Fotografia da colecção de José Crespo de Carvalho, restaurada.
Fotografia da colecção de José Crespo de Carvalho, restaurada.
Fotografia de Clarinha Múrias, restaurada.
Fotografia de José Soares, restaurada.
Fotografia de António Almeida Caspa, que lhe foi oferecida pelo seu professor, Duarte Pereira, em 1953. Foi tirada em Nampula e restaurada por mim.
Fotografia de José Soares, restaurada.
Foto de Fernando João Almeida, restaurada.
As fotos recentes foram gentilmente cedidas pelo Issuf Mohamed, que partilha comigo um fascínio infindável com a actual capital de Moçambique.
Foto gentilmente enviada por Rafaela Silva.
Fotografia de Fernando João Almeida, restaurada.
Foi, entre muitas outras coisas, professor no Liceu Salazar em Lourenço Marques durante anos suficientes para marcar uma geração de estudantes ali. Mas o resto da sua vida desafia a imaginação. Nunca saberia nada sobre ele se o Rui de Campos não fizesse uma referência quase casual para um excelente esboço da autoria de Vivaldo Quaresma. Também encontrei uma nota interessante sobre o Professor, da autoria de Joaquim Freixo. Gente invulgar que fez parte do mosaico de Moçambique pré-Independência.
Recordando Kok Nam, fotógrafo e homem da imprensa, falecido esta semana em Maputo com 72 anos de idade, com duas fotografias de Fernando Veloso e um comentário do Eduardo White, publicado no Canalmoz de 13 de Agosto de 2012 e que reproduzo aqui com vénia para ambos.
Este poeta do olhar, este pensar das paisagens,
estas mãos fotografando o Mundo e moçambicanas enormes e de todos os
lugares livres e extensivas, foi pelicular o outro lado da vida. Foi
com aquela doçura oriental provar o que não se pode revelar mas que
deixou explicado: os espelhos da luz, a cor hexagonal da água, o verde
humedecido dos campos, o branco amarelado das rochas, o negro
incendiado da noite. Foi acabar os mais ternos rostos infantis, a
liberdade a dançar nos olhos profundos de algum mineiro, a dureza
produtiva dos calos de um operário, a sexualidade erotizada de alguma
prostituta.
Este poeta das chinas de cá, este bebedor de chá, este provador de
arroz, este erudito comedor de peixe levou consigo o que viu e deixou
connosco o que com agente descobriu.
Monge da franqueza de voz sorumatizada, vai o Kok com a sua
armográfica ao pescoço fotoaromatizar Deus com os nossos perfumes e
cozinhar iguarias nas suas mais redondas câmaras escuras. Talhador da
vida vai assim, nosso Shaoliano Nam electrizar os vulcões dos seus
flaches e que levarão o Todo e o Divino a pestanejar nas suas
encadeadas poses.
Não leva rolos e se os levar serão de primavera a esse inverno aonde
se demorará a memória que guardaremos dele no nosso longo verão. Até
sempre KoK Nam. Velho bom e de alma encantada. Um abraço.
(Eduardo White)
Em seguida, a nota de Imprensa da Mediacoop, à qual Kok Nam presidiu até agora.
KOK NAM – 1939-2012
O nosso amigo e colega Kok Nam, foto-jornalista e também Director do semanário SAVANA, deixou-nos esta madrugada, 11 de Agosto, depois de uma vida repleta de realizações pessoais e profissionais.
Kok Nam, fundou com outros 12 jornalistas o primeiro grupo independente de comunicação social do pós-independência de Moçambique em 1992, tendo sido eleito director do semanário SAVANA em 1994, posição que manteve até à data da sua partida.
Nascido na então Lourenço Marques (hoje Maputo), filho de camponeses emigrados da região de Cantão na China, iniciou as suas lides fotográficas aos 17 anos como impressor fotográfico, passando no início da década de 60 para os quadros do Diário de Moçambique e da Voz Africana, publicações progressistas do Episcopado católico da Beira, liderado por D. Sebastião Soares de Resende. Passou também pelo “Notícias da Tarde” e pelo “Notícias”, antes de se juntar em 1970 ao núcleo de jornalistas que criou a revista “Tempo”, uma publicação inconformista e rebelde, tentando furar as malhas da censura colonial e do Estado Novo português.
Durante o período revolucionário permaneceu na “Tempo”, aderindo aos vários movimentos internos de luta contra o controle partidário da informação produzida depois da independência de Moçambique, em 1975. O manuscrito inicial do documento “O Direito do Povo à Informação”, exigindo a liberdade de imprensa como um direito constitucional, foi elaborado em sua casa, em Fevereiro de 1990. Um ano depois, rompe com o “status quo” de então e com os seus colegas Naita Ussene, Fernando Manuel e António Elias (já falecido), junta-se ao projecto mediacoop, inicialmente uma cooperativa de jornalistas.
De trato fácil, incrivelmente jovial, cultivando sempre a modéstia e a humildade, os seus colegas e amigos guardam dele um grande sentido de profissionalismo e rigor, a defesa tenaz da integridade e dos princípios. O seu acervo fotográfico, espalhado pelos quatro continentes, é um dos mais importantes bancos de imagem disponíveis sobre Moçambique.
A mediacoop, os seus colegas e amigos estão a programar para segunda-feira, 13 de Agosto, a cerimónia de homenagem póstuma e a cremação do corpo, tendo sido colocado à disposição do público um livro de condolências, na sede da empresa sita na Av. Amílcar Cabral no. 1049, em Maputo.
Kok Nam deixa dois filhos, a Ana Michelle e o Nuno Miguel a quem, neste momento, expressamos os nossos mais profundos sentimentos de afecto e solidariedade.
Maputo, 11 de Agosto de 2012
(fim)
À família de Kok Nam apresento os meus respeitosos cumprimentos e sentimentos de condolências. Honremos a sua memória.
Nasceu e cresceu em Lourenço Marques, uma de duas filhas (a outra é a Guida) dum médico radiologista, o Dr. Simões Ferreira. Casou com um americano e naturalizou-se. Tudo indica que de pouco ou nada se quer recordar das suas raízes. O seu segundo marido é, como foi o primeiro marido (John Heinz) um senador, que concorreu à presidência dos EUA há uns anos e perdeu. Os mais velhos lembram-se dela e dos pais nos tempos de Moçambique. Os pais, já com alguma idade, foram apanhados na loucura que acompanhou a Independência. Creio que acabaram os seus dias em Portugal.
Fotografia de José Crespo de Carvalho, aturadamente restaurada.