THE DELAGOA BAY WORLD

12/04/2024

A PRIMEIRA ESQUADRA DA POLÍCIA EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1920

Imagens retocadas.

A fachada da Primeira Esquadra da polícia de Lourenço Marques, no final da então Rua Dom Luiz, depois chamada Consiglieri Pedroso, junto à Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho, e que também já foi de Mouzinho de Albuquerque e, originalmente, da Picota).
A Primeira Esquadra à esquerda, meados da década de 1920, imagem da colecção de Santos Rufino. Naquela altura, a Rua Consiglieri Pedroso era a principal artéria comercial da Cidade. À direita, a delegação do BNU, demolida no início dos anos 60 juntamente com os edifícios em seguida até à Travessa das Laranjeiras, para construir a sua nova e monumental delegação, que em 1975 passou a sede do Banco de Moçambique.

14/10/2023

STANLEY RYGOR, UM JUDEU EM LOURENÇO MARQUES

Até eu ter ido viver para os Estados Unidos após sair de Moçambique em 1975 (e não poder voltar) e rapidamente me ter convencido que Portugal, para onde tinha ido estudar, com a sua miséria perene e agora as fantasias do socialismo, nunca ofereceria as condições para reunir a família (tinha razão. 50 anos depois do 1974, Portugal permanece na cauda da Europa em termos de nível de vida), o único judeu que conheci era o Senhor Stanley Rygor, sobre quem só sabia que tinha uma lojinha na velha Baixa de Lourenço Marques.

Ele ia às piscinas ver as provas de natação e quem o conhecia era a minha irmã Cló, na altura reconhecida como campeã nacional de natação (era comum, quando me apresentava a alguém, dizer que ou era irmão da Cló ou filho do Sr. Comandante Botelho de Melo).

Foi a Cló que o conheceu primeiro, quando um dia foi à loja do Sr. Rygor na Rua Consiglieri Pedroso para emoldurar um poster do lendário nadador norte-americano (e judeu) Mark Spitz, que faria história nos jogos olímpicos de Munique no verão 1972 – interrompidos por (mais) um inenarrável ataque terrorista de palestinianos na vila olímpica e o subsequente massacre de vários atletas e dirigentes da delegação israelita.

Cló no seu quarto, 1973. Aquilo atrás é uma bandeira de Israel (?)

Algum tempo mais tarde ela apresentou-me o Sr. Rygor, sem eu saber nada sobre a sua religião. Só muito mais tarde é que soube, mais como curiosidade. Eu na altura nada sabia sobre o judaísmo, o Holocausto perpetrado pelos Nazis durante a II Guerra Mundial, os séculos e séculos de perseguição, principalmente na Europa. Apenas tinha a noção, transmitida muito en passant nas aulas de catequese na Rebelo da Silva e na Igreja de Santo António da Polana (pois….) que Jesus Cristo fora judeu e depois aquela confusão toda com os romanos há dois mil anos. Os padres vagamente rosnavam que não eram de confiança e as mensagens subliminares dos filmes de Hollywood (como o Barrabás, que vi no Varietá) escapavam-me.

Ele, era simpático, alto, culto, com um bigodinho fino e tinha um sotaque esquisito, dando um ar de estrangeiro.

Stanley Rygor.

Lourenço Marques, e penso que uma boa parte de Moçambique, era – parecia então -um rico mosaico de diversidade cultural, étnica e religiosa e, apesar de eu não ser religioso, eu tinha noção de ali conviverem pessoas das mais diversas origens e persuasões. De cabeça, lembro-me de, para além dos católicos, de existirem várias denominações cristãs protestantes, muçulmanos (agora sei que sunnis), os ismaelitas, os hindús, ortodoxos gregos e as Testemunhas de Jeová.

E depois havia o Stanley Rygor.

Por um dos álbuns do Santos Rufino, que tinha comprado em 1972 por 10 escudos na loja do Monhé Branco junto à Praça Mac-Mahon, descobri por uma fotografia que em 1927 havia uma pequena sinagoga em Lourenço Marques mas só em 1998, quando, circunstancialente “regressei a casa” e fui trabalhar por uns anos em Maputo, é que descobri que o edifício ainda existia (mais ou menos abandonado então) que ficava recatado num terreno entre a Pastelaria Cristal e o antigo Liceu Salazar, na antiga Rua General Botha.

Entretanto em Setembro de 1974 veio a Frelimo com a sua limpeza étnica encapotada e credo revolucionário comunista, ainda por cima raivosa por aquilo do 7 de Setembro e quase todos os habitantes de Lourenço Marques simplesmente fizeram as malas e saíram de Moçambique, prenunciando os 50 anos que entretanto passaram e que basicamente têm sido uma longa, infindável, e quase impenitente desgraça. Anos mais tarde, alguém disse a alguém que disse a alguém (na altura não havia internet nem redes sociais, as pessoas simplesmente desapareciam da Cidade e levava anos a perceber o que lhes tinha acontecido) que me disse que o Stanley Rygor fechara a loja e tinha ido com uma irmã para a antiga Rodésia. Imagino que já tenha falecido mas não sei nada sobre o que lhe aconteceu.

Mas hoje temos a internet, com todos os seus defeitos e oportunidades.

E o que fui descobrindo é interessante.

Stanley era filho de Louis e Marie Rygor e tinha um irmão – Harry – e duas irmãs – Esther (ou Gertie) e Rosie. Todos os irmãos nasceram em Lourenço Marques.

Os pais, Louis e Marie Rygor, vieram da cidade de Odessa, ao Sul do que hoje é a Ucrânia, que conheço melhor desde que Putin anda entretido a desmantelar e a matar gente ali, mas que no tempo em que lá viveram ainda fazia parte do império russo, e onde havia uma expressiva comunidade judaica. Um texto refere que eles haviam “fugido” de Odessa no ano de 1905.

Curiosamente, na altura o cônsul do Império da Rússia em Lourenço Marques (e da Áustria-Hungria, e da China imperial) era um alemão genial, Fritz Wirth – o Wirth da Breyner & Wirth, que tinha vários negócios, alguns com Francisco de Mello Breyner.

Por alguma razão, em 1913, um ano antes do início da I Guerra Mundial, o casal Rygor, que entretanto passara alguns anos no Reino Unido, acabou por se radicar na pindérica Lourenço Marques, onde havia de facto uma pequena mas muito influente comunidade empresarial judaica. E abriram na Rua Consiglieri Pedroso uma lojinha de emoldurar quadros e vender vidros, etc. Louis dizia nos seus anúncios que era o único em toda a província. Esta era uma das três principais ruas de comércio da pequena cidade, sendo as outras a fundacional Rua Araújo e a então relativamente recente Avenida da República (hoje 25 de Setembro). Claro que havia ainda a Rua da Gávea, o bairro “indiano”, diz-se que povoado com gente de Diu, muçulmanos, com a sua Mesquita na esquina, onde iam rezar cinco vezes ao dia.

Anúncio da loja de Louis Rygor, no Anuário de Moçambique, a edição de 1917 mas que por causa da Guerra só saíu em meados de 1918 (se calhar não arranjavam papel). A fachada da loja manteve o mesmo aspecto até 1975.
Trecho da Rua Consiglieri Pedroso em 1968. A loja Rygor ficava do lado esquerdo nesta imagem de Fernando Sousa. A mesquita ficava uns metros à frente, à direita, na então (1913) Rua Francisco Ferrer, nome de um radical obviamente dos afectos dos radicais da I República e que os radicais do Estado Novo viriam a chamar…Rua Salazar.

O casal Rygor viveria em Lourenço Marques o resto da sua vida. Marie Rygor faleceria em 22 de Julho de 1935 com 64 anos de idade e Louis em 17 de Dezembro de 1948 com 74 anos de idade.

Ambos foram sepultados no talhão judaico junto do Cemitério de São Francisco Xavier, a caminho do Alto-Maé, onde ainda hoje se podem ver as suas lápides.

Dando sequência a uma aspiração da pequena comunidade judaica da cidade, em 23 de Agosto de 1926 foi inaugurada a sua (até hoje) única sinagoga. Na comissão constituída para o efeito, que incluia Ernest Salm (da Jacques Salm & co.) como presidente, Jules H. Muller, J. Barnett, C. Mosiff, Glazer e Joseph Levy, Louis Rygor era o Tesoureiro (nota: a lista apresentada aqui difere).

A sede da Jacques Salm na esquina da Praça Mac-Mahon (actual Praça dos Trabalhadores) e a Rua Consiglieri Pedroso, em Lourenço Marques, anos 60. No final dessa década, o edifício seria demolido e ali seria construído um prédio, também da Salm.

Segundo vários relatos, entre os quais este, a comunidade judaica de Lourenço Marques organizou-se mais ou menos por acaso, quando, no início da II Guerra Anglo Boer (11 de Outubro de 1899), o Presidente do Transvaal, Paul Kruger, subitamente expulsou do seu território o Rabbi Joseph Herman Hertz, que acusava de ser pró-britânico e que saiu do Transvaal pela linha ferroviária entre Pretória e Lourenço Marques, onde ele passou uns dias antes de apanhar um barco para Durban, sob controlo britânico. Nessa curta estadia, Hertz, que era obviamente firme, voluntarioso e uma força da natureza, pediu a Leon Cohen, um empresário e figura de topo na pequena urbe, que organizasse uma reunião na segunda-feira, dia 18 de Dezembro de 1899, com os fiéis locais, onde estabeleceu três prioridades: 1) criar-se um cemitério judaico na Cidade; 2) formalizar uma comunidade organizada; e 3) criar um sub-comité para coordenar actividades com o Comité de Vigilância Judaica de Johannesburgo e a Sociedade Judaica para a Protecção de Mulheres e Raparigas de Londres.

Cerca de vinte anos mais tarde, em 1921, os judeus locais formaram uma organização chamada Associação de Benevolência Israelita Honen Dalim (que quer dizer “ajudar os pobres”), que organizou o esforço para comprar um terreno (na Rua General Botha, adquirido à Delagoa Bay Lands Syndicate, uma das Delagoa Bays que eram quase donas daquilo tudo) e ali construir uma sinagoga, que seria consagrada pelo Rabbi Chefe Prof. Doutor J. L. Landau, que veio expressamente de Johannesburgo. Formalmente, a sinagoga de (hoje) Maputo chama-se Sinagoga Honen Dalim.

A Sinagoga Honen Dalim, foto recente.

Segundo um artigo interessantíssimo de Hyman Jocum, que reproduzo na íntegra mais abaixo, em que ele entrevistou ambos Stanley Rygor e a sua irmã Gertie no início de 1976, quando ainda estavam em Moçambique, já independente, a altura em que estiveram mais judeus em Lourenço Marques foi em 1942, no pico da II Guerra Mundial, Hitler em pleno e a matar judeus a uma escala industrial, sendo a maioria refugiados em “trânsito” (ou seja tecnicamente nem podiam ficar porque Salazar não deixava, nem podiam ir para lado nenhum porque praticamente ninguém os aceitava). Após o fim da guerra, segundo a entrevista, a maior parte destes rumou o Brasil e a Alemanha Ocidental. Imagino que alguns acabaram também em Israel e…ficaram em Moçambique.

Penso que após a morte do pai em 1948, Stanley passou a tomar conta da loja de vidros e molduras na Rua Consiglieri Pedroso.

Numa crónica, o já falecido João de Sousa recorda quando Stanley foi seccionista do Clube Ferroviário de Lourenço Marques, pelo hóquei em patins, numa altura em que o hóquei em patins da Cidade se revelou ser o melhor do…mundo, a partir dessa altura. No seu magnífico blog, o inigualável e também já falecido Francisco Velasco, uma peça-chave do milagre do mundial “moçambicano” no hóquei em patins, fez uma “lista de pessoas VIP” que ajudaram no processo de criar uma equipa campeã do Mundo. Stanley Rygor é mencionado, como seccionista. (ele também menciona o meu Pai, o que é simpático mas não percebo).

Com a chegada da Frelimo a Lourenço Marques no final de 1974, pelos vistos quase todos os judeus de Lourenço Marques se juntaram à Debandada Geral, pois percebia-se claramente que iriam destruir a economia e passar Moçambique duma ditadura colonial de partido único para uma ditadura comunista belicista e de partido único. Na peça em baixo, escrita no início de 1976, já só se fazia referência a Stanley (que agia como chefe oficioso da comunidade judaica local) e à sua irmã Gertie e a mais um ou dois residindo na agora nova capital do nascente país.

Entrevista de Hyman Jocum a Stanley Rygor e Gertie Rygor, 1976

Neste artigo que é essencialmente uma entrevista, para além da descrição de Lourenço Marques em 1942, e de outras informações, é deveras interessante a referência à proveniência e o percurso dum Sidur (um livro de rezas) durante a II Guerra Mundial, que fora parar a Lourenço Marques. O documento, que era duma menina com 10 anos de idade, foi contrabandeado pelo pai da menina, de Varsóvia, na Polónia, onde viviam, para a cidade russa de Vladivostock, no Extremo Oriente, via o comboio transiberiano, de onde seguiu para Shangai, onde se lhe juntou a mulher, que foi de seguida com ele para Macau. A menina ficou atrás. Em Macau, apanharam um barco que rumou a Lourenço Marques – em “trânsito”. Entretanto, poucos dias antes de a Alemanha nazi invadir a União Soviética, em 22 de Junho de 1941(um domingo), a Cruz Vermelha Internacional conseguiu resgatar de Varsóvia a filha do casal, que conseguiu fazer chegar a Lourenço Marques. As autoridades da África do Sul permitiram que ela frequentasse uma escola local até ao fim da guerra. Os pais ficaram em Lourenço Marques. Aparentemente, depois foram por uns anos para Shangai e, em 1949, quando os exércitos comunistas de Mao tomaram aquela metrópole chinesa, mudaram-se para a então nova nação de Israel, que havia declarado a sua independência em 14 de Maio de 1948.

Capa da revista Tribuna Israelita, Julho-Agosto de 1976.
Artigo, 1 de 4. Penso que os “motins” em Lourenço Marques a que Hyman faz referência no início do seu texto foram uma rebelião de elementos da Frelimo na Cidade no fim de 1975/início de 1976. Soube destes distúrbios pela minha Mãe, que ainda se encontrava na Cidade e que passou dias de terror, mas nunca encontrei nada escrito sobre esse episódio. A Frelimo abafou tudo, até hoje.
Artigo, 2 de 4.
Artigo, 3 de 4.
Artigo, 4 de 4.

19/06/2022

TURISTAS NA BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Fotografia do inigualável Carlos Alberto Vieira, colorida por mim.

Turistas passeiam na Baixa, no passeio em frente à Casa Amarela, em frente à sede do Banco Standard Totta, anos 60. A Praça 7 de Março fica atrás, do lado direito. Ao fundo, o Prédio Rúbi.

04/09/2021

A PRAÇA MAC-MAHON EM LOURENÇO MARQUES, 1960S-1970S

Imagens retocadas.

Descansando na Praça Mac-Mahon, entre o monumento em memória dos mortos na I Guerra Mundial (inaugurado em 1935) e a fachada da estação ferroviária de Lourenço Marques, início dos anos 60. Do lado direito, vê-se o início da Rua Araújo.

A Praça Mac-Mahon (hoje Praça dos Trabalhadores), início dos anos 70. A seguir ao prédio da esquerda (Prédio Abreu Santos e Rocha, desenhado por Pancho Guedes) tem início a Rua Consiglieri Pedroso.

12/06/2021

RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada, de Manuel Martins Gomes. Grato à sua filha Zé, que a disponibilizou em memória do seu Pai, cujo espólio fotográfico está pacientemente a começar a analisar e a constituir num registo fotográfico.

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Quase na junção da Rua Consiglieri Pedroso com a Praça 7 de Março, vê-se, da esquerda, a Primeira Esquadra, seguida pelo Restaurante a Marisqueira, o Paraíso Africano e o Prédio Lar Moderno.

08/06/2021

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, FINAL DOS ANOS 60

Filed under: LM Baixa, LM Rua Consiglieri Pedroso — ABM @ 22:45

Imagens retocadas.

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Vista parcial da Rua Consiglieri Pedroso, cerca de 1968.

 

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O mesmo trecho da Rua Consiglieri Pedroso.

29/03/2021

O PRIMEIRO TEATRO GIL VICENTE EM LOURENÇO MARQUES

Imagens retocadas.

A fachada do primeiro Teatro Gil Vicente, meados da década de 1920. Ardeu em 1931. No seu lugar construiu-se em seguida o Prédio Fonte Azul, tendo Manuel Rodrigues edificado outro teatro com o mesmo nome a meio da Avenida Aguiar (depois Dom Luiz I e hoje Avenida Marechal Samora Machel) que inauguriu cerca de 1933.

A localização do primeiro Tetatro Gil Vicente, onde esteve durante décadas (onde está a notação “GV”).

Na Praça 7 de Março, aqui num postal de meados dos anos 50, do lado direito, o Prédio Fonte Azul, que ocupa todo o quarteirão onde ficava, entre outros, o primeiro Teatro Gil Vicente.

O que resta do Teatro Gil Vicente que foi inaugurado em 1933 na então Avenida Aguiar. À esquerda a vermelho era o bar do Teatro, que penso funciona hoje autonomamente. Os sucedâneos dos Lourenço-Marquinos simplesmente não vão ao cinema como se ia e o edifício mingua.

23/03/2020

A AVENIDA D. LUIS EM LOURENÇO MARQUES, 1894

Filed under: LM Rua Consiglieri Pedroso — ABM @ 22:19

Imagem retocada, do álbum Photographs of South Africa (pág.29), publicado na África do Sul em 1894.

 

A Avenida Dom Luis em Lourenço Marques (posteriormente a Rua Consiglieri Pedroso), 1894. Na altura esta era a rua comercial mais importante da pequena cidade, mais ou menos encaixada entre a Rua Araújo e a Rua da Gávea. Dom Luis I, Pai do, posteriormente, Rei Dom Carlos I, foi o monarca português que elevou o presídio a vila e depois a vila a cidade.

15/09/2019

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, 1932

Imagem retocada.

Até cerca de 1935, quando a Casa Coimbra foi inaugurada na vizinha Avenida da República (actualmente, Avenida 25 de Setembro), a principal rua de comércio da Cidade era a Rua Consiglieri Pedroso, seguida, talvez, pela Rua Araújo, que era uma mistura de hotéis, casinos, bares e empresas de navegação e afins, e pela Rua dos Irmãos Roby, a última artéria que, a seguir ao Alto-Maé, dava acesso ao principal centro urbano nativo que era o Xipamanine.

À esquerda, o John Orr’s, à direita, atrás do carro estacionado, a Casa Fabião.

23/04/2019

A BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, 1928

Imagem retocada.

 

A então Baixa de Lourenço Marques, 1928. Foto tirada da varanda do 1º andar do primeiro Teatro Gil Vicente, que ficava à entrada da Rua (mais tarde) Joaquim José Lapa, no mesmo local onde depois se instalou a Papelaria Académica, no Prédio Fonte Azul.  Onde está um homem a atravessar a rua para o lado esquerdo na imagem, fica a esquina entre a (então) Avenida Aguiar, mais tarde designada Av. Dom Luiz e a actual Avenida Marechal Samora Moisés Machel. À esquerda começava a Praça 7 de Março. Do lado direito vê-se o Consulado do Reino Unido da Grã-Bretanha, com a bandeira hasteada. Ao fundo vê-se a Rua Consiglieri Pedroso, que desemboca na Praça Azeredo, mais tarde designnada Praça Mac-Mahon e a actual Praça dos Trabalhadores. No topo e lado esquerdo da imagem, em primeiro plano, vê-se a ponta do primeiro Teatro Gil Vicente, que arderia no final do ano seguinte, motivando o seu dono a construir outro com o mesmo nome, em estilo Art Deco, a meio da Avenida Dom Luiz. Mais a seguir vê-se um edifício com a frase “(re)frescos” na fachada, que era o Kiosk Chalet, o verdadeiro epicentro geográfico e social da Cidade naquela altura e que ficava na ponta a Norte e a Nascente da Praça 7 de Março. Logo a seguir, lá longe no horizonte, pode-se ver a cúpula da Estação de Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, na altura das edificações mais altas da Baixa. Com tanta gente na rua, ou era fim de semana ou dia de festa na Cidade.

14/09/2018

O HOTEL TAMARIZ EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

O Hotel Tamariz, desenhado por Pancho Guedes, na esquina da Avenida Manuel de Arriaga e a Rua Consiglieri Pedroso, 1961. Ao fundo do lado direito, o BNU em construção e a seguir o Prédio Rubi.

A CASA BAILY EM LOURENÇO MARQUES, 1961

 

Em primeiro plano, a Casa Baily. Atrás, o Hotel Tamariz e a Rua Consiglieri Pedroso. À esquerda no canto superior, o futuro BNU em construção.

 

Em primeiro plano, a Casa Baily. Atrás, o Hotel Tamariz. À esquerda no canto superior, o futuro BNU em construção.

02/08/2018

A CASA VIEGAS EM LOURENÇO MARQUES, DESENHO DE DANA MICHAHELLES

 

A Casa Viegas acho que ficava na Rua Consiglieri Pedroso. Desenho de Dana Michahelles.

 

Anúncio da Casa Viegas na primeira página do Diário de Lourenço Marques, 7 de Agosto de 1966.

 

Poema de Rui Knopfli, retirado daqui, dedicado a Dana e em que menciona a Casa Viegas.

DANA

Pelo trajecto sangrento das acácias,
da Mafalala às areias da Polana,
ou à maré morta da Catembe;
do Ho Ling à Casa Elefante,
da Casa Viegas ao Prédio Pott;
da opulenta sombra do cajueiro
à nobre majestade do eucalipto,

ainda resiste, na memória, uma cidade.
Por tardes de longa canícula,
sentada em seu regaço, a menina
dos cabelos cor de cobre regista-lhe,
com paciente labor, na brancura
do A3, a minúcia do perfil
que esbatido aos poucos, lentamente,

no deserto da memória vai morrendo.
Dele, em tempo, só restará o sal
teimoso que, a algum verso,
há-de emprestar o travo amargo
e o que, no rigor afectuoso dos seu traço,
da insanável ferida oculta,
é, obstinadamente, a visível cicatriz.

30/10/2017

A RUA DA MESQUITA EM LOURENÇO MARQUES, 1927

Detalhe de fotografia de um dos álbuns de José dos Santos Rufino, retocada.

A Velha Mesquita fica situada à esquerda, nos anos 60 a Papelaria Spanos ficava do lado direito na esquina com a Rua Consiglieri Pedroso.

 

A Rua da Mesquita. Por um tempo teve outros nomes, entre eles Rua Salazar. E Pelos vistos havia uma loja da Marta da Cruz e Tavares do lado direito.

04/03/2017

O DETALHE NO POSTAL DA RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, 1910

Filed under: LM Rua Consiglieri Pedroso, Tobler & Cia, Ldª LM — ABM @ 19:03

 

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Postal recho da Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques, cerca de 1910. Foto tirada na direcção Poente e pintada à mão.

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Detalhe da imagem acima, mostrando no passeio o que parece ser um jovem deficiente motor. Outro segredo desta imagem: o carro que se vê está parado no meio da rua. Nesta altura as fotografias só ficavam bem focadas e com definição sobre objectos parados, senão ficava desfocada. Provavelmente a viatura está aqui literalmente “para a fotografia”

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, 1910

 

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A fotografia mostra onde a Rua Consiglieri Pedroso desemboca na Praça 7 de Março em Lourenço Marques, que se vê à esquerda, vendo-se o passeio e dois quiosques. A seguir ao quiosque mais distante pode-se ver a primeira construção de argamassa da Cidade, mais tarde a Casa Amarela e actualmente o Museu da Moeda. O segundo edifício à direita, com a varanda superior, na altura era o consulado britânico. Note-se neste postal a designação da Praça como “Praça Mousinho de Albuquerque”. Posteriormente a Praça alterou a designação para 7 de Março e após a Independência foi novamente alterado para Praça 25 de Junho.

26/10/2013

A PARTE BAIXA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

 

 

Vista aérea da parte baixa de Lourenço Marques, anos 60.

Vista aérea da parte baixa de Lourenço Marques, anos 60. Em primeiro plano, do lado esquerdo vê-se a Avenida da República (actual Avenida 25 de Setembro) e o Bazar e mais à direita a Rua Consiglieri Pedroso e no meio a Velha Mesquita. Ao fundo vê-se o enorme eucaliptal ainda do tempo dos Aterrios dos anos 20.

03/05/2013

A GRANDE DANA MICHAHELLES (1933-2002) E LOURENÇO MARQUES NOS ANOS 70

Dana quando mais jovem, em Lourenço Marques.

Dana quando mais jovem, em Lourenço Marques.

Dana alguns anos mais tarde, a trabalhar.

Dana alguns anos mais tarde, a trabalhar.

Cópia de um dos desenhos a tinta da Dana, aqui a Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques, 1972.

Cópia de um dos desenhos a tinta da Dana, aqui a Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques, 1972.

Dana Michahelles (1933-2002) was born in Florence, Italy, and was the daughter of artists. Her father was the Florentine painter RAM (Ruggero Michahelles), her uncle was the Futurist painter Thayaht, and her great-grandfather was Hyram Powers, the Neoclassical American sculptor. She attended the Institute of Fine Arts in Florence, but at age 15, she left for Africa where she remained for 27 years, creating a contrasting identity as an artist. In Mozambique, she remained for 27 years, she had a family, and worked extensively, never ceasing to paint. Dana’s work is relatively unknown in her birth city, and this exhibition represents a selected retrospective of her finest works which can be considered narratives, cityscapes, and visual documentation illustrating life as it is being lived, never having lost her Florentine spirit. Many people remember her drawing in the streets with her pad of paper and her pens in Maputo (Mozambique), in Lisbon, in Cape Town, and in Florence. To everyone, she has left an impression of being a quiet yet very personable artist of great talent.Dana made her drawings in the midst of people, surrounded by noise, voices, movement, by LIFE itself. She put on paper the architecture that impressed her, with a decisive and strong line to represent the heavy and structural parts, while at the same time, she was able to capture an ephemeral world in constant mutation and movement, of people — of which she sketched lightly, giving the sensation of momentary passing and fleeting moments, as one can see in many of her works. Fundamentally for her drawing style, she worked as a draftsman for 10 years with the studio of the famous Portuguese architect Amandio Alpoim Guedes (known as Pancho Guedes). It was an era when everything was still drafted by hand; the technology and instruments of today did not exist. This was an advantage that permitted her to develop a fine sense of proportion and perspective while she perfected, year after year, a particular way of using pen and ink, her very specialization.

(texto copiado e ligeiramente editado, do sítio da SACI Gallery (Palazzo dei Cartelloni, Via Sant’Antonino, 11, 50123 Florença, Itália, T 055 289 948, e-mail gallery@saci-florence.edu) que entre Janeiro e Fevereiro de 2013 fez uma exposição das obras da Dana, indicando que algumas das suas peças ainda podem ser compradas à sua Família contactando directamente a Galeria.

Em 2001, a Editora Caminho publicou um livro ilustrado com 168 páginas de cópias dos trabalhos, capa azul, com o nome da Dana (ISBN: 9789722114301). que habitualmente está esgotado e que vai por uns 50 euros.

No Facebook há um pequeno grupo de amigos e admiradores de Dana que pode ser encontrando digitando o seu nome completo.

Um sketch de Malangatana Valente, 1961.

Um sketch de Malangatana Valente, 1961.

A AVenida Dom Luiz em Lourenço Marques, junto ao Avenida Building ("Prédio Pott"), 1972.

A Avenida Dom Luiz em Lourenço Marques, junto ao Avenida Building (“Prédio Pott”), 1972.

Interior do Bazar de Lourenço Marques, 1972.

Interior do Bazar de Lourenço Marques, 1972.

Mais uma artéria de Lourenço Marques, 1972.

Mais uma artéria de Lourenço Marques, 1972.

A netrada do Hotel Club na baixa de Lourenço Marques, 1972. Actualmente o edifício é um centro cultural estrangeiro.

A entrada do Hotel Club na baixa de Lourenço Marques, 1972. Actualmente o edifício é um centro cultural estrangeiro.

A Travessa que liga da Rua Araújo à Rua Consiglieri Pedroso, na baixa velha de Lourenço Marques, 1972.

A Travessa que liga da Rua Araújo à Rua Consiglieri Pedroso, na baixa velha de Lourenço Marques, 1972.

Poema de Rui Knopfli dedidcado a Dana.

Poema de Rui Knopfli dedidcado a Dana.

28/06/2012

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1910

A Rua Consiglieri Pedroso em Lourenço Marques, anos 1910. À esquerda, a loja Tobler & Cia.

20/06/2012

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO JUNTO DA PRAÇA SETE DE MARÇO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1900

Fotografia restaurada.

 

A Rua Consiglieri Pedroso junto da Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho) em Lourenço Marques. O edifício directamente em frente é o actual Museu Nacional da Moeda (anteriormente Casa Amarela).

30/05/2012

O BANCO COMERCIAL DE ANGOLA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1970

Esta fotografia é dedicada à Mena Pires, que me enviou esta noite a seguinte mensagem: “Caro ABM, tenho estado a ver o The Delagoa Bay World … maravilhada, evidentemente. Mas fiquei triste porque … banco, banco, banco e não encontrei. Trabalhei no Banco Comercial de Angola em Lourenço Marques. Ficava na Rua Consiglieri Pedroso, mesmo de frente para a Minerva Central. Infelizmente não tenho uma única foto dele, passada ou presente. Será que não tem nenhuma no fundo do baú ?”

A fotografia vem do blogue Ex Colaboradores do BCA – Banco Comercial de Angola, que passei a pente fino e que cordial e entusiasticamente convidam todos os seus antigos colegas de Moçambique a visitarem e enviarem fotos e notícias.

Com base em Luanda (sede social em Lisboa, creio) o BCA foi um dos bancos mais dinâmicos dos últimos anos da administração portuguesa em Angola, com um pé firme em Moçambique pelos anos 1970.

Segundo o Sr. Manuel Silva,  “este belo edifício, foi construído pela Firma O Lar Moderno, onde teve a sua sede durante alguns anos, antes de ser a Sede do B.C.A., Banco Comercial de Angola, em Moçambique.”

A sede do BCA em Lourenço Marques, na Rua Consiglieri Pedroso, mais ou menos em frente à Minerva Central. O edifício ainda existe hoje e pertence ao Banco de Moçambique, o banco central.

23/03/2012

A RUA CONSIGLIERI PEDROSO EM LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

A Rua Dom Luiz em Lourenço Marques, vista de nascente para poente. Mais tarde chamou-se Rua Consiglieri Pedroso. Não confundir com a "outra" Avenida D. Luiz neste blogue, que hoje é a Av. Samora Machel. Início do Séc. XX. À esquerda pode-se ver um "tramway". Se não me engano à esquerda fica a Praça 7 de Março (agora 25 de Junho) e aquele edifício na esquina é a Casa Amarela (hoje Museu Nacional da Moeda).

O PRÉDIO FONTE AZUL E A PAPELARIA ACADÉMICA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1950

Na esquina da Rua Consiglieri Pedroso com a Praça 7 de Março (hoje 25 de Junho), o Prédio Fonte Azul. Lembro-me de no final dos anos 1960 haver ali uma discoteca, uma loja de peças para a minha bicileta, a South African Airways e, claro, a Papelaria Académica. Do outro lado da rua, o sítio que foi a primeira residência de Gerard Pott em Lourenço Marques, onde logo a seguir a ter sido tirada esta fotografia se fez o Prédio Rubi. Grato ao Eduardo da Naia Marques por me lembrar do nome do prédio.

19/03/2012

RUA DE LOURENÇO MARQUES, INÍCIO DO SÉCULO XX

Filed under: LM Baixa, LM Rua Consiglieri Pedroso — ABM @ 16:51

Uma rua em Lourenço Marques, princípio do Século XX. Creio que é a Rua Consiglieri Pedroso. Talvez o PPT com o seu faro de perdigueiro infalível saiba.

22/02/2012

A PRIMEIRA ESQUADRA DA POLÍCIA DE LOURENÇO MARQUES, ANOS 1920

A primeira Esquadra da Polícia de Lourenço Marques, aqui em meados dos anos 1920. Ainda opera como posto da Polícia da República de Moçambique. Foto dos álbuns Rufino. Fica situada na Rua Consiglieri Pedroso.

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