THE DELAGOA BAY WORLD

28/01/2023

GENERAL FRANCISCO HIGINO CRAVEIRO LOPES, PRESIDENTE DE PORTUGAL, 1951-58

Imagem retocada e colorida, dos arquivos nacionais de Portugal.

Craveiro Lopes tinha várias ligações com Moçambique, onde combateu durante a I Guerra Mundial, ali casou em Lourenço Marques com Berta e teve família a residir em Lourenço Marques (de que recordo o arquitecto Nuno Craveiro Lopes). Foi escolhido por Salazar para Presidente da República quando Carmona morreu em 1951e teve um mandato complicado a todos os títulos, principalmente pelo seu desconforto com a natureza do regime a que presidiu. Salazar ejectou-o sem cerimónia em 1958 antes que fizesse “danos” e substituiu-o por Américo Tomás, muito mais dócil e colaborante quase entusiasta com o regime e a tese de manter as colónias a todo o custo – que deu no que deu.

02/04/2021

DISCURSO DA MOCIDADE PORTUGUESA EM NAMPULA, AGOSTO DE 1956

Imagem retocada, do grande Fernando Gil, autor do incontornável sítio Moçambique para Todos.

Sobre esta imagem, o Fernando escreveu o seguinte: “esta foto é de 1956. E o “jovem” sou eu, Fernando Gil. Na altura lendo um discurso para o Presidente da República de Portugal, General Higino Craveiro Lopes [que visitou Moçambique naquele ano entre 4 de Agosto e 3 de Setembro], dando, em nome da MP, as boas vindas. Foi no salão nobre do Sporting Club de Nampula. se repararem tenho umas escoriações no joelho direito. Na altura tinha uma Solex e quando ia para lá tive um despistanço. Só tive tempo de limpar com um lenço. “

Na visita à Cidade de Nampula (elevada a Cidade em 1951) Craveiro Lopes inaugurou no dia 23 de Agosto o Museu Etnográfico, ainda hoje o único museu nacional situado fora da capital moçambicana, e ainda presidiu à sagração da Catedral de Nossa Senhora de Fátima.

Para além de Nampula, Craveiro Lopes visitou, entre outros, a Matola, João Belo, Inhamissa, Chibuto, Chaimite, Caniçado, Aldeia da Barragem, Aldeia do Guijá, Posto de Culturas do Alto Limpopo, Moamba, Namaacha, Inhambane, Beira, Vila Pery, Manica, Machipanda (com um salto a Salisbúria) Gorongosa, Tete, Quelimane, Vila Junqueira, Nametil, Nacala, Lumbo, Ilha de Moçambique, Porto Amélia, Mocímboa da Praia, Palma e Quionga.

Um jovem Fernando Gil discursa as boas vindas a Nampula do Presidente Craveiro Lopes em nome da Mocidade Portuguesa em Nampula, 1956.

Segundo a Infopédia (texto editado por mim), a Mocidade Portuguesa (MP) foi uma “organização de carácter milicial dirigida às camadas mais jovens da população. Foi criada por decreto em 1936, tendo a sua secção feminina sido criada dois anos mais tarde e alargada até às colónias em 1939.

A MP destinava-se a crianças entre os 7 e os 14 anos de idade, escolarizadas ou não, e a frequência das suas actividades era obrigatória. Para os jovens do sexo masculino entre os 17 e os 20 anos foi ainda criada uma milícia, espécie de braço armado da organização. Estes dois ramos do sector masculino da MP eram inspirados por objectivos de adestramento pré-militar, para o que se instituíram mecanismos disciplinadores e uniformizadores diversos: a farda, o hino, a disciplina rigorosa baseada em conceitos de autoridade e hierarquia, as paradas e acampamentos, os prémios e as sanções. Para os mais velhos, a quem a milícia se destinava, estavam reservados benefícios particularmente atraentes, dado que da sua qualificação na instrução pré-militar decorria a dispensa de parte do serviço militar obrigatório (a recruta no caso das praças, o primeiro ciclo dos respectivos cursos para os sargentos e oficiais milicianos).

O carácter paramilitar de muitas das actividades desenvolvidas (até mesmo a prática desportiva estava centrada em atividades afins da instrução militar: esgrima, boxe, voo) justificava o facto de a direcção da organização estar entregue, a diversos níveis, a oficiais das Forças Armadas ou a graduados da Legião Portuguesa (registando-se mesmo a tendência para recrutar na MP quadros para a milícia adulta que era a Legião Portuguesa). A direcção ao mais alto nível era, no entanto, confiada a personalidades afectas ao regime, gozando de grande prestígio ou autoridade, que foram sempre civis (o primeiro Comissário Nacional foi Francisco José Nobre Guedes, um antigo embaixador em Berlim, o segundo foi o futuro primeiro ministro Marcello Caetano, Baltazar Rebelo de Sousa em estudante foi um activo dirigente da Mocidade Portuguesa — comandante do Centro Universitário de Lisboa, depois chefe dos serviços culturais e diretor dos serviços de intercâmbio com o estrangeiro, tendo ocupado interinamente o cargo de Comissário Nacional, enquanto Subsecretário de Estado da Educação Nacional, entre 1955 a 1961).

O ramo feminino da Mocidade Portuguesa obedecia a outras orientações, naturalmente sempre enquadradas nos objetivos de orientação ideológica do Estado Novo: as raparigas seriam encaminhadas para assumirem mais tarde o papel de mães de família e donas de casa, ao mesmo tempo que lhes era ministrada educação religiosa católica de acordo com uma trilogia cara ao regime – Deus, Pátria e Família. A exaltação do espírito patriótico não era aqui acompanhada por exercícios de carácter militar, de acordo com uma filosofia tradicionalista que encarava a guerra como domínio exclusivo do homem. O exercício físico a que as filiadas eram submetidas tinha um outro sentido, o da preservação da sua saúde precisamente como futuras mães de família. Enquanto a Mocidade Portuguesa era dirigida quase exclusivamente por militares, a direção do ramo feminino estava nas mãos de docentes do ensino secundário ou reitoras de liceu, naturalmente apoiantes do regime.

Penso que durante muitos anos a MP era para brancos e assimilados apenas, mas não consigo confirmar para além do que li, indicando esta restrição.

A época de maior desenvolvimento da MP foi a que medeou entre a sua criação e o final da II Guerra Mundial, em 1945. Com efeito, a queda dos regimes totalitários na Europa levou ao descrédito das organizações de tipo milicial destinadas à juventude (é preciso manter presente que o fim do conflito trouxe alguns sinais de crise social e política ao Estado Novo). A organização entrou em decadência, perdeu vitalidade e, anos mais tarde, em 1966, perdeu o controlo das atividades circum-escolares, que passaram a ficar centradas na Escola. Em 1971 tornou-se facultativa (razão porque eu nunca lá estive).

Quando eu era nadador federado em Moçambique, era obrigatório ter estes certificados actualizados.

Em 1974, quando o regime foi derrubado por um golpe de Estado militar, dirigido por um antigo membro da organização em Lourenço Marques, a Mocidade Portuguesa foi extinta. Irónico, e quase ninguém reclamou.

18/09/2018

O ARQUITECTO NUNO CRAVEIRO LOPES

 

O Arquitecto Nuno Craveiro Lopes. Entre outros, concebeu a Igreja de Santo António da Polana, onde fiz a primeira comunhão em 1968. Só olhar para aquilo era uma experiência religiosa. Era um dos filhos de Higino e Berta Craveiro Lopes, tendo Higino sido Presidente da República Portuguesa entre 1951 e 1958.

09/12/2013

HIGINO CRAVEIRO LOPES E O NORTE DE MOÇAMBIQUE, 1914-1918

Alferes Duarte Ferreira, Higino Craveiro Lopes e Benard Guedes em Palma, 1915.

Alferes Duarte Ferreira, Higino Craveiro Lopes e Benard Guedes em Palma, no extremo Norte de Moçambique, 1915.

Com vénia, texto e fotos copiados na íntegra do blog de Nuno Craveiro Lopes, um descendente de Higino Craveiro Lopes, com o título “Francisco Higino Craveiro Lopes – Aventuras e Desventuras de um militar no norte de Moçambique durante a Iª Grande Guerra”.

(Início)

Nestes últimos anos foram publicados vários livros (vide “Os Fantasmas do Rovuma” de Ricardo Marques) que relembram a epopeia passada pelas tropas portuguesas durante a primeira Guerra Mundial (1914-1918) no norte de Moçambique.

Episódio esquecido (ou que se tentou fazer esquecer…) onde os militares portugueses passaram um martírio e muitos vieram a falecer, mais pela incúria como foram organizadas e apoiadas as tropas, no que diz respeito a abastecimentos e apoios dos governantes em Portugal do que por combate, mostrando apesar das más condições, valentia, chegando a vencer o “boche” e a ocupar território Alemão.

Este é um pequeno apontamento sobre a presença nesse teatro de operações de Francisco Higino Craveiro Lopes, que veio a ser mais tarde Presidente da República Portuguesa de 1951 a 1958.

Desde Outubro de 1914 que Portugal mantinha forças na fronteira norte de Moçambique, constituída pela 1ª Expedição comandada pelo Tenente-Coronel Massano de Amorim, com a finalidade de vigiar e proteger o território. Em Março de 1915 dá-se a declaração de guerra entre a Alemanha e Portugal. Receando-se um ataque a Moçambique vindo da colónia alemã do Tanganica (Malawi), organiza-se a 2ª Expedição a Moçambique sob o comando do Coronel Moura Mendes. Dessa expedição faz parte o Aspirante de Cavalaria Francisco Higino Craveiro Lopes. À chegada a Lourenço Marques, são recebidos em apoteose, recebendo de uma comissão de Senhoras da cidade, um estandarte bordado para servir como estandarte da expedição.

O comando, (4º Esquadrão do Regimento de Cavalaria 3 – Dragões de Olivença, com 9 Oficiais e 101 Praças) recebe em 16 de Abril de 1916 ordem para tomar Kionga, uma pequena faixa de território junto á Baia do mesmo nome a sul do rio Rovuma, que tinha sido ocupada à força pelos alemães em 1894. O então Alferes Craveiro Lopes comanda uma força de cavalaria, infantaria e três peças de artilharia enviada de Palma, que atravessa mato cerrado, pântanos e rios a vau, durante 3 dias e duas noites. A acção é executada com sucesso sem encontrar resistência, por retirada do inimigo. Esperando a reacção dos alemães, estabeleceram-se então vários postos de observação ao longo da margem sul do rio Rovuma, a partir dos quais se faziam acções de defesa contra investidas alemãs e reconhecimentos em território inimigo. Nestas acções tornou-se notável a intervenção de Craveiro Lopes oferecendo-se para comandar acções de combate por indisponibilidade de oficiais mais graduados, entrando várias vezes em contacto com o inimigo, sustentando vivo combate com intrepidez digna de louvor.

Em 27 de Maio de 1916 a Marinha de Guerra com o cruzador Adamastor e a canhonheira Chaimite bombardeiam pesadamente durante 2 horas a margem norte do Rovuma e é tentada uma travessia do rio por três colunas para ocupar a margem alemã em Namaca e Namiranga, mas apesar da bravura nos combates, teve que retirar com 33 mortos, 24 feridos, 8 prisioneiros e muito material perdido nas mãos dos alemães. Dos 1543 efectivos da 2ª Expedição, perderam-se 75%, a maioria por doença, 100 falecidos em acções de combate e 450 desaparecidos na selva.

Foi então decidido pelo comando da metrópole enviar outro contingente, a 3ª Expedição comandada pelo general Ferreira Gil com 4642 efectivos e organizar uma travessia e ocupação da margem alemã em maior escala, o que se veio a verificar com sucesso em 19 de Setembro de 1916, tendo também o Alferes Craveiro Lopes tomado parte na operação.

Após a ocupação da margem norte do Rovuma em território alemão, organizou-se uma coluna militar para marchar á conquista da fortificação de Newala e Massassi, base estratégica situada a 140 kilómetros no interior do território alemão. Dessa coluna faz parte o Alferes Craveiro Lopes integrando o 4º Esquadrão de Cavalaria 3 que após 8 dias de marcha, a 22 de Outubro é o primeiro a entrar em confronto, levando de vencida as tropas alemãs na ribeira de Newala, ponto de abastecimento de água do forte, após 5 horas de combate. Toma também parte no ataque ao forte de Newala a 27 de Outubro, que é tomado após duelo de artilharia e fuga das tropas alemãs. Na manhã seguinte Craveiro Lopes segue num destacamento de cavalaria que persegue os alemães em debandada, e mais uma vez é ele que primeiro troca tiroteio com o inimigo na estrada de Lulindi. É então reformada a coluna de marcha sobre Massassi comandada pelo Major Leopoldo da Silva que sai de Newala a 8 de Novembro com 23 oficiais, 347 praças europeias, 399 indígenas e 330 carregadores, incluindo 486 espingardas, quatro metralhadoras e duas peças de artilharia. O alferes Craveiro Lopes comanda o serviço de reconhecimento e observação e mais uma vez é ele que primeiro entra em contacto com o inimigo na batalha de Quivambo, e fá-lo de tal forma que mereceu os maiores louvores. Conta-se que com dois dos seus homens, se embrenhou de tal forma nas linhas inimigas, alvejando a curta distância uma posição de metralhadoras que arrasava as forças portuguesas.

Na confusão da batalha foi-lhe inclusivamente dada ordem de prisão, após ter sido alvejado por tropa portuguesa, julgando-o um oficial alemão. Durante a batalha Infelizmente o comandante do destacamento Leopoldo da Silva é morto por fogo inimigo mas as forças portuguesas acabam por repelir o inimigo e ocupar o posto alemão de Nangoma de Lulindi à vista de Massassi, onde permaneceram durante 10 dias, ao fim dos quais tiveram que retirar para Newala por doença, falta de alimentação e munições da maior parte dos efectivos.

A forma deficiente como foram organizadas as expedições pelos comandos na Metrópole, nomeadamente a falta de rendição das tropas doentes, as faltas de abastecimentos e medicamentos, e os transportes para suprir as necessidades das tropas, tornaram inútil ou quase inútil todo o esforço desprendido nestas gloriosas acções.

Newala foi cercada de novo pelos alemães em 22 de Novembro de 1916 e as tropas Portuguesas após 6 dias de cerco com bombardeamentos, fogo de metralhadoras e tentativas de assalto por parte das tropas alemãs, tiveram que retirar por falta de efectivos, falta de munições, falta de mantimentos e devido ás doenças que grassavam entre os sobreviventes. No cerco de Newala o alferes Craveiro Lopes “mostrou grande valor militar e coragem fazendo fogo com uma metralhadora do fortim, serviço que não lhe competia, expondo-se e arriscando a sua vida, porque o inimigo não poupava a sua posição” como reza um dos seus louvores.

Regressado a Portugal, recebe por estas acções em 1917 aos 23 anos a Cruz de Guerra e é feito Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada.

Tira em 1918 o curso de piloto militar, na Escola de Aviação francesa em Chatres, sendo na altura promovido a tenente.
Em Janeiro de 1917, foi requisitado ao Ministério das Colónias uma esquadrilha de aviação para cooperar com as tropas expedicionárias em campanha. A Esquadrilha Expedicionária a Moçambique, era constituída por três aparelhos Farman F.40 de entre os cinco que estavam estacionados em Vila Nova da Rainha. Os três Farman F.40 estavam dotados com motores Renault de 130 hp e tinham a capacidade de transportar dois homens (piloto e artilheiro/observador), uma metralhadora e diversas bombas ligeiras. A autonomia destes aparelhos rondava 2h 20mn.

Por não ter sido preparado um cais de acostagem para descarregar os aviões e todo o material, estes tiveram que ser passados do navio que os transportou para jangadas, descarregados na praia e levados “ás costas de nativos” para um planalto onde a base aérea foi então construída, pois ainda não existia.

Fizeram parte da Esquadrilha Expedicionária a Moçambique os pilotos Capitão João Luís de Moura (comandante da esquadrilha), Capitão Francisco da Cunha Aragão e o Tenente Sousa Gorgulho, o Tenente Francisco Higino Craveiro Lopes, os observadores Tenente Teodorico dos Santos, Tenente Santos Guerra e o Alferes Pinheiro Corrêa, o mecânico Norberto Gonçalves e dois mecânicos franceses contratados da firma Farman.

uM Farman F40 no teatro de operações em Mocimboa da Praia, 1918

Um Farman F40 no teatro de operações em Mocimboa da Praia, 1918

Ao fim de um mês, o único mecânico português que foi inicialmente com a expedição, acabou de montar o primeiro avião e assim puderam-se inicia os testes. Coube ao Alferes Jorge de Sousa Gorgulho fazer os primeiros voos de teste que foram afinal uma estreia em Moçambique. Infelizmente veio a despenhar-se e a falecer durante o segundo voo de testes. O mecânico ficou de tal modo afectado pelo sucedido que teve que ser evacuado e os voos foram interrompidos.

Assim os elementos que faziam parte da expedição foram incorporados numa “coluna de tropas irregulares” apeadas, encarregue de fazer exploração de terreno para descobrir o inimigo, enquanto se esperava a vinda de 2 mecânicos franceses da fábrica Farman.
Ao mesmo tempo em que o seu pai então Tenente-Coronel João Carlos Craveiro Lopes entra em combate na Flandres como comandante de brigada do Corpo Expedicionário Português e é feito prisioneiro na batalha de La Lys, o então Tenente Francisco Higino Craveiro Lopes, embarca de novo para Moçambique como expedicionário onde chega em Agosto de 1918 e é incorporado na Esquadrilha Expedicionária a Moçambique estacionada em Mocimboa da Praia, quando, finalmente chegaram os mecânicos franceses, tendo pouco depois em 11 de Novembro de 1918, sido anunciado o Armistício, sem que os aviões tenham podido entrar em acções militares, o que poderia ter mudado o curso dos acontecimentos, pois os alemães não possuíam aviação militar na zona de combates.

Craveiro Lopes manteve-se em Mocimboa da Praia até Dezembro de 1918 e posteriormente acompanha a esquadrilha para a Base do Alto da Matola, perto de Lourenço Marques então inaugurada, e em conjunto com o Capitão Luís de Moura executam 149 voos até Setembro de 1919, data em que a esquadrilha ficou sem mecânicos. A esquadrilha é desactivada em Maio 1920 e retorna à Metrópole.

Durante a sua estadia em Lourenço Marques, numa viagem em eléctrico dá o lugar a uma jovem que fica impressionada e mete conversa com o garboso piloto aviador na sua farda de oficial. Tratava-se de Berta Ribeiro Arthur, com quem vem a casar ainda em Lourenço Marques, em Dezembro de 1919, onde lhe nasce também o seu primeiro filho, João Carlos Craveiro Lopes.

Trinta anos depois, em 1956 já como Presidente da República de Portugal, quis transladar para o Continente os corpos dos seus companheiros de armas que faleceram no Rovuma e que se encontravam dispersos no Alto Namoto, mas Salazar não autorizou e apenas disponibilizou verbas para a Transladação até à Capital de Distrito em Mocímboa da Praia, onde Craveiro Lopes se deslocou para presidir à inauguração do então novo Ossário Militar, que ao longo das últimas 4 décadas foi sendo destruído e actualmente nada resta para atestar a glória destes Homens e a inépcia de quem os governava.

(FIM)

07/10/2012

A VISITA DO PRESIDENTE HIGINO CRAVEIRO LOPES A MOÇAMBIQUE, 1956

Fotografias muito gentilmente enviadas por Paulo Azevedo e restauradas.

O Presidente português na altura era Francisco Higino Craveiro Lopes, casado com uma senhora de Lourenço Marques (D. Berta) e que participou na defesa de Moçambique contra os alemães da então África Oriental Alemã (a actual Tanzânia), com destaque para a zona junto da qual recentemente foram descobertos enormes jazigos de gás natural.

Na terminal do Aeroporto de Mavalane, aguarda-se a chegada da comitiva presidencial. Repare-se nos símbolos dos CFM no edifício.

O Presidente Craveiro Lopes à sua chegada a Moçambique, à esquerda na fotografia.

O Presidente e comitiva no outro lado da terminal do Aeroporto de Mavalane.

Locomotiva classe 300 dos Caminhos de Ferro de Moçambique que rebocou, na linha do Limpopo, a carruagem presidencial.

Francisco Duque Martinho, que viu estas fotografias, escreveu esta nota: “A título de curiosidade, identifico algumas pessoas nas fotos: na 5ª fotografia do lado direito (de quem olha para a foto) do Presidente está o Engº Trigo de Morais; na 9ª fotografia à esquerda do PCV está o Engº Pereira Leite, então Director dos CFM; na 10ª e última foto está do lado esquerdo o Engº Pereira Leite e do lado direito parece-me o Engº Stofell, na altura Director de Exploração dos Caminhos de Ferro da Beira. Já agora, a Brigada de Estudos, Reconhecimento e Contrução da Linha do Limpopo foi chefiada pelo meu Pai [Engº Duque Martinho]. Só a construção durou quase três anos. De acordo com documentos que tenho, a linha tinha 534 Kms até à fronteira em Pafuri e 565 na ex-Rodésia do Sul até Bulawayo. A Brigada de construção era constituída por 500 “europeus” e 5000 “indígenas”, tendo custado 860 mil contos.”

Presidente Craveiro Lopes e comitiva na ponte sobre a barragem do Limpopo. Segundo as minhas contas, nesta altura Samora Machel e a sua família residiam perto daqui.

Craveiro Lopes, momentos antes de entrar para o comboio com que foi inaugurada oficialmente a linha do Limpopo. Na imagem, Lord Malvern e o então Ministro do Ultramar.

Multidão que assistiu à chegada do comboio presidencial à Aldeia da Barragem, o ciclópico projecto social e agrícola do Eng. Trigo de Morais.

O comboio presidencial estacionado na Aldeia do Guijá.

Já na divisão da Beira, o Presidente recebe da parte do diretor dos C. F. M. explicações sobre os gráficos que lhe foram presentes.

O Presidente Craveiro Lopes verificando e solicitando esclarecimentos sobre os planos do Porto e Caminhos de Ferro da Beira.

16/12/2011

O PRESIDENTE FRANCISCO CRAVEIRO LOPES VISITA MOÇAMBIQUE, 1956

Fotos muito gentilmente cedidas por Constança e Fernando Vidigal.

Francisco Higino Craveiro Lopes foi presidente da República Portuguesa entre 1951 e 1958. O Presidente conhecia Moçambique, onde esteve durante a primeira Guerra Mundial no Norte a combater os alemães (Nevala e Kiwambo) e onde se casou com Berta. O pai da sua mulher faleceu em Moçambique. Um dos seus filhos, Nuno, trabalhou e viveu em Moçambique, onde desenhou a Igreja de Santo António da Polana em Lourenço Marques, ainda hoje uma visita obrigatória para quem visita a capital moçambicana.

Cito da sua biografia na Wikipédia: “O bastão e estrelas de Marechal da Força Aérea, para vergonha do governo de Salazar, foi-lhe oferecido em 1958, por subscrição pública da população de Moçambique que nutria por si um carinho e admiração especial, principalmente pelas posições que defendia, contrárias às políticas coloniais de Salazar. A iniciativa foi do Diário de Notícias de Lourenço Marques e foi um êxito, tendo-se recolhido uma pequena fortuna. Por seu desejo expresso, após a sua morte, foram oferecidos à população de Moçambique, ficando depositado no Museu Militar da Fortaleza de Lourenço Marques”.

Efígie do Presidente Craveiro Lopes, em luz néon.

O Presidente Craveiro Lopes durante a visita a Moçambique.

A limousine presidencial.

Aspecto de uma das recepções ao casal presidencial.

O Presidente, a caminho de mais uma recepção.

Craveiro Lopes inaugurando um monumento.

A primeira dama portuguesa, Berta Craveiro Lopes.

A primeira dama portuguesa, Sra. Berta Craveiro Lopes, numa cerimónia.

 

A Igreja de Santo António da Polana, desenho de Nuno Craveiro Lopes, filho de Berta e Francisco Craveiro Lopes, foto tirada pela Mirene em Maputo, 2011.

28/12/2010

AS COMUNIDADES DE ORIGEM ASIÁTICA DE MOÇAMBIQUE DE 1956

Capa do documento de apresentação das "Comunidades Paquistânica, Ismaílica e Industânica em Moçambique", aquando da visita do Gen. Craveiro Lopes, então presidente português, a Moçambique, em 1956. O resto deste documento encontra-se nas inserções que se seguem.

Texto de introdução do documento.

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