Imagem retocada e colorida, da colecção dos antigos alunos do Liceu António Ennes em Lourenço Marues.
12/05/2023
06/02/2023
A ASSOCIAÇÃO DOS VELHOS COLONOS E A MAXAQUENE EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 50
Imagem retocada e colorida.
10/10/2022
24/07/2022
VENCEDORES DAS REGATAS DE LOURENÇO MARQUES, 24 DE JULHO DE 1941
Segundo o Eduardo Pitta, o dia 24 de Julho de 1875, que hoje completa 177 anos, começou a ser celebrado em Lourenço Marques como um feriado exactamente há 175 anos, em 1877.
1877 era apenas dois anos depois da histórica decisão de Mac-Mahon, ainda era Lourenço Marques uma vila miserável, infecta e barricada numa pequena ilha, numa ponta o velho presídio que aportava o nome do quase desconhecido comerciante que lhe dera o nome, povoada principalmente por estrangeiros, monhés (umas comunidade de comerciantes e suas famílias, originários do Médio Oriente e do sub-continente indiano, há séculos em Moçambique, que se estavam a mudar para a sua rua principal, que na verdade era a Rua da Gávea, não a Rua Araújo) e negros, vagamente sustentada pelo comércio local e com o Transvaal. Não tinha água potável, saneamento, comunicações, caminhos de ferro, porto. Só doze anos mais tarde, em 10 de Novembro de 1887, seria, por decreto real assinado por Dom Luis I, elevada ao estatuto de Cidade, o que lhe deveria dar o direito a uma estrutura municipal de auto-governo, mas nem sequer isso conseguia concretizar, pois não havia gente para eleger ou para ser eleita. Durante anos e anos, a sua câmara municipal seria efectivamente gerida por uma mistura de nomeados, por tecnocratas competentes enviados de Lisboa e pela a sua influente (e quase toda estrangeira) associação comercial. A língua que mais se falava era a inglesa.
Na base da decisão proferida em 24 de Julho de 1875, estavam disputas territoriais que vinham desde 1822, quando um capitão inglês, Owen, aportou o mísero presídio e, segundo os portugueses, à sucapa dos portugueses no Presídio, assinou tratados com os régulos Tembe e Maputo e assim reclamou para a Grã-Bretanha todo o território a Sul da Baía do Espírito Santo (hoje Baía de Maputo). Nessa altura, andava tudo à caça desses “tratados”, não se percebendo bem qual era o entendimento dessas autoridades indígenas quanto ao que realmente pensavam que estavam a assinar (mas que invariavelmente vinha acompanhado de umas caixas de whisky, uns charutos e uns saguates, o que, admita-se, sempre era alguma coisa).
A disputa manteve-se e escalou após a constituição das repúblicas Boer do Transvaal, Estado Livre de Orange e, do lado britânico, a constituição da Colónia do Natal. Em 1861, um navio britânico chegou ao Presídio e declarou que a Ilha da Inhaca passava a ser parte da Colónia do Natal. Levou oito anos aos portugueses reagir. Nesse ano, os ingleses enviaram um navio para a Inhaca – e içaram a bandeira britânica. Seis meses depois, um punhado de portugueses intrépidos foram numa barcaça à Inhaca, arrearam a bandeira inglesa, correram com a guarnição britânica e, perante o certamente atónito punhado de locais, içaram a bandeira da monarquia portuguesa. Nos corredores diplomáticos, acendeu-se a disputa entre Londres e Lisboa, unidas pelo dúbio pacto de Windsor desde há meio milénio, Portugal completamente nas lonas, enquanto que o Reino Unido se posicionava já como a nação mais poderosa no planeta. Os dois governos acordaram em submeter a questão a arbitragem internacional, para decisão final e vinculativa pelo presidente da República da França.
Que pela sua decisão de 24 de Julho de 1875, atribuíu a Portugal a posse da região mais ou menos entre a parte Sul da Baía e até à Ponta do Ouro e ao pequeno Protectorado da Suazilândia.
Após a independência nacional, as autoridades descartaram esta data e passaram a assinalar o dia 10 de Novembro de 1887 como Dia da Cidade. Mas não sem antes o inefável Samora Moisés ter feito mais uma das suas. Pitta relata como foi o dia 24 de Julho de 1975, primeiro centenário da Decisão:
A data celebra a sentença do marechal francês Mac-Mahon, que em 24 de Julho de 1875 arbitrou a favor de Portugal, contra a Grã-Bretanha, a posse da baía de Lourenço Marques, denominada «Delagoa Bay». Em 1975 cumpriu-se o centenário. Machel aproveitou a data para virar tudo do avesso. Discursando durante várias horas, decretou o fim da propriedade privada. Terra, habitação, actividades económicas, transportes, saúde, educação, média, agricultura, indústria, etc., passou tudo para a Frelimo. Assim que acabou de falar, consultórios médicos, escritórios de advogados, colégios e pequenas oficinas foram alvo de buscas. Um médico amigo teve dificuldade em justificar a posse de luvas de latex e um estetoscópio. No dia seguinte estava em Joanesburgo. Nesse dia decidimos deixar Moçambique. Com os aviões lotados até ao fim de Outubro, combinou-se que o Jorge [o seu companheiro na altura] viria a 3 de Novembro e eu mais minha mãe a 26 de Janeiro de 1976.
A Avenida 24 de Julho, a mais comprida da Cidade, essa, manteve a mesma designação até hoje, mas passando a assinalar um dos maiores actos de destruição económica do Moçambique independente, que levaria décadas a começar a desembrulhar.
04/07/2022
A AVENIDA 24 DE JULHO EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 70
Imagens de Sandrain Breytenbach, retocadas. Dos meus cálculos GPS a olhómetro, as fotos devem ter sido tiradas do topo do Prédio da Pastelaria Pigalle, a primeira na direcção Nascente e a segunda na direcção Poente.
Note-se a presença das acácias que ficavam vermelhas em Dezembro, um ex-libris da Cidade e que actualmente praticamente desapareceram. Talvez as plantem novamente. Daqui a cem anos.
30/08/2021
08/06/2021
03/06/2021
CASA DE ZINCO NO ALTO-MAÉ EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60
Imagem retocada, dos arquivos nacionais de Moçambique, de uma moradia na Avenida 24 de Julho no Alto-Maé, em Lourenço Marques, anos 60.
02/04/2020
31/07/2019
A AVENIDA 24 DE JULHO EM LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1910, E FRANCISCO COSTA
A primeira imagem foi retocada.
A Avenida 24 de Julho era originalmente a mais longa da nova Lourenço Marques. Actualmente assinala um acto da Frelimo após a independência (penso que algumas “nacionalizações”) mas anteriormente assinalava um outro evento completamente diferente, a data em 1875 que consta da decisão de Mac-Mahon de conceder a Portugal (e não ao Reino Unido da Grã-Bretanha) o direito aos territórios que hoje constituem o Sul de Moçambique.
Mas o nome original daquela artéria era Avenida Francisco Costa. Em baixo está um esboço da vida deste homem, um homem do Império e da sua constituição na sua vertente adquirida na segunda metade do Século XIX e que obviamente, na altura, mereceu a atenção e o respeito dos poderes constituídos da Cidade, possivelmente por causa das causas que defendeu e medidas que tomou. Em 1897 a avenida já aportava o seu nome, dois anos antes da sua morte.
Outra interessante curiosidade: Francisco Costa era um maçon. E acontece que os membros da Maçonaria de Lourenço Marques, após a imposição da I República, construíram em Lourenço Marques aquele que ainda hoje é o maior edifício maçónico alguma vez construído em território português…. no meio da Avenida com o seu nome. E que após a proibição das sociedades secretas por Salazar em 1935, veio a ser a Escola Industrial (agora denominada de 1º de Maio).
Quem Foi Francisco Costa
Nome completo – Francisco Joaquim da Costa e Silva (1826-1899).
Nasceu no Porto em 31 de Agosto de 1826 e morreu em Lisboa a 1 de Março de 1899. Filho de António da Costa e Silva, 1.º barão e 1.º visconde de Ovar, par do reino e ministro da Guerra interino, e de Teresa da Conceição Oliveira. Casou com Margarida Helena de Almeida e Costa, filha de Torcato Máximo de Almeida, deputado por Sintra, e de Helena Joaquina de Almeida e Costa. Fez carreira na Administração Pública, sendo tenente do Batalhão dos Empregados Públicos quando foi nomeado secretário-geral de Angola (23.4.1847). Foi oficial e secretário graduado do Conselho Ultramarino e em 20 de Julho de 1876 ascendeu a director-geral do Ultramar, tendo sido grande colaborador de Rebelo da Silva quando este foi ministro da Marinha e Ultramar.
Pertenceu à Maçonaria e foi figura importante do Partido Regenerador. Foi eleito deputado para várias legislaturas: Angola (1851), Ovar (1860), Sintra (1864 e 1865), Mafra (1869, Março e Setembro de 1870, 1871 e 1875) e novamente por Sintra (1878). Foi eleito vice-secretário, vice-presidente e presidente da Mesa da Câmara dos Deputados. Pela forma como exerceu a presidência, especialmente, pela delicadeza, dignidade e imparcialidade, mereceu um voto de louvor da Câmara tanto em 1878, como em 1879. Integrou várias comissões, entre elas, as do Ultramar (1854, 1865 a 1867, 1870), Diplomática (1860, 1861, 1870), da Marinha (1865 a 1867, 1871, 1877) e de Verificação de Poderes (1870, 1875).
O primeiro projecto de lei que apresentou, em 1852, destinava-se a manter o livre comércio da urzela em Angola. Subscreveu também, entre outros, o projecto de lei que determinava que os bacharéis em Matemática pela Universidade de Coimbra seriam, em determinadas condições, equiparados aos que tivessem concluído na Escola Politécnica o curso de Estado Maior de Engenharia, podendo também ser admitidos na Escola do Exército; Destaque também para o que extinguia no Estado da Índia vários impostos, substituindo-os pela contribuição industrial (1866) e o que determinava o número de deputados que deviam representar em Cortes os círculos de Macau e de Timor (1870). As sublevações em Angola, em 1860, também motivaram a sua intervenção porque, conforme declarou, tendo exercido um cargo importante na administração daquela província, não podia ficar silencioso. Aquando da discussão do projecto de lei que alterava a pauta geral dos direitos de importação para géneros e mercadorias, incluindo os produzidos nas províncias ultramarinas, usou da palavra para se manifestar contra a ideia da sobrecarga dos géneros produzidos no Ultramar, e apresentou uma proposta para se considerarem os direitos de exportação do café que fossem pagos nos portos de procedência. Posteriormente apoiou também o projecto de lei autorizando o empréstimo de 800 contos destinado a obras públicas nas províncias ultramarinas. Além das questões ultramarinas sobre as quais interveio amiúde, a mais importante intervenção relacionada com interesses do seu círculo eleitoral, reportou-se à situação das arribas da Ericeira que ameaçavam desabar sobre o oceano.
Por carta régia de 29.12.1881, foi nomeado par do Reino Também nesta Câmara fez parte de numerosas comissões, nomeadamente as da Fazenda (1883 a 1886, 1890), Marinha (1884 a 1886, 1893, 1896), Ultramar (1886, 1887, 1896) e Especial para a Reforma Eleitoral (1884). A sua actividade foi exercida sobretudo nas comissões. Usou da palavra para responder às observações de António Augusto de Aguiar sobre o tratado com a Grã-Bretanha, de 26.1.1878, relativo à Índia portuguesa, esclarecendo, entre outros factos, que o governo português não tinha descurado o assunto e que estava a par de tudo o que se tinha feito. Quando se discutiu o parecer sobre o projecto de lei que autorizava a abertura de um crédito de 481.370$000 réis a favor do Ministério da Marinha e Ultramar, para saldar as despesas das províncias ultramarinas no ano económico de 1882-1883, interveio respondendo às afirmações de Pereira Dias sobre os gastos improdutivos das colónias. Fez um discurso em que lembrou que aquelas províncias faziam parte da Monarquia e por isso havia obrigação de atender às suas necessidades como se fazia na metrópole:
Quem tem colónias tem de prover às suas necessidades
e ainda
a conservação das nossas províncias de além-mar é a conservação da nossa autonomia […]. Pouco valeríamos sem elas, nenhuma consideração merecíamos se as não possuíssemos.
Nos últimos anos da sua vida abandonou a política, dedicando-se apenas ao desempenho das funções de director-geral do Ultramar. Tinha o grau de cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e o de comendador da Ordem de Carlos III (Espanha).
(Fonte deste esboço biográfico: aqui.) Ler ainda a nota fúnebre sobre Francisco Costa, aqui.
31/10/2018
A IGREJA ORTODOXA GREGA NA POLANA EM LOURENÇO MARQUES, 1969
Grato ao AHM e ao PPT. Imagem retocada.
15/08/2017
A DECISÃO DE MAC-MAHON E O SUL DE MOÇAMBIQUE, 24 DE JULHO DE 1875
Em baixo, em língua inglesa, o texto completo da decisão francesa, dada a conhecer a 24 de Julho de 1875, quanto à posse dos territórios em redor e a Sul de Lourenço Marques (actualmente, Maputo). A disputa originou numa pretensão britânica de ficar com esses territórios, seguindo a sua política de criar uma zona-tampão para conter as repúblicas Boer numa espécie de cintura de ferro britânica. Só que Portugal argumentava que já estava lá há séculos, o que valia o que valia mas na jurisprudência de então, e até 1886, era o que valia mais. Numa acção de charme que lhe veio a custar, a Grã-Bretanha aceitou submeter a disputa a arbitragem por terceiros, tendo sido acordado que a decisão seria tomada pelo governo da França, a que, quase circunstancialmente, Mahon presidia. Na altura, foi uma vitória significativa da diplomacia portuguesa em relação à Grã-Bretanha, mas também um presente envenenado, na medida em que resultou num endurecimento da postura daquele país em relação ao futuro – como veio a acontecer em Janeiro de 1890.
Na tradição colonial de então, o episódio foi celebrado até ao Século XX, desde a denominação da praça onde se veio a edificar a estação dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques com o nome de Mac-Mahon (anteriormente Praça Azeredo, um importante autarca da pequena cidade colonial, e que a Frelimo alterou para Praça dos Trabalhadores, a designação presente), até à designação do feriado municipal, que era a 24 de Julho e não a 10 de Novembro, data da elevação de Lourenço Marques ao estatuto de cidade, à alteração da maior avenida da Cidade de Francisco Costa para Avenida 24 de Julho (sorrateiramente, a Frelimo manteve o nome, agora referindo-se à data de algumas nacionalizações efectuadas em 1976) e, finalmente, à designação de uma das duas marcas de cervejas mais conhecidas de Moçambique – a 2M (de “Mac-Mahon”. A outra é a Laurentina) e que sobreviveu a quase meio século de demolição deliberada do património colonial herdado.
Verdadeiramente, Mac-Mahon ficaria surpreendido se alguém lhe tivesse dito que, num obscuro recanto de África, o seu nome alguma vez seria recordado.
20/07/2013
A SEDE DA ASSOCIAÇÃO AFRICANA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960
Fotografia do Mário Pereira, restaurada.
02/09/2012
31/08/2012
20/03/2012
26/02/2012
23/02/2012
A AVENIDA 24 DE JULHO EM LOURENÇO MARQUES, VISTA DA PAIVA MANSO, ANOS 1970
Fotografia de José Teixeira, restaurada.
02/02/2012
O ENFERMEIRO BRAVO COM OS FILHOS EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960
Fotografia da Paula Bravo, restaurada.
28/12/2011
A CIDADE DE MAPUTO, PRINCÍPIO DOS ANOS 1980
Fotos do Rui de Sousa Camposinhos.
Para ver no tamanho máximo, prima duas vezes na imagem com o rato do seu computador.