THE DELAGOA BAY WORLD

30/09/2017

O SEGREDO DO EDIFÍCIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURENÇO MARQUES

Grato ao Paulo Pires Teixeira, que um dia recentemente mo revelou….

A Câmara Municipal de Lourenço Marques, que foi elevada a Cidade em 10 de Novembro de 1887, funcionou em instalações alugadas e precárias, até cerca de 1910, quando foi instalada no edifício na Baixa em frente ao Desportivo, onde funcionou até 1947. Cerca de 1940, no início da II Guerra Mundial, iniciou-se a edificação de um novo edifício, mais monumental, situado no topo da Avenida Aguiar (mais tarde Dom Luiz I, e actualmente Avenida do Marechal Samora Machel). Mas a falta de materiais derivada da Guerra atrasou a obra e a inauguração aconteceu apenas no dia 1 de Deembro de 1947, no feriado que celebra, em Portugal, o golpe que tornou esse país novamente independente de Espanha em 1640, depois de 60 anos como parte daquele país ibérico.

A edificação da nova sede da Câmara concluiu um conjunto de alterações que pretendeu emprestar uma nova centralidade e espectacularidade à até então pacata e algo modesta cidade, algo que os arquitectos e vereação da Cidade vinham trabalhando desde há décadas, nomeadamente na ligação à histórica Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho), na criação da Praça onde em 1940 foi instalada uma estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque e na destruição da Igreja de Nossa Senhora da Conceição no local onde hoje está a sede da Rádio Moçambique e edificação da nova (e muito maior) Sé Catedral, inaugurada em Agosto de 1944.

A temática deste espaço reflecte os tempos e o exacerbar de “valores nacionais fundacionais”, muito em voga naquela altura, quer por parte da ditadura de António Oliveira Salazar, quer um pouco por todo o mundo dito civilizado, que passava por uma vertigem de exacerbação (com doses maciças de embelezamentos e, nalguns casos, de pura ivenção) desses valores. Portugal não escapou a essa dinâmica, pelo contrário.

Enfim.

O “segredo” é que o edifício da Câmara Municipal de Lourenço Marques, ao contrário do que possa parecer…..não é rectangular. Veja mais abaixo.

As fachadas Sul e Oeste da CMLM, anos 50. Repare no número de janelas na saliência da fachada Oeste,

 

As fachadas Sul e Leste, num postal dos anos 60. Notou alguma coisa? Pois. Mas veja melhor e conte o número de janelas na saliência da fachada Leste, E veja o diagrama em baixo.

 

Bem, na realidade o edifício tem esta configuração irregular. E porquê? Porque desta forma as respectivas fachadas podem ficar perfeitamente paralelas em relação à rua com que se confronta a Norte (a Avenida Andrade Corvo) e a Praça Mouzinho e a Avenida Dom Luiz I a Sul.

 

Nesta foto aérea contemporânea do Estúdio Saint Louis, pode-se reparar no desenho irregular do edifício, para acompanhar o traçado da Avenida Andrade Corvo.

 

A fachada Norte do edifício, perfeitamente alinhada com a Avenida Andrade Corvo.

Nesta foto dos anos 50, repare no perfeito alinhamento entre a fachada da sede da Câmara Municipal até literalmente à porta do Porto de Lourenço Marques, na ponta Sul da Praça 7 de Março que se pode ver aqui em parte. Até aos anos 60, para quem viajava de barco para a Cidade, este enquadramento era a primeira coisa que viam quando saíam do navio. Uma visão.

A FACHADA NORTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: LM Câmara Municipal — ABM @ 22:05

Este edifício foi iniciado antes do início da II Guerra Mundial mas a guerra atrasou a obra. Foi inaugurado no dia 1 de Dezembro de 1947. Entre 1910 e 1947, a Câmara funcionava num edifício localizado em frente da sede do Grupo Desportivo.

A fachada Norte do edifício da Câmara Municipal de Lourenço Marques, menos espectacular que a fachada Sul, que faz frente à Praça Mouzinho de Albuquerque.

O BAZAR DE LOURENÇO MARQUES E A PRAÇA VASCO DA GAMA, ANOS 1930

Filed under: LM Baixa, LM Bazar, LM Praça Vasco da Gama — ABM @ 21:48

Muita gente não sabe, ou não se lembra, que o local onde se situa o Bazar na Baixa se chamava Praça Vasco da Gama e que o local teve esse nome até 1975. E que de facto em redor do Bazar chegou a haver um lindo jardim, Penso que até aos anos 30.

 

O Bazar de Lourenço Marques e o jardim em redor.

A FACHADA E O INTERIOR DO JOHN ORR’S EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

O John Orr’s era uma cadeia de department stores baseada na África do Sul, mas que desde a década de 1920 teve uma presença em Lourenço Marques, primeiro na Rua Consiglieri Pedroso, depois num edifício espaçoso situado em frente à sede dos CTT entre a Av. da República, Travessa da Maxaquene e a Rua Joaquim da Lapa.

 

A fachada do John Orr’s na Rua Joaquim da Lapa. Ao fundo vê-se parte da fachada do Prédio Cardiga. Foto de Maria João Matos.

 

Interior do piso térreo do John Orr’s. Imagem do Grande fotógrafo Carlos Alberto Vieira e está no livro “Recordações de Lourenço Marques”. 

 

O RESTAURANTE E A PRAIA DO MIRAMAR EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: LM Praia do Miramar — ABM @ 21:01

Imagem do Fernando Pinho, retocada.

 

O Restaurante e a Praia do Miramar. Ao fundo, os prédios da Polana.

A CASA DAS TRÊS GIRAFAS EM LOURENÇO MARQUES, OBRA DE PANCHO GUEDES, ANOS 60

Filed under: Casa das 3 Girafas LM, Pancho Guedes - Arquitecto — ABM @ 20:56

Imagem retocada. Não sei bem onde ficava mas lembro-me dela.

 

A Casa das Três Girafas. mais uma criação do Arquitecto Pancho Guedes.

26/09/2017

O GENERAL ALVES ROÇADAS REGRESSA DE MOÇAMBIQUE, 1923

Filed under: General Alves Roçadas, Luis A Morais Portugal — ABM @ 20:41

Recorte gentilmente cedido por Luis Deveza, neto do então Tenente Luis Portugal, retratado em baixo.

José Augusto Alves Roçadas (1865-1926) foi uma figura importante no início do Século XX em Portugal, com destaque para o papel que desempenhou em Angola e na preparação do golpe militar de 1926 de que resultou a ditadura salazarista. Para mais detalhes sobre a sua vida e percurso, ver aqui.

 

Fotografia inserida na revista anual British South Africa, 1923-24, noticiando o embarque, na Cidade do Cabo, do General Alves Roçadas, de regresso a Lisboa, após um período em que desempenhou o cargo de Governador de Manica e Sofala (1919-1923), cujo território estava então sob administração da Companhia de Moçambique. Na foto estão, da esquerda, José Prista, o Cônsul português na Cidade do Cabo, Radames Sampaio, Secretário Particular do General, o Tenente Luis Portugal, Ajudante de Campo do General e Avô do Luis Deveza e, finalmente, o General Alves Roçadas.

UMA CAÇADA EM CHEMBA E O CAÇADOR CARLOS SOBRAL, 1924

A primeira fotografia, que retoquei, foi muito gentilmente cedida por Luis Deveza, cuja Família viveu décadas em Moçambique. O texto (editado) e as imagens seguintes, da autoria de Cictor Carocha, foram copiadas com agradecimentos e profunda vénia do sítio serbenfiquista.com, dada a relevância e para melhor entendimento da primeira fotografia.

Hoje é pouco imaginável, mas um dos grandes perigos de se viver no interior do que é hoje Moçambique eram os ataques de animais, em particular dos leões, que eram muito numerosos e muito perigosos, em particular à noite. Eram o verdadeiro terror para as populações nativas que viviam no interior, a maior parte das quais não tinham quaisquer meios de se defenderem. Neste contexto, matar um leão, ou uma leoa, especialmente se esses animais já tinham atacado humanos antes, era considerado quase uma benção e motivo de festa. Outros tempos.

Chemba, onde a fotografia foi tirada, fica situada no extremo Norte da actual Província de Sofala, quase encaixada junto onde começa Tete. Na altura – 1924 – integrava o território sob administração da Companhia de Moçambique, uma das companhias majestáticas que operavam na então colónia portuguesa e cuja sede administrativa era na Beira.

 

Pose de grupo com o que parece ser uma leoa, após a sua caçada em Chemba, 1924. Para além dos residentes locais, vêem-se ao centro a então jovem Ester Maria Portugal Deveza (Mãe do Luis Deveza), junto da sua Mãe Gerthy Tomás da Costa Portugal (Avó do Luis) e à sua direita Ermelinda Tomás da Costa Sobral, prima de Gerthy e mulher do famoso caçador Carlos Sobral, que foi quem tirou a fotografia. A jovem Ester viria a ser a primeira Mulher aviadora em Moçambique. Sobre Carlos Sobral, ver mais abaixo.

 

O Distrito de Chemba, onde a fotografia foi tirada em 1924.

 

Imprevisivelmente, a existência desta imagem suscitou a “descoberta” de informação sobre o homem que caçou esta leoa, Carlos Sobral.  Conforme acima referido, Victor Carocha, (RedVC) um distinto contribuinte do sítio servenfiquista.com, escreveu o seguinte (com algum editing meu):

CARLOS SOBRAL

Carlos Burnay da Cruz Sobral foi um campeão, um desportista ecléctico, notável nadador e talentoso futebolista. Um homem destemido que como veremos teve uma vida intensa até ao fim.

Nascido em 1891, Carlos Sobral é uma figura interessante dos primórdios do futebol e da natação Portuguesas e merece ser recordado. Praticou também boxe, esgrima e parecia talhado para ser campeão nos desportos que praticou. Falar dele é falar de um excelente desportista que talvez se tenha notabilizado mais na natação do que propriamente no futebol. Mas como veremos foi igualmente competente nas duas modalidades.

Carlos Sobral, nadador.

No futebol, Carlos Sobral foi geralmente um avançado, posição para a qual beneficiou da sua boa compleição física. No entanto o facto mais saliente da sua carreira futebolística foi o de ter jogado no CIF, no Sporting, no Benfica, e no Belenenses. É ainda possível que antes do CIF, clube grande dessa época, Sobral tenha também jogado noutros clubes de menor destaque. Foi por isso um dos primeiros globetrotters Portugueses. À frente dele, que me lembre, só mesmo Artur José Pereira (F. Cruz Negra, Ajudense F.C. (provável), S.U. Belenense, S.L. Benfica, Sporting C.P., e C.F. “os Belenenses”).

Assim, no seu percurso de doze épocas futebolísticas, Carlos Sobral começou a “futebolar” com listas pretas e brancas e acabou de azul e negro com a Cruz de Cristo ao peito:

Clubes onde Sobral praticou futebol.

 

A saída do CIF deverá terá acontecido devido ao progressivo esvaziamento da competência futebolística deste clube. Este definhamento aconteceu não apenas por via da debandada dos Ingleses, mobilizados pela sua Pátria para a Grande Guerra mas também pelo perda de jogadores seduzidos pelo canto da sereia de viscondes verdes endinheirados. A passagem de Sobral pelo SCP foi no entanto fugaz, talvez porque não se tenha adaptado ao sistema elitista do clube verde. Regressaria ao CIF por mais três épocas antes de ingressar no Gloriosíssimo.

Entre 1909-1910, Sobral terá tido um hiato futebolístico. Curiosamente foi nessa época que o CIF ganhou o seu único título de Campeão Regional de Lisboa. Sobral ainda viria a ganhar 3 títulos de Campeão Regional de Lisboa mas já no Benfica… Interessa aqui dizer que nessa época os melhores jogadores estavam em Lisboa e por isso esses títulos regionais de Lisboa podem ser encarados como correspondendo à melhor equipa nacional dessa época.

Sobral no SCP em 1911-1912. Está aqui com uma guarda de honra de respeito e com ligações ao Benfica, formada por dois Catataus (António à sua direita e Cândido à sua esquerda).

Em 1918-19, Sobral foi um dos jogadores que entrou em litígio com a Direção do Benfica por via da polémica em torno de Alberto Rio. E é nesse contexto, que surge o desafio de Artur José Pereira para fundarem um novo clube em Belém. Assim, Sobral, Francisco Pereira, Aníbal dos Santos, Henrique Costa, Manuel Veloso, Alberto Rio, Joaquim Rio entre outros, saem do Benfica para fundar o CFB. Não sei ao certo quantos anos Sobral ficou no CFB. Já encontrei referências de que terá lá estado durante quatro anos mas que foi depois foi desmentida por outra a meu ver mais credível, indicando que em 1920 já por lá não andaria. Ainda assim sabemos que Sobral no tempo em que esteve no CFB assumiu o cargo de capitão-geral, um papel de grande relevo para a época. Sobral foi também um dos autores de uma das propostas para definir o equipamento do CFB. Sobral propôs calção negro e camisola branca mas acabou por ganhar a proposta de Henrique Costa (outra grande figura Benfiquista): calção negro e camisola azul. Curioso ou talvez não, digo eu, o SLB é o único que se manteve fiel às suas cores de origem. Passados 111 anos mantemos a nossa querida camisola vermelha, calção branco e meia vermelha. Simples e belo.

Mas voltando a Sobral, o seu mérito futebolístico foi plenamente reconhecido pelos seus pares. Isso é demonstrado pelo facto de ter sido seleccionado múltiplas vezes para jogar na seleção da AFL (Associação de Futebol de Lisboa). Como atrás dissemos, nesse tempo a AFL agrupava os melhores jogadores nacionais, podendo ser considerada uma verdadeira selecção nacional Portuguesa daqueles tempos. Sobral lá esteve quer em jogos realizados em Portugal quer na equipa que competiu durante a digressão de 1913 ao Brasil. E foi aliás um dos jogadores mais utilizados pelo Capitão Geral dessa digressão, Cosme Damião, pois claro.

Pólo aquático: avancados Francisco Lima, Rosendo da Silva, Carlos Sobral e Aníbal de Almeida 
Defesas e guarda-redes Vinhas, Gilberto Monteiro e Idelino Lima.

Mas como atrás se disse Carlos Sobral foi participante em provas de natação e pólo aquático.

Naquele tempo não existiam piscinas e por isso as provas desenrolavam-se em estilos e condições muito diferentes dos dias de hoje. Enquanto nadador, Sobral representou quer o Clube Naval quer o CIF. Desconheço se também o fez na sua breve passagem pelo futebol do SCP. No Benfica e segundo Alberto Miguéns, Carlos Sobral acumulou o futebol com a prática do polo aquático, pelo menos no ano de 1916. E como não podia deixar de ser era avançado centro.

Carlos Sobral em competições de natação.

Do que atrás se disse fica claro que falamos de um desportista multifacetado, talentoso e vitorioso. A este perfil deveria certamente corresponder uma personalidade forte e dinâmica. Findo o tempo do desporto de competição, Carlos Sobral foi em busca do seu destino.

Em 1920, Sobral foi para Moçambique para trabalhar como director na Mozambique Industrial & Commercial Co. Ltd. E por lá mostrou a sua fibra.

Mas pouco depois viria a tragédia.

O assunto é pouco abordado e compreensivelmente dado tratar-se de uma situação dramática. Sabe-se que Sobral, de carácter destemido, se dedicou apaixonadamente à caça grossa. Numa dessas caçadas, no dia 26 de Novembro de 1926, Sobral travou uma luta corpo a corpo com o décimo terceiro leão que tentou abater. Vítima de graves ferimentos, foi evacuado para o Hospital de Caia, na Zambézia, onde acabaria por morrer aos 35 anos de idade.

O escritor Joaquim Paço d’Arcos, que o conheceu em África, fez dele a personagem central do seu primeiro romance, Herói Derradeiro. E a ele se referiu como: Carlos Burnay da Cruz Sobral, “grande caçador do mato”, “herói lendário” e “símbolo alto do destemor, da força viril, da lealdade”.

Carlos Sobral posa junto de um leão que abatera em Moçambique, anos 1920.

e acrescentou Paço d’Arcos:

“É preciso conhecer certos territórios de África e a eterna dependência em que o português ali vive do Estado ou das grandes companhias, alheado por completo das qualidades de iniciativa que fazem dele no Brasil um elemento tão útil, é preciso conhecer aqueles meios de parasitagem e de covardia, para admirar em todo o seu valor a serena confiança com que Carlos Sobral, por ser português de “antes quebrar que torcer”, trocava uma cómoda e rendosa situação pela tão mais humilde e ingrata profissão de pequeno agricultor”, afirmava, na introdução, este jovem escritor que iria ser sempre assim, aristocrata pelo espírito e inconformado com o espectáculo da decadência do País e de certos valores.

22/09/2017

“LOURENÇO MARQUES”, OBRA MONUMENTAL DE MENDES DE ALMEIDA, LANÇADA EM CASCAIS A 14 DE OUTUBRO

O Dr. João Mendes de Almeida, que há alguns anos compôs e editou uma magistral história do desporto automóvel em Moçambique, anunciou, esta semana, o lançamento da que poderá vir a ser considerada, juntamente com o conjunto da obra de Alfredo Pereira de Lima, parte das referências definitivas sobre a actual capital de Moçambique no período sob administração portuguesa.

A monumental obra a ser posta à venda a partir de 14 de Outubro com uma cerimónia de lançamento, nesse dia, no Centro Cultural de Cascais, Portugal, pelas 17 horas.

Com cerca de 700 páginas e não menos que 1400 fotografias, muitas delas inéditas e de grande qualidade, a obra, cujo título é Lourenço Marques – A Mais Bonita Cidade Africana do Seu Tempo, pretende ser um registo exuberante e exaustivo do que foi Lourenço Marques, nas mais diversas facetas, contando com os testemunhos de várias personalidades, quase todas conhecedoras em primeira mão dos assuntos sobre os quais versam.

Para alguém que se debruça sobre a temática moçambicana há alguns anos, como tem sido este pequeno blogue, este é sem dúvida um evento, um ponto alto no registo público e documentação de uma realidade que o tempo, a passagem das gerações e as interpretações mais diversas dessa realidade, contribuem, naturalmente, para a sua mistificação, positiva e negativa.

Nesse sentido, este trabalho pretende ser em discurso directo de e para quem viveu e fez parte da vida da Cidade de Lourenço Marques. Para além da sua componente memorial, em texto e imagens, quase enciclopédica, ali se pode encontrar imensa informação pouco conhecida sobre a Cidade e sobre os que nela viveram e sobre o que se fez.

Para quem apreciou a experiência de ter vivido em Lourenço Marques, e quiser dar disso testemunho às gerações seguintes, para quem estuda a História de Moçambique, e de Maputo, ler e ter esta obra de João Mendes de Almeida é quase tarefa obrigatória. E, certamente, um prazer.

O meu Caro José Viegas gentilmente remeteu a informação sobre o acesso à obra:

Como adquirir o livro LOURENÇO MARQUES – A Mais Bonita Cidade Africana do Seu Tempo!

Preços:

– No dia da Apresentação – 50,00 Euros

– Depois da Apresentação – 62,50 Euros.

Forma de os obter:

– Na área de Lisboa – Livraria Agepress (do nosso conterrâneo Carlos Sousa) – Carcavelos – Telefone – (351) 968 151 652 ou através dos emails:

Carlos Eduardo Sousa – ced.sousa@agepress.mail.pt ou

João Mendes Almeida – jmendesdealmeida@gmail.com

 

PS – eu vou estar na cerimónia em Cascais no dia 14 de Outubro de 2017 no Centro Cultural de Cascais pelas 17 horas. Como não podia deixar de ser.

18/09/2017

O AUDITÓRIO DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE EM LOURENÇO MARQUES

 

O auditório do Rádio Clube de Moçambique, no Palácio da Rádio.

DOMINGO NA PRAIA DA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1927

Detalhe de imagem de um dos álbuns de Santos Rufino, retocada.

 

Pessoas na Praia da Polana em Lourenço Marques, cerca de 1927. Atrás, o Pavilhão de Chá da Polana. Ao fundo, o Almeida Pier, o Clube Naval de Lourenço Marques e a Ponta Vermelha.

 

 

INDIANOS EM QUELIMANE, 1900

Filed under: Indianos em Quelimane 1900 — ABM @ 23:22

Imagem dos arquivos estatais franceses.

 

Indianos em Quelimane, 1900. Todos de guarda-chuva.

UMA CASA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 50

Filed under: Casa em LM — ABM @ 23:16

As duas imagens a preto e branco são de M. Manu, retocadas por mim. A imagem a cores foi remetida por R Barradas e muito agradeço.

Esta moradia situa-se na antiga Rua Brito Camacho, actualmente Rua Patrice Lumumba, quase em frente ao Hotel Girassol.

 

Imagem 1 de 3.

Imagem 2 de 3.

 

Imagem 3 de 3. Imagem colhida em Setembro de 2017.

JOVENS NADADORES NA PISCINA DO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, 1949

Imagens da colecção de João Godinho, retocadas por mim.

A piscina do Grupo Desportivo Lourenço Marques (não “de”) foi inaugurada no Domingo, dia 24 de Julho de 1949, na presença do então Governador-Geral. Há 68 anos.

 

Jovens nadadores em frente à piscina do Desportivo, inaugurada na altura em que a fotografia foi tirada. Não conheço os seus nomes. Se alguém saber, por favor escreva para aqui.

 

Mais jovens junto da piscina do Desportivo. João Godinho é o jovem à direita. Veio de Quelimane, onde cresceu, para a inauguração da piscina, que foi a primeira na Capital e provavelmente em Moçambique.

 

CHEGADA DO PRESIDENTE CRAVEIRO LOPES A QUELIMANE, 1956

Imagem da colecção de João Godinho, dedicada ao actual chefe da Frelimo na Zambézia, que há duas semanas acusou o actual autarca da Cidade de Quelimane, que não é do seu partido, de “querer trazer os colonos de volta”.

Francisco Higino Craveiro Lopes, que foi Presidente da República Portuguesa entre 1951 e 1958, teve uma relação especial com Moçambique, onde combateu na Primeira Guerra Mundial e onde se casou com Berta, uma jovem de Lourenço Marques. Membros da Família Craveiro Lopes cresceram e viveram em Moçambique.

 

À sua chegada a Quelimane, por avião, o Presidente Craveiro Lopes é recebido pelo Presidente da Câmara local, que lhe entrega uma recordação.

 

 

16/09/2017

ZIXAXA E GUNGUNHANA NA ILHA TERCEIRA, AÇORES, INÍCIO DO SÉC.XX

Filed under: Godide, Gungunhana - líder tribal, Molungo, Zixaxa — ABM @ 08:46

Roberto Zixaxa foi um dos apoiantes de Gungunhana (nota: outros registos indicam-no como sobrinho ou mesmo filho, o que não é factual) o monarca que reinou sobre os Nguni e que exercia um domínio feroz sobre um conjunto de tribos no que é hoje o Sul de Moçambique entre 1884 e 1895, quando foi derrubado num conjunto de acções militares portuguesas que efectivamente deram início ao colonialismo português naquele território.

Na altura, Gungunhana e três outros líderes foram presos e exilados na Ilha açoreana da Terceira. Zixaxa era um dos três. Em Moçambique, outros familiares de Gungunhana fugiram para o que é hoje a África do Sul.

Zixaxa, cujo nome realmente era Mamatibejana, ou Nuamantibiane, liderava uma pequena tribo localizada perto da então pindérica Lourenço Marques e que era tributária de Gungunhana. Foi ele quem instigou e liderou dois ataques a Lourenço Marques, em 14 de Outubro de 1894 e 7 de Janeiro de 1895. Ambos ataques foram repelidos pelos locais com dificuldade e mortes para ambos os lados.

Lourenço Marques sob ataque, Outubro de 1894. Vista junto da Avenida da República, ao fundo uma barreira sela a (agora) parte velha da pequena cidade, os residentes armados em milícias, contra os homens de Zixaxa. Note-se o canhão à esquerda atrás do homem com um casaco branco, e à direita, os homens armados e de vigia. Os dois ataques não sucederam em penetrar o perímetro da urbe, que, nervosa, aguardava a chegada de reforços, que só chegariam em meados de Janeiro de 1895.

Foi principalmente pela ameaça constituída por Zixaxa e na sequência destes ataques que Portugal, com grande custo (o país estava literalmente falido) enviou uma expedição militar para proteger a pequena cidade e “pacificar” a região.

Zixaxa na Ilha açoreana da Terceira, anos 20.

Da Wikipédia retirei as seguintes inscrições (editado):

Roberto foi feito prisioneiro por Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque no território de Chaimite, aldeia sagrada dos nguni, no dia 28 de Dezembro de 1895 juntamente com Ngungunhane, e as esposas deste. Neste acontecimento foram feitos também prisioneiros os irmãos de Roberto, António da Silva Pratas Godide e José Frederico Molungo.

Em 6 de Janeiro de 1896, foram entregues aos cuidado do então Governador Geral de Moçambique, tendo seguidamente sido mandados a bordo do navio “África”, em que embarcaram no dia 12 de Janeiro para a Metrópole, tendo chegado a Lisboa no dia 13 de Março tendo sido de imediato alojados no Forte de Monsanto.

Foram mandados para a ilha Terceira, Açores, no dia 22 de Junho a bordo da canhoeira “Zambeze”, tendo chegado à cidade de Angra do Heroísmo às 16 horas do dia 27 de Junho, tendo de imediato sido levados para o Fortaleza de São João Baptista onde viveram até á dia da sua morte.

Zixaxa casou com Maria Augusta, filha de João de Sousa, natural da Ribeirinha, e de Francisca Vila d´Amigo, natural de Espanha, de quem teve um filho, Roberto Francisco Zixaxa.

Sobre os nguni, um jornal açoreano publicou o seguinte:

O Império de Gaza foi fundado pelo povo nguni (vátuas ou aungunes, na terminologia colonial), um dos ramos dos zulu. Vêm do sul empurrados pela guerra civil que lavra desde o início do século XIX.
Os ngunis eram excelentes guerreiros conhecedores das tácticas e técnicas de combate, grandes organizadores de exércitos.
Quando penetram em Moçambique, por volta de 1820, subjugam os povos aí instalados, escravizando-os: chopes, tsongas, vandaus, bitongas. Dominam-nos provocando rivalidades entre eles, com execuções individuais, massacres e até genocídio sistemático, em particular no caso dos chopes, a etnia acantonada no litoral só definitivamente subjugada pelos portugueses em 1893.
O chefe Sochangane (avô de Ngungunhane), depois chamado Manukuse, alarga o reino — a que dá o nome de Gaza em homenagem ao seu bisavô — e estabelece a capital em Chaimite, mais tarde tornada na aldeia sagrada dos ngunis.

Gungunhana (sentado, à esquerda) e os seus familiares na Terceira, Abril de 1899. Zixaxa de pé, à direita, Godide de pé logo atrás do Pai e Molungo sentado ao lado.

Um curiosidade sobre o forte de S. João Baptista, na Ilha Terceira, onde Gungunhana e os seus familiares viveram, é o de ter sido o mesmo onde, dois séculos antes, esteve efectivamente detido, entre 1669 e 1674, o rei português D. Afonso VI, cuja vida daria um verdadeiro filme de terror em Hollywood.

Em 2005, viviam na Terceira Roberto Zixaxa (IV), Berta Zixaxa e Bianca Zixaxa, descendentes directos de Zixaxa. Que, para variar, por causa das misturas, são praticamente brancos. E açoreanos. Mas cientes do passado familiar.

 

Leitura adicional: Maria da Conceição Vilhena, Quatro Prisioneiros Africanos nos Açores

CERIMÓNIA DE FORMAÇÃO DE ENFERMEIRAS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Filed under: Formatura de enfermeiras em LM — ABM @ 07:22

Imagem de Diogo Cabrita, cuja Mãe liderou a formação de enfermeiros em Moçambique durante muitos anos.

 

Cerimónia de formatura de novas enfermeiras em Lourenço Marques, início dos anos 60. Se alguém conhecer nomes, por favor escreva para aqui.

RÉGULOS NO NIASSA, 1956

Filed under: Régulos no Niassa — ABM @ 07:15

Imagem de Cristina Abreu Matos, tirada pelo seu Pai.

 

Três régulos da região de Niassa, onde os Abreu Matos viveram durante vários anos e onde o Pai da Cristina foi Governador. Se alguém souber os seus nomes, por favor escreva uma nota para aqui.

15/09/2017

O SR. BILA DA ESCOLA COMERCIAL DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Foto de Xitolo, retocada.

O Sr. Bila era, nos anos 60, auxiliar de laboratório na Escola Comercial em Lourenço Marques.

 

O Sr. Bila no laboratório da Escola Comercial em Lourenço Marques.

KAREL POTT EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 40

Filed under: Karel Pott — ABM @ 19:47

Foto de Luis Pott Fraga, neto do Dr. Karel Pott.

Karel Pott foi uma figura de realce de Lourenço Marques. Mulato, filho do holandês Gerard Pott e de uma senhora africana, foi uma figura de destaque na política local, atacando alguns dos tiques raciais da sociedade e dos governos de então, sendo admirado pelos primeiros proto-nacionalistas não brancos de Moçambique, entre eles o Sr. José Craveirinha e o Pai de Luis Bernardo Honwana, que dele escreveram com carinho, respeito e admiração. Foi advogado e também representou Portugal nos Jogos Olímpicos em Paris, 1924. Após a Independência de Moçambique, foi alvo de renovado interesse e estudo.

 

O Dr. Karel Pott.

FOTO DE JOSEPH E MOSES LAZARUS: HOMENS POSANDO, INÍCIO DO SÉC.XX

Fotografia de J&M Lazarus, retocada.

De notar que a fotografia indica que J&M Lazarus na altura teriam estúdios em Lourenço Marques e na Beira.

 

Dois homens posando. Não imagino o contexto.

 

Detalhe da imagem, indicando a localização dos estúdios Lazarus em Moçambique.

O FILHO DO RÉGULO DE MOCUMBI COM A SUA FAMÍLIA, INÍCIO DO SÉC. XX

Filed under: Filho do Régulo de Mocumbi — ABM @ 15:35

Postal das Missões Franciscanas, retocado.

Mocumbi é um localidade situada a Norte de Quissico, entre Gaza e Inhambane.

O filho do Régulo de Mocumbi com a sua família, com a indicação de serem cristãos. Naturalmente…

SENHORA EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DO SÉC. XIX

Filed under: Senhora em LM Séc XIX — ABM @ 15:27

Postal de J.P Fernandes.

Senhora em Lourenço Marques.

DONA NA ILHA DE MOÇAMBIQUE, FINAL DO SÉC. XIX

Filed under: Dona na Ilha de Moçambique — ABM @ 15:20

 

Dona na Ilha de Moçambique.

RESIDENTES PORTUGUESES DE TETE, SÉC. XIX

Filed under: Portugueses de Tete Séc 19 — ABM @ 15:17

Imagem dos arquivos estatais franceses, retocada.

 

Portugueses de Tete. Onze.

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