A foto foi restaurada por mim. Na verdade o edifício está uma desgraça completa e abandonado. Não há por aí uns católicos com tempo livre e umas massas para a restaurar e ajudar a trazer-lhe uma nova vida?
Nota do Luis Bulha, que transcrevo com vénia:
Em Agosto de 1498, alguns meses após a chegada de Vasco da Gama à Índia, nascia em Lisboa, sob a égide da protecção real, a Confraria da Santa Casa da Misericórdia.
Um século depois, contava-se mais de uma centena de Misericórdias espalhadas por Portugal Continental e mais de cinquenta nos territórios ultramarinos.
A Monarquia tinha interesse em que houvesse Misericórdias no Ultramar, caso contrário não as financiaria. E só o apoio régio ajuda a explicar a rápida disseminação dessas instituições pelos diferentes espaços do Império.
A responsabilidade pela organização religiosa das terras conquistadas obrigava a Coroa portuguesa a financiar as estruturas eclesiásticas que se implantavam nos territórios ultramarinos, dotando igrejas paroquiais e conventos, concedendo esmolas a frades e a missionários, pagando o vencimento dos clérigos.
Uma das igrejas paroquiais foi a de Nossa Senhora do Livramento, em Quelimane, mais conhecida por Catedral Velha. Foi construída em 1785 (4 anos antes da Revolução Francesa). É uma das primeiras edificações da cidade. No seu interior jazem cinco urnas, três das quais de altas figuras que governaram a Província, na altura distrito da Zambézia.
Um antigo jornalista inglês (sé. XIX), relatando a sua passagem por Quelimane, dizia, na altura: “Há, também, a Igreja católica, um bom edifício com as suas duas torres e situado em frente do porto; ao entrar nela deparei-a repleta de decorações e contendo algumas figuras de Nossa Senhora”.
A Igreja não era particularmente rica, comparada com outras do género em pleno período colonial português, onde se notabilizavam trabalhos em talha dourada e a azulejaria. Mas não deixava de ser um símbolo querido das gentes da Zambézia, muito em particular de Quelimane.
Para tristeza de muitos, está, hoje, votada ao esquecimento.
Aqui fica, pois, a minha pequena homenagem.