THE DELAGOA BAY WORLD

27/02/2021

CARRUAGENS DA TRANS-ZAMBÉZIA RAILWAY, 1934

Imagens retocadas.

Pensava-se que o acesso, pelos futuros colonos europeus, ao interior do território africano na parte central-norte do que são hoje Moçambique e o Malawi (na altura designado Niasalândia) se faria pelo majestoso mas caprichoso Rio Zambeze. A primeira pessoa a subir o Zambeze foi o Reverendo e explorador David Livingstone, em 1859, usando a sua barcaça Ma Robert. Patrocinado pela influente Igreja da Escócia, que decidiu cristianizar e “civilizar” a zona que agora é o Malawi (e que posteriormente “forçou” o governo britânico a encostar à parede os portugueses, que reclamavam o território para Moçambique, uma das causas imediatas do Ultimato de Janeiro de 1890) cedo os escoceses patrocinaram a criação da African Lakes Corporation (ALC) para providenciar o transporte entre o Chinde, local onde os britânicos extraíram uma concessão em 1891, e a sua colónia da Niasalândia. Por sua vez, os navios da Union Castle incluiram o Chinde nas suas rotas, transportando para ali e dali carga e passageiros.

Mas desde logo todos se aperceberam que a navegabilidade do Zambeze era atribulada, não só pela considerável variabilidade do seu caudal, mas também porque havia uma zona do rio, com 50 kms, montanhosa e com desníveis significativos.

Entretanto no final do Século XIX e início do século 20, a Cidade da Beira surgiu e desenvolveu-se como um importante porto: era muito superior ao Chinde, que entretanto foi severamente danificado por um ciclone em 1922. A inicial Trans-Zambézia Tailways (TZR), construída entre 1919 e 1922, percorria os 267 quilómetros desde a margem sul do Rio Zambeze até juntar-se à linha principal que ia desde a Beira até à Rodésia do Sul. Os seus promotores tinham interesses no porto da Beira e ignoraram o seu elevado custo e o benefício limitado para a Niassalândia ou a possibilidade de uma rota alternativa mais curta para o pequeno porto de Quelimane. O transporte fluvial no Zambeze estava praticamente extinto após 1935. O único tráfego registrado no Rio Shire dentro da Niassalândia foi um serviço sazonal executado pela Shire Highlands Railway para a recolha de algodão e outros produtos entre Chiromo e Chikwawa.

A TZR foi posteriormente adquirida pelos Caminhos de Ferro de Moçambique e é hoje, mais ou menos, a Linha de Sena.

 

Exterior das carruagens da TZR.

 

Interior da carruagem restaurante.

 

Fontes:

https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_rail_transport_in_Malawi

https://www.jstor.org/stable/29779024?seq=1

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