A primeira linha aérea regular portuguesa foi a DETA em Moçambique, em meados da década de 1930, que servia o mercado local e a ligação com Johannesburgo. A TAP (“Transportes Aéreos Portugueses”) só iniciaria operações durante a II Guerra Mundial. Durante muitos anos, a ligação mais distante da TAP era Lourenço Marques. Só Goa, durante uns meses em 1961, era mais distante, mas acabou logo em Dezembro de 1961 quando aquela colónia foi tomada pela Índia.
A TAP operou quatro Boeings 747-B 200 entre 1972 e 1984 (CS-TJA, CS-TJB, CS-TJC e CS-TJD). Este modelo da Boeing foi o segundo modelo apresentado na fábrica da Boeing nos EUA após o lançamento da primeira versão, o 747-100 em 30 de Setembro de 1968, por insistência do dono da Pan American Airways, então o maior cliente do fabricante aéreo americano, que queria ter acesso a uma aeronave com custos operacionais mais baixos mas com o dobro da capacidade do maior modelo então mais usado, o Boeing 707. O primeiro vôo comercial dum Boeing 747 foi a ligação entre Nova Iorque e Londres em Janeiro de 1970.
A decisão da TAP, então privada (o Pai Melo, famosamente, tinha 70 acções da TAP) e maioritariamente detida pelos Espírito Santo, de adquirir quatro Boeing 747, relacionava-se com o crescimento exponencial do tráfego de carga e passageiros para Angola e Moçambique, então com mais do que uma década de crescimento económico quase explosivo. Com a ocorrência do golpe militar em Abril de 1974 e a quase imediata decisão da entrega desses territórios, pelos militares golpistas, a movimentos de guerrilha marxistas-leninistas locais, os aviões acabaram por servir, a partir do final do verão de 1974, para sustentar uma longa e gigantesca ponte aérea para retirar (no caso de Moçambique as pessoas pagaram bilhete para viajar) e evacuar (no caso de Angola fugiram com a roupinha que tinham no corpo), centenas de milhares de principalmente nacionais portugueses que previamente residiam e trabalhavam nesses territórios. Após o que as aeronaves praticamente deixaram de ter qualquer uso para uma TAP rapidamente redimensionada e já nacionalizada (uma praga que dura há quase cinquenta anos seguidos), pelo que, temporariamente, foram usados para carga, foram alugados e, finalmente, foram alienados.
Os quatro aviões adquiridos pela TAP foram entregues em 1972, Maio de 1973, Maio de 1974 e Fevereiro de 1975. Os dois últimos foram quase imediatamente vendidos às linhas aéreas PIA do Paquistão e os dois remanescentes, após um serviço de cerca de 12 anos, foram vendidos à Trans World Airlines.
Imagem retocada do Comandante José Correia Guedes, piloto de aviação reformado da TAP.
Passageiros e tripulantes de um Dakota DC3 da Linha Aérea Imperial da TAP durante uma escala na rota Lisboa-Lourenço Marques. Com a viagem a demorar uma semana (se não houvessem problemas mecânicos ou meteorológicos) no final eram todos amigos. Com doze escalas percorrendo 12,200 kms, foi a linha mais longa alguma vez voada por um DC3.
Recortado da Revista da InterTAP, Ano IX, Nº29 (Abril-Junho de 1970), pp. 5 e 16.
Para mais eventos da TAP e Moçambique, ver aqui, aqui e aqui.
Página 5. Note-se a gralha em baixo, erradamente dando a data do primeiro voo directo a jacto da TAP entre Lisboa e Lourenço Marques como tendo sido 1 de Julho em vez de 1 de Junho de 1970.
Página 16. Assinalando a efeméride com sêlos e carimbos.
Imagem de um Boeing 707 dos Transportes Aéreos Portugueses, que asseguravam as ligações aéreas entre Moçambique, Angola e Lisboa a partir de 1970. Estes postais eram oferecidos pela companhia aos passageiros.
Grato ao Alan Fitz-Patrick pelo envio deste documento, que é um folheto publicitário sobre alguns pontos turísticos de Moçambique, em inglês e em afrikaans.
No índice estão registadas as empresas que figuram no folheto, sob “empresas”.
Capa.
Verso da capa: publicidade ao Blue Dolphin. Acho que o Alan é da Maxixe.
Página 1. Texto sobre Moçambique em inglês e em afrikaans. Publicidade ao Galito e ao Centro de Informação e Turismo de Moçambique.
Página 2 do folheto. O resto do texto e publicidade ao Restaurante O Galito, à Loja Formosa, à Florista Jacarandá e à TAP.
Página 3. Mais texto e publicidade de: Dias dos Xaropes, Orquídea Oriental, Cabeleireiro Madame, Hotel Tivoli, Cabeleiro Martins e Glória, Hotel Turismo e Florista Magnólia.
Página 4. Mais texto e publicidade de: Paraíso Oriental e Cabeleireiro La Donna.
Versa da contracapa. publicidade das Organizações Princesa.
Imagem de um dos quatro Boeing 747 da TAP que, pouco antes da Independência, faziam a ligação entre Lisboa, Luanda, Beira, Salisbúria (agora Harare) e Lourenço Marques (agora Maputo). Para ver esta e as restantes fotografias no seu tamanho máximo, prima duas vezes na imagem que quiser cer com o rato do seu computador.
Quando tinha 12 ou 13 anos, um dia li num jornal que nesse dia iria aterrar pela primeira vez um Boeing 747 em Lourenço Marques. De bicicleta, fui desde a Polana até ao Aeroporto para ver a aterragem e um vôo de demonstração. Tudo espectacular, especialmente o vôo de demonstração, em que o Boeing, com uma dessas comitivas oficiais lá dentro, fez uma passagem a baixa altitude por cima da pista.
Ainda cheguei a viajar pelo menos duas vezes nestes aparelhos, uma da Beira para Lisboa em 1973 e outra de Lourenço Marques para Lisboa em Fevereiro de 1975.
Quanto ao destino dos aviões, a história é contada em primeira mão pelo Sr. Gabriel Cavaleiro no seu blogue Sinais dos Bons Tempos, aqui. Dava para um filme.