THE DELAGOA BAY WORLD

11/07/2022

BERTINA LOPES, 1924-2012, UMA EVOCAÇÃO

Imagens retocadas.

Bertina Lopes (n. Lourenço Marques 11 de Julho de 1924, m. Roma 12 de Fevereiro de 2012) foi uma pintora de Moçambique. Viveu uma parte considerável da sua vida em Roma, onde faleceu, sendo que há quem a considere uma pintora italiana originária de Moçambique (ah ah ah). Segundo o sítio da Fundação Calouste Gulbenkian, editado, “natural de Lourenço Marques, a versão biográfica curta e sanitizada é que Bertina Lopes estudou na Escola Superior de Belas-Artes, em Lisboa, onde conviveu com diversos pintores portugueses, entre os quais Carlos Botelho e Marcelino Vespeira. Regressada a Lourenço Marques em 1953, ali residiu durante nove anos lecionando a disciplina de desenho, recebendo, em 1962, a primeira bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe permitiu estudar cerâmica em Lisboa, com o artista português Querubim Lapa. Dois anos depois, partiu para Roma, com nova bolsa da Fundação, para dar continuidade à sua formação artística. Aí fixou residência, realizando posteriormente exposições em Itália, Portugal, Luxemburgo, Espanha, Moçambique e Cabo Verde”

Mas a página dedicada à nossa conterrânea na Wikipédia, cujo texto original é quase lixo e que editei em baixo, é, mais detalhada e acutilante:

“Lopes nasceu em Lourenço Marques a 11 de julho de 1924. Filha de mãe africana, cuja família era conhecida localmente, e de pai português, que trabalhava no campo. O seu nome próprio uma adaptação do nome da mulher do médico que assistiu no seu nascimento em Lourenço Marques, Bertine.

Estudou em Lourenço Marques, mas após o segundo ano do ensino secundário, mudou-se para Lisboa para concluir o liceu, onde estudou pintura e desenhou com Lino António e Celestino Alves e se formou em pintura e escultura. Nessa altura, conheceu artistas como Marcelino Vespeira, Carlos Botelho, Albertina Mantua, Costa Pinheiro, Júlio Pomar e Nuno de Sampayo.

Em 1943, Lopes voltou a Moçambique, onde se casou com o poeta Diogo Virgílio de Lemos, com quem teve filhos gémeos. Durante nove anos, Lopes deu aulas de Desenho Artístico na Secção Feminina da Escola Técnica General Joaquim José Machado. Ali, Lopes era reconhecida pelo seu método de ensino inovador, todavia por diversas vezes entrou em conflito com a direção da escola.

Em 1955, o seu marido Virgílio publicou um poema anticolonial e como resultado foi levado a julgamento por profanação da bandeira portuguesa. Mais tarde, Lemos junta-se à Resistência Moçambicana (1954-61) e no âmbito das atividades deste grupo é preso por subversão. Todos estes eventos que aconteceram ao seu marido e que Lopes acompanhou acabaram por reforçar a sua simpatia pelas franjas mais fracas e oprimidas da população, algo que também ficou patente, por diversas vezes, na sua arte.

Em 1956, Lopes pintou um mural chamado “Pavilhão da Evocação Histórica”, que foi inaugurado por ocasião de uma visita oficial do General Craveiro Lopes, então Presidente da República Portuguesa, a Lourenço Marques[nota: a Wikipédia diz que quem visitou Moçambique foi Salazar, o que dispensa mais comentários]. Três anos depois, Lopes foi eleita vice-presidente da Direcção do Núcleo de Arte. Dada a sua proximidade com Virgilio Lemos e a eminente eclosão da guerra colonial, Lopes foi forçada a deixar Moçambique em 1961. Lopes viveu por um curto período de tempo em Lisboa, mudando-se mais tarde para Roma.

Pelo meio, divorciou Virgílio de Lemos, que foi viver para Paris e em 1964, com 40 anos de idade, casou-se com Francesco Confaloni, um engenheiro italiano de computação e um amante da arte. Ficaria a viver em Roma o resto da sua vida. Durante esses tempos, fez amizade com alguns dos protagonistas da cena artística italiana, como eram Marino Marini, Renato Guttuso, Carlo Levi e Antonio Scordia. Em 1965, Lopes adquire a nacionalidade italiana (perdendo automaticamente a nacionalidade portuguesa, como era a lei na altura). Em 1979, Lopes visitou Moçambique pela primeira vez desde a sua partida e, em 1982, a sua arte fez parte de uma grande exposição no Museu Nacional de Arte Moderna de Maputo. Em 1986, fez a sua primeira exposição retrospectiva no Palazzo Venezia, em Roma. Em 1993, recebeu o título de Comendadora de Arte pelo então Presidente da República de Portugal, o mercurial Mário Soares, em Lisboa. Em 1995, foi vencedora do Prémio Gabriele D’Annunzio em Roma e em 2002 foi homenageada pelo presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi como reconhecimento das suas contribuições à arte.

A última aparição pública de Lopes foi na Bienal de Veneza em 2011 e em 2012, morreu em Roma, aos 86 anos.”

Folheto de Bertina, com um poema do Sr. José Craveirinha.
Exposição de Bertina Lopes na Galeria das Exposições Temporárias da sede da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, 27 de Outubro de 1972.
Adelina Lopes, irmã de Bertina, 1958.
Adelina, retratada por Bertina.
óleo de Bertina.
“Aqui enterrei a minha raiva”, 1998.
Verso de “aqui enterrei a minha raiva”, 1998.

18/06/2013

A HISTÓRIA DA MARRABENTA

Jovens a dançar a marrabenta na Associação Africana em Lourenço Marques. Foto da colecção pessoal de

Jovens a dançar a marrabenta na Associação Africana em Lourenço Marques. Foto da colecção pessoal de Elarne e Fredo Catiano.

Texto de base de Rui Guerra Laranjeira*, com o título original de “Marrabenta: evolução e estilização, 1950-2000”, copiado com vénia do sítio Buala e pesadamente editado por mim. Quem quiser ler o original consulte o sítio Buala.

(início)

A Marrabenta é o principal ritmo musical de Moçambique, situado bem no coração da sua identidade. Ritmo urbano, a sua estilização deve-se a pessoas urbanizadas que, distantes do seu meio social e cultural e sujeitos à influência da cultura ocidental, criaram este ritmo, pegando noutros já existentes como a Magika, Xingombela e Zukuta.

Começou no final dos anos 30, mas será na década de 50 que se tornaria popular com conjuntos como Djambu e Hulla-Hoope Harmonia. A marrabenta incorporou vários ritmos folclóricos, é produto da miscegenação cultural das gentes do Sul do Save, e da dinâmica sócio-cultural das zonas circundantes de Lourenço Marques. A sua estilização verificou-se nas Associações de Naturais que tiveram um papel importante na defesa da cultura e identidade cultural dos africanos no período colonial, caracterizado pela supressão sistemática de qualquer manifestação cultural por parte dos nativos, consideradas folclóricas.

Assim, as Associações, Associação Africana (AA) e o Centro Associativo dos Negros da Província de Moçambique (CANPM) vão contribuir para o resgate da identidade e cultura moçambicanas apesar da pressão para cantar e dançar músicas e ritmos portugueses entre 1912 e 1975, aquando da Independência. Para a adopção e promoção da cultura moçambicana, destaque-se o trabalho de José Craveirinha (Associação Africana) e Samuel Dabula Nkumbula (Centro Associativo dos Negros) que, devido à [sua] consciência política e cultural, contribuem para a adopção e promoção de ritmos, músicas e danças africanas nas associações. A Marrabenta passou por várias fases.

Origens da Marrabenta

A Marrabenta terá tido origem na região sul de Moçambique como demonstrado pela língua utilizada e pela maioria dos seus praticantes, que são todos oriundos desta região, que comporta Maputo, Gaza e Inhambane. O nome Marrabenta provém da rebenta, termo associado a dançar-se em excesso, nas décadas de 30 e 40, na Mafalala, um dos principais bairros suburbanos da então Lourenço Marques. Na Mafalala, na Associação Beneficiente Comoreana, sala de recreação e diversão então conhecida pelos locais como ‘Comoreanos’, terá surgido o nome ‘Marrabenta’. O local era assim chamado pelo facto dos seus associados serem provenientes das Ilhas Comoros. O ‘Comoreanos’ era um Cabaré onde a população suburbana se divertia. Um dos ritmos que se dançava ali era a ‘Marrabenta’ que até então, anos 1930, não tinha nome.

Factores que contribuiram para a estilização da Marrabenta

A estilização da Marrabenta terá resultado da combinação do movimento migratório de Moçambique para a África do Sul e vice-versa, realizado predominantemente por indivíduos de origem rural que emigravam para as minas sul-africanas à procura de melhores condições de vida. No seu regresso, introduziam ritmos, aparelhos, discos e músicas apreendidas e ouvidas na África do Sul, junto às suas famílias e amigos. Desta forma, faziam com que estes entrassem no meio rural ou suburbano de Lourenço Marques, provocando a familiarização do meio sócio-cultural com estas novas expressões culturais, levando à gradual aculturação dos seus familiares mais próximos e aos habitantes das zonas onde habitavam.

A rádio contribuiu bastante para a propagação destes ritmos devido à preferência da população africana por esta fonte de informação e entretenimento, dado que a maioria da população era analfabeta e sem acesso à informação escrita. As bandas de música americanas e sul-africanas também tiveram a sua influência. As bandas norte-americanas tinham adeptos junto de um público africano mais evoluído que escutava as bandas de jazz americanas, enquanto que as bandas sul-africanas eram preferidas pelos emigrantes moçambicanos que estavam em contacto directo com a música negra sul-africana. Assim, a vinda de bandas sul-africanas a Moçambique irá despertar nos moçambicanos a vontade de as imitar. Em 1951, visita Moçambique o agrupamento sul-africano ‘Zonk’, constituído exclusivamente por negros. Foi a primeira vez que se viu e ouviu uma guitarra eléctrica em Moçambique tocada por negros. Isto teve um grande impacto sobre a população negra, como se pode imaginar.

As associações contribuíram para o surgimento e desenvolvimento de uma consciência cultural, social e politíca, apesar das restrições impostas pelo Estado colonial Português. Ao permitir a sua criação e surgimento, o Estado colonial tinha também em vista o controlo, orientação e a introdução de elementos da cultura portuguesa no seio destes grupos e, ao mesmo tempo, impedir a formação de uma frente comum por parte dos colonizados.

O surgimento da Marrabenta nas associações foi o culminar do processo de ‘Regresso às Origens’, iniciado na década de 1940 por vários pensadores e dirigentes africanos negros e mestiços. Este movimento foi liderado por um grupo de intelectuais e usava como armas a culinária, a poesia, a música, o desporto e a arte para afirmar valores e a identidade africanas. Deste periodo destacam-se poetas como Rui de Noronha, com o poema ‘Surge et Ambula’, publicado em 1936, e Noémia de Sousa com ‘Sangue Negro’ de 1949.

O momento mais celebrado deste movimento acontecerá em 1959, com a realização do espectáculo musical denominado ‘Concerto de Música Folclórica’ envolvendo as bandas ‘Hulla-Hoop’, ‘Harmonia’ e ‘Djambu’ na Associação Africana em Lourenço Marques. Este evento foi o primeiro da história da música negra moçambicana, segundo o jornal ‘Brado Africano’ , que o apelidou de ‘o Concerto Musical do Ano’. A experiência serviu para confirmar a viabilidade da execução de números folclóricos. Os agrupamentos musicais contribuíram, por seu turno, para a difusão da música ligeira entre a população africana, para a divulgação dos ritmos moçambicanos e a sua penetração no seio da população colonial. A dinâmica exibida pelas associações na segunda metade da década de 50 na defesa e promoção da cultura africana deveu-se principalmente a duas importantes figuras: José Craveirinha na Associação Africana e o Professor Samuel Dabula no Centro Associativo dos Negros.

Estilização da Marrabenta 1950-1960

A estilização da Marrabenta verificou-se pela interpretação de músicas populares com instrumentos de origem ocidental. Este processo deu-se em 1958/9 com a realização do primeiro espectáculo de música negra em Moçambique, como já fizemos referência. O espectáculo foi um enorme sucesso e os espectadores vibraram do princípio ao fim. Foi a primeira vez que se assistiu a um concerto cuja temática era apenas a música local. Neste processo destacam-se a Orquestra Djambu, que se encontrava sediada no Centro Associativo dos Negros, o Conjunto Hulla Hoop, mais tarde João Domingos e o Conjunto Harmonia.

Os primeiros conjuntos Afro-Moçambicanos

A Young Issufo Jazz Band foi o primeiro conjunto Mocambicano constituído exclusivamente por indivíduos de raça negra. Foi fundado em 1956 por Young Issufo como um quarteto, passando a sexteto em 1957. A ideia de Young Issufo era criar um grupo africano que fizesse frente às bandas sul-Africanas que vinham actuar em Moçambique na década de 50. O sexteto era constituído por Domingos Mabombo, Manuel Hassane, Orlando, José Manuel, Moisés Manjate e Young Issufo .

A Orquestra Djambu (oiça o vídeo Youtube) forma-se em 1958 após a dissolução do Young Issufo Jazz Band em 1957. A banda integra-se no Centro Associativo dos Negros, então sob a direcção do Professor Samuel Dabula. Inicialmente tocavam Blues e Jazz, só mais tarde passaram a tocar marrabenta.

Os Djambo.

Os Djambo.

O Conjunto João Domingos, fundado por Young Issufo e Hassiade Mumino (Gonzana) em 1958 como Hulla-Hoop, passa a designar-se João Domingos em 1960. Fica alojado na Associação Africana, na altura sob a liderança de José Craveirinha.

A data provável da formação do Conjunto Harmonia é 1958. Na sua formação participaram Rachide e Miguel Mabote na Mafalala, também integrados na Associação Africana.

Promoção e divulgação da Marrabenta 1961-1974

A promoção e divulgação da marrabenta acontece na década de 1960 devido à evolução da situação política nas colónias portuguesas. Em 1961 tem início a guerra em Angola, que terá como consequência a abolição do estatuto indígena do Negro nas colónias, a concessão ao mesmo de liberdades cívicas até então negadas, a nomeação de um Ministro das Colónias liberal (o Professor Adriano Moreira) cujo consulado iria durar 18 meses, por um lado. Por outro lado, vai-se verificar a adopção de políticas multirracias e multiculturais que irão dar novo espaço aos ritmos africanos e permitir a criação de programas radiofónicos especiais, tais como o ‘África à Noite’ e a ‘Voz de Moçambique’ no então Rádio Clube de Moçambique.

Nesta altura gravam-se dois discos de conjuntos afro-moçambicanos, nomeadamente um pelo conjunto João Domingos em 1963 e, em 1965, o disco ‘Marrabenta’ da Orquestra Djambu. Do disco da Orquestra Djambu sairá a famosa música da Marrabenta, ‘Elisa Gomara Saia’ sobre a qual se diz que o ‘Duo Ouro Negro’ a certo ponto terá plagiado e reclamado a sua autoria.

A Marrabenta no Pós-Independência 1975-2002

Com a independência em 1975, a Marrabenta é desqualificada devido à nova realidade política, económica e cultural, em que a Frelimo se empenhava em impor a sua “revolução” e desencorajava activamente actividades culturais que considerava “subversivas” e “decadentes”. O novo regime procurava então valorizar a música tradicional (rural) moçambicana, que teve nos festivais realizados, nomeadamente o Festival Nacional de Dança Tradicional e o de música tradicional de 1980, um dos seus momentos mais altos. De acordo com Luís Bernardo Honwana, sendo a Frelimo um partido de base essencialmente rural, isso levou à divulgação destes valores com vista à promoção da unidade na nação recém-constituída o que, com a Marrabenta, não seria possível, visto tratar-se de um ritmo de matriz urbana e de difícil aproveitamento político.

Outro factor que terá contribuído para a sua parca divulgação neste período, foi a crise que o país atravessou logo após a Independência, resultante da saída de empresários do sector musical, o encerramento das casas especializadas na venda de instrumentos musicais, o desencorajamento de as pessoas conviverem em ambientes de lazer musical e a impossibilidade de importar equipamentos em virtude de o país ter outras prioridades. O resultado foi a regressão deste sector cultural.

A primeira tentativa séria para reavivar a Marrabenta no pós-Independência só acontece em 1987 com a criação da Orquestra “Marrabenta Star” período em que se procedem a alterações de ordem estrutural no país, como a introdução do ‘Programa de Reabilitação Económica, que promove a liberalização económica, o aparecimento de mercados e o incentivo à iniciativa privada, ao contrário do período anterior até 1986, caracterizado por uma economia comunista, centralizada e fortemente controlada pelo Estado. Apesar do dinamismo demonstrado inicialmente pelo agrupamento, em 1989, este viria a desaparecer devido a problemas de carácter empresarial, apesar do sucesso a nível internacional.

Em 2000, verifica-se o segundo ressurgimento da Marrabenta com o projecto ‘Mabulu’, que promovia comercialmente este ritmo musical. Este projecto procede à mistura do velho e do novo com jovens cantores ‘rap’ e velhas glórias da ‘Marrabenta’. Em 2002 o projecto terminou apesar do sucesso alcançado.

A ‘Marrabenta’ no presente

A ‘Marrabenta’ continua a ter o seu espaço apesar de não existirem políticas institucionais para protegê-la e promovê-la. Todas as iniciativas feitas nesse sentido são de índole individual. De entre as várias iniciativas podem-se destacar jovens como Neyma Alfredo, actualmente considerada a ‘Diva da Marrabenta’ com várias músicas neste ritmo. Lourena Nhate é outra joven com créditos firmados, descoberta no concurso televisivo ‘Fama Show’, e que hoje é uma cantora de Marrabenta com futuro. Isto ilustra a popularidade de que a Marrabenta ainda goza.

Paralalelamente à Marrabenta surge, entre 2005-6, o ‘Dzukuta-Pandza’ que tem em Zico o seu expoente máximo. Zico é considerado o promotor deste novo ritmo, que goza de um número crescente de fãs. Uma das músicas que o catapultou para a fama foi ‘Maboazuda’ que passou a ser tocada em todas as rádios comerciais e festas realizadas no país. ‘Dzukuta-Pandza’ é um ritmo que por sinal se inspira na ‘Dzukuta’ ou ‘Zukuta’ um dos ritmos que esteve na origem da ‘Marrabenta’.

Apesar dos altos e baixos pelos quais tem passado, a Marrabenta continua a ser uma referência em Moçambique. De tal maneira que em 2008 inicia-se o ‘Festival Marrabenta’ uma iniciativa de jovens da ‘Logaritmo’. O festival acontece entre Janeiro e Fevereiro e já conquistou o público e artistas moçambicanos, assim como turistas, a julgar pelas multidões que arrasta e número de artistas participantes. É realizado na região sul de Moçambique, nas províncias de Maputo e Gaza, nomeadamente nas cidades de Maputo, Marracuene, Chibuto e Chókwé. Como forma de reconhecimento da sua importância, 2010 foi considerado o ano da ‘Marrabenta’ pelos músicos Moçambicanos.

Em conclusão, a ‘Marrabenta é hoje um dos factores identitários de Moçambique. Como dizia alguém, nos anos 60, Moçambique era definido por uma trilogia: Marrabenta, Laurentina e Eusébio. E hoje temos só a Marrabenta para nos identificar, pois esta nunca morre!

Referências

Enciclopédia Mirador Internacional. Vol.8; Egito-Estrel. São Paulo, Rio de Janeiro:Encyclopaedia Britância do Brasil Publicações Ltda, 1981.

Entrevistas:
João Domingos, 5.10.2002 e 08.08.05, Maputo
Paulo Sérgio, 25.08.03, Maputo
Lindo Lhongo, 15.03.03, Maputo.
Dilon Djindje, 15.04.03, Marracuene.
Gabriel Chiau 25.04.03, Maputo.
David Macuácua, 05.03.03, Maputo
Sox, 05.03.03, Maputo.
Chico António, 04.03.04, Maputo.
Moisés Manjate, 20.02.02 e 11.08.05, Maputo
Cecília Xavier, 06.10.02, Maputo.
Epitácio José Xavier(Brugue), 06.10.02, Maputo
Alfredo Caliano, 05.06.04, Maputo.
Gonzana 09.07.02, Maputo.
Marcos Cuembelo, 21.02.03, Maputo.
Zeca Tcheco, 13.02.03, Maputo.
Celso Paco, 14. 05.04, Maputo
Young Issufo, 31.03.03, Maputo
Armando da Conceição (Rachide), 11.05.05 e 13.09.05, Maputo
Pacha Viegas, 18.04.03, Maputo.
José Mucavel , 07.08.04, Maputo
Vitor José, 14.07.03, Maputo.
Guerra Manuel, 12.02.05, Maputo
António Alves da Fonseca, 12.03.03, Maputo.
Mussá Tembe, 02.04.02, Maputo.
Luís Bernardo Honwana, 05.07.04

Imprensa:
Jornais:

Brado Africano, L.M., 1950-1960;
O Cooperador de Moçambique, L.M., 1969
Domingo,Maputo, 1981-1987
Notícias, Lourenço Marques, 1951-1952;
Noticias, Maputo,1973-1982
Tribuna, L.M.,1963-1964

Revistas:
Tempo,L.M., 2001
RM, L.M.,1961

Teses:
Zamparoni, Valdemir Donizette. “Entre Narros e Molungos; Colonialismo e Paisagem Social em Lourenço Marques c. 1890-1940”. Universidade de São Paulo.Faculdade de Filosofia,Letras e Ciências Humanas,1998, 582 Pp. Tese de Doutoramento
Matsinhe, Amélia. “Música Popular e Identidade: Subsidios Para o Estudo da Identidade na Música de Fany Mpfumo (1976-1986)”. Universidade Eduardo Mondlane.Faculdade de Letras e Ciências Sociais.Departamento de História, 2005,52 Pp. Tese de Licenciatura.

Livros e artigos:
Barbosa, Ernesto. “A Radiodifusão em Moçambique: O Caso do Rádio Clube de Moçambique, 1932-1974”. Maputo: Promédia, 2000. Pp. 165
Campos, Octávio Rodrigues de. “Marrabenta: Ritmo Moçambicano”. Lourenço Marques: [s.l.],[s.d.].Pp.4
Castelo, Claúdia. “O Modo Português de Estar no Mundo: O Luso–Tropicalismo e a Ideologia Colonial Portuguesa, (1933-1961)”. Porto: Edições Afrontamento, 1998. 166Pp.
First, Ruth. “O Mineiro Moçambicano:Um Estudo Sobre a Exportação da Mão-de-Obra”. Maputo:UEM, 1977
Freitas, Ferraz de. “Conquista da Adesão das Populações.” Lourenço Marques:SCCM.[AHM SE a.III p.6 n°22].
Kubik, Gerhard. “The Kachamba Brothers Band: A Study of Neo-Traditional Music in Malawi”. Lusaka: University of Zâmbia, 1974.Pp.73
Kubik, Gerhard. “A Abordagem Intercultural na Metodologia de Estudos Africanos”.In: Novas Perspectivas em Etnomusicologia.Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, 1989.P. 29-41.
Laranjeira, Pires. “A Formação da Negritude Africana de Língua Portuguesa:História e Teoria”. In: “A Negritude Africana de Língua Portuguesa”/Pires Laranjeira. Porto:Afrontamento, 1995. P.93-170
Leonard, Yves. “O Ultramar Português”. In: “História da Expansão Portuguesa”./Dir.Francisco Bethencourt, Kirki Chaudhuri. – [S.L.]: Temas e Debates.[1998]. – Vol.5; P. 487-511
Lutero, Martinho. “Apontamentos Sobre a Música Popular e Tradicional em Moçambique”. Maputo: 1981.
Marney, John. “As Tradições Musicais em Moçambique. In: Música Tradicional em Moçambique”. Coord. Paulo Soares. Maputo:Tipografia Académica/Tipografia Globo, 1980. – P.10-16.
Miguel, Amâncio. “Marrabentar: Vozes de Moçambique.” Coordenação Editorial: António Sopa e Nelson Saúte. Maputo: Marimbique, 2004. Pp.194.
Rita-Ferreira, António. “Timbilas e Jazz Entre os Indígenas de Homoíne”.In: Boletim do Instituto de Investigação Científica de Moçambique. Lourenço Marques: IICM, 1960. – Vol.1; nº1, – P.68-79.
Rita-Ferreira, António. “Os Africanos de Lourenço Marques.” Lourenço Marques: Memórias, IICM. 1967/8 – Vol.9. P.95 – 491.
Rocha, Aurélio. “Aculturação e Assimilação em Moçambique: Uma Perspectiva Histórico-Filosófica”. In: Actas do Seminário Moçambique: Navegações, Comércio e Técnicas. Maputo: Comissão Nacional Para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 1998, P. 317-350.
Rocha, Aurélio. “Associativismo e Nativismo em Moçambique: Contribuição para o Estudo das Origens do Nacionalismo Moçambicano (1900-1940)”. Maputo:Promédia, 2002.Pp.475.
Soares, Paulo. “1990:52. Art On The Move”. In: Art from the Frontline: Contemporary Art From Southern Africa. London: Frontline Press and Karia Press, 1990.P. 50-56
Soares, Paulo. “A Valorização da Música e Canção Tradicional” In: Música Tradicional em Moçambique. Coordenador:Paulo Soares. Maputo:Tipografia Académica/Tipografia Globo, 1980.- P.5-10
Sopa, António. “Artes Plásticas em Moçambique: Para uma Percepção das Práticas Culturais (1975-1999)”. In: “Outras Plasticidades”. Coordenação de Maria Armandina Maia. Lisboa:Instituto Camões, 1999.-P.31-48.

Internet
http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/index.html/05.06.03

FONTES PRIMÁRIAS:
Decreto-Lei n° 43.893, 6 de Setembro de 1961, B.O., I Série n°36.
AHM, Fundo da Administração Civil, Agremiações Recreativas e Culturais, caixa nº 12.
DICIONÁRIO:
Séguier, Jaime(Dir.). Dicionário Prático Ilustrado. Porto:Lello e Irmão, 1992.

*Rui Guerra Laranjeira é um historiador moçambicano. Formou-se em História com a tese “A Marrabenta: sua evolução e estilização 1950-2002″ pela Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. Fez um Mestrado em Cultural Heritage Management, com a tese “A Comparative Study of Parks Management in Australia and Mozambique: the Case of Kakadu, Uluru and Limpopo National Parks” pela Flinders University, Adelaide, Austrália. Foi Investigador Estagiário no Instituto de Investigação Sócio-Cultural ARPAC do Ministério da Cultura (2006-7), Consultor na Impacto nos projectos: Instalação de água potável nos bairros suburbanos de Maputo e de Alargamento da Estrada Nacional número 1 (2005); Oficial de Programas na AMDC (Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Comunidade) e na Akatembe (2002-4). Foi professor de História e de História de Arte entre 1997- 2004

10/06/2013

OS POETAS DE MOÇAMBIQUE EM DISCO, AGOSTO DE 1960

Muito grato ao João José Osório Reis. O seu pai, que era dono da Poliarte, foi quem editou o disco, que contém uma nota do Rui Knopfli no verso (ver em baixo) e no qual são lidos pela grande Manuela Arraiano poemas de Reinaldo Ferreira, Rui Nogar, José Craveirinha e do Rui Knopfli. Já meti uma cunha para se fazer uma gravação para meter aqui, vamos lá a ver.

Capa do disco "Poetas de Moçambique", da Poliarte em Lourenço Marques.

Capa do disco “Poetas de Moçambique”, da Poliarte em Lourenço Marques.

Verso da capa.

Verso da capa.

Imagem do disco.

Imagem do disco.

Site no WordPress.com.