Hoje (8 de Julho de 2022) a actual empresa dos caminhos de ferro de Moçambique assinalou o 127º aniversário da sua fundação num comunicado de imprensa, o que de certa forma me surpreendeu. O percurso dos caminhos de ferro em Moçambique foi diverso e parte, como a linha férrea entre a Beira e o então território da Rhodésia, propriedade da British South Africa Company (ou seja, de Cecil Rhodes) que abriu anos antes. Para não falar das várias linhas férreas que serviam alguns dos projectos específicos desenvolvidos em algumas zonas de Moçambique.
Mas de facto “a” linha, quase a única que realmente interessava e que mereceu a cobiça de tudo e tudos, era a linha entre Lourenço Marques e Pretória, da qual cerca de 90 quilómetros percorriam território moçambicano. E essa foi oficialmente inaugurada no dia 8 de Julho de 1895.
O comunicado surpreende também porque é normal o regime (ainda) da Frelimo invariavelmente ignorar tudo o que vem atrás da data mágica de 1975. A LAM, por exemplo, hoje quase em coma terminal, não era a DETA de 1936 (também criada pelos Caminhos de Ferro): era uma empresa pública constituída em 1980. Pois claro que sim.
O Príncipe Real de Portugal, Luís Filipe de Órléans e Bragança, então o herdeiro da Coroa portuguesa, detida pelo seu pai o Rei Dom Carlos, ladeado por, à esquerda, Sir Francis Villiers (1852-1925), embaixador do Reino Unido em Portugal, e Luís Pinto de Soveral (1851-1922), marquês do Soveral, embaixador de Portugal no Reino Unido durante muitos anos. Penso que a foto foi tirada na primeira metade de 1907. Luis Filipe visitará Moçambique na segunda metade de 1907. Será assassinado em Lisboa menos que seis meses mais tarde, em 1 de Fevereiro de 1908. Soveral foi uma força formidável na defesa dos interesses coloniais portugueses, “derrotando” Cecil Rhodes e Gungunhana e permitindo assim que a metade do que é hoje Moçambique a Sul da Beira permanecesse portuguesa. Foi ele, quase sozinho.