Imagem retocada.
Dom Luis Filipe de Bragança, o filho mais velho dos reis D. Carlos e D. Amélia. A Beira, então um ponto irrelevante mas estratégico na pantanosa e insalubre margem Norte do Rio Pungué, ficou destinada a ser o futuro ponto de acesso pelo mar para o centro da nascente colónia e para o então território da British South Africa Company de Cecil Rhodes, a Rhodésia. Em breve, teria um porto e uma linha férrea para o interior.
Na fase inicial da Beira como povoado. Uma espelunca, tal, aliás, como Lourenço Marques, Inhambane, Tete, Porto Amélia e restantes Vilas e povoados, com a única excepção da pequena Ilha de Moçambique, mais a Norte. O que veio a ser Moçambique era então um imenso mato, ocupado por tribos que falavam línguas diferentes e a maioria das quais nem sabiam umas das outras e se guerreavam alegremente, com meia dúzia de intrépidos portugueses no meio. A consciência de “nação moçambicana”, uma importação europeia, levaria umas décadas a aparecer e mesmo assim apenas na classe mulata em e nos arredores de Lourenço Marques. Na inenarrável iniciativa de sub-aluguer de partes da então colónia a um punhado de “investidores estrangeiros” – ingleses, franceses, belgas e americanos- à Beira saiu-lhe na rifa passar a ser a sede da Companhia de Moçambique. Uma companhia majestática, com poderes do Estado delegados e licença para explorar tudo e todos. No fim, fez pouco porque não tinha dinheiro.
A implantação da linha de caminho de ferro para a Rhodésia do Sul. Para a Beira e o seu porto, era o “outro” negócio para além da Companhia de Moçambique. Na Cidade, os principais negócios eram ingleses e sul-africanos e mais depressa se falava inglês que português.
Como uma curiosidade, Luis Filipe de Bragança, a pessoa em honra de quem se deu o nome da Beira, visitou o local em 1907 (aqui vê-se a carruagem na qual deu uma voltinha pela então Vila), trazendo na sua bagagem a proclamação do Rei a elevar a Beira a Cidade. Um gesto simpático, se um pouco ousado.
Cerca das 10:45 horas de um sábado, dia 25 de Janeiro de 1936, o primeiro de oito aviões do "Cruzeiro às Colónias" (que fez a volta Lisboa-Lourenço Marques-Lisboa) aterrou no campo de futebol do Sport Lisboa e Beira. Os aviões vinham de Tete. Em terra, com os seus capacetes coloniais, os beirenses de então acenavam.
Tudo indica que o primeiro avião aterrou na Beira na manhã do dia 25 de Janeiro de 1936. Fazia parte de um conjunto de pilotos portugueses e as suas máquinas (eram 8) que, provavelmente como parte da imagem que o então regime queria realçar do “Portugal pluricontinetal”, fizeram o que ficou conhecido como o “Cruzeiro das Colónias”.
Nesta viagem, saíram 8 aviões de Lisboa (aeródromo da Amadora) no dia 14 de Dezembro de 1935 e chegaram a Lourenço Marques a 29 de Janeiro de 1936. Já no regresso só saíram três dos oito aviões (o resto voltou de barco, no Paquete Colonial), tendo estes chegado a Lisboa no dia 8 de Abril de 1936.
A seguir, alguma documentação e fotografias alusivas à epopeia aérea e a paragem na Beira.
Para facilitar um pouco as coisas à equipa de pilotos que voou para Moçambique, Salazar fez aprovar este decreto, garantindo algum apoio logístico, não fossem os mesmos "afogados" em detalhes administrativos na sua passagem pelos então territórios sob administração portuguesa.
A Gazeta dos Caminhos de Ferro de 1 de Fevereiro de 1936, dando conta do percurso do "Cruzeiro às Colónias", página 1 de 2.
Duas semanas depois, a Gazeta dos Caminhos de Ferro (16 de Fevereiro de 1936) relata a partida de três dos originais oito pilotos de Lourenço Marques, na direcção de Lisboa.
25 de Janeiro de 1936: um dos aviões sobrevoando o campo de futebol do Sport Lisboa e Beira, antes de aterrar, a população da cidade na rua para ver o espectáculo.
O avião levando o Major Pinto da Cunha aterrando na Beira. Dos oito aviões, não sei exactamente qual foi o primeiro a aterrar na Beira.
Os aviões em terra (5). O Coronel Cifka Duarte examina os aparelhos. Para os Beirenses, o cenário era insólito.
Já no regresso de Lourenço Marques para Lisboa, um dos aviões é obrigado a voltar à Beira, quando já ia na direcção de Tete.
À chegada a Lisboa dos três pilotos (mais um suplente), concluindo o "Cruzeiro Aéreo às Colónias", dia 8 de Abril de 1936. Na imagem estão o Ministro da Guerra, O Governador Militar de Lisboa e Inspector-Geral da Aeronática, junto dos aviadores que fizeram a viagem de regresso, logo após a sua aterragem: Major Sérgio da Silva, Major Pinho da Cunha, Capitão Moreira Cardoso e Coronel Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa.
Fotografia do IICT, restaurada.
Preciso de uma ajudinha dos nossos “experts” para identificar esta imagem…
Fotografia gentilmente cedida pela Sandra Fernandes, que cresceu com a família na Beira.
Dia de festa na casa da Sandra e da Lita, no dia do 4º aniversário da Lita. Na mesa, Fantas, Coca-Colas, Capilé, uma garrafa de 2M e o que parece uma garrafa de vinho do porto - e comida que não acaba. A família presente em peso. Da esquerda: em cima a Guida grande, em frente a ela a Lena, em baixo a seguir a Isabelinha, depois mais acima a Margarida Alves, a mãe Lili, pai Jorge, que tem o braço em cima do Pedro, que tem à frente a Lita (menina dos anos) e a Sandra, o João Pinhão, que tem à frente a Avó Conceição, a seguir o Zé Manel e por fim o avô Pinhão.
Foto gentilmente cedida pela Sandra Fernandes, que cresceu na cidade da Beira.