 6259 que permite manifestações públicas do culto católico, com procissões e toques de sinos (a realização de procissões religiosas e o toque de sinos nas igrejas tinham sido proibidos pela república). O ministro da guerra Júlio Morais Sarmento comanda protestos anticlericais e a portaria é anulada em Conselho de Ministros. Figueiredo comunica a Salazar a sua intenção de se demitir e Salazar diz-lhe que embora não concorde com ele, caso Figueiredo se demita, então ele, Salazar, solidariamente, também apresentará a sua demissão. Figueiredo demite-se e no dia 3 de julho Salazar entrega o seu pedido de Exoneração. No dia seguinte Carmona visita Salazar, que se encontrava hospitalizado, e tenta demovê-lo da sua Intenção de se demitir. O episódio termina com um novo governo, presidido por Ivens Ferraz, com Salazar a continuar na pasta das finanças.

António de Oliveira Salazar, fotografado por Lazarus, 1928.
Capa da SI, de 20 de Abril de 1938, uma revista da propaganda do Estado Novo, assinalando o 10º aniversário da entrada de Salazar no governo. A imagem captada por Lazarus em 1928 é a de cima à esquerda.
Texto académico alusivo ao uso da imagem pelo regime sucedâneo da I República, mencionando o uso de, entre outras, a imagem de Salazar captada por Lazarus.

19/08/2022

RECIBO DA PHOTOGRAPHIA INGLEZA, DE JOSEPH E MAURICE LAZARUS, EM LISBOA, 1929

Imagem retocada.

Os irmãos Joseph e Maurice Lazarus tiveram uma loja de fotografia na Rua Araújo e depois no Avenida Building em Lourenço Marques entre os anos 1890 e cerca de 1908, altura em que se mudaram para o centro de Lisboa, onde a loja operou até ao início da II Guerra Mundial. Um dos irmãos está sepultado em Lisboa. O seu espólio de imagens de Moçambique e em especial de Lourenço Marques é um testemunho essencial para uma melhor compreensão dessa era.

Recibo do pagamento de um trabalho feito pela Loja Ingleza para o cônsul norte-americano em Lisboa, 26 de Outubro de 1929.

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