THE DELAGOA BAY WORLD

20/06/2021

A FACOBOL EM LOURENÇO MARQUES

Filed under: Facobol - Fábrica Colonial de Borrachas Ldª — ABM @ 19:51

Imagens retocadas.

Esta é uma achega. A Facobol iniciou a sua actividade em 1942, a sigla abreviando a sua designação – Fábrica Colonial de Borracha. Ainda existe no mesmo local, 79 anos mais tarde, tendo, em razão de o termo “Colonial” ter sido alterado logo após a independência, para “Continental”, um truque esperto para manter a sigla. Desde o seu início, a estrutura laboral da empresa espelhava o que era normal na altura e penso que ainda é: uma larga força laboral mais oiu menos indiferenciada, maioritariamente africana, que recebia pouco e meia dúzia de trabalhadores especializados e gestores, maioritariamente portugueses, que auferiam salários muito mais altos. Refiro isto porque li que este tema foi tópico das habituais críticas logo após 1975 e que foi outra das causas da épica debandada dos brancos de Moçambique no curto período que antecedeu a declaração formal de que Moçambique passaria de ditadura colonial para ditadura comunista. Mas não sei no que deu isto, sendo que, por esta altura, já houve mais que tempo para “moçambicanar” esta e outras empresas. Mais ou menos.

A fábrica em Lourenço Marques, anos 60.
Logotipo da empresa, anos 60.

O Livro de Ouro de Moçambique, abundantemente copiado e circulado na internet, e que é basicamente um simpático auto-elogio do que existia na altura, descreve assim a empresa nos anos 60:

É curiosa a referência das “férias na Metrópole”, aqui atirada como se todos fossem portugueses deslocalizados em Moçambique. Enfim.

Mas um pequeno texto que apanhei na revista norte-americana Trade Weekly de 26 de Junho de 1943 diz um pouco mais sobre as origens da empresa em 1942. Estava-se em plena II Guerra Mundial e na altura a borracha ainda era primariamente feita a partir da seiva da árvore da borracha. Devido à guerra e à enorme perturbação dos mercados mundiais, a carência de borracha era mais do que muita e pelos vistos uns empresários portugueses tiveram a iniciativa de montar uma fábrica de equipamentos feitos de borracha natural. Veio o equipamento de Portugal e montou-se um esquema de recolha da seiva das árvores. E havia muitas árvores da borracha na zona de Inhambane e, refere o artigo, milhões de árvores da borracha em Manica e Sofala ainda por explorar. Em 1943 tinha 62 empregados, 8 dos quais vindos de Portugal e produzia câmaras de ar para biciletas e automóveis e ainda borrachas para recauchutar pneus:

Trade Weekly, 26 de Junho de 1943.

Apesar de no início da década de 1940 já haverem variados tipos de borracha sintética (ver aqui um curto artigo sobre o surgimento da borracha sintética), o esforço de guerra consumia praticamente toda a borracha sintética e a natural, pelo que suponho que a operação em Moçambique, relativamente sofisticada, fazia sentido em termos de substituir as importações que se haviam esfumado e assim manter a economia local a funcionar. Foi após o final da guerra que a borracha sintética se tornou comum e disponível nos mercados internacionais.

A fachada da empresa, década de 2010.

28/05/2012

ANÚNCIO DA FACOBOL, LDª, ANOS 1960

Filed under: Facobol - Fábrica Colonial de Borrachas Ldª — ABM @ 17:48

Um anúncio da Fábrica Colonial de Borrachas, Ldª (Facobol), que operava em Lourenço Marques, se não me engano na Avenida de Angola.

Site no WordPress.com.