THE DELAGOA BAY WORLD

29/04/2021

A CAIS GORJÃO EM LOURENÇO MARQUES, 1927

Imagem retocada e colorida.

O Cais Gorjão em Lourenço Marques, 13 de Abril de 1927. Neste caso, os passageiros que prosseguem para a União Sul-Africana e que não permaneciam em Lourenço Marques, podiam desembarcar e entrar para as carruagens da South African Railways (SAR(SAS), estacionadas em frente ao navio, de onde viajavam directamente para a União. Foto de Ignácio Piedade Pó, empregado dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques e uma lenda da fotografia de Moçambique da era.

17/04/2021

FRANCISCO PINTO TEIXEIRA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1920

Imagem retocada, dos arquivos de Alfredo Pereira de Lima.

A partir de um texto na Wikipédia:

Francisco dos Santos Pinto Teixeira (Lisboa, 18 de outubro de 1887 — Lisboa, 10 de maio de 1983), conhecido por Francisco Pinto Teixeira ou Pinto Teixeira, foi um engenheiro militar do Exército Português, político e empresário que se distinguiu na administração colonial de Moçambique.

Oficial da arma de Engenharia do Exército Português, onde alcançou o posto de major, prestou serviço em várias escolas de oficiais, em França, e no Sul de Angola, onde realizou vários estudos sobre os problemas ferroviários e portuários da região Sul naquela província, que foram aproveitados nas resoluções relativas aos caminhos de ferro, para um Plano de Fomento.

Fixou-se em Lourenço Marques, cidade onde desempenhou as funções de Secretário Provincial de Moçambique e Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques.

Como Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques notabilizou-se por ter contribuído, durante o seu mandato, para o desenvolvimento daquela cidade, tendo, entre outras acções, instituído um novo sistema de transporte público, construído o novo edifício da Câmara Municipal e o matadouro, melhorado o saneamento público e os serviços de fornecimento de água e electricidade, e criado vários bairros para os indígenas.

Assumiu, igualmente, a função de director nos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique, órgão que criou, conseguindo unificar a administração daquelas entidades. Foi ainda director da Administração Geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.

Nos Caminhos de Ferro de Moçambique, ficou conhecido por ter evitado, através da reorganização das operações desta empresa, vários despedimentos durante a crise económica resultante da Segunda Guerra Mundial, protegido os funcionários contra uma redução geral de vencimentos em 1933, iniciado, em Maio de 1935, a construção da Linha do Limpopo, defendido a passagem da Beira Railways para a gestão do estado, e promovido o desenvolvimento das operações ferroviárias na Beira.

Ficou, igualmente, conhecido por ter fundado a DETA (Divisão de Exploração de Transportes Aéreos), antecessora das Linhas Aéreas de Moçambique.

Tornou-se, a 15 de Outubro de 1952, inspector superior do Fomento de Ultramar. Em 1966, já se encontrava aposentado.

10/04/2021

A BILHETEIRA NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LOURENÇO MARQUES, 1962

Imagem retocada.

A bilheteira da Estação dos CFLM, 1962.

07/10/2020

LOCOMOTIVA EM LOURENÇO MARQUES, 1967

Imagem retocada.

Uma locomotiva dos Caminhos de Ferro de Moçambique deixa a estação ferroviária de Lourenço Marques, 1967.

O CAIS GORJÃO, DÉCADA DE 1920

Imagens retocadas.

O porto e a linha de caminho de ferro foram a razão de ser comercial de Lourenço Marques a partir da segunda metade do Século XIX.

O porto de passageiros, mais ou menos em frente à Praça 7 de Março (hoje, 25 de Junho).
O Cais Jordão, concluído cerca de 1903 sobre a Baía e situado na ponta de um enorme aterro feito a partir da praia situada mesmo atrás da Rua Araújo (hoje do Bagamoio) e que passou a permitir o acostamento dos navios directamente, facilitando o embarque e desembarque de passageiros e carga e com ligação directa às linhas de caminho de ferro. Foi uma revolução.
O cais, visto do Capitania Building, mesmo em frente à Praça 7 de Março (hoje, 25 de Junho). Tudo o que se vê daqui foi aterrado, originalmente a praia ficava situada onde estão as árvores à direita em baixo. À esquerda, o relógio eléctrico com a hora oficial, dirigido directamente a partir do Observatório Campos Rodrigues, junto ao Hotel Polana, por um cabo eléctrico.
Aspecto do Cais Gorjão, vendo-se um vaso de guerra atracado..
Mesmo a Poente do Caís Gorjão, fica situada a estação e o complexo ferroviário a que estava directamente ligado pelo espaço à direita, aqui já com a nova gare, concluído cerca de 1917.

 

03/10/2020

DUAS LOCOMOTIVAS DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE NA SUAZILÂNDIA, 1970

Imagem retocada.

Sidvokodvo é uma cidadezinha no centro de Eswatini (o novo nome da Suazilândia) situada ao sul de Manzini. Para o visitante, o local digamos que é pouco atraente. Em tempos, era a base que abrigava os equipamentos ferroviários do pequeno reino suázi. Mas a tracção a vapor foi abandonada há muito tempo. A área da estação está agora totalmente vedada e é utilizada para a reparação de carruagens.

Duas locomotivas dos Caminhos de Ferro de Moçambique saem de Sidvokodvo, na Suazilândia, puxando uma longa linha de vagões de carga, 1970. A primeira locomotiva, CFM 251, foi construída pela Henschel & Sohn.

LOCOMOTIVA DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE NO LUMBO, 1969

Imagem retocada.

 

A locomotiva Nº814 dos Caminhos de Ferro de Moçambique, uma  Henschel 19909-1925, no Lumbo, perto da Ilha de Moçambique, na  linha Nacala-Nampula, 1969.

19/09/2020

LOCOMOTIVA DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE EM KOMATIPOORT, 1969

Imagem retocada.

 

A locomotiva Nº200 dos Caminhos de Ferro de Moçambique passa no Vale do Crocodile River perto da fronteira sul-africana de Komatipoort, 1969. Foi a primeira locomotiva deste tipo construída nos Estados Unidos da América pela Baldwin.

LOCOMOTIVA 704 DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE NA MACHAVA, 1967

Imagem retocada.

 

Locomotiva Nº704 dos Caminhos de Ferro de Moçambique puxa vagões de carga perto da Machava, Julho de 1967. Foi construída pela empresa canadiana Montreal Locomotive Works.

11/09/2020

LOCOMOTIVA Nº6 DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE, 1969

Imagem retocada.

 

A locomotiva Nº6 dos Caminhos de Ferro de Moçambique, que usava madeira, em Inhambane, 1969. Originalmente construída pela St. Leonard em Liége, França.

19/07/2020

125 ANOS DE CAMINHOS DE FERRO EM MOÇAMBIQUE

Imagem retocada.

Assinalo o 125º aniversário da viagem inaugural, por via férrea, entre Lourenço Marques e Pretória, ocorrida na segunda feira, dia 8 de Julho de 1895, considerado o início do que veio a ser uma organização quase dominante em Moçambique. Na altura Lourenço Marques-Pretória (e Joanesburgo) era considerada a ligação ferroviária mais estratégica e valiosa no mundo e uma verdadeira dor de cabeça para a diplomacia britânica, empenhada há décadas a tentar isolar o Transvaal de um acesso directo aos oceanos, o que incluiu de tudo um pouco, nomeadamente a reiterada tentativa de (literalmente) comprar Lourenço Marques e ficar com o Sul do que é hoje Moçambique. Se Moçambique tem hoje um Sul, deve-o em boa parte às circunstâncias de que resultou a atribulada criação deste troço. Contra tudo e todos, se em tanta coisa mais cederam, os portugueses de então simplesmente nunca cederam neste aspecto.

Seria no entanto parcial, e porventura indecente, não mencionar que, por volta da mesma altura, por imposição britânica e de Cecil Rhodes (que essencialmente eram quase a mesma coisa) se construiu uma linha de caminho de ferro entre a Beira e a Rodésia, mais curta mas se calhar mais complicada, agravado pelo factor “o barato sai caro”, pois primeiro fizeram uma linha de bitola pequena e imediatamente após a conclusão tiveram que alargar a bitola e assim refazer tudo.

 

A locomotiva dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques (CFLM) que transportou o Presidente Paulus Johannes Kruger (do Transvaal, nome formal República Sul-Africana) na viagem oficial de inauguração da linha ferroviária entre Lourenço Marques e Pretória.

21/04/2020

COMBOIO PARTE DE LOURENÇO MARQUES PARA O TRANSVAAL, 1945

Imagem retocada.

 

O comboio dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, movido pela locomotiva Baldwin 4-6-2 Nº 304 parte da estação de Lourenço Marques, a caminho do Transvaal.

11/04/2020

A FACHADA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LOURENÇO MARQUES

Imagem com vénia a Kai Henrik Barth, a versão no topo retocada, para celebrar a Páscoa em casa por causa da Pandemia, a outra a original.

A fachada da Estação Ferroviária dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques tal como a conhecemos, só passou a ser parte da arquitectura de Lourenço Marques em 1916, vários anos após a inauguração de uma versão mais elementar, em Março de 1910.

Parte da fachada, versão Páscoa ABM Pandemia 2020….

 

A imagem ao natural, a preto e branco.

18/09/2018

A PRIMEIRA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LOURENÇO MARQUES, FINAL DO SÉC.XIX

 

A estação provisória.

VAGÃO DOS CAMINHOS DE FERRO DE LOURENÇO MARQUES, FINAL DO SÉC. XIX

Para o eventual apreciador de coisas de comboios….

Vagão de mercadorias dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, final do Séc.XIX

14/09/2018

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LOURENÇO MARQUES E UM MACHIMBOMBO, 1961

 

A estação, 1961.

 

Idem.

10/07/2018

TRÊS LOCOMOTIVAS DOS CAMINHOS DE FERRO DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

 

A locomotiva Nº82.

 

Locomotiva nos estaleiros em Lourenço Marques.

 

Locomotiva pronta a viajar.

21/03/2018

A LINHA FÉRREA ENTRE LOURENÇO MARQUES E O TRANSVAAL, 1899

Imagem copiada do fascinante, hilariante e inenarrável, se patético, livro “The Key to South Africa: Delagoa Bay”, da autoria de Montague George Jessett, 1899. Ainda assim, e apesar da dedicatória cantante ao magnata Cecil Rhodes logo à entrada, vale a pena ler, para entender algum do pensamento imperial britânico em relação aos portugueses e ao Sul de Moçambique. Na altura em que foi publicado, a Grã-Bretanha preparava-se para mais uma vez atacar as repúblicas Boer (Transvaal e Estado Livre de Orange) e a turma de Rhodes instigava a anexação do que é hoje o Sul de Moçambique, baseado em dois factores: 1) que o porto de Lourenço Marques era mesmo muito muito bom para fazer parte da colónia sul-africana, e 2) que os portugueses enfim, digamos que não estavam à altura do desafio e que só davam chatices e que nem sequer conseguiam nem desenvolver a sua colónia nem controlar os seus nativos. Ah ah ah. Se calhar tinham razão.

 

Desenho esquemático feito pelo Sr. Montague, indicando o percurso da linha férrea entre Lourenço Marques e o Transvaal, que 1899 ainda era um país independente.

21/01/2018

A ALTITUDE DO TRAÇADO DA LINHA DE CAMINHO DE FERRO ENTRE LOURENÇO MARQUES E PRETÓRIA

 

Este gráfico ilustra as diferentes altitudes relacionadas com o traçado da linha de caminho de ferro que passou a ligar Lourenço Marques a Pretória e que varia entre os 5 metros acima do nível do mar, e quase 2000 metros, na zona de Belfast, no então Transvaal.

 

A linha de caminho ferro vai subindo de 5 metros em Lourenço Marques, até 668 metros em Nelspruit, 1563 metros em Machadodorp e finalmente 1351 metros de altitude em Pretória.

14/09/2017

A ESTAÇÃO DOS CAMINHOS DE FERRO DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 20

 

A fachada da estação ferroviária de Lourenço Marques. Ao fundo do lado direito pode-se observar a fachada da fábrica Victoria Cold & Storage, de Cretikos.

O ENG. ANTÓNIO DUQUE MARTINHO, 1915-1991 – UM ESBOÇO BIOGRÁFICO

Eternamente grato ao Francisco Duque Martinho, filho do Eng. Duque Martinho, que correspondeu ao meu pedido insistente de um esboço biográfico do seu Pai. Que se segue.

António Duque Martinho – Engenheiro Civil (1915-1991)

Por dois motivos acedo com enorme prazer ao pedido do António Botelho de Melo para elaborar um esboço biográfico do meu Pai, com vista à inclusão no The Delagoa Bay World: o primeiro, porque se trata do meu Pai, de quem muito me orgulho; o segundo, porque considero que da sua vida profissional ao longo de mais de 40 anos resultou importante obra feita, principalmente nas ex Províncias Ultramarinas. Escassa informação existe sobre os Homens que no Ultramar planearam, dirigiram e executaram, muitas vezes em condições que nos nossos dias seriam inaceitáveis, Obras de grande envergadura que deveriam ser motivo de orgulho para o País. Esta lacuna já não vamos a tempo de sanar – o Ultramar é para apagar da memória !

Quanto a este esboço, optei fazê-lo de uma forma “menos formal”, com alguma História através de fotos e documentos.

Posto isto, o Eng.º Duque Martinho nasceu em Torres Novas em 12 de Maio de 1915 e terminada a Escola Primária, foi para Coimbra fazer o Liceu e os Preparatórios de Engenharia (assim chamados os três primeiros anos do Curso) na Universidade da cidade.

Álbum da queima das Fitas em Coimbra, 1935.

Interessante, para quem andou no Liceu Salazar em Lourenço Marques, é que a caricatura foi feita pelo Professor e Reitor Rui Gouveia, amigo desses tempos.

Álbum da Queima das Fitas em Coimbra, 1935: a página com os versos dedicados a Duque Martinho, feitos por um colega.

Os últimos três anos da licenciatura em Engenharia Civil foram feitos na Universidade do Porto, terminando o curso com a média final de 15 valores, em 1938.

Bilhete de identidade de Duque Martinho da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

A foto seguinte é do novo Edifício da Faculdade de Engenharia, inaugurado em 1937, um ano antes de ter terminado a licenciatura.

Imagem da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

A sua vida profissional iniciou-se em 18-2-1939, por contrato celebrado na “Direcção de Estradas do Distrito de Coimbra da Junta Autónoma de Estradas (JAE), para desempenhar as funções de engenheiro civil na Direcção dos Serviços de Melhoramentos Rurais da JAE.”

Foi publicado no “Diário do Governo de 11 de Abril de 1940, Ministério das Obras Públicas e Comunicações – Junta Autónoma de Estradas (Quadro eventual dos Serviços de Melhoramentos Rurais – Contrato visado em 15 de Março como engenheiro civil de 3ª classe).”

Nesta fase, pelo que percebo da maioria das fotos que tenho e que publico, o seu trabalho incidiu fundamentalmente na construção, manutenção e melhoramento de pontes.

Ponte sobre o Rio Coa, anos 40 (Eng.º Duque Martinho à esquerda).

 

Ponte sobre o Rio Tâmega, anos 40.

Tendo resolvido ir trabalhar para Moçambique, celebrou contrato no Ministério do Ultramar em 30-7-1945, “sendo admitido para prestação de serviço no Quadro Comum do Império, no cargo de Chefe de Brigada do quadro permanente da D.E.C. (Divisão de Estudos e Construção) dos Caminhos de Ferro de Moçambique; apresentou-se e tomou posse na Direcção dos Serviços (DS) em 27-11-45 vindo da Metrópole.”

Certificado de Naptuno, obtido no paquete Quanza, 1945.

Viajou no Paquete Quanza de Lisboa para Lourenço Marques e a 11 de Novembro de 45 atravessou pela primeira vez, devidamente autorizado pelo Deus do mar Neptuno, a linha do Equador.

Em 2-1-46 na Direcção dos Serviços dos CFM em LM, foi-lhe “passada guia para o Norte, indo Chefiar a Brigada de Construção de Nacala.”

Zorra na linha do Caminho de Ferro de Nacala (Eng.º Duque Martinho à esq.).

 

Acampamento da Brigada de Construção de Nacala – pormenor do chuveiro na “casa de banho” no lado direito.

 

Em 13-8-47 foi colocado como Chefe de Brigada de Estudos do Caminho de Ferro de Lourenço Marques à Beira, passando a ter base em Lourenço Marques.

Em 29-12-51 foi promovido a engenheiro de 2ª classe do Quadro Comum, sendo nomeado engenheiro Chefe de Brigada de Estudos e Construção.

Estas duas Brigadas foram as que precederam, executando os estudos e os reconhecimentos necessários para o assentamento da via férrea (322 kms do Guijá à fronteira com a Rodésia do Sul, actualmente o Zimbabué, na Malvérnia), execução de terraplanagens, obras de arte, estações e casas para o pessoal, tomas de água, determinação do pessoal (cerca de 500 europeus e 5.000 indígenas), viaturas e equipamentos necessários, planeamento de toda a logística, etc, a Brigada do Caminho de Ferro do Limpopo, então constituída e que passou a Chefiar por nomeação de 13-5-52.

Em 5-7-52 foi promovido a engenheiro de 1ª classe do Quadro Comum dos Engenheiros dos Serviços de Portos, Caminhos de Ferro e Transportes do Ultramar, mantendo a mesma colocação.

Engenheiros da Brigada do Caminho de Ferro do Limpopo (Eng.º Duque Martinho e eu ao centro), no Mapai ou em Chicualacuala.

 

Local do Rio Limpopo onde foi construída a ponte para travessia da linha de caminho de ferro.

Em resultado da construção da linha de caminho de ferro do Limpopo ter “constituído um assinalado êxito”, antecipando o prazo previsto de construção e se ter ficado aquém do orçamentado, foi convidado pelo Ministro do Ultramar, Almirante Sarmento Rodrigues, para fazer em Angola um estudo de viabilidade da construção de uma linha ferroviária entre a Baía dos Tigres e a fronteira com a então Rodésia do Norte (actual Zâmbia), na extensão de mais de mil kms.

Assim, em 19-7-54 seguiu para “Angola em Comissão de Serviço, conforme telegrama do Ministério do Ultramar, sendo que em “25-7-1954 tomou posse em Luanda do cargo de Engenheiro Chefe da Brigada de Estudos do Caminho de Ferro da Baía dos Tigres.”

Passagem do rio Lucala entre Luanda e Sá da Bandeira.

 

Indígenas no Vale do Cubango.

 

Eng.º Duque Martinho, à direita, perto do Handabo.

Terminado o objecto da Brigada e entregue o relatório dos trabalhos, em “21-3-1956 foi nomeado interinamente Engenheiro Director da Exploração do Porto e Caminho de Ferro de Luanda, tendo tomado posse em 2-7-1956”, sendo que em “10-9-1957 foi promovido a Engenheiro Chefe do Quadro Comum, mantendo a mesma colocação.”

Nestas funções dirigia o porto de Luanda, o Caminho de Ferro entre Luanda e Malange, ramais de bitola estreita ao longo da linha e transportes terrestres dos Caminhos de Ferro.

Edifício (novo na altura – 1958) à entrada do porto de Luanda onde estavam instalados os escritórios dos Caminhos de Ferro de Angola.

 

Pedras Negras de Pungo Andongo, são umas estranhas formações rochosas que se situam perto da linha de caminho de ferro de Malange; segundo a tradição, as pegadas esculpidas na rocha são da Rainha Ginga, guerreira que se revoltou contra os portugueses cerca de 1660. O seu título real na língua “Quimbundo” – “Ngola” – deu origem ao nome Angola. 

A seu pedido, em “10-10-1960 foi transferido para lugar de idêntica categoria na Província de Moçambique”, assumindo em “27-3-1961 a chefia da Direcção de Exploração de Moçambique, em Nampula”.

As funções dos Directores de Exploração eram iguais nos caminhos de ferro do Ultramar. O Director de Exploração do Caminho de Ferro de Moçambique, com sede em Nampula, dirigia os caminhos de ferro com origem em Nacala e Lumbo com destino a Nova Freixo no Km 538 (actual Cuamba), e a ponte cais de Nacala. Nesta década a linha ferroviária atinge Vila Cabral a 800 Kms da costa e constroem-se os primeiros 430 metros do cais em Nacala.

Eng.º Duque Martinho acompanhando o Governador Geral de Moçambique, Almirante Sarmento Rodrigues, na visita à piscina do Ferroviário em Nampula.

 

Ponte cais de Nacala, anos 60.

 

Ponte cais de Nacala, anos 60.

Em 13-10-1962 foi colocado como Adjunto da Direcção dos Serviços, em Lourenço Marques, assumindo funções em 11-10-1962.

Notícia publicada no Boletim dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique de Outubro de 1962.

Em 15-6-1963 foi “nomeado interinamente Engenheiro Director do Quadro Comum dos Engenheiros dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes do Ultramar, ocupando o lugar de Sub-Director dos SPCFT; nomeação definitiva em 17-4-1964, por portaria Ministerial e publicação no Boletim Oficial de Moçambique de 26-9-1964.”

Os Engenheiros Directores eram o topo da carreira do Quadro Comum do Ultramar, podendo exercer as seguintes funções: Sub-Director de Serviços, Director de Serviços e Inspector Provincial; esta última função era exercida na Secretaria Provincial de Comunicações, no Governo Geral.

Bilhete de Identidade.

 

Notícia publicada no Boletim dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique de Outubro de 1964. 

 

Tomada de posse como Sub Director dos Serviços (Eng.º Duque Martinho 1º à direita), seguindo-se o Eng.º Brazão de Freitas, Secretário Provincial de Comunicações, Eng.º Fernando Seixas, Director dos Serviços dos CFM, um Eng.º dos CFM e Eng.º Francisco Pinto Teixeira, Inspector Superior aposentado, grande estratega dos caminhos de Ferro de Moçambique. 

Em 27-6-1966, “por portaria, transcrita no Boletim Oficial de 16-8-1966, foi nomeado Inspector Provincial dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique, tendo tomado posse em 28-8-1966.”

Capa de Passe Gracioso

 

Interior de Passe Gracioso.

Exerceu as funções de Presidente do Conselho Técnico de Obras Públicas de Moçambique durante os anos de 1967, 69 e 74 – não tenho dados entre 69 e 74, mas é possível que também tenha sido nesses anos.

A Presidência alternava entre os Inspectores Provinciais dos CFM e das Obras Públicas.

Chamado ao Governo Geral, foi convidado pelo então Governador Geral, General Costa e Almeida, para exercer as funções de Vice Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques (CMLM). Assim, em 23-2-1967 tomou posse do lugar para que tinha sido convidado.

Por inerência de funções passou a ser também Presidente da Comissão Administrativa dos Serviços Municipalizados de Água e Electricidade (SMAE).

Estas funções eram cumulativas com as de Inspector Provincial dos CFM; no que respeita a salários, recebia o dos CFM, recebendo da Câmara Municipal de Lourenço Marques apenas um valor simbólico aquando da presença ou presidência das sessões camarárias.

Notícia publicada no Boletim dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique de Fevereiro de 1967.

Foi nomeado para as funções de Vogal do Conselho Económico e Social, quadriénio 1968 – 1972.

Cartão de Vogal do Conselho Económico e Social.

 

Anotações no Cartão de Vogal do Conselho Económico e Social.

Em 1968, tendo o Presidente da CMLM, Humberto das Neves, terminado a sua comissão de serviço, dado que estava em curso a alteração do Estatuto da Cidade de Lourenço Marques, foi nomeado pelo Governador Geral para exercer interinamente também a função de Presidente da Câmara.

O Presidente da Câmara de Lourenço Marques e Vereação a aguardar a chegada do novo Governador Geral de Moçambique, Dr Baltazar Rebelo de Sousa.

 

Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques, o Eng.º Duque Martinho, entregando as chaves da Cidade de Lourenço Marques ao Governador Geral recém chegado, Dr. Rebelo de Sousa.

As funções na CMLM cessaram em Fevereiro de 1969, por posse dos novos Presidente e Vice Presidente da Câmara, respectivamente, Eng.º Emílio Mertens e Eng.º João Delgado.

Em 1970 foi nomeado pelo Secretário Provincial de Comunicações, Eng.º Vilar Queiroz, Presidente do Conselho Provincial de Transportes.

Passou à reforma em 1975 com a categoria de Engenheiro Director do Quadro Comum dos Engenheiros dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes do Ultramar, com a função de Inspector Provincial dos Serviços.

Para seu grande desgosto regressou à Metrópole quando se aposentou. Moçambique tinha sido a sua Terra de adopção.

Por Lourenço Marques ficaram centenas de livros (era um leitor compulsivo), doados uns à Biblioteca dos Caminhos de Ferro, outros à Associação dos Velhos Colonos.

As capas dos bilhetes de passagem aérea de Lourenço Marques para Lisboa que foram utilizados pelos meus Pais em Novembro ou Dezembro de 1975 – o dia não está legível no bilhete e eu não me lembro da data.

Em Portugal, passou a viver em Carcavelos, ao pé dos Maristas, numa casa arrendada.

Sei que, profissionalmente, fez parte do quadro técnico de duas empresas na Metrópole, empreiteiros de obras públicas, conforme documentos que deixou:

G. B. Buccellato Construtores Lda, não sei desde quando (provavelmente desde 1976), até Dezembro de 1979; esta empresa pertencia à Família Buccellato de LM;

ENGERAL – Engenheiros Construtores, Lda, de 1980 a 86.

Os empreiteiros de Obras Públicas para exercerem actividade necessitam de um alvará, o qual tem vários níveis que determinam o valor das obras a que podem concorrer.

O facto de terem nos seus quadros técnicos um Engenheiro com o seu curriculum profissional, permitia que pudessem concorrer a obras de grande envergadura – barragens, etc.

Pelo que sei, as empresas não tiveram grande actividade.

O meu Pai teve do primeiro casamento um filho (hoje Comandante de Mar e Guerra, reformado), e dois do segundo casamento, eu e uma irmã mais nova que morreu com meses no Guijá.

Morreu no dia 8 de Novembro de 1991.

 

(Francisco Duque Martinho, aos 13 de Setembro de 2017)

16/04/2014

COMBOIO A CARVÃO DOS CFM EM LOURENÇO MARQUES, 1967

 

Comboio a carvão num dos cais da estação ferroviária de Lourenço Marques, 1967.

Comboio a carvão num dos cais da estação ferroviária de Lourenço Marques, 1967.

09/10/2013

COMBOIO DOS CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Fotografia da Carla Botelho Pinhal, restaurada. O Sr. em frente ao comboio é o Pai dela, Armindo Pinhal

O Pai da Carla Pinhal em frente a uma máquina dos Caminhos de Ferro de Moçambique, anos 60.

O Armindo Pinhal, Pai da Carla Pinhal, em frente a uma máquina dos Caminhos de Ferro de Moçambique, anos 60. José Augusto Duarte, que viu esta fotografia, comentou: “para os que não viveram estes tempos, recordo que estes maquinistas dos CFM tinham uma ligação muito próxima com as gentes que viviam no interior. Era a eles que se recorria quando se precisava urgentemente de algum medicamento, alguma ferramenta menor ou eventualmente um dicionário, que só existiam nas cidades de onde os comboios vinham. Ali a palavra solariedade ainda tinha algum conteúdo.”

03/03/2013

COMBOIO A PREPARAR-SE PARA SAIR DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1940

 

A locomotiva a carvão está pronta para deixar Lourenço Marques, provavelmente para a África do Sul..

A locomotiva a carvão está pronta para deixar Lourenço Marques, provavelmente para um destino na África do Sul. Para ver esta fotografia, que restaurei,  em todo o seu esplendor, prima nela duas vezes com o ponteiro do seu computador.

07/10/2012

A VISITA DO PRESIDENTE HIGINO CRAVEIRO LOPES A MOÇAMBIQUE, 1956

Fotografias muito gentilmente enviadas por Paulo Azevedo e restauradas.

O Presidente português na altura era Francisco Higino Craveiro Lopes, casado com uma senhora de Lourenço Marques (D. Berta) e que participou na defesa de Moçambique contra os alemães da então África Oriental Alemã (a actual Tanzânia), com destaque para a zona junto da qual recentemente foram descobertos enormes jazigos de gás natural.

Na terminal do Aeroporto de Mavalane, aguarda-se a chegada da comitiva presidencial. Repare-se nos símbolos dos CFM no edifício.

O Presidente Craveiro Lopes à sua chegada a Moçambique, à esquerda na fotografia.

O Presidente e comitiva no outro lado da terminal do Aeroporto de Mavalane.

Locomotiva classe 300 dos Caminhos de Ferro de Moçambique que rebocou, na linha do Limpopo, a carruagem presidencial.

Francisco Duque Martinho, que viu estas fotografias, escreveu esta nota: “A título de curiosidade, identifico algumas pessoas nas fotos: na 5ª fotografia do lado direito (de quem olha para a foto) do Presidente está o Engº Trigo de Morais; na 9ª fotografia à esquerda do PCV está o Engº Pereira Leite, então Director dos CFM; na 10ª e última foto está do lado esquerdo o Engº Pereira Leite e do lado direito parece-me o Engº Stofell, na altura Director de Exploração dos Caminhos de Ferro da Beira. Já agora, a Brigada de Estudos, Reconhecimento e Contrução da Linha do Limpopo foi chefiada pelo meu Pai [Engº Duque Martinho]. Só a construção durou quase três anos. De acordo com documentos que tenho, a linha tinha 534 Kms até à fronteira em Pafuri e 565 na ex-Rodésia do Sul até Bulawayo. A Brigada de construção era constituída por 500 “europeus” e 5000 “indígenas”, tendo custado 860 mil contos.”

Presidente Craveiro Lopes e comitiva na ponte sobre a barragem do Limpopo. Segundo as minhas contas, nesta altura Samora Machel e a sua família residiam perto daqui.

Craveiro Lopes, momentos antes de entrar para o comboio com que foi inaugurada oficialmente a linha do Limpopo. Na imagem, Lord Malvern e o então Ministro do Ultramar.

Multidão que assistiu à chegada do comboio presidencial à Aldeia da Barragem, o ciclópico projecto social e agrícola do Eng. Trigo de Morais.

O comboio presidencial estacionado na Aldeia do Guijá.

Já na divisão da Beira, o Presidente recebe da parte do diretor dos C. F. M. explicações sobre os gráficos que lhe foram presentes.

O Presidente Craveiro Lopes verificando e solicitando esclarecimentos sobre os planos do Porto e Caminhos de Ferro da Beira.

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