THE DELAGOA BAY WORLD

05/12/2017

LUISA VILLARINHO PEREIRA LANÇA NOVO LIVRO SOBRE ROMÃO PEREIRA, FOTÓGRAFO PIONEIRO DE MOÇAMBIQUE

Filed under: Manoel Romão Pereira - fotógrafo — ABM @ 20:52

Quem está dentro do assunto, sabe que o fotógrafo português Manuel Joaquim Romão Pereira foi, efectivamente, um dos primeiros a retratar o que hoje é Moçambique, no período do início da então improvavelmente bem sucedida tentativa portuguesa de dominar aquele território africano.

Isto porque, na altura em que ele andou por lá a fotografar, praticamente, literalmente, não havia lá portugueses, tirando uma mão cheia deles na pequenina Ilha de Moçambique e outro punhado num local ignóbil e lamacento chamado Lourenço Marques. Os dois locais tinham telégrafo graças à Eastern Telegraph. O resto era mato puro, e gente indigente a viver em regimes tribais primitivos.

Fiel ao contrato assinado, Romão Pereira fotografou o que encontrou, e que merece ser visto, que mais não seja para referência. É uma espécie de Ground Zero visual da colonização que viria a seguir. As imagens serviram para dar alguma consistência a algo que a elite portuguesa dizia que lhe pertencia mas que basicamente desconhecia na totalidade.

Folheto alusivo ao lançamento do trabalho de Luisa Villarinho Pereira.

E Romão Pereira é um tema já anteriormente tratado por Luisa Villarinho Pereira. Que, em 2013, escreveu uma pequena mas interessante obra sobre o fotógrafo, a que se acrescenta esta.

Na cerimónia de lançamento a ocorrer no dia 11 de Dezembro, o Doutor Pedro Aboim Borges (mestre e doutor em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa) fará as exéquias sobre o mais recente trabalho de Luísa.

Na recensão da sua obra anterior, Fialho Novais disse isto sobre Romão Pereira:

Manoel Romão Pereira ganhou a vida como fotógrafo, num tempo em que a técnica fotográfica ia progredindo e crescendo. Foi ganhando fama como artista fotográfico, tendo algumas das suas fotos servido de base a gravuras, como era uso na época, em periódicos como o “Archivo Pittoresco, Semanário Ilustrado” e “O Occidente” . Fotografou as minas de S. Domingos, onde tinha estado seu pai. Esteve em Cabo Verde em 1877, onde foi amanuense, e, em 1881, portanto ainda antes de ter sido comissionado pelo governo português, encontra-se na Ilha de Moçambique. De acordo com a nomeação do ministro Ressano Garcia, Pereira, na altura já com 75 anos, “devia percorrer os territórios de Lourenço Marques, Inhambane, Gaza e Alto Zambeze, tirando photografias dos edifícios, monumentos, fazendas mais importantes, povoações, estações de caminhos de ferro, e bem assim dos typos das diferentes raças, régulos e indivíduos mais importantes de cada um dos paízes, e bem assim de todos os sítios, regiões ou accidentes naturais que mereçam ser reproduzidos.” E ele foi isso mesmo que fez, como documentam admiráveis fotos hoje guardadas em arquivos como o Arquivo Histórico Tropical do Instituto Nacional de Investigação Científica Tropical. Talvez ajudado pelo mérito desse trabalho, Manoel Pereira foi, em 1891, admitido na Sociedade de Geografia de Lisboa, sob proposta de Luciano Cordeiro e outros sócios. 

Na próxima Segunda-Feira, dia 11 de Dezembro de 2017, pelas 18:30 horas, em Lisboa, na Livraria Férin, Rua Nova do Almada, 72, na Baixa.

 

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