THE DELAGOA BAY WORLD

06/01/2024

A BOATE DO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada.

O interior da boate do Hotel Polana em Lourenço Marques, anos 60.

17/04/2023

NOITE DE FADO NO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 50

Imagem retocada e colorida.

Vista da parte nascente do hotel, durante o evento.

08/10/2022

HERBERT BAKER, O HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES E O HOTEL MONTE NELSON NA CIDADE DO CABO

Imagens retocadas.

Em 1 de Julho de 2022, o Hotel Polana assinalou o centenário da sua inauguração.

Há muitos anos que oiço e leio que o Hotel Polana foi desenhado pelo arquitecto britânico Herbert Baker, que fora dos círculos especializados é pouco conhecido em Moçambique ou Portugal. De facto, o seu nome é mencionado numa memória sobre o Polana que considero credível. E as fontes que consultei também indicam que Baker esteve envolvido na edificação do Mount Nelson Hotel, que ainda hoje é a jóia da hotelaria sul-africana.

Herbert Baker ((9 de junho de 1862, Cobham, Kent, Reino Unido – 4 de fevereiro de 1946, Cobham, Kent) foi um enorme vulto da arquitectura britânica e sul-africana durante o zénite da fase imperial britânica, entre 1880 e o final da II Guerra Mundial em 1945. O conjunto da sua obra é quase incompreensivelmente vasto, diversificado e abrangente. Impressiona percorrer a longa lista de obras em que interveio ao longo das décadas e ainda o seu percurso pessoal.

Herbert Baker.

Apesar disso, no caso do Hotel Polana, inaugurado a 1 de Julho de 1922, por alguma razão, a obra é praticamente omitida pelos seus biógrafos, o que não deixa de ser curioso. Pessoalmente, creio que a sua vultuosa equipa deve ter de facto desenhado o projecto do Hotel Polana e no fim veio tudo no nome de Baker, que o assinou, o que nestas coisas é comum. É um pouco como ir comer um bife grelhado a um restaurante de Gordon Ramsey em, por exemplo, Las Vegas, e depois ir dizer aos amigos que quem pessoalmente cozinhou o bife foi o popular cozinheiro e empresário britânico. Pois. Não é bem a mesma coisa.

Varanda a nascente do Hotel Polana, meados da década de 1920, foto do álbum Rufino. Hoje toda esta área está preenchida com uma enorme varanda fechda onde está a sala de refeições.

A verdade é que, para quem conhecer o Hotel Polana e o Mount Nelson Hotel na Cidade do Cabo, é aparente que há algumas semelhanças no desenho, na proporção, no conceito inicial para o seu uso (providenciar acomodação de luxo a visitantes) e no posicionamento dos edifícios em locais privilegiados com vistas impressionantes.

O Mount Nelson tem uma estrutura parecida com a do Polana.

Há algumas diferenças para o pesquisador que são de nota. Todo o percurso do Mount Nelson é celebrado e está abundante e carinhosamente documentado ao longo das décadas, o que, lamentavelmente não aconteceu no caso do Polana, que, neste caso, ainda por cima vem acompanhado de mitos urbanos tipo “diz que disse”, como é o caso de estar ligado à designação da capulana, ou que o régulo Pulana ali vivia (e de onde, putativamente e sem cerimónia, teria sido colonialmente corrido). Salvo melhor opinião, ou é tudo treta largamente pós-colonial ou alguém precisa de apertar os atacadores e documentar as afirmações, sem as quais não há contraditório.

Como é a afirmação, comum, de que, quando os portugueses fugiram (ou saíram aceleradamente) de Moçambique aquando da entrega de Moçambique à Frelimo, arrancaram à martelada as torneiras das suas casas (hipoteticamente, usando-as posteriormente nas suas casas lá para onde foram) ou ainda que entupiram os canos das mesmas com cimento. O conceituado académico comunista britânico Joseph Hanlon, que teve uns anos de formação pós-independência uns anos em Maputo, uma vez escreveu isso mesmo num dos seus comentários e, interpelado por mim, justificou a afirmação asnina com “bem, é o que se diz em Maputo”. Ah é o que se diz? Claro que omiti questionar-lhe se ele alguma vez tentou encher uma canalização com cimento, ou se alguma vez viu uma ou ainda se o faria sob as barbas da Frelimo, que desde 1974 estava em controlo das cidades).

O Mount Nelson, que foi inaugurado em 6 de Março de 1899 – vinte anos antes do Polana – foi mandado fazer por Sir Donald Currie, o zilionário dono da Union Castle Shipping Line, para servir os clientes da primeira classe da sua companhia marítima britânica cujos navios faziam escalas na Cidade do Cabo nas rotas “imperiais” entre a Europa e os vários pontos do (essencialmente) império britânico no ìndico e na Ásia. Como o Polana, foi o primeiro hotel a ter água quente e fria, casas de banho nos quartos e, no caso do Polana, telefones em todos os quartos e acesso ao telégrafo para todo o mundo mesmo ali ao lado. Foi construído no que era um dos mais conhecidos e bonitos jardins da Cidade do Cabo. Aspectos da sua evolução foram cuidadosamente documentados. Por exemplo, a partir de 1918 o hotel passou a ser pintado de cor de rosa por decisão do seu segundo gerente, o italiano Aldo Renato, como um sinal da paz peonosamente alcançada com o final da I Guerra Mundial. A moda pegou e inúmeros hotéis em todo o mundo usaram essa côr. Mais importante, o hotel esteve sempre na posse de donos que preservaram e ampliaram o seu carácter e que investiram milhões no seu estatuto e aura. Nada era nunca deixado ao acaso. E o hotel teve a sorte de acompanhar o surgimento e a afirmação da Cidade do Cabo como uma das principais zonas urbanas da África do Sul e mais tarde num dos destinos mundiais apetecidos e que entrou e saiu incólume das atribuladas fases da história daquele país. Os seus actuais donos, a cadeia Belmont, anteriormente a Orient-Express, são uma das mais conceituadas cadeias, especializadas em operar hotéis de luxo com história e craveira – e sabem o que estão a fazer e o que têm nas mãos.

O percurso do Hotel Polana foi completamente diferente. Talvez com a singular excepção de António Champalimaud, que toda a vida foi incompreendido, vilipendiado e assediado, e o primeiro Espírito Santo, Portugal realmente nunca teve grandes empresários milionários. Essencialmente, tinha uns gajos ricos que, com as suas famílias e mediante variados esquemas, extraíam dos subsequentes governantes, benefícios e monopólios de onde extraiam lucros. Salazar apenas institucionalizou e modernizou o que se fazia em Portugal há uns 400 anos, desde o estabelecimento dos monopólios régios comerciais com a Taprobana .

Nas colónias ainda era pior, pois aí nem isso havia.

Um bom exemplo é todo o episódio do Grande Hotel da Beira, que foi um circo desde que foi concebido até ao seu encerramento prematuro. Aquilo foi um desastre desde o primeiro momento.

No caso de Lourenço Marques, no início do Século XX a maior parte dos negócios locais eram detidos por estrangeiros que faziam os mínimos olímpicos para ganharem o seu. Quem mandava na Cidade – e na Colónia – era uma espécie de confraria entre o governo provincial, os interesses locais reunidos na Associação Comercial (que eram quase todos estrangeiros) e alguns interesses estrangeiros baseados na Europa. Um exemplo disso eram as companhias majestáticas. Em Lourenço Marques, a certo ponto, a água, a luz, os telefones e os transportes urbanos pertenciam a uma empresa sediada em…Londres.

Quando se achou que faria sentido haver um hotel de luxo em Lourenço Marques, surpresa: não havia quem o fizesse. Note-se que em 1920 Lourenço Marques já tinha uma linha ferroviária para Pretória e Johannesburgo há 25 anos, já tinha um magnífico porto com um magnífico cais há 20 anos. Portanto o trânsito na Cidade já tinha expressão. Havia vários hotéis na Baixa da Cidade, mas já estavam algo datados e o serviço era, digamos, de modesto a pelintra. Quase todos pertenciam a indivíduos com iniciativa mas que não só não estavam disponíveis para expandir os seus negócios, como ainda por cima combatiam vigorosamente a ideia de surgir um hotel – mais um hotel – que lhes iria roubar o negócio. Ainda por cima de luxo. Foi o caso do Comandante Cardoso, que tinha um hotelzinho numa colina junto à Ponta Vermelha com uma dúzia de quartos (que acabou vendido a Aida Sorgentini, uma fantástica viúva italiana).

Portanto, à boa maneira portuguesa, a decisão da sua edificação foi por decreto governamental e empréstimo público. Depois de feito, arranjava-se um dono.

O local escolhido foi uma ponta da Concessão Somershield, junto a uma das ravinas nas Barreiras da Polana, retalhando assim a sua ponta mais a Sul.

O Polana, anos 1920. Mais é esquerda desta imagem ficava a Estrada do Caracol e a Praia da Polana.

Aliás, mais ou menos o mesmo aconteceria trinta anos mais tarde em Lisboa, um pouco como o que se passa há cinquenta anos com um novo aeroporto para Lisboa. No início da década de 1950 Lisboa ainda não tinha um hotel de cinco estrelas e Salazar com um entusiasmo relutante lá se meteu no barulho autorizou que se fizesse o Ritz, maioritariamente detido pelos Queiroz Pereira e os Espírito Santo (para haver proprietários portugueses, luxo que em Moçambique não havia). O resultado foi para mim um dos mais memoráveis hoteís que já vi, que seria operado pela cadeia Ritz até 1979 (e actualmente pela cadeia Four Seasons).

Parte do lobby do actual Hotel Four Sesons Ritz em Lisboa. Magnífico.

Ao contrário do que muita gente refere, até aos anos 60, apesar da aura, regra geral o Polana não era frequentado pelos residentes da Cidade, que apenas iam ali para algumas funções e poucos eventos sociais (como por exemplo a festa do fim do ano). O hotel era basicamente frequentado por visitantes estrangeiros e, na época das férias na África do Sul, por um conjunto selecto de famílias sul-africanas mais endinheiradas. Só durante a década de 1960 é que se começou a formar uma (muito ténue) classe local mais endinheirada e sofisticada, que começou a frequentar os espaços públicos do hotel, que para esses, funcionava como alguns dos muitos clubes da Cidade (Grémio, Clube Militar, Clube de Pesca, Clube Marítimo, Clube de Golfe, Clube de Caça, Lions, etc). O Lourenço Marquino vulgar, branco ou (especialmente) negro, nunca meteu lá os pés no tempo colonial.

O que aconteceu depois da inauguração em 1922 ainda é um esboço para mim e é impreciso. O hotel seria adquirido pelos Schlesingers, uma família judia sul-africana. Penso que nos anos 60 foi comprado por entidade portuguesa mas não sei. Em 1975 foi nacionalizado e, entrando Moçambique na fase comunista, o hotel mal se aguentou, como aliás tudo o resto. Visitei-o em 1984 e foi confrangedor. A sua gestão eventualmente foi entregue a uma empresa portuguesa que foi gerindo e fazendo uns remendos aqui e ali.

As suas fortunas melhoraram consideravelmente quando finalmente a guerra civil foi interrompida em Outubro de 1994 e se inaugurou aquilo que eu chamo calamity tourism: sucessivas visitas de hordes de pessoas pertencendo a inúmeras organizações de apoio e assistência, públicas e privadas, iam bater à porta de Maputo com centenas de milhões de dólares de donativos e assistência caritativa, que se tornariam numa verdadeira indústria moçambicana. Sob a nova pressão, a gestão do hotel tentou adaptar o espaço como uma espécie de hotel de negócios, criando salas para negócios, alterando o bar, criando um casino no salão nobre e vastamente ampliando uma antiga varanda a Norte para uma sala de refeições maior.

Em 2002, o Aga Khan Fund for Economic Development, um braço do império ismaelita sob o controlo de Sua Alteza o Aga Khan, que tinha uma comunidade em Moçambique desde o início do Século XX (que se dava lindamente com os portugueses e moçambicanos, diga-se em abono da verdade), adquiriu o hotel ou a concessão da sua exploração (não consegui perceber ainda). Nos anos seguintes, fizeram-se diversas obras de vulto que essencialmente descaracterizaram o que era a essência do antigo Polana, no entanto procurando manter alguma ligação com o seu passado, cuidadosamente, porque o passado em Moçambique é colonial e os moçambicanos ainda lidam mal com esse assunto. Mal mexeram no Polanamar, uma adição estapafúrdia feita nos anos 60 a nascente da piscina e que é enfim, uma verdadeira piroseira. O edifício, que esteve pintado de branco desde 1922, foi pintado de creme e castanho. adicionaram-se um repuxo e mudaram-se as salas.

O Polana, creme e castanho e com um repucho à frente. Foto de 2010 da AKDN.

Uma coisa boa foi que despacharam o casino dali para fora e restauraram o salão nobre. Mas em vez de ser restaurado para a sua glória marcadamente ocidental e traça da década de 1920, aquilo parece ter sido entregue a arquitectos e decoradores do Médio Oriente, dando um pouco daquele ar de espalhafato bombástico árabe excessivo, tipo Palácio das Mil e Uma Noites da Scheherezade e – como diria Trump – com uma sensação de tudo ser mais ou menos “fake”. A que se junta uma tentativa falhada e incongruente de, ainda por cima, lhe dar um toque “africano nativo”. Agravado pelo facto de que a cadeia Serena, por muito sucesso que tenha, não tem nem de perto nem de longe o dinheiro, o apetite e o pedigree de uma cadeia Belmont, a actual dona do Mount Nelson na Cidade do Cabo.

Se o Exmo. Leitor quiser perceber o que digo, experimente visitar os dois hotéis, começando pelo Polana, e vai logo discernir, a começar pelo preço e pela decoração.

Herbert Baker quase certemente concordaria comigo.

Mas, cem anos depois, o hotel ainda está lá. Isso já é alguma coisa.

Parte do Hotel Mount Nelson na Cidade do Cabo, imagem recente da Wikipédia, com a sua pintura cor de rosa desde 1918. O Polana passou de branco para creme e castanho….

05/09/2022

JANTAR-CONCERTO NO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1944

Imagens retocadas.

Comemorando o centenário do Hotel Polana, que abriu portas no dia 1 de Julho de 1922, em baixo, um programa do jantar-concerto realizado no Hotel no Domingo, dia 27 de Agosto de 1944, que inclui o menu e a lista das peças musicais, tocadas ao vivo por um quinteto.

Por esta altura a II Guerra Mundial decorria há cinco anos e a Alemanha e os seus parceiros já estavam a perder, tratando-se o seu final de uma questão de tempo. Os aliados já estavam na França – de facto, Paris foi libertada dois dias antes, a 25 de Agosto de 1944 – os exércitos soviéticos estavam a entrar na fronteira Norte da Alemanha e os americanos aproximavam-se das costas do arquipélago nipónico.

Lourenço Marques, então uma pequena e pacata cidade colonial (cerca de 25 mil habitantes) num Portugal neutral, a população, maioritariamente pró-Aliada apesar de algum activismo por parte dos consulados alemão e italiano, fazia a sua vida, no contexto das vicissitudes trazidas pela guerra, sendo que, entretanto, concluiu a construção da sua nova Sé Catedral e, com a presença do Cardeal Cerejeira, que viajou de Lisboa no Serpa Pinto em luxo quase obsceno, a inaugurou em meados de Agosto (no final do mês seria inaugurada a Igreja na Namaacha),

O Hotel Polana, entretanto, parecia proceder incólume na prestação do seu serviço irrepreenssível.

1 de 3 – capa
2 de 3- menu
3 de 3 programa musical. Em baixo, uma gravação da Danse Nº5 de Granados, que faz parte do repertório tocado nesta noite em 1944.

Alexander Fomanko toca a Danse Nº5 de Granados.

23/07/2022

CHÁ DAS CINCO NO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1920

Imagem retocada.

Visitantes, presumivelmente sul-africanos, sentados na esplanada traseira do Hotel Polana em Lourenço Marques, década de 1920. O hotel foi inaugurado há precisamente cem anos, no dia 1 de Julho de 1922.

12/07/2022

HÁ CEM ANOS O HOTEL POLANA ABRIU EM LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

O Hotel Polana abriu em Lourenço Marques no dia 1 de Julho de 1922, na altura num promontório isolado distante da Baixa da Cidade e da Ponta Vermelha, defronte da Baía e da Praia da Polana e no extremo Sul da Concessão Somershield. Era dos melhores hotéis no continente africano, servindo principalmente viajantes, turistas sul-africanos endinheirados e homens de negócios.

Nos cem anos da sua existência, foi sendo repetidamente expandido e alterado e teve vários proprietários, individuais e corporativos. Em 1975, a propriedade foi nacionalizada pelo Estado moçambicano e desde então tem sido concessionada a privados, mais recentemente a uma organização ligada à comunidade ismaelita.

Surpreendentemente, parece que ninguém assinalou esta efeméride em Moçambique.

No topo desta inserção, o Exmo. Leitor encontra ligações a vários artigos e imagens relacionadas com o hotel.

1- anos 20
2 – anos 30
3
4
5 –
6 – final dos anos 40
7 – anúncio do Hotel
8
9
10- o antigo campo de bowling na relva.
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29/03/2019

JANTAR-CONCERTO NO HOTEL POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 27 DE AGOSTO DE 1944

Menu de apresentação de um jantar-concerto que decorreu no Salão de Jantar do Hotel Polana em Lourenço Marques, na noite de Domingo, 27 de Agosto de 1944. Imagens retocadas por mim.

Na altura decorria a II Guerra Mundial, que absorvia as atenções de todo o Mundo, incluindo da população principalmente branca, portuguesa e estrangeira da pequena capital da colónia portuguesa situada na África Oriental Portuguesa, maioritariamente pró-britânica, que seguia o conflito através dos meios disponíveis – telegramas e emissões de rádio em onda curta, tudo sempre mais do que censurado.

Portugal manteve a neutralidade durante a II Guerra Mundial, postura que, naturalmente, se estendeu a Moçambique, que era cuidadosamente mantida sob observação pelos sul-africanos (cujo líder, o Grande general boer Jan Smuts, queria aproveitar para invadir e incorporar na União Sul-Africana) e pelos britânicos que, pouco antes, desmontaram redes locais de espionagem alemã e italiana.

Em Agosto de 1944 já se tornara claro que a Alemanha estava a perder o conflito. Durante esse mês, o exército da União Soviética estava na fronteira Norte da Alemanha. Os exércitos americano e britânico estavam no Norte da Itália e, do Oeste, caminhavam na direcção ocidental da fronteira do Eixo. Dois dias antes do jantar no Polana, Paris era libertada e o General de Gaulle desfilava nos Campos Elíseos. No dia anterior ao jantar (26 de Agosto) a Bulgária, até então um membro do Eixo, anunciava que se retirava da guerra. Na Alemanha, ainda decorria a matança ordenada por Hitler contra os que terão estado relacionados com a tentativa da sua eliminação, ocorrida a 20 de Julho. A 19 de Agosto, o Marechal alemão Gunther von Kluge, chefe do exército alemão na Frente Ocidental, terá cometido suicídio ao ser implicado na intentona (erradamente), exonerado do cargo e chamado a Berlim. A 23 de Agosto, o ditador romeno Ion Antonescu, aliado de Hitler, é preso e o Rei Michael faz as paz com os comunistas russos, cujos exércitos estão à porta do seu país.

Assim, de certa maneira, no sumptuoso jantar-concerto realizado no Hotel Polana naquele domingo de Agosto de 1944 – cujo menu certamente contrastava com as carências sentidas localmente em resultado da guerra- já se sentia o sabor da vitória aliada sobre os países do Eixo, que viria a formalizar-se em Maio de 1945.

 

Capa do menu do jantar.

O jantar foi mais um banquete. Num contexto em que as faltas na Cidade eram mais do que muitas e que muitos produtos eram racionados ou simplesmente não havia.

O concerto que acompanhou o jantar era de música clássica e erudita. Algumas das peças surpreendem serem tocadas por um quinteto.

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