THE DELAGOA BAY WORLD

24/09/2023

GUNGUNHANA EM LISBOA, JANEIRO DE 1896

Imagem retocada e colorida.

Algures em Lisboa, acabados de chegar de Lourenço Marques e enfrentando um inverno europeu pela primeira vez, Zichacha, Molungo, Godide e Gungunhana posam para uma fotografia, Janeiro de 1896. Até à decisão do seu envio para os Açores, a estadia em Lisboa foi um verdadeiro acto de circo, reforçando a ideia de que o país tinha de novo um império, desta vez maioritariamente africano. Fora da imagem, as nove mulhreres que com eles foram trazidas.

20/07/2018

OS EMISSÁRIOS DE GUNGUNHANA QUE VISITARAM O REINO UNIDO, JUNHO DE 1891

 

Os indunas ngunis Hulunmato, à esquerda, e Umfetintenl, à direita, enviados em Junho de 1891 por Gungunhana a Londres sob os auspícios da British South Africa Company (e acompanhados pelo infatigável Dennis Doyle) para piscar o olho ao governo britânico quanto à possibilidade de este, pela quarta vez no Séc XIX, contrariar a pretensão do governo de Portugal quanto ao seu domínio dos territórios situados na costa oriental de África a Sul do rio Save. A primeira aconteceu na década de 1820, a segunda foi a disputa que terminou com a decisão de Mac-Mahon em 1875 e a terceira foi o chamado Ultimato de Janeiro de 1890 (na sequência do escândalo do confisco da Concessão McMurdo e o incidente de Paiva de Andrada em Mashonaland). A missão em Londres, na sequência do Ultimato que teve como consequência a “perda” portuguesa do que são hoje o Zimbabué e parte da Zâmbia e assim o delírio do Mapa Cor de Rosa, fez parte de um esforço considerável de relações públicas por parte de um grupo de “coloniais” britânicos, liderado por Cecil Rhodes (de quem Boyle era um fiel empregado) mas também de apoios no terreno que incluíam entregas de armas e dinheiro aos Nguni. Só que, entre a forte influência diplomática portuguesa em Londres por via do Marquês de Soveral, o apoio dos boers das Repúblicas do Transvaal e Estado Livre de Orange e as acções da pindérica presença portuguesa no terreno, nem Gungunhana nem Rhodes sucederam em contrariar o entendimento luso-britânico, apesar de um conflito em crescendo que culminaria com as “campanhas de pacificação” iniciadas no final de 1894, no fiasco do “raid” de Jameson no Natal de 1895 (que coincidiu com o improvável aprisionamento de Gungunhana pelo até então obscuro major Mouzinho de Albuquerque) e, anos mais tarde, na Segunda Guerra Anglo-Boer. Nesta última, os interesses britânicos foram acautelados e as repúblicas boer foram eliminadas e incorporadas numa (mais tarde) União Sul-Africana britânica. Em Moçambique, inaugurou-se a fase das companhias majestáticas, que, de qualquer maneira, eram essencialmente britânicas. Mas a tal Gazaland, o Sul do que é hoje Moçambique, onde viriam a nascer Eduardo Mondlane, Samora Machel e Joaquim Chissano, e que incluia Lourenço Marques, permaneceu sob a bandeira portuguesa. Mais ou menos e até 1974. Poucos na altura entenderam que o prémio de consolação dado aos portugueses pelo fim do projecto do Mapa Cor de Rosa foi o “abandono” de Gungunhana. Quanto a Hulunmato e Umfetintenl, regressaram de Londres com umas prendinhas da Rainha Vitória na bagagem.

 

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