THE DELAGOA BAY WORLD

12/04/2024

A PRIMEIRA ESQUADRA DA POLÍCIA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1920

Imagens retocadas.

A fachada da Primeira Esquadra da polícia de Lourenço Marques, no final da então Rua Dom Luiz, depois chamada Consiglieri Pedroso, junto à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho, e que também já foi de Mouzinho de Albuquerque e, originalmente, da Picota).
A Primeira Esquadra à esquerda, meados da década de 1920, imagem da colecção de Santos Rufino. Naquela altura, a Rua Consiglieri Pedroso era a principal artéria comercial da Cidade. À direita, a delegação do BNU, demolida no início dos anos 60 juntamente com os edifícios em seguida até à Travessa das Laranjeiras, para construir a sua nova e monumental delegação, que em 1975 passou a sede do Banco de Moçambique.

20/08/2021

O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO EM VILA PERY, 1960

Imagem retocada.

A dependência do Banco Nacional Ultramarino em Vila Pery, 1960. Vila Pery agora dá pelo nome de Chimoio.

22/05/2021

JUNTO AO BAZAR DE LOURENÇO MARQUES, SEGUNDA METADE DOS ANOS 60

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico.

Imagem tirada do parque de estacionamento na Praça Vasco da Gama, onde se situava o Bazar de Lourenço Marques (à direita deste ângulo), segunda metade da década de 1960. Os dois grandes edifícios em frente são, à direita, o futuro Hotel Turismo em construção na esquina da Av. da República com a Manuel de Arriaga, e à sua esquerda a delegação do Banco Nacional Ultramarino, ambos situados na Avenida da República (actual 25 de Setembro). O edifício mais baixo à esquerda é o antigo Bazar LM, actualmente um centro cultural brasileiro. Junto ao local de onde o Manuel tirou a fotografia, havia quase sempre um senhor que era fotógrafo de rua, que tirava fotos tipo passe e as revelava nuns baldes. Posteriormente, foi edificado na esquina deste parque e do Kiosk Olímpia o Prédio do BCCI, e o estacionamento ficou para esse prédio. Lamentável mas foi o que aconteceu.

02/05/2021

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, SEGUNDA METADE DOS ANOS 60

Imagem retocada, tirada por Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico. Do pouco que vi, é espantoso.

A Baixa de Lourenço Marques, parte que estava na Avenida da República, segunda metade da década de 1960. Em baixo em primeiro plano vê-se o telhado do Bazar e a seguir o telhado do Kiosk Olímpia,

24/03/2021

A AVENIDA DA REPÚBLICA EM LOURENÇO MARQUES, 3 MOMENTOS, 1950s-1960s

Imagens retocadas.

 

1 de 3: meados dos anos 50. Ao fundo, o Prédio Nauticus ainda em construção, por exemplo.

 

2 de 3. Final dos anos 50.

 

3 de 3. Segunda metade dos anos 60.

08/09/2019

A SEDE DO BNU EM LOURENÇO MARQUES E O BANCO DE MOÇAMBIQUE

Filed under: Banco Nacional Ultramarino, LM BNU — ABM @ 21:01

A primeira imagem foi retocada.

Foi uma loucura do início do fim da era colonial portuguesa em Moçambique, uma espécie de afirmação de fé do Portugal Uber Alles, numa altura em que a maior parte do mundo estava a acabar os arranjos coloniais e em Lisboa se insistia  que nada se passava de mais cá dentro. Pelo contrário – o futuro era róseo (e foi enquanto durou).

O centenário Banco Nacional Ultramarino, que, para além de banco comercial, era uma espécie de banco do Estado e, melhor ainda, era o banco que emitia a moeda em Moçambique (posteriormente a Abril de 1974, também chamado “dinheiro macaco”, desvalorizado e completamente inconvertível), precisava de uma delegação maior em Moçambique e festejava o seu centenário.

E o que fizeram? mandaram construir o maior mastodonte de luxúria alguma vez edificado em Moçambique até à altura, mais luxuoso que o Palácio da Ponta Vermelha ou até aquele outro elefante branco concluído uns anos antes na Beira, o Grande Hotel. Aquilo, que milagrosamente se manteve até hoje, é praticamente um palácio, um museu de arte contemporânea e um escritório, tudo ao mesmo tempo.

Foi quase caricato, após Junho de 1975, ver primeiro uma espécie de prolongamento do chamado Governo de Transição com Carlos Cassimo e o bem-intencionado Carlos Adrião Rodrigues (dos lendários Democratas de Moçambique), expeditamente sucedido, após o famoso Terceiro Congresso de 1977, pelo Dr. Sérgio Vieira, frelo, comuna rábido, e anti-português como nunca, 37 anos de idade, cheio de sangue na guelra e que via um colono traidor em cada esquina, vestindo a farda verde escura da guerrilha, rodeado de (então inventados) “cooperantes” portugueses, sentado naquele deslumbre de luxos, presidindo à destruição quase completa da economia, enquanto forma de “criar o novo homem moçambicano” e acabar com os males do Mundo, nomeadamente aquela obscenidade nos dois países ao lado que a nascente oligarquia moçambicana achou por bem chamar a si resolver – ao tiro, nada menos.

Depois veio o Prakash (o mesmo que faliu o Moza), o Dr. Eneias Comiche, culto, que hoje, com 80 e tal anos, é o insigne presidente da Câmara de Maputo, depois o Dr. Adriano Maleiane (o actual ministro das Finanças de Moçambique, coitado), afável e simpático, institucional e discreto e que, a partir de 1990, basicamente faziam o que o FMI mandava fazer. Mais ou menos.

E a seguir (2006-2016) veio Ernesto Gove, nomeado pelo Presidente Armando Guebuza, Inc., que interessa para aqui.

Durante a Era Gove, fez-se algum progresso na economia local, mas principalmente, fizeram-se grandes negociatas, desde a “reversão” de Cabora bassa, aos esquemas do Aeroporto de Nacala, da Vale, das privatizações dos portos, linhas dos caminhos de ferro, das concessões mineiras, etc etc etc. E foi o início da grande entrada de Moçambique na Era da economia global dos recursos: alumínio, carvão, rubis e gás. Muito, muito gás.

Os bancos locais, apesar de um pouco à margem disto tudo, com margens de lucro quase obscenas (e com custos e alguns riscos correspondentes), cresceram e multiplicaram-se, destacando-se a entrada, algo tardia, dos grandes bancos sul-africanos. O novo negócio era muito rentável. Especialmente para o banco central.

E portanto, para gerir o crescente sistema, preferencialmente em algum conforto, alguém achou que o palácio do BNU já não servia e que era preciso mais alguma coisa.

Maquete da nova sede do BNU em Lourenço Marques, que foi inaugurada em Julho de 1964.

Esssa “alguma coisa” materializou-se numa nova, enorme, sede para o banco central, construída à sua direita em 2013-2017 e ocupando um espaço gigantesco, que incluiu comprar e mandar abaixo a Casa Coimbra e ocupar o espaço histórico na esquina oposta ao Continental. Pelo meio, a velha Casa Marta da Cruz e Tavares, do outro lado da rua, foi também abaixo e o espaço serviu de estaleiro para a obra. O mastodonte, construído pela então incontornável e pré-falida Teixeira Duarte, custou centenas de milhões de dólares (penso que nunca disseram, mas as más línguas de idoneidade incerta referem entre 300 e 500 milhões de USD) e tem os seus próprios parque de estaconamento e …heliporto (aparentemente não homologado).

Portanto, duas obras faraónicas, no espaço de cinquenta anos, uma ao lado da outra.

Não sei bem o que irão fazer com a velha sede do BNU. Penso que o melhor negócio seria converter aquilo num museu de arte contemporânea, mudar para ali o Museu da Moeda e ali fazer uma sala de exposições. Moçambique precisa de apostar no turismo, pois não é nem o gás nem o carvão que vão criar os empregos que faltam em Maputo.

No fim, caído em algum desfavor, Ernesto Gove foi substituído pelo Dr. Rogério Zandamela, que acabou por ser o seu primeiro e o actual ocupante.

O “novo” Banco de Moçambique, ocupando a antiga ponta nascente do núcleo original de Lourenço Marques, quando aquilo era praticamente uma ilha. À direita a ponta do velho BNU. Para além do heliporto devia ter sido feito um porto com jangadas para quando aquela zona inunda na época das chuvas.

24/05/2019

VELHOS COLONOS NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1963

Imagens retocadas, a partir de um original, colhido por Ricardo Rangel.

 

Na esquina das Avenidas da República e Dom Luiz, na Baixa de Lourenço Marques, 1963. À esquerda, um ardina a vender uma edição do Notícias. À frente dos dois homens, do outro lado da rua, podem-se ver o stand da Rifa Anual da Associação dos Velhos Colonos, a sede do Banco Standard e parte dos edifícios da Casa Coimbra e ao fundo a futura sede do Banco Nacional Ultramarino, então em acabamentos.

 

Detalhe da mesma imagem. Ao centro, um polícia sinaleiro, comum na Cidade até aos anos 70 e que controlavam o trânsito nas horas de ponta, que naquela altura duravam cerca de cinco a dez minutos.

 

 

06/01/2019

O BANCO STANDARD TOTTA DE MOÇAMBIQUE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocda e colorida por mim, a partir de um desenho de (creio) Dana Michahelles.

 

A sede do Banco Stndard Totta de Moçambique na Praça 7 de Março em Lourenço Marques, década de 1960. À esquerda, aqui em verde, a nova sede do Banco Nacional Ultramarino.

20/09/2018

A ESQUINA DO SCALA E DO CONTINENTAL EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Cruzamento das Avenidas Dom Luiz (a antiga Avenida Aguiar) com a Avenida da República, 1961. Atrás, a Casa Coimbra e, ao lado, o BNU em construção. Do lado esquerdo, a sede do Banco Standard. Na esquina, nesse ano, a Rifa da Associação dos Velhos Colonos. Lá mesmo ao fundo, a Casa da Sorte. A foto foi tirada em frente ao Café Scala.

14/09/2018

O HOTEL TAMARIZ EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

O Hotel Tamariz, desenhado por Pancho Guedes, na esquina da Avenida Manuel de Arriaga e a Rua Consiglieri Pedroso, 1961. Ao fundo do lado direito, o BNU em construção e a seguir o Prédio Rubi.

A CASA BAILY EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Em primeiro plano, a Casa Baily. Atrás, o Hotel Tamariz e a Rua Consiglieri Pedroso. À esquerda no canto superior, o futuro BNU em construção.

 

Em primeiro plano, a Casa Baily. Atrás, o Hotel Tamariz. À esquerda no canto superior, o futuro BNU em construção.

12/09/2018

MACHIMBOMBO NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Um machimbombo percorre a Avenida da República no cruzamento com a Avenida Dom Luís, 1961. Atrás, vêem-se o Standard Bank, a Casa Coimbra e o futuro BNU.

A CASA COIMBRA EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

A fachada da Casa Coimbra, 1961. Pode-se ver, no lado direito, a futura sucursal do BNU em construção.

26/08/2018

SOBRE A SEDE DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO EM LOURENÇO MARQUES, INAUGURADA EM 1964

A fachada do edifício do BNU que dava para a Avenida da República (hoje Av. 25 de Setembro), inaugurado em 25 de Julho de 1964. À direita, a antiga Travessa das Laranjeiras, depois Travessa do Banco Nacional Ultramarino. Não sei o actual nome. À esquerda, a Casa Coimbra.

Sobre a filial do BNU em Lourenço Marques, mais tarde a sede do Banco de Moçambique, apresento este texto, copiado, com profunda vénia, deste valiosíssimo trabalho de Nuno Fernandes de Carvalho (do Gabinete do Património Histórico da Caixa Geral de Depósitos, entidade que absorveu o BNU e publicado em Junho de 2015).

As fotos foram inseridas por mim.

O texto de NFC:

“Nas décadas de 1950-60, a modernização e alargamento do edifício da filial de Lourenço Marques tinha-se tornado cada vez mais urgente para a administração do BNU, tendo em conta o volume de negócios que esta filial tinha vindo a dar ao banco. Este progresso era incompatível com um edifício de filial que, apesar de esteticamente apelativo, não possuía a totalidade das funcionalidades necessárias. Efetivamente, parte dos serviços que inicialmente operavam no rés-do-chão tiveram de ser transferidos para o 1º andar e, inclusive, ocupar um outro edifício exterior à filial na Avenida da República. A secção comercial, nos armazéns nas traseiras da filial, tinha sido extinta e substituída pelo arquivo do banco.

Mural painel com 8×5 m em cerâmica policromada em baixo-relevo, da autoria de Querubim Lapa de Almeida, na fachada da Delegação do Banco Nacional Ultramarino em Lourenço Marques, inaugurada em 1964.

Para um futuro edifício, o projeto foi atribuído ao arquiteto José Gomes Bastos. Este inseria-se na denominada ‘2ª geração de arquitetos modernistas portugueses’. Por este motivo, a visão que apresentou para o novo edifício
seria para imprimir precisamente essa modernidade, que constatou que estava ausente no urbanismo e arquitetura de Lourenço Marques de então.

Este primeiro anteprojeto foi apresentado aos serviços do banco em 1954. Um ano depois, uma versão ampliada deste anteprojeto foi aprovada – esta tinha em consideração a ampliação e regularização dos limites do
terreno da intervenção, através de expropriações e demolições de construções existentes, de modo a ampliar a propriedade onde se situava a filial. Em meados de 1957, foi assinado o contrato para construção e acabamentos da filial do BNU em Lourenço Marques.

Hall da entrada, do lado da Avenida da República (actual Av. 25 de Setembro).

Para garantir o funcionamento da filial durante o período de construção, o BNU alugou as antigas instalações dos Serviços de Fazenda na cidade [actualmente, a sede da Biblioteca Nacional de Moçambique, sitos na Avenida da República], para onde transferiu os serviços da filial. Estas instalações eram insuficientes para o volume de trabalho e espaço necessário que o BNU Lourenço Marques necessitava, mas foi a solução disponível de modo a que os trabalhos de edificação não se atrasassem. Assim sendo, a 17 de abril de 1958, iniciou-se o processo de transferência dos serviços para as instalações provisórias, sendo este concluído no dia 28.

Em 1958, as demolições necessárias estavam concluídas e o início dos trabalhos de construção ocorreu nos finais desse ano, inícios de 1959. Foi também no mês de março de 1959 que a filial do BNU de Lourenço Marques foi elevada à condição de diretoria.

O projeto e a decoração do edifício ficaram a cargo, como se mencionou, do arquiteto José Gomes Bastos. Este teve a colaboração na fiscalização do eng. João Chaby e o apoio do agente técnico de engenharia civil Perdigão Silva – ambos dos quadros do banco.

Este não sei quem é.

A consolidação dos alicerces onde se iria construir o imóvel ficou a cargo da firma Christien & Nilsen, sendo que foi executada num ano e meio. A elevação do edifício foi atribuída à Sofil – Sociedade de Fomento Imperial, S.A.R.L., com sede naquela cidade. Estes trabalhos, incluindo os de decoração, foram executados em cinco anos e meio.

Em correspondência presente no arquivo histórico do BNU, deteta-se uma orientação, ou pelo menos, uma intenção da parte dos promotores da obra (o BNU) em recorrer essencialmente ao trabalho e ao contributo empresarial de trabalhadores e empresas moçambicanas. Mesmo ao nível das contribuições artísticas, estas foram promovidas via concurso do próprio banco, fiscalizado pelo arquiteto da obra (José Gomes Bastos), privilegiando artistas sediados localmente. Esta intenção seguia a filosofia do banco, que alinhava com o discurso dominante de então do Estado Novo, de uma valorização do Portugal como nação transcontinental e, para tal, utilizando os recursos das suas
colónias ultramarinas como forma de enriquecer e glorificar a nação. Apesar disso, constata-se que nas contratações finais, apesar de existirem muitas empresas locais e outras sediadas em Portugal continental, verificam-se também contratos com empresas britânicas e sul-africanas.

Malangatana, acho.

No ano do centenário do BNU (1964), foi inaugurado este edifício moderno e imponente (11.530 m²) situado na baixa da cidade, que ocupava a quase totalidade do quarteirão entre a Avenida da República e a Rua Consiglieri Pedroso.

Penso que zona dos saques.

Este edifício tinha a forma de anel retangular com 3 frentes urbanas – a terceira dava para a Travessa das Laranjeiras [após a inauguração em 1964, esta mudou o seu topónimo para Rua do Banco Nacional Ultramarino]. Tinha 7 pisos no volume que dava para a Avenida da República –sendo, por isso, o de maior altitude. No volume para a Rua Consiglieri Pedroso, tinha 2 pisos à face da rua e 6 pisos recuados, de modo à sua dimensão se comportar com a largura mais estreita desta via. O prédio era servido por nove elevadores e, à data da sua inauguração, os pisos do edifício da filial eram distribuídos da seguinte forma:

Piso da cave

A entrada para o piso era realizada pela travessa lateral pedonal (Travessa das Laranjeiras), onde se situava, primeiramente, o centro de segurança e controle. Esta era a entrada utilizada pelos funcionários do banco para o acesso às quatro habitações do pessoal técnico permanente para o centro lúdico e para a receção da administração. Esta dava também acesso ao piso de cave, a partir da qual os funcionários tinham ligação vertical reservada com os pisos superiores e onde tinham o seu local de trabalho. Neste piso, encontravam-se também os vestiários, as instalações técnicas (centrais de emergência, pneumática e elétrica), o economato, o arquivo histórico e as casas fortes do banco – estas tinham ligação de escada e ascensores privativos para o tesoureiro da filial. Numa outra secção, pública e sem conexão livre com as áreas atrás descritas, estava a sala dos cofres de aluguer e o seu balcão de atendimento. Tanto as casas fortes, como os cofres de aluguer foram fornecidos pela empresa Chubb’s.

Escadaria à Hollywood. Em redor, a arte de Estrela Faria.

Piso térreo

O atendimento ao público era efetuado pelo piso térreo com entradas nas frentes opostas que davam para as artérias principais, atrás mencionadas. Este piso era ocupado pela sala do público, que aí tinha contacto com o balcão de atendimento, onde se encontravam as caixas, o expediente e a secção de letras.

As duas entradas eram unidas por uma parede contínua de 80 x 4,5 m com um mural gravado em mármore, alusivo à tomada de Tânger da autoria de Francisco Relógio. A zona central do piso, onde se encontrava o balcão, estava coberta e iluminada por uma abóboda translúcida – duas pinturas de 30 m², da autoria de Garizo do Carmo, decoravam os tímpanos laterais dessa cúpula. Num dos átrios, encontravam-se expostas, na parede de fundo, três esculturas em bronze da autoria de Maria Manuela Madureira.

Je pense que Garizo do Carmo.

Primeiro andar

Este piso apresentava-se num largo saguão ladeado com vários balcões de atendimento ao público: as secções de saques, transferências, créditos, informações e caixas do estado. A ocupar o topo sudeste do piso, encontrava-se uma pintura a óleo de grandes dimensões (13×2 m) da autoria de José Freire. Existia também uma zona reservada a funcionários, onde operavam serviços internos do banco: secretariado do economato, contencioso e sua secretaria, arquivo corrente e contabilidade.

Penso que Francisco Relógio.

Segundo andar

O piso da administração tinha no seu centro um grande vestíbulo de representação. Na parede sudeste deste, estava afixado um painel decorativo (13×2 m) a óleo, da autoria de Garizo do Carmo. Em torno daquele vestíbulo, encontravam-se as áreas de trabalho da administração, da direção, da ‘Inspeção Local’, da contabilidade e a sala do Conselho. Esta última tinha um painel de azulejo que reproduzia uma das tapeçarias de Pastrana. A ligar a cave, onde se encontravam os cofres para aluguer, passando pelos pisos intermédios, até ao segundo piso, onde se encontrava a administração, existia uma monumental escadaria helicoidal. Uma das paredes que acompanhava essa escadaria estava ocupada por um painel de 300 m², em mosaico de vidro de Murano tipo Bizantino, reproduzindo um cartão da autoria de Estrela Faria.

Penso que Francisco Relógio.

Terceiro andar

Este piso continha a secretaria dos serviços de pessoal, de obras, os Serviços Clínicos e o Centro Lúdico – sendo estes dois últimos, os que ocupavam a maior parte da área deste piso. Os Serviços Clínicos constituíam-se de uma policlínica com salas de consultas, de exames (incluindo imagiologia) e de tratamentos. Com o objetivo de proporcionar uma maior valência e bem-estar aos seus trabalhadores, o BNU disponibilizava nestes serviços uma grande variedade de especialidades médicas, que incluíam ginecologia, otorrinolaringologia, estomatologia, entre outras. Existiam também uma secretaria, uma farmácia e um arquivo corrente. O Centro Lúdico continha várias divisões destinadas ao lazer dos funcionários do banco, com áreas de interesse na cultura e no desporto. Para tal, tinham: sala de ténis de mesa, de bilhares, de jogos de mesa, de conferências/festas, de projeção audiovisual, uma biblioteca, dois bares e um terraço de convívio. Nesta área ficava também a direção do Centro. Uma das paredes do salão de festas era ocupada por um painel a óleo, da autoria de Malangatana Valente Ngwenya. O painel de 2×4 m, exposto na biblioteca, era da autoria de Bertina Lopes.

Penso que acesso aos cofres.

Quarto andar

Este piso apresentava duas áreas distintas. Uma área albergava as residências pessoais para os funcionários técnicos do banco – eletricista, mecânico, chefe de conservação e chefe de segurança – voltada para a frente da Avenida da República. A segunda área comportava os serviços mecanográficos do banco, voltada para a Rua Consiglieri Pedroso.

Não sei quem é o autor.

Quinto andar

À semelhança do piso anterior, este também se encontrava dividido nas duas áreas distintas mencionadas. No entanto, os serviços internos do banco que funcionavam neste piso eram os de relacionamento e inutilização de notas, conservação do edifício e os serviços de assistência social.

Pastrana?

Sexto andar

Este piso era composto por um volume recuado sobre a frente da Avenida da República e que continha a zona de receção da administração, com vestíbulo, salão e sala de jantar. Neste também se situava a cozinha e os seus anexos de apoio. Este piso possuía, num dos seus frontispícios, um vasto terraço com vista nordeste da cidade.

A descrição dos interiores da filial do BNU em Lourenço Marques revela uma tendência que na década de 1960-70 era observada pelos responsáveis do banco: a de enriquecer e decorar os edifícios do banco com exemplares de arte moderna, ao mesmo tempo que mantinham presentes decorações alusivas ao período dos Descobrimentos quinhentistas, como era o caso do mencionado painel das tapeçarias de Pastrana. Esta opção ia de encontro com o desígnios e a função mercantil, ultramarina que serviu de motor fundador do banco e que se manteve durante a sua existência, como principal e único banco emissor para as então colónias portuguesas.

Existiam outros exemplares de obras de arte presentes na decoração do edifício da filial e da autoria de outros artistas. No exterior da entrada principal, encontrava-se um painel com 8×5 m em cerâmica policromada em baixo-relevo, da autoria de Querubim Lapa (Pintor e ceramista português (1925-). Outros artistas expostos nas paredes e salas da filial foram: Rolando Sá Nogueira, João Ayres, Dana Michahelles (Pintora italiana (1933-2002), Araújo Soares (Autor de pintura a óleo sobre folha de ouro de 3×2 m, que ficou exposta na biblioteca da direção), João Paulo, José Pádua, entre outros.

De salientar, como atrás se referiu, que a quase totalidade destes artistas foram selecionados, tendo em consideração o facto de estarem sediados em Lourenço Marques – apesar de serem quase todos de origem europeia. Esta evidência traduz também a forma como o discurso oficial do regime se contradizia face à vivência quotidiana na sociedade colonial de Moçambique, onde a realidade étnica e das oportunidades concedidas, a maioria das vezes, não era em conformidade com o lema da “nação una e indivisível”.

Este edifício da filial de Lourenço Marques foi inaugurado no dia 25 de julho de 1964. A cerimónia de inauguração contou com a presença de Francisco Vieira Machado, governador do BNU, do almirante Américo Tomás, Presidente da República, do comandante Peixoto Correia, ministro do Ultramar, do general Costa e Almeida, governador-geral de Moçambique, e de D. Custódio Alvim Pereira, arcebispo de Lourenço Marques, entre outros convidados representantes da sociedade civil, militar, eclesiástica e empresarial de Moçambique colonial de então – o que atestava a importância desta efemeridade para a economia local.

Na altura da inauguração, trabalhavam na filial do BNU em Lourenço Marques 466 funcionários.

Este edifício foi o último no qual o BNU centralizou os seus serviços na cidade de Lourenço Marques. Os Acordos de Lusaka, assinados no dia 7 de setembro de 1974, entre Portugal e o movimento de libertação de Moçambique,  FRELIMO, determinaram a independência de Moçambique a ocorrer a 25 de junho de 1975. Estes Acordos estabeleciam também a criação de um banco central para o novo país, para o qual foram transferidos os ativos e passivos do departamento moçambicano do BNU. O edifício da filial do BNU em Lourenço Marques também foi transferido e passou a ser a sede do Banco de Moçambique – o novo banco central para Moçambique. O nome da capital moçambicana também foi mudado e passou a denominar-se Maputo, a partir do dia 13 de março de 1976.”

Em meados da década de 2010, o Banco de Moçambique, o sucedâneo do BNU em Moçambique, construiu o que foi descrito como o sua nova sede, construindo um edifício que ocupou o terreno onde estava implantada a Casa Coimbra, que foi demolida, e o terreno que se situa nas esquinas da Avenida da República , Av Dom Luis e Praça 7 de Março (hoje 25 de Setembro com Marechal Samora e Praça 25 de Junho). Não conheço os interiores, apenas que terá custado uma obscenidade e que, entre outras preciosidades como um enorme estacionamento privado, tem um heliporto no telhado.

22/07/2018

NUM PASSEIO NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ABRIL DE 1971

Grato ao PPT e ao AHM.

 

Vista de um passeio na Baixa de Lourenço Marques, na Avenida da República, quase em frente ao BNU, 11 de Abril de 1971.

08/10/2017

A AVENIDA DA REPÚBLICA EM LOURENÇO MARQUES, EM 1900, 1960, 1966 E 1972

Grato ao grande Magno Antunes e ao Fernando Pinho.

O interessante neste caso é que as quatro imagens foram tiradas praticamente do mesmo local e ângulo mas com um intervalo de cerca de 50 a 70 anos: da esquina da Praça onde fica situado o Bazar de Lourenço Marques, na direcção Nascente.

Se algum exmo. Leitor em Maputo fizer o favor de tirar e me enviar uma imagem do mesmo ângulo, mas actual, eu colocaria aqui, com agradecimentos profundos.

A então Avenida Dom Carlos em Lourenço Marques, cerca de 1900. Posteriormente re-baptizada como Avenida da República e actualmente Avenida 25 de Setembro. Foto de Joseph e Maurice Lazarus, os lendários retratistas da Cidade. Reparem no edifício à direita, mais tarde a Casa Bayly.

 

A Avenida da República, cerca de 1960. À direita, o mesmo edifício, nesta altura a Casa Bayly. Mais abaixo, a Casa Coimbra. Cerca de dez anos mais tarde, o edifício da Casa Bayly foi demolido e ali foi edificado o Hotel Turismo, um investimento de um dos membros da Família Abreu (que também detinham o Hotel Tivoli). Este hotel ainda existe e opera como tal.

 

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O mesmo local na segunda metade dos anos 60, em que já se vê edificado o edifício do Banco Nacional Ultramarino.

 

1972. Na esquina, agora um arranha-céus, o Hotel Turismo.

05/05/2013

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Fotografia da colecção de Jorge Henriques Borges, restaurada.

 

A Avenida da República em Lourenço Marques, anos 1960. Em vermelho, um machimbombo.

A Avenida da República em Lourenço Marques, anos 1960. Em vermelho, um machimbombo. À esquerda, anúncios da Casa Coimbra, BNU, Hotel Turismo e Casa da Sorte.

22/06/2012

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

A Baixa de Lourenço Marques, anos 1960. No topo a Fazenda. À direita, pode-se ver parte da Fortaleza. Em primeiro plano a sede do BNU e ao lado a Casa Coimbra. Mais acima a esquina entre as Avenidas da República (agora 25 de Setembro) e Dom Luiz (agora Samora Machel).

31/03/2012

A AVENIDA DA REPÚBLICA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1950

A baixa de Lourenço Marques nos finais dos anos 1950. Na Avenida da República (hoje 25 de Setembro), em primeiro plano à esquerda a Casa Coimbra, que acabou de ser demolida para a implantação de novos edifícios afectos ao Banco Central, cuja sede é a anterior sede em Lourenço Marques do BNU. Mais à frente, o Bazar. Em frente à Casa Coimbra, a loja de Martha de Cruz e Tavares.

22/03/2012

A AVENIDA DOM CARLOS EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

A Avenida Dom Carlos, depois Avenida da República, é actualmente a Avenida 25 de Setembro e considerada a artéria principal da capital de Moçambique.

A Avenida Dom Carlos no início do Século XX. Foto tirada mais ou menos em frente à esquina do quarteirão do Bazar, com vista para o lado nascente. Onde está o edifício à direita nos anos 1960 foi construído o Hotel Turismo e a seguir o BNU (agora a sede do Banco de Moçambique).

 

Outra imagem da Avenida Dom Carlos (na altura rei de Portugal). O edifício com o telhado muito inclinado é a primeira sede dos Correios de Lourenço Marques. Mais tarde foi demolido e no seu lugar construído o edifício, que ainda existe, dos Correios da cidade. À esquerda dessa edificação, onde estão as casas, foram construídos mais tarde o Cinema Scala e o Café Scala.

22/02/2012

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES NA AVENIDA DA REPÚBLICA, ANOS 1960

A Avenida da República, quarteirões entre o Hotel Tivoli e o Café Continental.

A Avenida da República, entre o Café Continental e a sede do BNU.

11/02/2012

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 1960

Fotografia do IICT, restaurada.

Vista aérea da baixa de Lourenço Marques, final dos anos 1960. A avenida que se pode ver é a Aveinda da República (actualmente Av. 25 de Setembro). Em primeiro plano pode-se ver o terreno onde de seguida foi edificado o Edifício dos 22 Andares, que em 1974 era o mais alto em qualquer território administrado por Portugal. A lista do que se pode ver aqui não termina quase: a Biblioteca Municipal (hoje Nacional), os Correios, Hotel Tivoli, etc etc.

26/12/2011

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES À NOITE, ANOS 1960

Filed under: LM Av. da República, LM Baixa, LM BNU, LM Casa Coimbra, LUGARES — ABM @ 22:54

Foto IICP, restaurada.

 

A Avenida da República (hoje 25 de Setembro), anos 1960.

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