Ao contrário das campanhas em Gaza, Mouzinho de Albuquerque ia fracassando contra os Namarrais. O terreno, o inimigo, as tácticas e os equipamentos utilizados quase nada tinham que ver com o que sucedera em Gaza. De qualquer maneira foi o princípio do fim da “rebelião” – e Mouzinho não tolerava rebeliões, fosse onde fosse. Pouco depois, rebelde e farto de aturar a burrocratice do Terreiro do Paço em Lisboa, Mouzinho demite-se do cargo de Comissário Régio e volta para Portugal onde, ao contrário do que sucedera meses antes, foi recebido fria e nervosamente. Sem nem os monárquicos nem a máfia republicana saberem o que fazer com ele, foi nomeado pelo rei preceptor do Príncipe Real, cargo que desempenhou com formalismo e um desencanto mal escondido. Quatro anos depois morre numa rua em Benfica com dois tiros na cabeça, um suicídio (houve alguma especulação que não fosse). Em menos que vinte anos, a autoridade central dos portugueses no território moçambicano deixava de ser desafiada abertamente. Maria José, a sua viúva, viveu até aos anos 1950.
A vida de Mouzinho, que nada era antes de prender Gungunhana, e nada foi após 1898, brilhou apenas nos três anos que esteve em Moçambique, onde hoje é essencialmente desconhecido e indevidamente apreciado mercê das suas credenciais “coloniais”.
Mas, com o incontornáveis “Libertadores” da Frelimo, provavelmente ele, Andrade Corvo, António Ennes e o Marquês de Soveral foram as figuras mais importantes na criação do Moçambique moderno. Por isso merece ser recordado aqui. Incluindo a mazela de Namarrais.